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Tratamento Fungicida de Sementes de Milho e Metodologias para a Condução do Teste de Frio, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

Um estudo sobre o tratamento fungicida de sementes de milho e as diferentes metodologias utilizadas no teste de frio. O objetivo principal do estudo foi verificar a eficiência do tratamento químico de sementes de milho com diferentes produtos, comparar o resultado obtido pelo teste de frio com a emergência de plântulas em campo e testar diferentes métodos para o teste de frio, visando maior praticidade. Os resultados mostraram que o tratamento fungicida é essencial em sementes de milho, principalmente quando se trabalha com sementes de menor vigor, e que o método da bandeja é viável para a realização do teste de frio, especialmente em relação à confiabilidade dos resultados.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 05/09/2013

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210 Luciane Minohara A. Pereira et al.
Mai/Jun 2008
revistaCeres
RESUMO
ABSTRACT
Fungicide treatment of corn seeds and procedures for the cold test
Fungicide treatment of corn seeds is widely recognized as an important agricultural practice by plant growers and
the evaluation of seed vigor is already recognized as necessary to obtain adequate plant population in field. The aims
of this work were: 1) verify corn seeds chemical treatment efficiency using different products; 2) compare vigor results
obtained through cold test and seedling field emergence, and 3) test different methods for cold test, seeking a more
practical handling. Fungicide treatments were carried out with captan, metalaxyl, thiabendazole, fludioxonil and
azoxystrobin. Three different methods for cold test were compared: the traditional box, rolled towel and tray. Seedling
field emergence was conducted in two dates. The experiment was arranged in a complete randomized block design.
Results of untreated seeds were always worse than the treated ones, but we cannot affirm which fungicide was more
1Departamento de Produção Vegetal, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n,CEP 14884-900, Jaboticabal / SP.
rdvieira@fcav.unesp.br
2 Departamento de Fitossanidade, UNESP, CEP 14884-900, Jaboticabal / SP.
3 Agronomia, ILES/ULBRA, CEP 75523-200 Itumbiara, GO
Luciane Minohara A. Pereira1
Roberval Daiton Vieira1
Rita de Cássia Panizzi2
Mirian Gotardo3
55(3): 210-217, 2008 revistaCeres
ISSN 0034-737X
Tratamento fungicida de sementes de milho e metodologias para a
condução do teste de frio
O tratamento de sementes de milho, com fungicidas, é uma prática amplamente reconhecida como importante pelo
agricultor e, paralelamente, a avaliação do vigor das mesmas já é reconhecida como necessária para a assegurar a
obtenção de estandes adequados de plantas em campo. O trabalho teve por objetivos: 1) verificar a eficiência do
tratamento químico de sementes de milho, com diferentes produtos; 2) comparar o resultado de vigor obtido pelo teste
de frio com a emergência de plântulas em campo e 3) testar diferentes métodos para o teste de frio, visando maior
praticidade em sua condução. Para os tratamentos fungicidas utilizaram-se captan, metalaxyl, thiabendazole, fludioxonil
e azoxystrobin. Foram comparados diferentes métodos para o teste de frio, sendo eles: o tradicional em caixa com terra,
o do rolo de papel com terra e o da bandeja. A emergência de plântulas em campo foi conduzida em duas épocas
diferentes. Os experimentos seguiram o delineamento em blocos casualizados. Para os dois lotes, as sementes não
tratadas sempre apresentaram os piores resultados, quando comparadas com as tratadas, embora não seja possível
afirmar qual fungicida foi mais eficiente. Com relação aos métodos, o da bandeja foi estatisticamente diferente dos
demais, embora tenha existido correlação positiva e altamente significativa dos três métodos utilizados com as duas
épocas de emergência de plântulas em campo. Pelos resultados obtidos e pelas condições nas quais foram realizados
os testes, foi possível concluir que: é essencial o tratamento fungicida em sementes de milho, principalmente quando
se trabalha com sementes de menor vigor e, é viável o uso do método da bandeja para a realização do teste de frio,
particularmente no que diz respeito à confiabilidade dos resultados obtidos.
Palavras-chave: vigor, potencial fisiológico, Zea mays L.
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210 Luciane Minohara A. Pereira et al.

