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Tcc marilia souza, Teses (TCC) de Nutrição

Análise Micrbiológica em Açougues de Supermercados de Apucarana - PR

Tipologia: Teses (TCC)

2013

Compartilhado em 25/03/2013

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marilia-souza-23 🇧🇷

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1 INTRODUÇÃO
Para o alimento se tornar fonte de saúde ao ser humano, deve ser
processado dentro de um controle de etapas, utilizando-se matéria-prima de boa
qualidade, em condições higiênico-sanitárias satisfatórias, e sendo
convenientemente armazenado e transportado. Quando não obedecidas essas
condições, ele pode tornar-se fonte de doenças. A qualidade do alimento é uma
combinação de atributos microbiológicos, nutricionais e sensoriais. O seu controle
em todas as etapas do processamento de alimentos tem como objetivo assegurar a
qualidade, promovendo a saúde do consumidor. (SOUSA, 2003).
Os manipuladores de alimentos representam um dos principais
veículos de contaminação da carne, uma vez que sua participação chega a atingir
até 26% dos surtos de toxinfecção alimentar. Estes manipuladores podem estar
doentes, ou podem apresentar hábitos de higiene pessoal inadequados, ou ainda
usar métodos anti- higiênicos na preparação de alimentos. (ANDRADE; SILVA;
BRABES, 2003).
Contudo, equipamentos de moer carne mal higienizados e
sanificados, contribuem para o crescimento de bactérias patogênicas e
deterioradoras, pois nessas partes mal higienizadas, o acúmulo de restos de
alimentos, favorecendo a contaminação cruzada em toda área destinada ao
processamento. (OLIVEIRA et al., 2008).
A forma mais usual para comprovar as condições de higiene do
ambiente, equipamentos, utensílios e manipuladores, consiste em inspecioná- los,
após serem submetidos ao processo de higienização. Sabe- se que a limpeza
aparente pode induzir a erros e dar falsa sensação de segurança. (SIQUEIRA
JÚNIOR et al., 2004).
Tendo em vista a importância de padrões higiênicos sanitários
satisfatórios para a obtenção de um alimento seguro, nos quais os mesmos,
ofereçam á promoção e manutenção da saúde de seu consumidor e afim de se evitar
a ocorrência de surtos e doenças transmitidas por alimentos, este trabalho teve como
objetivo avaliar as condições microbiológicas de máquinas de moer carne, mãos de
manipuladores e facas de corte de carnes, na cidade de Apucarana Paraná.
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1 INTRODUÇÃO

Para o alimento se tornar fonte de saúde ao ser humano, deve ser processado dentro de um controle de etapas, utilizando-se matéria-prima de boa qualidade, em condições higiênico-sanitárias satisfatórias, e sendo convenientemente armazenado e transportado. Quando não obedecidas essas condições, ele pode tornar-se fonte de doenças. A qualidade do alimento é uma combinação de atributos microbiológicos, nutricionais e sensoriais. O seu controle em todas as etapas do processamento de alimentos tem como objetivo assegurar a qualidade, promovendo a saúde do consumidor. (SOUSA, 2003). Os manipuladores de alimentos representam um dos principais veículos de contaminação da carne, uma vez que sua participação chega a atingir até 26% dos surtos de toxinfecção alimentar. Estes manipuladores podem estar doentes, ou podem apresentar hábitos de higiene pessoal inadequados, ou ainda usar métodos anti- higiênicos na preparação de alimentos. (ANDRADE; SILVA; BRABES, 2003). Contudo, equipamentos de moer carne mal higienizados e sanificados, contribuem para o crescimento de bactérias patogênicas e deterioradoras, pois nessas partes mal higienizadas, há o acúmulo de restos de alimentos, favorecendo a contaminação cruzada em toda área destinada ao processamento. (OLIVEIRA et al., 2008). A forma mais usual para comprovar as condições de higiene do ambiente, equipamentos, utensílios e manipuladores, consiste em inspecioná- los, após serem submetidos ao processo de higienização. Sabe- se que a limpeza aparente pode induzir a erros e dar falsa sensação de segurança. (SIQUEIRA JÚNIOR et al ., 2004). Tendo em vista a importância de padrões higiênicos sanitários satisfatórios para a obtenção de um alimento seguro, nos quais os mesmos, ofereçam á promoção e manutenção da saúde de seu consumidor e afim de se evitar a ocorrência de surtos e doenças transmitidas por alimentos, este trabalho teve como objetivo avaliar as condições microbiológicas de máquinas de moer carne, mãos de manipuladores e facas de corte de carnes, na cidade de Apucarana – Paraná.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

