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2 parte do TCC, conteudo completo, paginas enumeradas.PSF.
Tipologia: Teses (TCC)
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Não perca as partes importantes!
O Programa Saúde da Família (PSF) começou a ser idealizada com a nova concepção de saúde, firmada na Constituição Brasileira de 1988, na qual, saúde deixa de significar assistência médico-hospitalar, curativa ou preventiva, para ser o resultado de políticas públicas oficiais. Esse conceito de saúde Estabelecido na Constituição Federal é o resultado de um movimento social cujos resultados delinearam a chamada reforma sanitária, cujos estudos criticavam o sistema de saúde existente e as condições de saúde de grande parte da população brasileira, com propostas para uma nova política. Então se percebe que a Estratégia Saúde da Família (ESF) não é uma ideia e nem uma proposta nova, ela é decorrente de diversas tentativas que ocorreram:
Em 1990 as políticas de saúde foram marcadas pela construção do Sistema
Único de Saúde (SUS), no qual foi proposta a descentralização das ações dos serviços e da gestão, melhorias na gerência e na capacidade de regulação, redução das desigualdades na distribuição dos tetos financeiros da assistência à saúde entre as regiões, ampliação do acesso à assistência e aumento da cobertura de imunizações das crianças. Em 1993 inicia-se o processo para melhorar o acesso da população ao serviço de saúde, Esse foi o inicio do programa saúde da família, porém somente em março de 1994 foi criada efetivamente a PSF, a qual veio para organizar as ações de atenção básica à saúde nos municípios. A estratégia chegou com os seguintes objetivos: prestar, na unidade de saúde e no domicilio, assistência integral, resolutiva, contínua com resolubilidade e boa qualidade às necessidades da população, também intervir sobre os fatores de risco em que a população está exposta, eleger a família e o seu espaço social como núcleo básico de abordagem no atendimento, humanizar as práticas de saúde através do estabelecimento, de parcerias através do desenvolvimento de ações intersetoriais, contribuírem para democratização do conhecimento do processo
saúde doença, fazer com que a saúde seja reconhecida como um direito à cidadania e estimular a organização da comunidade para efetivo exercício social. A enfermagem, como categoria profissional que visa à saúde individual e coletiva, sempre buscou a interface entre a comunidade e os serviços de saúde. Assim de imediato, incorporou-se nas estratégias do PSF, contribuindo de forma significativa nos processos de planejamento, coordenação, implantação e avaliação dessa nova proposta. A enfermagem tem um bom desempenho nesse tipo de tarefa, por está inserida nas ações estratégicas de atuação da categoria. O enfermeiro é um agente de mudanças, por que ele visa a encontrar relações entre o homem e o meio ambiente em seu processo vital, o que facilita o trabalho com a comunidade. A função de coordenação de enfermagem ganha uma nova dimensão na ESF. Para o enfermeiro coordenador da USF, as funções administrativas normais da profissão, que eram especificamente para a equipe de enfermagem, se estendem para toda a unidade, consequentemente, há um aumento na carga de trabalho, esse aumento na carga de trabalho, juntamente com o número de famílias atendidas, o qual ultrapassa a quantidade estabelecida pelo ministério da saúde, ocasiona um acúmulo de funções, que dificulta o desenvolvimento das atividades propostas pela ESF. Assim os profissionais da área, ganham um novo desafio, que é conciliar tais atividades, buscando superar as dificuldades encontradas, para que o objetivo da ESF seja alcançado.
1.1 Justificativa
O interesse pela realização deste estudo advém de nossa experiência no campo do estágio supervisionado, na atenção primária, que ocorreu entre setembro e dezembro de 2009, no qual foi observada a dificuldade do profissional enfermeiro em exercer uma coordenação eficaz dentro de uma USF.