r e v i s t a Ceres Mai/Jun 2008

RESUMO

ABSTRACT

Fungicide treatment of corn seeds and procedures for the cold test

Fungicide treatment of corn seeds is widely recognized as an important agricultural practice by plant growers and the evaluation of seed vigor is already recognized as necessary to obtain adequate plant population in field. The aims of this work were: 1) verify corn seeds chemical treatment efficiency using different products; 2) compare vigor results obtained through cold test and seedling field emergence, and 3) test different methods for cold test, seeking a more practical handling. Fungicide treatments were carried out with captan, metalaxyl, thiabendazole, fludioxonil and azoxystrobin. Three different methods for cold test were compared: the traditional box, rolled towel and tray. Seedling field emergence was conducted in two dates. The experiment was arranged in a complete randomized block design. Results of untreated seeds were always worse than the treated ones, but we cannot affirm which fungicide was more

(^1) Departamento de Produção Vegetal, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n,CEP 14884-900, Jaboticabal / SP. rdvieira@fcav.unesp.br (^2) Departamento de Fitossanidade, UNESP, CEP 14884-900, Jaboticabal / SP. (^3) Agronomia, ILES/ULBRA, CEP 75523-200 Itumbiara, GO

Luciane Minohara A. Pereira^1 Roberval Daiton Vieira^1 Rita de Cássia Panizzi^2 Mirian Gotardo^3

55(3): 210-217, 2008 r^ e^ v^ i^ s^ t^ a^ Ceres

ISSN 0034-737X

Tratamento fungicida de sementes de milho e metodologias para a

condução do teste de frio

O tratamento de sementes de milho, com fungicidas, é uma prática amplamente reconhecida como importante pelo agricultor e, paralelamente, a avaliação do vigor das mesmas já é reconhecida como necessária para a assegurar a obtenção de estandes adequados de plantas em campo. O trabalho teve por objetivos: 1) verificar a eficiência do tratamento químico de sementes de milho, com diferentes produtos; 2) comparar o resultado de vigor obtido pelo teste de frio com a emergência de plântulas em campo e 3) testar diferentes métodos para o teste de frio, visando maior praticidade em sua condução. Para os tratamentos fungicidas utilizaram-se captan, metalaxyl, thiabendazole, fludioxonil e azoxystrobin. Foram comparados diferentes métodos para o teste de frio, sendo eles: o tradicional em caixa com terra, o do rolo de papel com terra e o da bandeja. A emergência de plântulas em campo foi conduzida em duas épocas diferentes. Os experimentos seguiram o delineamento em blocos casualizados. Para os dois lotes, as sementes não tratadas sempre apresentaram os piores resultados, quando comparadas com as tratadas, embora não seja possível afirmar qual fungicida foi mais eficiente. Com relação aos métodos, o da bandeja foi estatisticamente diferente dos demais, embora tenha existido correlação positiva e altamente significativa dos três métodos utilizados com as duas épocas de emergência de plântulas em campo. Pelos resultados obtidos e pelas condições nas quais foram realizados os testes, foi possível concluir que: é essencial o tratamento fungicida em sementes de milho, principalmente quando se trabalha com sementes de menor vigor e, é viável o uso do método da bandeja para a realização do teste de frio, particularmente no que diz respeito à confiabilidade dos resultados obtidos.

Palavras-chave: vigor, potencial fisiológico, Zea mays L.

55(3): 210- 217, 2008 r e v i s t a Ceres

Tratamento fungicida de sementes de milho e metodologias para a condução do teste de frio