 Analisar se há contaminação por microrganismos em açougues de supermercados da cidade de Apucarana – PR.

2.2 Específicos

 Analisar as mãos dos manipuladores responsáveis pela moagem da carne se há contaminação por coliformes fecais e totais.

 Analisar as máquinas de moer carne se há contaminação por coliformes fecais e totais.

 Verificar se nas facas destinadas ao corte de carnes há contaminação por coliformes fecais e totais.

este tipo de corte passa por processos de manipulações, onde se tem o manipulador e a máquina de moagem (ambos meio de contaminação), constituindo assim um meio altamente favorável para a multiplicação das bactérias. (PINHEIRO, 2009). Em especial, a carne moída oferece maior risco de contaminação, pois apresenta uma maior superfície de contato além de sofrer maior manipulação. Esse tipo de carne está mais susceptível a albergar microrganismos deteriorantes e patogênicos. Neste último caso, o risco é agravado pelo fato de, muitas das vezes, a presença de patógenos não estar associada à deterioração e, portanto, ser imperceptível ao consumidor. (FERREIRA; SIMM, 2012). Os microrganismos mais frequentemente encontrados como contaminantes da carne moída bovina são as pseudomonas, os estafilococos, Campylobacter spp., Escherichia coli O157:H7, Salmonella spp ., Listeria monocytogenes, Clostridium perfringes e Clostridium botulinum. (ABREU; MERLINI; BEGOTTI, 2011).

3.2 Qualidade microbiológica dos alimentos O termo alimento seguro significa ausência total de microrganismos capazes de ocasionar toxinfecções alimentares. Milhares de tipos de organismos estão naturalmente presente em nosso ambiente (CARNEIRO, 2008). Os microrganismos que podem causar as doenças veiculadas por alimentos são denominados patogênicos e podem afetar tanto o homem quanto os animais. (FIGUEIREDO, 2003). Vários são os microrganismos capazes de causar toxinfecções alimentares, como: Escherichia coli , Bacillus cereus, Salmonella sp, Clostridium perfrigens, Clostridium botulinum , dentre outros. Microrganismos transferidos aos alimentos pelo homem são frequentemente responsáveis por surtos de toxinfecções alimentares. Destes a Escherichia coli , Bacillus cereus , Clostridium perfrigens são deteriorantes e podem ser frequentemente encontrados em pequenos números, tanto em alimentos crus quanto em cozidos. Quando estes números chegam a um milhão (10 6 ) ou mais por grama de alimento, ocorrem os riscos de toxinfecções alimentares. (MARTINS, 2007). Segundo a SVS (2011), no Brasil de 2000 a 2011 foram notificados, 8.663 surtos de DTA’s, 163.425 pessoas ficaram doentes e 112 óbitos. Sendo que