2.1 Saúde Pública
Em meados de 1900 o governo começou a se preocupar com as condições de vida e de saúde principalmente das populações que moravam nas capitais dos estados. Naquela época, a principal fonte de renda da economia brasileira era a agricultura de exportação. As cidades onde se localizavam os portos tinham papel de destaque, uma vez que a exportação era realizada através de navios. É nesse quadro, que o governo começa a atuar na saúde pública, preocupado com os trabalhadores das capitais, das cidades portuárias e com aqueles que trabalhavam nos portos (FIGUEREDO, 2005). No contexto da reforma sanitária Carlos Chagas, foi aprovado o regimento interno para a escola profissional de enfermeiros da assistência a alienados no Distrito Federal. Este fato ocorreu um dia após a chegada, ao Brasil, do chefe da missão de cooperação técnica para o desenvolvimento da enfermagem no Brasil, ”mais tarde denominada missão parsons”. O objetivo da missão parsons era promover, no departamento nacional de saúde pública (DNSP), as inovações consideradas importantes para o projeto da reforma sanitária, entre elas a organização de uma escola de enfermeiros nos moldes anglo-americanos. O projeto sanitário proposto continha ações voltadas para a promoção e a proteção da saúde individual e coletiva, através da atuação na coletividade. (FIGUEREDO, 2005). Por muito tempo, a lógica da saúde pública no Brasil se pautou por aspectos deterministas e biológicos, como a uni causalidade e a culpabilização da vítima. As políticas públicas anteriores a década de 60 se resumiam ao sanitarismo campanhista. (DA ROS, 2004). Nesse período, foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), voltado especificamente para uma prática higienista e para o controle de endemias e epidemias que ameaçavam as principais atividades econômicas, os corredores de exportação e os centros urbanos em expansão. Ao criar as caixas de aposentadorias e pensões (CAP) com o intuito de organizar a assistência médica para trabalhadores dos setores econômicos estratégicos (ferrovias, portos etc.), a Lei Eloy Chaves delineou o campo da medicina previdenciária. Até então, as
instituições de previdência não distinguiam benefícios de serviços, previdência de assistência social, consistindo numa única modalidade assistencial (FIGUEREDO, 2005). Nessa época, os atendimentos da população eram realizados pelas antigas caixas de aposentadoria e pensões (CAP) somente para os trabalhadores organizados, dos quais, mediante contribuições mensais, descontavam do salário, assim, eles tinham acesso a ambulatórios, hospitais, corpo clínico e equipamentos. Já a população pobre dependia de hospitais de caridade, das Santas casas de misericórdias, normalmente sobre responsabilidade da igreja (DA ROS, 2004). O Instituto de Aposentadoria e Pensão (IAP) foi criado em 1930, observando um novo tipo de direito à saúde, voltado para aquelas pessoas que tinham um trabalho formal (carteira assinada) e, principalmente, para as categorias profissionais que impulsionavam a economia brasileira. A legislação trabalhista e previdenciária foram criadas durante o governo de Getúlio Vargas. Com isso, surgiu os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), (FIGUEIREDO, 2005). Ainda na década de 1930 surgiram os centros de saúde em todos os estados brasileiros. O centro de saúde representou o local em que seriam realizadas as ações de promoção e proteção da saúde através da educação sanitária. A educação individual, desde a infância até a fase adulta, passando pelo pré-natal e pela idade escolar. Os centros de saúde, que existem até hoje em muitas cidades, foram da realização do projeto de criar serviços locais permanentes. Por isso, essas unidades sanitárias ficavam perto das populações e atuavam de modo constante (FIGUEIREDO, 2005).
“O conceito de medicina social, não está restrito ao seu aspecto genético (relação pobreza/doença). Entendesse que a doença é medida e determinada socialmente, com aspectos culturais, antropológicos, históricos, políticos e econômicos” (CUTOLO, 2001, p.75).
No ano de 1945 a 1960, a Previdência retomou o processo interrompido na década de 1930 no sentido do “regime de repartição”, repassando a receita arrecadada aos segurados na forma de pecúlio ou serviços. Então, ao desmontar as medidas contencionistas do período anterior, implantou-se um modelo de maior abrangência na assistência à saúde. O Estado deu ênfase à construção e à compra
2.2 Criação do Programa Saúde da Família (PSF)
O processo de construção do Programa Saúde da Família (PSF) começou com a nova concepção de saúde, firmada na Constituição Brasileira de 1988, na qual saúde deixa de significar assistência médico-hospitalar, curativa ou preventiva, para ser o resultado de políticas públicas oficiais (LIMA, 2005). Na verdade, o conceito de saúde contido na Constituição Federal é o resultado de um movimento social cujos resultados delinearam a chamada reforma sanitária, cujos estudos criticavam o sistema de saúde existente e as condições de saúde de grande parte da população brasileira, com propostas para uma nova política. Os resultados deste movimento foram decisivos para a elaboração do texto da carta magna do país, de modo especial no tocante à saúde (LIMA, 2005).