INTRODUÇÃO O mercado de sementes de milho vive momento de grande competição e, para que as companhias possam assegurar-se da qualidade de suas sementes faz-se ne- cessária, dentro do programa de controle de qualidade, a adoção de testes de vigor, procurando sempre torná-los mais abrangentes e de mais fácil manuseio. O teste de frio é um dos mais antigos testes de vigor. Foi desenvolvido em 1920 como um método para estudar a relação entre a temperatura e as doenças nas plântulas de milho ( Zea mays L.) (Dickson & Holbert, 1926). Flor (1930) estudou os efeitos da variação da temperatura e umidade do solo com a emergência de plântulas em cam- po em solos infestados com Pythium. As maiores dificul- dades de uso do teste de frio estão relacionadas ao volu- me de terra e a impossibilidade de se trabalhar com tera das regiões produtoras_._ Durante as três últimas décadas as pesquisas com o teste de frio enfocaram o controle de fatores ambientais para torná-lo mais reproduzível (Bruggink et al ., 1991; Garzonio & Larsen, 1981; Hooks & Zuber, 1963; Nijënstein, 1988 ). AAOSA ( 2002 ) e Hampton & TeKrony (1995) listam três métodos para a condução do teste de frio: o método da caixa, originalmente descrito por Rice, citado por Woltz et al. (1998), o do rolo de papel, primeiramente descrito por Hoppe, citado por Woltz et al. (1998) e modificado por Fiala (1987) e o método da bandeja, descrito por Burris & Navaratil (1979). Segundo Caseiro & Marcos Filho (2002) o método da caixa com terra encontra sérios entraves à padronização, pois requer o uso de grande quantidade de substrato, quando comparado com outros procedimentos alternativos. A mis- tura areia/terra na proporção de 2:1 ou 3:1, geralmente é colo- cada em caixas plásticas (47 x 30 x 11 cm), ocupando volume de, aproximadamente, 12.000 cm^3 e com peso em torno de 16 kg. Desta forma, além da desuniformidade causada pela ori- gem da terra, surgem também problemas causados pela dis- tribuição não homogênea de água no substrato, pelo perío- do necessário para o substrato atingir a temperatura deseja- da (10o^ C) e, também, pelo manuseio das caixas, que apresen- tam peso relativamente elevado. Tais fatores podem influen- ciar o desempenho das sementes no teste de frio, dificultan- do a confiabilidade e reprodutibilidade do procedimento.

Alguns autores pesquisaram modificações no proce- dimento do teste de frio, como Hoppe, citado por Woltz et al. (1998) , utilizando-se do rolo de papel toalha e Desai & Reddy (1958), ou utilizando substrato inerte, como a vermiculita, inoculada com Pythium. O teste de frio também tem sido usado para avaliar a eficácia do tratamento fungicida em sementes. A utilização de tratamento químico em sementes de milho visa, princi- palmente, a proteção contra microrganismos de solo cau- sadores de podridões. Nesses casos, encontram-se as es- pécies do gênero Pythium que vivem saproficamente asso- ciadas à matéria orgânica e têm seu desenvolvimento favo- recido em condições de alta umidade do solo (Balmer, 1980) e temperaturas amenas (Pereira, 1991). Mas também, contra aqueles fungos, tidos como de armazenamento, tais como Fusarium moniliforme ; Cephalosporium spp.; Aspergillus spp. e Penicillium sp. (Pereira, 1986; 1991). O uso de amplo espectro de fungicidas para tratamen- to de sementes de milho tem proporcionado aumento na qualidade, avaliada pelo teste de frio. Garzonio & Larsen (1981) e Bruggink et al .(1991) relataram aumentos signifi- cativos no vigor (teste de frio) quando comparam semen- tes de milho tratadas com captan com aquelas não trata- das. Crosier (1957) encontrou que 23 de 24 fungicidas testados proporcionaram aumentos no vigor de sementes de milho pelo teste de frio em pelo menos 20, 24 e 5 pontos percentuais, utilizando-se, respectivamente, o método da caixa, o do rolo de papel e o método de terra encharcada. Sementes de milho tratadas com fungicidas podem au- mentar o vigor pelo teste de frio em até 70 pontos percentuais em terra não esterilizada. Em terra estéril, en- tretanto, a performance das sementes não tratadas é me- lhor que das tratadas (Ader & Fuchs, 1978). Por outro lado, Galli et al ., (2000) avaliando o efeito do tratamento químico com captan sobre o vigor de dois lotes sementes de milho híbrido verificaram que os resultados dos testes de condutividade elétrica e de frio apresentaram diferen- ça apenas entre os híbridos, não sendo observado o efei- to ou não do tratamento fungicida. O presente trabalho teve por objetivos: 1) verificar a eficiência do tratamento químico de sementes de milho, com diferentes produtos; 2) comparar o resultado de vi-

efficient. The tray method was statistically different from the others, although there was a positive and widely significant correlation of the three methods used with the two dates of field emergence. The results led to the conclusion that is essential to carry out the fungicide treatment, mainly when working with less vigorous seeds and that the use of the tray method for cold tests is viable regarding the reliability of results. Key words: vigor, physiological potential, Zea mays L.