46,1% dos surtos são causados pelo agente etiológico, 34,4%, pelo alimento e 26,5% pelo local de ocorrência. Já a carne bovina vem sendo responsável por cerca de 300 casos notificados, envolvidos em surtos alimentares, sendo os mesmos provocados por bactérias, vírus, parasitas e agentes químicos. A alimentação dentro dos padrões higiênicos satisfatórios é uma das condições essenciais para a promoção e manutenção da saúde, sendo que a deficiência nesse controle é um dos fatores responsáveis pela ocorrência de surtos e doenças transmitidas por alimentos. Estas devem ser adequadas em todas as etapas do processo de obtenção que vai desde a produção, até o abate e a comercialização. (OLIVEIRA et al ., 2003). Mesmo reconhecendo-se que a medida de qualidade de alimentos seja complexa, não se pode desprezar o controle de qualidade, considerando a relação que os alimentos têm com a saúde das pessoas. Neste sentido, o melhor sistema de proteção à saúde pública é o que envolve duas formas de controle, antes que os alimentos sejam consumidos. O primeiro controle deve partir da responsabilidade da indústria em preparar alimentos que não sejam prejudiciais à saúde das pessoas. O segundo controle deve ser o monitoramento por algumas agências reguladoras para assegurar que a indústria está realmente realizando o seu trabalho e de fato, produzindo alimentos inofensivos. (SHANK, 1994). Do ponto de vista de saúde pública, no Brasil, o Ministério da Saúde, através da vigilância sanitária, atua na fiscalização do comércio de alimentos, nas indústrias e nos supermercados, tentando agir de forma a minimizar os maiores problemas que possam ser encontrados nos alimentos perecíveis, como contaminações microbiológicas, devido à refrigeração inadequada, ao alto tempo de exposição, aos manipuladores e às condições inadequadas de armazenagem e manipulação. (AVERY et al., 2002; COSTA; ALVES; MONTE, 2000; LAGAGGIO et al. , 2002). Outro órgão fiscalizador do governo federal que está junto ao Ministério da Agricultura, é o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, ao qual cabe a inspeção dos produtos de origem animal durante seu abate e processamento de produtos derivados da carne a fim de minimizar os eventos que possam vir de um animal portador de alguma afecção ou até mesmo prevenir possíveis falhas durante toda cadeia do abate ao processamento. (SPERS, 2003). A fiscalização pode ser permanente ou temporária conforme a

TABELA 1. Doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) e Intoxicações

T alimentaroxinose Fonte Contaminação Alimentos Quadro Clínico Características

S aureustaphylococcus C mão e peleabelo, nariz, boca, T a cocção ou alimentosocar alimentos após desinfectados, tossir, espirrar

C presunto, batata, leite,arne cozida, queijo

Vômitos, náuseas, diarreias Produz enterotoxina termoestável no alimento; se duplica em baixo Aa , halofili se entre 7 e 48 °Ca e osmofilia multiplica

B (emético eacilus cereus clássico)

Solo, cereais e grãos M contaminando aaterial do solo cozinha

A sopa de vegetais,rroz cozido, feijão, verduras cozidas

N vômitosáuseas, diarreias, O emético produz termoestável no alimento; causa enterotoxina quadro de infecção intestinal; se multiplicam entre 5 e 50 °C

C botulinumlostridium S peixesolo, vegetais, frutas e A recontaminados oulimentos enlatados com processamento térmico inadequado

S carne com queijo ealada de batata, cebola, alho, carnes, verduras em conservas caseiras

N perda de reflexo,áusea, vertigem, dificuldade de deglutir e falar, paralisia respiratória e morte

Formadores de esporos na cocção e reaquecimento, sobr,evive produz toxina multiplica- se entre 3 e 50 C nos alimentos,

I alimentarnfecção S Salmonella SP^ I homem, ovos, hortaliçasntestino de animais e gema de cultivadas com esterco

Mãos, equipamentos,^ M utensílios, bancadas de manipulação e alimentos. Cozimento inadequado e alimentos previamente contaminados

A produtos de ovos, leiteves, carnes, cru

D cólicas com ou semiarreia, mal estar e febre

Multiplica causa infecção intestinal- se entre 6 e 44 C,

Shigella SP I mãos, hortaliças entestino do homem, água contaminada

M mãos contaminadas,anipuladores com água contaminada com esgoto

Á contaminadasgua e hortaliças I desinteria, febre,nfecção intestinal com vômito estar, cólicas e mal

Desinteria bacilar, não necessita multiplicar-se nos alimentos, dose infectante baixa

Escherichia coli F animais de sangueezes do homem e quente, água

C alimentos crus eruzamento de cozidos, utensílios e mãos infectadas

Á carnes, ovos, leite,gua, hortaliças, pescados, verduras, legumes crus, maionese, frutas, queijo

Diarréia, vomito, cólica, mal estar, febre, calafrios.