A Constituição Federal e Leis Orgânicas como a Lei N°8.080, de 19 de setembro de 1990 e a Lei N.° 8.142, de 28 de setembro de 1990, com seus princípios e preceitos constitucionais de universalidade, equidade e integralidade, garante ao cidadão, acesso a qualquer serviço de saúde, acesso em igualdade de condições a diferentes níveis do sistema, ações integrais e não fragmentadas. A elaboração dessas leis contribuiu em um avanço considerável na reforma sanitária do Brasil nas últimas décadas. Apesar desse avanço, ainda se procurava um novo modelo de Atenção à saúde familiar. O Brasil já viveu ao longo das últimas décadas uma série de tentativas de mudar a forma e o conteúdo de prestar atenção à saúde. Entretanto, o modelo médico assistencial ainda predominava no país (TEIXEIRA, 2003). No Brasil, a necessidade de construir novos modelos e práticas de saúde que pudessem dar conta das diversidades dos vários municípios e regiões do país, fez com que, diversas estratégias passassem a ser adotadas a partir da promulgação da Constituição, em 1988 (NEGRI; FARIA; VIANA, 2002). Muitos fóruns foram constituídos para discutir a proposta Programa Saúde da Família (PSF), sendo um destaque desses encontros o trabalho realizado por um grupo de visionários reunidos nos dias 27 e 28 de dezembro de 1993 – Ano Internacional da Família. Em 1993, inicia-se o processo para melhorar o acesso da população ao serviço de saúde, no sentido de evitar o pior, “ou seja, o estouro da demanda” nos hospitais e centros de referência. Esse foi o inicio do programa saúde da família, cujo nome foi sugerido pela United Nations Children´s (UNICEF) (DA ROS, 2000). Em março de 1994 foi criada pelo Ministério da Saúde (MS) uma estratégica política para organizar as ações de atenção básica à saúde nos municípios. Essa estratégia tem os seguintes objetivos: prestar, na unidade de saúde e no domicilio, assistência integral, resolutiva, contínua com resolubilidade e boa qualidade às necessidades da população, também intervir sobre os fatores de risco em que a população está exposta, eleger a família e o seu espaço social como núcleo básico de abordagem no atendimento, humanizar as práticas de saúde através do estabelecimento, de parcerias através do desenvolvimento de ações intersetoriais, contribuírem para democratização do conhecimento do processo saúde doença, fazer com que a saúde seja reconhecida como um direito à cidadania, estimular a organização da comunidade para efetivo exercício social, (TEXEIRA, 2003).
alarmantes indicadores de morbi - mortalidade infantil e materna na região nordeste do Brasil. Esse programa já estava pautado em princípios indutores da mudança de modelo, ou seja, provocava a vinculação dos indivíduos e famílias com as unidades básicas de saúde (FIGUEREDO, 2005) Embora tenha sido criada com a denominação Programa Saúde da Família (PSF), depois de uma década de experiências vividas em sua trajetória e da realização de estudos e reflexões a seu respeito, não há mais dúvida em afirmar que o Saúde da Família não é apenas um programa, mas uma estratégia; não apenas uma estratégia de médico da família, mas uma estratégia específica de atenção à saúde. Não se caracteriza como um projeto-piloto alternativo, paralelo ao sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de uma forma especial, estratégia para reverter a maneira como sempre se fez a prestação de assistência à saúde no Brasil, construindo, consequentemente, um novo modo de cuidar da saúde (LIMA, 2005). Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº. 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, descentralização, integralidade e participação da comunidade mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. O PSF é uma estratégia de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização. (PORTARIA GM/MS Nº. 648, de 28 de março de 2006). Apesar do foco de atenção ser centrado na família, priorizando a saúde do ser humano em sua singularidade e na coletividade, o PSF caracteriza-se como uma estratégia de estruturação do SUS, cujas bases firmam-se nas famílias e nas comunidades como motor organizativo de todo o sistema de saúde do país. Equivale dizer que o PSF não realiza uma ação programática, nem constitui uma ação pontual, mas “uma rede social que mobiliza, motiva e anima as pessoas/famílias/ comunidades a serem livres e grandes, fomentando de forma solidária, sustentável
e perene, as oportunidades para que todas as famílias brasileiras vivam com saúde e em paz” (LIMA, 2005).