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Tratamento fungicida de sementes de milho e metodologias para a condução do teste de frio

Teste de frio – Método da bandeja

Foram utilizadas bandejas plásticas, marca Plasvale (ref. 509), como recipientes. No fundo das bandejas foi utilizado, como substrato, uma folha de papel “Kimpak” (40 x 60 x 0,5 cm). Essa folha (material celulósico) foi mo- lhada com 500 mL de água desionizada (AOSA, 2002). Em cada bandeja foram semeadas duas amostras de 50 se- mentes, cobertas com 240 mL da mesma mistura de terra/ areia, usada no método tradicional. Após a semeadura as bandejas foram colocadas em suporte móvel contendo prateleiras espaçadas de 8 cm e levadas à câmara fria a 10o C por sete dias. Decorrido esse período, foram mantidas à temperatura ambiente (25 a 30 o^ C), por cinco dias, sendo avaliado o número de plântulas normais (AOSA, 2002; Cicero & Vieira, 1994 Hampton & TeKrony, 1995).

Teste de frio – Método do rolo de papel com terra

Amostras de 50 sementes foram distribuídas em duas folhas de papel toalha (tipo germitest), umedecidas com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o seu peso e cobertas com fina camada da mesma mistura terra/areia (50 mL). Foram cobertas com uma terceira folha de papel toalha e enroladas. Os rolos de papel foram colocados no interior de caixas plásticas tampadas e, mantidas em câmara fria a 10 o^ C durante sete dias. Após esse período o material foi mantido à temperatura de 27 o^ C por cinco dias, quando então foi feita a avaliação das plântulas normais (AOSA, 2002; Cicero & Vieira, 1994; Hampton & TeKrony, 1995).

Teste de emergência de plântulas em campo

O teste de emergência em campo foi realizado em duas épocas de semeadura: 31de março e 14 de julho de 1998. Esse teste consistiu de três blocos de 25 x 30 m, divididos em sulcos de 5 m de comprimento e espaçados de 40 cm. As semeaduras foram feitas de acordo com sorteio prévio dos tratamentos. Após a semeadura, os sulcos foram co- bertos e irrigados uniformemente, operação essa repetida sempre que necessário. A contagem das plântulas emergidas foi realizada aos 14 dias após a semeadura (Nakagawa, 1994).

As diversas características estudadas foram analisa- das seguindo o delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições por lote em todas as avaliações. Para análise estatística foram utilizados os esquemas fatoriais 2x3x6 (2 níveis de vigor, 3 métodos para o teste de frio e 6 tratamentos fungicidas) e 2x6 (2 épocas de emergência de plântulas em campo e 6 tratamentos fungicidas) (Banzato & Kronka, 1995). Foram feitas análises de correlação line- ar simples entre os três métodos para a execução do teste de frio e as duas épocas de emergência de plântulas em campo, e anotados os níveis de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base nos dados da Tabela 1 verifica-se que den- tre os seis lotes avaliados, todos apresentaram valores de porcentagem de germinação semelhantes. No que diz res- peito ao vigor apenas o lote 1 diferiu dos demais. Embora o lote 1 tenha apresentado menor vigor, avali- ado pelo teste de envelhecimento acelerado (90%), esta- tisticamente inferior aos demais, todos os lotes apresen- taram ótima qualidade fisiológica, quando se analisou os dados do teste de germinação (Tabela 1). Os lotes 1 e 2 apresentaram o fungo F. moniliforme na proporção de 13,4 e 0,6%, respectivamente (Tabela 3). Este fungo sobrevive no interior das sementes po- dendo causar podridão e morte das plântulas, o que pode ter ocasionado queda do vigor do lote 1 em relação aos demais, uma vez que Fialho et al. (1997) observaram di- minuição de vigor em lotes contaminados por este patógeno. Por outro lado, Pinto (1992), não encontrou relação entre a presença do F. moniliforme e a redução da germinação. Outro aspecto importante e que deve ser considera- do diz respeito ao Pythium. Sabe-se que para a cultura do milho este é um dos fungos de solo de maior impor- tância, uma vez que é responsável por podridões de se- mentes e morte de plântulas em pré e pós-emergência. As espécies desse gênero vivem saproficamente asso- ciadas à matéria orgânica e têm seu desenvolvimento favorecido em condições de alta umidade do solo (Balmer,