I dose alta, necessita multiplicarndicador de contaminação fecal,-se nos alimentos e na superfície dos equipamentos e utensílios

C jejuniampilobacter I aves,ntestino: gado, porco, cogumelo e leite cru

C alimentos crus eruzamento de cozidos equipamentos e, utensílios não desinfectados,

L hambúrger, fígado cru,eite cru, água, carne de porco

D vomito, febreiarréia, náusea, Quadro semelhante a salmonela

Vibrio cholerae F água,ezes hortaliçasdo homem, e pescados contaminados

Água contaminação não tratada,através de utensílios equipamentos nãoe desinfectados

Á degua não tratada, leite coco, pescados e frutos cozidos, do mar (^) peixemal desidratado

N diarreia profáusea, (^) usa, podecólica, levar a morte.

C alcalinos (pHresce rapidamente em alimentos 6 a 11) úmidos em temperatura ambiente (5 a 44° C). não tolera acidez luz solar ou competição microrganismos com outros Fonte: adaptado de SILVA, 2008

Estima- se que as pessoas são cerca de cem mil vezes mais susceptíveis a terem uma doença alimentar de origem microbiana do que por resíduos de pesticidas. No entanto, sabe- se que os dados sobre a incidência e as causas da DTA’s representam apenas uma fração do montante dos casos que ocorrem. Os indivíduos acometidos por DTA’s, podem não procurar atendimento médico e então sua doença provavelmente não será reconhecida como de origem

alimentar e não será notificada junto á autoridade competente. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2002). De acordo com Silva (2008), os surtos tem aumentado nos países onde a cultura é deficitária, o investimento empresarial é mínimo e o poder de fiscalização das vigilâncias sanitárias é restrito. Estima – se que nos países desenvolvidos, de 1 a 10 % dos casos de DTA’s entraram para estatísticas oficiais já nos países menos desenvolvidos, esse índice pode ser ainda menor, com menos de 1% dos casos notificados. Contudo, as toxinfecções alimentares de origem microbiana têm sido reconhecidas como o problema de saúde pública mais abrangente no mundo atual e causa importante na diminuição da produtividade, das perdas econômicas que afetam os países, empresas e simples consumidores. (MICHELOTTI, 2002; NASCIMENTO, 2007).

3.4 Máquinas de moer carne O moedor de carne é um equipamento considerado de alto risco na causa de doenças de origem alimentar. (SILVA, 2002). A moagem da carne favorece a instalação e a multiplicação de microrganismos, em muitos casos patogênicos, devido ao aumento da superfície de contato, e a passagem de resíduos de moagens anteriores. (ALMEIDA, et al., 2002). A maior predisposição a contaminação e o aumento da superfície de contato com o meio ambiente, obtidos no processo de moagem, fazem com que a carne moída seja um produto que se deteriore rapidamente. (ABREU; MERLINI; BEGOTTI, 2011). Segundo Ritter et al., (2001), a moagem da carne pode expor a carne a maiores fontes de contaminação do que se for moída em seu local de obtenção. A manipulação da carne crua fresca ou congelada em açougues expõe a carne moída a alto número de microrganismos deteriorados ou produtos de toxinas. Para estes equipamentos além do método tradicional de limpeza, destaca- se também o método por imersão sendo empregado para peças, utensílios e partes do equipamento de difícil acesso de limpeza manual. O processo consiste de uma pré- lavagem das peças, com água morna, lavagem por imersão em tanques ou recipientes contendo solução detergente por cerca de 15 minutos, que pode ser

de alimentos, ampliar as perspectivas educacionais deste e fornecer à população um alimento seguro, do ponto de vista microbiológico. (SOUSA, 2006). Deve dar-se aos manipuladores conhecimentos teórico-práticos necessários para capacitá-los e levá-los ao desenvolvimento de habilidades e de atividades específicas na área de alimentos. O programa de treinamento tem por objetivo adequar o processamento e a manipulação dos alimentos de acordo com as normas atuais em relação às condições higiênico-sanitárias necessárias para evitar toxinfecções alimentares, eliminando riscos a saúde. (SACCOL et al ., 2006). A higienização adequada dos equipamentos e utensílios bem como a do próprio manipulador é um dos fatores mais importantes para o controle da qualidade do produto. Mesmo os manipuladores sadios abrigam bactérias que podem contaminar os alimentos pela boca, nariz, garganta e trato intestinal. (KOCHANSKI et al., 2009).