2.2.1 Equipe Multiprofissional
As equipes do PSF devem desenvolver seus trabalhos de forma dinâmica, sob constante reavaliação das ações realizadas, principalmente através do acompanhamento dos indicadores de saúde de sua área de atuação. Os profissionais das equipes de saúde são responsáveis por uma população adscrita, em uma área de abrangência definida, onde residam de 600 a 1000 famílias, com um limite máximo de 4500 habitantes. O MS permite a flexibilização destes critérios de acordo com as características sociopolíticas, econômicas e geográficas da região. Estes profissionais devem residir no município onde atuam e trabalhar em horário integral, de forma a garantir a criação de um vínculo com as famílias sob sua responsabilidade (BRASIL, 1998). As equipes de saúde da família estão minimamente compostas por um médico, um enfermeiro, um ou dois auxiliares de enfermagem e quatro a seis agentes comunitários de saúde. A partir de dezembro de 2000, com a criação do incentivo financeiro para inserção de uma equipe de saúde bucal para cada duas equipes de saúde da família, observou-se um crescimento progressivo desses profissionais trabalhando na estratégia outros profissionais como, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e fisioterapeutas, poderão ser incorporados formando equipes de apoio, de acordo com as necessidades e possibilidades locais. A USF pode atuar com uma ou mais equipes, dependendo da concentração populacional existente no território sob sua responsabilidade. (BRASIL, 2006). A equipe da USF, como preconiza o MS, devem ser capazes de:
VII - responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção em outros serviços do sistema de saúde; VIII - participar das atividades de planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis; IX - promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle social; X - identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações intersetoriais com a equipe, sob coordenação da SMS; XI - garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais de informação na Atenção Básica; XII - participar das atividades de educação permanente; e XIII - realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades locais. (PORTARIA GM/MS Nº. 648, de 28 de março de 2006).
A educação permanente do pessoal que trabalha no PSF tem um aspecto prioritário, já que o perfil generalista exigido para o exercício da função somente agora está sendo valorizado nos bancos universitários. O treinamento serve para compensar eventuais deficiências individuais dos profissionais envolvidos com a estratégia, já que estes em sua maioria, não estão ainda suficientemente sensibilizados para executar um trabalho em equipe de cunho interdisciplinar (SANTOS; CUTOLO, 2003).
A formação tradicional em saúde, baseada na organização disciplinar e nas especialidades, conduz ao estudo fragmentado dos problemas de saúde das pessoas e das sociedades, levando à formação de especialistas que não conseguem mais lidar com as totalidades ou com realidades complexas. Formam-se profissionais que dominam diversos tipos de tecnologias, mas cada vez mais capazes de lidar com a subjetividade e a diversidade moral, social e cultural das pessoas. Também são incapazes de lidar com questões complexas com a dificuldades de adesão ao tratamento, a autonomia no cuidado, a educação em saúde, o sofrimento da dor, o enfrentamento das perdas e da morte, o direito das pessoas à saúde e à informação, ou à necessidade de ampliar a autonomia das pessoas (BRASIL, 2003, p.4).
2.2.2 Relação Enfermeiro e PSF
A enfermagem, como categoria profissional que visa à saúde individual e coletiva, sempre buscou a interface entre a comunidade e os serviços de saúde. De
imediato, incorporou as estratégias do PSF, contribuindo de forma significativa nos processos de planejamento, coordenação, implantação e avaliação dessa nova proposta. Falar na atuação do profissional de enfermagem no Programa Saúde da Família (PSF) implica compreender esse espaço como estratégia de assistência à saúde, que surgiu em substituição ao antigo modelo adotado pelo sistema nacional de saúde. Toda mudança gera conflitos, e no âmbito do PSF, enfrentar tais conflitos significa firmar-se na prática mediante a superação de uma série de dificuldades, para fazer com que a família receba os devidos cuidados nas diferentes fases de seu existir. Isso exige que o conceito de saúde subscrita na constituição federativa do Brasil vigente seja respeitado. Em outros termos, implica que os fatores condicionantes e determinantes da saúde sejam valorizados nos diferentes campos: biológico, meio ambiente, contexto político, econômico, social e cultural (LIMA, 2005).
A enfermagem é uma das profissões da área da saúde cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano individualmente, na família ou na comunidade, desenvolvendo atividade de promoção, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação de saúde, atuando em equipes, seja coordenando outros setores para a prestação da assistência e promovendo a autonomia dos pacientes através da educação em saúde (ROCHA; ALMEIDA, 2000, p. 96).