Tabela 3. Porcentagem de incidência de fungos em sementes de seis lotes comerciais de milho híbrido, produzidos em diferentes regiões do país

1 2 3 4 5 6 Fusarium sp. 52,8 45,4 11,5 23,5 20,0 16, F. moniliforme 13,4 0,6 0,0 0,0 0,0 0, Penicillium 10,4 7,4 61,2 54,4 46,1 48, Cladosporium 3,5 5,5 0,0 1,8 0,6 3, Cephalosporium 8,2 25,2 15,1 11,5 31,9 29, Rhizopus 9,1 10,4 6,1 0,0 0,0 0, Aspergillus 9,1 10,4 6,1 0,0 0,0 0,

Lotes

Fungos

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  1. e de temperaturas amenas (Pereira, 1986). O teste de frio proporciona as condições ideais para o desen- volvimento desse fungo. Por meio da Tabela 4 pode-se observar que os fungicidas utilizados, de maneira geral, foram eficientes no que se diz respeito ao aumento da germinação das sementes. O uso de fungicidas de amplo espectro para tratamen- to de sementes tem proporcionado aumento no vigor de sementes de milho avaliadas pelo teste de frio (Thomson, 1990 citado por TeKrony & Woltz, 1997). Resultados se- melhantes foram encontrados por Garzonio & Larsen (1981) e Bruggink et al. (1991), os quais trabalhando com sementes de milho, verificaram que quando estas foram tratadas com captan, antes do teste de frio e comparadas com sementes não tratadas, obtiveram-se aumentos sig- nificativos no vigor correspondentes a 75 (em nove lotes de sementes) e 24 (em seis lotes) pontos percentuais, res- pectivamente. Crosier (1957) observou que 23 dos 24 fungicidas testados aumentaram o vigor de sementes de milho (teste de frio) em pelo menos 20 pontos percentuais, utilizando-se do método da caixa, 24 usando-se rolo de papel e 5 o método de terra encharcada. Com o objetivo de estudar o efeito da combinação de inseticidas e de fungicidas sobre a conservação de se- mentes de milho durante o armazenamento, Fessel et al. (2003) verificaram desempenho semelhante entre os lotes no início do armazenamento. Contudo, a partir de seis meses de armazenamento, as respostas aos tratamentos passaram a diferenciar-se e, ao final de 12 meses as se- mentes submetidas aos tratamentos químicos com maio- res doses apresentaram desempenho inferior às demais. Os autores concluíram que os tratamentos químicos apli- cados a sementes de milho tendem a gerar efeitos latentes

desfavoráveis ao desempenho com o aumento das doses, intensificados com o prolongamento do período de armazenamento. De acordo com os resultados da Tabela 4, para o lote de menor vigor (lote 1) o captan apresentou maior eficiência, propiciando o melhor desempenho. Entre- tanto, para o de maior vigor (lote 2), embora o melhor desempenho tenha ocorrido também com o captan, este não diferiu estatisticamente do metalaxyl, thiabendazole e azoxystrobin, que apresentaram desempenhos seme- lhantes. Essa superioridade do captan deve ter ocorri- do em função de seu largo espectro, controlando patógenos como Pythium sp., Fusarium sp. e muitos outros fungos de armazenamento (Thomson, 1990 cita- do por TeKrony & Woltz, (1997). Contrariando esses dados, Galli et al. (2000) não encontraram diferenças nos resultados dos testes de frio e de condutividade elétrica entre sementes de milho tratadas e não trata- das com captan. Por outro lado, esses resultados confirmam relatos de alguns autores (Menten, 1991; Von Pinho et al ., 1995 ) que acreditam que a inexistência de diferenças maiores entre tratamentos seja devida ao vigor do lote. As respostas mais evidentes ao tratamento químico são observadas nos lotes de médio vigor. Com relação ao teste de emergência de plântulas em campo (Tabelas 5), os resultados foram semelhantes para as duas épocas e não houve interação entre os lotes e os tratamentos fungicidas. Dessa forma pode- se dizer que os fungicidas atuaram de maneira seme- lhante para os dois lotes, independentemente do nível de vigor. Diante desses resultados, torna-se clara a necessidade do tratamento químico das sementes, prin- cipalmente para lotes de menor vigor, embora neste tra- balho não tenha sido possível dizer qual foi o fungicida mais eficaz, pois embora tenha havido diferença esta- tística, os valores foram muito semelhantes do ponto de vista prático. Para ambos os lotes, houve diferença entre os três métodos adotados para a condução do teste de frio (Ta- bela 6). Essa diferença, embora pequena, foi significati- va ao nível de 5% de probabilidade, tendo o método da bandeja apresentado os maiores valores, independente- mente do tratamento de sementes utilizado. É importan- te salientar que apesar de terem ocorrido variações quan- to aos métodos utilizados para a condução do teste de frio, os três métodos foram sensíveis para identificar di- ferenças de vigor entre as sementes de diferentes lotes com germinação inicial, avaliada pelo TPG, alta e seme- lhante. TeKrony & Woltz (1997) avaliaram quatro méto- dos para a condução do teste de frio e encontraram pou- co ou nenhum efeito desses métodos na germinação de sementes tratadas e não tratadas. Burris & Navaratil