3.6 Equipamentos e utensílios Equipamentos e utensílios com higienização deficiente têm sido responsáveis, isoladamente ou associados a outros fatores, por surtos de doenças de origem alimentar ou por alterações de alimentos processados. Há relatos de que utensílios e equipamentos contaminados participam do aparecimento de aproximadamente 16% dos surtos. (ANDRADE; SILVA; BRABES, 2003). Equipamentos e ambientes sujos podem transferir ao produto odores estranhos oriundos de resíduos acumulados e, principalmente, nos alimentos não esterilizados a falta de higiene poderá conduzir a sérios problemas de toxinfecções alimentares, com consequências desastrosas. A limpeza e desinfecção dos equipamentos é operação fundamental no controle sanitário em indústrias de alimentos, muitas vezes negligenciadas ou efetuadas em condições inadequadas. (CARNEIRO; SANTOS, 2010). A sanificação assegura a máxima destruição dos microrganismos, reduzindo a carga microbiana a valores muito baixos e compatíveis com a obtenção de produtos em boas condições higiênico-sanitárias. Esta etapa deve ser realizada antes do início das atividades de manipulação de alimentos, garantindo um curto período de contato do sanificante com a superfície a ser limpa, mantendo assim

ausência da multiplicação de microrganismos no período entre o final da sanificação e o início das atividades. No caso de açougues, por exemplo, facas, peças e acessórios de equipamentos podem ser sanificados por imersão em água quente na temperatura de 80°C, por 5 minutos (SENAC, 2006 Essa etapa de sanificação de utensílios é muito importante, já que é um dos fatores que irá afetar na qualidade do produto. (MENDES et al. , 2001). Silva & Martins (1991), analisando duzentos e oitenta e um equipamentos e seiscentos e trinta e três utensílios de preparação em oitenta e três cozinhas industriais detectaram que as facas de cozinha foram os utensílios que registraram o maior índice de contaminação (95%). Apesar da importância da análise de equipamentos e utensílios utilizados para manipulação de diversos alimentos, no Brasil ainda não se definiu parâmetros com relação á análise quantitativa destes. (MARTINS et al. , 2001).

3.7 Coliformes totais É um grupo formado por bactérias da família Enterobacteriaceae. Fazem parte do grupo coliforme totais, predominantemente, bactérias pertencentes aos gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella. Destes apenas a Escherichia coli tem como habitat primário o trato intestinal do homem. Os demais, além de serem encontrados nas fezes, também estão presentes em outros ambientes como vegetais e solo, onde persistem por tempo superior ao de bactérias patogênicas de origem intestinal Salmonella e Shigella. Consequentemente, a presença de coliformes totais no alimento não indica, necessariamente, contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos. (FRANCO; LANDGRAF, 2005). O grupo dos coliformes totais inclui todas as bactérias na forma de bastonetes gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24 a 48 horas a 35ºC. E são indicadores de presença de bactérias patogênicas em alimentos e água quando encontradas altas contagens. (FRANCO; LANDGRAF, 2005). Também são considerados microrganismos indicadores de qualidade microbiológica de produtos ou da vida de prateleira do produto. Quando