A enfermagem é uma ação ou atividade realizada por homens que precisam dela para reproduzir a sua própria existência e utilizam um saber advindo de outras ciências e de uma síntese produzida por ela própria para aprender o objeto naquilo que diz respeito ao seu campo específico (cuidado de saúde de enfermagem), visualizando o produto final, ou seja, atender as necessidades sociais e no caso da saúde à recuperação do indivíduo, ou o controle da saúde a nível da população (ALMEIDA, 1991, p.25).
A atuação do profissional de enfermagem no cenário do Programa Saúde da Família (PSF) implica qualificação técnica, ética e legal. O perfil do enfermeiro que atua no PSF exige competência técnica, em termos de domínio do conhecimento científico específico, e habilidade no desempenho de atividades que se desenvolvam visando à saúde da família, nos aspectos preventivos, promocionais e de reabilitação, bem como a qualidade de vida, com todas as implicações biológicas, psicológicas, sociais, culturais e espirituais que isso possa acarretar (LIMA, 2005).
V - contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do Auxiliar de Enfermagem, ACD e THD; e VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da USF. (PORTARIA GM/MS Nº. 648, de 28 de março de 2006).
2.2.3 Relação Enfermeiro e Comunidade
O diagnóstico de saúde da comunidade é realizado através do cadastramento das famílias, do levantamento de indicadores epidemiológicos e socioeconômicos, e de fontes de informações da própria comunidade. Esses dados são de fundamental importância para planejar e organizar as ações a serem desenvolvidas (FIGUEREDO, 2005). Assim como cita Venâncio (2003), o enfermeiro tem suas funções definidas pelo MS e pelo município onde trabalha o que pode ter readequações dadas às realidades, o enfermeiro tem que organizar e direcionar a assistência de acordo com a realidade da comunidade. A enfermagem tem um bom desempenho nesse tipo de tarefa, por ela estar inserida nas ações estratégicas de atuação da categoria, pois o enfermeiro é um agente de mudanças, por que ele visa encontrar relações entre o homem e o meio ambiente em seu processo vital (HORTA, 1979). O enfermeiro gerente do PSF deve enfocar os problemas de saúde da comunidade numa concepção de melhoria das condições de vida. Refletindo sobre o processo de trabalho dos profissionais da ESF, torna insubstituível a criação de vínculos efetivos entre usuários/família e os membros da equipe multiprofissional, estabelecendo uma relação de confiança e empatia (CECILIO, 2001). A participação da população permite ao usuário acompanhar e fiscalizar as políticas de saúde, constituindo uma forma de controle social permanente. O conceito de gerência local deve está associado aos termos qualidade do serviço de saúde e participação dos cidadãos, através do controle social (DANTAS, 2000). A participação da comunidade estimula uma maior responsabilidade por parte dos profissionais e do gerente, pois no momento em que os usuários reconhecem que têm direitos, há uma maior cobrança para que se qualifiquem as políticas de saúde. A relação entre o estado e a sociedade é ressaltada com a
afirmação de que “as decisões do estado sobre o que fazer na saúde terá que ser negociadas com os representantes da sociedade, porque são eles os que melhor conhecem a realidade de saúde da comunidade (DANTAS, 2000)”.
2.3 Liderança na Unidade Saúde da Família (USF)
A Enfermagem, no âmbito da saúde coletiva, configura-se na interrelação do seu espaço com outras práticas de saúde. É influenciada e influência, transforma, mas também é transformada, sendo vista como uma prática social. Assim, a forma como se organiza como realiza ou não as ações, determina uma posição de manutenção ou de transformação do estado das coisas, da situação de saúde da população. (MATUMOTO; MISHIMA; PINTO apud LIMA, 2000). Os serviços de enfermagem organizam-se em seis áreas principais: administração, coordenação de recursos humanos, educação de pessoal, informática, administração em saúde e vigilância em saúde. (SILVA; NOZAWA; SILVA, 2001) O enfermeiro diferentemente de outros profissionais que têm o conhecimento voltado para sua área especifica, tem uma visão do todo. No decorrer do curso é passado para o acadêmico, conhecimentos em várias áreas, inclusive conhecimento para liderança, supervisão e gerenciamento, o que torna a visão do profissional bem ampla, facilitando o trabalho com a coletividade. Contudo, não bastam ao profissional as competências que construiu no curso de graduação. A Universidade, quando muito, aponta os caminhos e ajuda no desenvolvimento de habilidades que o fazem subir os primeiros degraus e superar os primeiros impactos emergentes na prática profissional. A partir da colação de grau cabe a cada graduado administrar seu próprio processo de estudo e construção de competências para o exercício profissional. Trata-se de um processo contínuo que visa à educação permanente, no sentido da capacitação e atualização profissional, cuja meta final é a garantia da qualidade no atendimento para promover saúde e qualidade de vida (LIMA, 2005). Segundo Kurcgant (1991), uma situação que dificulta o desenvolvimento da função supervisão é a existência de uma política de trabalho centralizadora, autoritária e tarefista, não-estimuladora da participação dos funcionários no processo
pois, ao ser institucionalizado o PSF, não havia no mercado de trabalho enfermeiros com o perfil necessário à sua implementação (LIMA, 2005). Toda essa preocupação com a competência técnica justifica-se pela necessidade de o enfermeiro do PSF atuar em um contexto social composto de indivíduo, família e comunidade, no qual deve apreender a realidade da família e estabelecer prioridades no atendimento de suas necessidades de saúde. Deve prestar assistência de enfermagem visando à saúde e à qualidade de vida da pessoa humana em sua singularidade e na pluralidade dos grupos familiares e comunitários. Justifica-se ainda pela função que o enfermeiro exerce no PSF, responsável por criar, desenvolver e organizar saberes e tecnologias para aplicar em sua prática assistencial (LIMA, 2005).