Tabela 4. Vigor de sementes de milho, avaliado pelo teste de frio, em função da interação entre dois lotes e seis tratamentos fungicidas

1 2

Sem tratamento 85,5 Bc 94,4 Ab! Captan 94,7 Ba 98,6 Aa Metalaxyl 92,0 Bb 97,6 Aa Thiabendazole 91,3 Bb 97,4 Aa Fludioxonil 91,8 Bb 92,8 Ac Azoxystrobin 91,8 Bb 97,6 Aa C.V. (%) = 0,

*1 e 2 - Híbridos 8452, produzidos em Cravinhos, SP, e Janaúba, MG, respectivamente. ! Medias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 1% de probabilidade.

Tratamentos fungicidas

Lotes*

———— % —————

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r e v i s t a Ceres Mai/Jun 2008

emergência de plântulas em campo para 16 lotes de se- mentes. Também, Garzonio & Larsen (1981) encontraram correlação positiva e altamente significativa entre dois procedimentos para o teste de frio e a emergência de plântulas em campo. O presente trabalho não teve por finalidade indicar qual dos métodos avaliados é o melhor para determinar o vigor de sementes de milho, pois tanto a AOSA (2002) quanto Hampton & TeKrony (1995) sugerem dois mé- todos principais (bandeja e rolo de papel com terra) e um alternativo (caixa com terra) para a condução do teste de frio, e os resultados obtidos neste trabalho ratificam estas sugestões. Porém, aqui no Brasil, os la- boratórios de análise, inclusive os das empresas pro- dutoras de sementes, na maioria das vezes adotam ape- nas o método da caixa com terra, procedimento esse que acarreta como desvantagem a necessidade de armazenamento de grande volume de terra, requerendo ainda maior espaço físico para guardá-la, bem como para a própria condução do teste, uma vez que este é realizado em uma gama considerável de lotes de cada vez. Já o método da bandeja vem suprir a carência de espaço físico, pois nesse procedimento é utilizada ape- nas pequena, porém uniforme, camada de terra, reque- rendo-se assim, menor área para armazená-la. É uma metodologia que tem condições de prover umidade uniforme no substrato durante o teste, o que o torna realizável. Com relação ao método do rolo de papel com terra, apesar de também exigir pequena quantidade da mesma e requerer pouco espaço físico, a avaliação das plântulas normais torna-se pouco prático, uma vez que elas encon- tram-se envoltas por terra no interior do rolo de papel, dificultando, muitas vezes, a avaliação. É evidente que de uma maneira ou de outra, os labo- ratórios que utilizam o teste de frio como rotina, princi- palmente, os das empresas produtoras de sementes, es- tão adaptados para o procedimento que vem utilizando. Porém existe um consenso sobre os problemas e dificul- dades acarretados por esse método. Portanto, cabe aos laboratórios a iniciativa de adaptarem-se e treinarem seus laboratoristas para uma nova técnica, de acordo com suas prioridades.

CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos e condições nas quais foram realizados os testes, concluiu-se que: é essencial o tratamento fungicida em sementes de milho, principalmen- te quando se trabalha com sementes de menor vigor e, é viável o uso do metodo da bandeja para a realização do teste de frio, particularmente no que se diz respeito à confiabilidade dos resultados obtidos.

REFERÊNCIAS

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55(3): 210- 217, 2008 r e v i s t a Ceres

Tratamento fungicida de sementes de milho e metodologias para a condução do teste de frio

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