Dentre os coliformes termotolerantes, a Escherichia coli é a principal representante de origem exclusivamente fecal. Grande parte das Escherichia coli presentes no trato intestinal é inócua e só causam danos à saúde quando distribuídas em outros locais do corpo, como o trato urinário ou meninges. As linhagens patogênicas podem causar desde diarréia, febre, cólica, vômito, calafrios, e mal estar, até graves quadros de diarréia sanguinolenta. (BARBOSA; LAGE; BADARÓ, 2009). O índice de coliformes fecais é empregado como indicador de contaminação fecal e avalia as condições higiênico-sanitárias deficientes, visto presumir- se que a população deste grupo é constituída de uma alta proporção de Escherichia coli. Encontram-se as enterobactérias, destacando-se como um microrganismo de interesse em alimentos a Escherichia coli O157:H7. Sua designação surgiu inicialmente em 1982, após ter sido implicada como agente etiológico da colite hemorrágica. (CARDOSO et al ., 2001; BARBOSA; LAGE; BADARÓ, 2009). As cepas de Escherichia coli , implicadas em doenças de origem alimentar podem ser classificadas em cinco grupos: enteropatógenas (EPEC), enterotoxigênicas (ETEC), enteroinvasivas (EIEC), enterohemorrágicas (EHEC) e facultativamente enteropatógenas (FEEC). As EPEC geralmente não produzem enterotoxinas, mas produzem um fator de aderência e podem causar diarreia. As EIEC não produzem enterotoxinas e sua patogenia é semelhante à das Shigellas. As ETEC produzem duas toxinas principais sendo uma termolável e outra termoestável, e produzem um fator de colonização que media a união dos microrganismos ás células do epitélio intestinal. As EHEC, representadas pela Escherichia coli O157:7, produzem toxinas SLT-I e SLT-II, causadoras de enterohemorragias. (MARTINS, 2007). Além de atravessar a barreira gástrica, a Escherichia coli se adere á mucosa dos intestinos delgado e grosso. A lesão é uma das alterações que é provocada na mucosa intestinal, que consiste no desaparecimento das microvilosidades intestinais. Nos casos de infecção grave pode ocorrer a completa destruição do epitélio absortivo intestinal, com atrofia acentuada e afinamento da mucosa. Existem outras evidências que participam do processo diarréico, como alterações no transporte de água e íons, abertura das junções epiteliais e o processo inflamatório. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). Em casos mais graves pode ocorrer

síndrome hemolítico-urêmica (SHU) e Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PTT) em crianças e idosos, respectivamente. Estas síndromes caracterizam-se por anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia, alterações da função renal, febre e anomalias do sistema nervoso central. A taxa de mortalidade associada é muito elevada. (CARNEIRO, 2008). A utilização de antibióticos não é recomendado, pois muitas bactérias criam certa resistência a esses tipos de fármacos. A hidratação deve ser mantida e em casos mais graves, pode ser necessário recorrer a tratamentos especiais como a hemodiálise, pois em alguns casos há perda de sangue através das fezes. Após a ingestão do alimento contaminado, os sintomas surgem cerca de três a nove dias e podem ter uma duração de até nove dias. (CARNEIRO, 2008). Mesmo não havendo um padrão estabelecido na legislação brasileira para a presença de Escherichia coli , sempre se faz necessárias análises microbiológicas para investigar este microrganismo, pois sua ausência nos revela condições higiênicas sanitárias favoráveis e esperadas pelos consumidores. (DIAS et al , 2008).

Cada reagente citado anteriormente, foi assepticamente pesado em balança digital, Bel®. Após a pesagem os mesmos, foram misturados em um becker e aferidos o pH, em Ph mêtrometro Alpax®. Posteriormente 9 ml de água peptonada, foram inoculados em 24 tubos de ensaio (figura 1), logo após os mesmos foram transferidos para a autoclave por 1 hora a 120ºC.

Figura 1. Tubos contendo água peptonada

Fonte: SOUZA, (2012).

4.5 Coleta das amostras As máquinas de moer carne analisadas, foram submetidas á técnica de esfregaço empregando-se Swabs. Os Swabs, foram passados em área correspondente a 3 cm 2 , delimitados por um molde de acrílico esterilizado (figura 3), nos discos de moer da máquina (figura 2). Após a coleta os Swabs foram colocados em tubos de ensaio contendo água peptonada.

Figura 2. Máquina de moer carne

Fonte: Mondial, (2010).

Figura 3. Molde de acrílico esterelizado

Fonte: SOUZA, (2012).