2.4 Coordenação do Programa Saúde da Família (PSF)
2.4.1 Dificuldades
No Programa Saúde da Família (PSF), o enfermeiro administrador da Unidade Saúde da Família (USF) fica diante de várias dificuldades. Em uma pesquisa citada por Ferraz; Santos (2007) com 19 enfermeiros são evidenciados as principais dificuldades na realização das atividades do PSF. As principais mencionadas pelos enfermeiros foram; o acúmulo de funções, a falta de recursos humanos, a falta de espaço físico e a falta de vínculo. A tabela abaixo mostra a ordem dos resultados encontrados.
Gráfico 1:
Destes, 44% indicaram o acúmulo de funções como o maior problema, Esse acúmulo de funções se dá pela grande quantidade de família atendida, o que
ultrapassa a recomendada pelo Ministério da Saúde (MS), dada a demanda espontânea; 27% indicaram falta de recursos humanos; 16% indicaram falta de espaço físico, uma das principais queixas dos profissionais na falta de espaço físico, se dá pela falta de lugar para realizar as ações de educação em saúde, tanto na parte interna como externa da unidade; 13% indicaram falta de vínculo, o vínculo serve como estímulo para a organização da comunidade para o exercício do controle social e o reconhecimento da saúde como direito de cidadania. Esse resultado que indica o acúmulo de funções como maior problema, mostra que a categoria, apesar de assumir essa atribuição, está preocupada com a falta de tempo para por em prática de forma eficaz todas as atribuições a ela incumbidas pelo PSF (FERRAZ; SANTOS, 2007). O decreto n°. 94.406, de 8 de junho de 1987, que regulamenta a lei do exercício profissional, no seu artigo 8°, diz que, “o enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe privativamente, entre outras atividades, o planejamento, a organização, a coordenação, a execução e a avaliação dos serviços de assistência de enfermagem” quando o enfermeiro assume a direção de uma USF, o planejamento, a organização, a coordenação, a execução e a avaliação, é direcionada para toda a unidade de saúde e não só a equipe de enfermagem. Acredita-se que o planejamento é a atividade que possibilita ao enfermeiro exercer a administração de forma global, coerente e responsável. O enfermeiro deve deixar de ser simples executor de tarefas ou de normas ditadas por outros profissionais, para assumir a autodeterminação de suas funções e para ajustar princípios e medidas administrativas à solução de problemas específicos da sua competência (KURCGANT, 1991). Um fator, que poderia contribuir para resolver parte das dificuldades encontradas pelo enfermeiro na coordenação do PSF, seria o desenvolvimento de um plano operacional para implantação de um método de assistência. Essa habilidade é disponibilizada ao enfermeiro no decorrer do seu curso, isso leva a crer que o profissional tem a capacidade para elaborar um plano operacional eficaz. Esse plano operacional deverá contar com: recursos humanos, recursos materiais, adequação do espaço físico das unidades, a elaboração de instrumentos necessários para organização do trabalho. O enfermeiro também deverá programar o treinamento da equipe, a fim de preparar os profissionais para executarem funções específicas dentro do método que for colocado em execução (KURCGANT, 1991).