Para a análise das mãos dos manipuladores, foram escolhidos aleatoriamente seis manipuladores, sendo um de cada estabelecimento. O método utilizado para análise foi por sistema de Swabs, em área correspondente a 3 cm ², delimitado por um molde de acrílico esterilizado (figura 3). Nas mãos dos voluntários, a remoção do conteúdo ocorreu, na palma e nos dedos da mão esquerda (figura 4). O Swab foi passado somente no sentido horizontal.

Figura 4. Mão do manipulador

Fonte: SOUZA, (2012).

Para a análise das facas, a técnica de Swabs foi empregada numa área de 3 cm 2 delimitado por um molde de acrílico esterilizado (figura 3), em relação ao meio da faca (figura 5) em seguida os mesmos foram transferidos para tubos de ensaio, contendo água peptonada, meio líquido enriquecido para crescimento bacteriano. Esses tubos foram transportados sob refrigeração, para o laboratório de microbiologia da FAP.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados estão expressos na tabela 3, a mesma demonstra que houve contaminação somente por Escherichia coli nas amostras dos Supermercados C e D. A presença de Escherichia coli nas amostras, indica que houve contaminação fecal, já que a mesma faz parte da flora intestinal de animais de sangue quente. A contaminação por Escherichia coli pode se dar através da contaminação cruzada entre alimentos crus e cozidos, utilização de utensílios mal higienizados ou não desinfectados, não higienização das mãos entre a manipulação de gêneros alimentícios diferentes e má higienização do manipulador após o uso do sanitário. (SILVA, 1995).

TABELA 3. Número de amostras positivas e negativas em relação á Escherichia coli e Coliformes totais

Amostra

Nº total de amostras analisadas

Nº de amostras positivas para Escherichia coli

Nº de amostras positivas Coliformes Totais

Supermercado A 3 < 10 < 10

Supermercado B 3 < 10 < 10

Supermercado C 3 10 -^1 < 10

Supermercado D 3 10 -^1 < 10

Supermercado E 3 < 10 < 10

Supermercado F 3 < 10 < 10

A presença de Coliformes fecais ( Escherichia coli) é altamente indesejável e é considerada indicadora de más condições higiênicos-sanitárias. (BENEVIDES; LOVATI, 2004). É de extrema importância avaliar e quantificar a contaminação bacteriana, pois representa um grave problema de segurança e saúde

alimentar, tais microrganismos são responsáveis por mais de 90 % das enfermidades transmitidas por alimentos. (MARTINS, 2006). A Escherichia coli invade a parede intestinal, resultando em inflamação, febre e algumas vezes disenteria. Certas linhagens produzem enterotoxinas que causam a diarréia hemorrágica acompanhada de células inflamatórias nas fezes. (TORTORA, 2000).

A tabela 4 demonstra o crescimento bacteriano nas amostras do supermercado C e D correspondente a máquina de moer carne e facas de corte.

TABELA 4. Número de amostras positivas, de amostras das mãos dos manipuladores, facas de corte e máquinas de moer carne

Estabelecimento Amostra Nº positivas para de amostras E Swab/scherichia 3 cm ² coli

Nº positivas de amostras Coliformes Swab / 3 cm ² Totais

Supermercado A Mão manipulador Faca de corte Máquina de moer carne

Ausente Ausente Ausente

Ausente Ausente Ausente

Supermercado B Mão manipulador Faca de corte Máquina de moer carne

Ausente Ausente Ausente

Ausente Ausente Ausente

Supermercado C Mão manipulador Faca de corte Máquina de moer carne

Ausente Ausente 2 x 10 - ¹

Ausente Ausente Ausente

Supermercado D Mão manipulador Faca de corte Máquina de moer carne

Ausente 1 x 10 - ¹ Ausente

Ausente Ausente Ausente

Supermercado E (^) Mão manipulador Faca de corte Máquina de moer carne

Ausente Ausente Ausente

Ausente Ausente Ausente

Supermercado F Mão manipulador Faca de corte Máquina de moer carne

Ausente Ausente Ausente

Ausente Ausente Ausente