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Guias e Dicas
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saude coletiva , Manuais, Projetos, Pesquisas de Enfermagem

livro de saude coletiva e assistencia a enfermagem

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 12/12/2009

joaci-santana-nobre-8
joaci-santana-nobre-8 🇧🇷

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SAÚDE COLETIVA

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Cadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do Aluno

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Ó2001. Ministério da Saúde. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. Série F. Comunicação e Educação em Saúde Tiragem: 2.ª edição revista - 1.a reimpressão - 2003 - 100.000 exemplares

Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem Esplanada dos Ministérios, bloco G, edifício sede, 7.ºandar, sala 733 CEP: 70058-900, Brasília - DF Tel.: (61) 315 2993

Fundação Oswaldo Cruz Presidente: Paulo Marchiori Buss Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública: Jorge Antonio Zepeda Bermudez Diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio: André Paulo da Silva Malhão

Curso de Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem Coordenação - PROFAE: Leila Bernarda Donato Göttems, Solange Baraldi Coordenação - FIOCRUZ: Antonio Ivo de Carvalho

Colaboradores: Andréia Rodrigues Gonçalves Ayres, Anna Maria Chiesa, Estela Maura Padilha, Inah Maria de Queiroz, Júlia Ikeda Fortes, Leila Bernarda Donato Göttems, Maria Regina Araújo Reicherte Pimentel, Marta de Fátima Lima Barbosa, Sandra Ferreira Gesto Bittar, Robson Willis Torres

Capa e projeto gráfico: Carlota Rios, Adriana Costa e Silva Editoração eletrônica: Carlota Rios, Ramon Carlos de Moraes Ilustrações: Marcelo Tibúrcio e Maurício Veneza Revisores de português e copidesque: Lilian Rose Ulup, Marcia Stella Pinheiro Wirth, Mônica Caminiti Ron-Ren, Napoleão Marcos de Aquino Apoio: Abrasco

Impresso no Brasil/ Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde coletiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. - 2. ed. rev., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz,

140 p.: il. - (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) ISBN 85-334-0549-

  1. Educação Profissionalizante. 2. Auxiliares de Enfermagem. 3. Saúde Coletiva. I. Brasil. Ministério da Saúde. II. Brasil. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. III. Título. IV. Série. NLM WY 18.

Catalogação na fonte - Editora MS

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

1 Apresentação pág. 7

2 Saúde Coletiva pág. 9

APRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO

MINISTÉRIO DA SAÚDE

SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE

PROJETO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA ÁREA DE ENFERMAGEM

processo de construção de Sistema Único de Saúde (SUS) colocou a área de gestão de pessoal da saúde na ordem das prioridades para a configuração do sistema de saúde brasileiro. A formação e o desenvolvimento dos profissionais de saúde, a regulamentação do exercício profissional e a regulação e acompanhamento do mercado de trabalho nessa área passaram a exigir ações estratégicas e deliberadas dos órgãos de gestão do Sistema. A descentralização da gestão do SUS, o fortalecimento do controle social em saúde e a organização de práticas de saúde orientadas pela integralidade da atenção são tarefas que nos impõem esforço e dedicação. Lutamos por conquistar em nosso país o Sistema Único de Saúde, agora lutamos por implantá- lo efetivamente. Após a Constituição Federal de 1988, a União, os estados e os municípios passaram a ser parceiros de condução do SUS, sem relação hierárquica. De meros executores dos programas centrais, cada esfera de governo passou a ter papel próprio de formulação da política de saúde em seu âmbito, o que requer desprendimento das velhas formas que seguem arraigadas em nossos modos de pensar e conduzir e coordenação dos processos de gestão e de formação. Necessitamos de desenhos organizacionais de atenção à saúde capazes de privilegiar, no cotidiano, as ações de promoção e prevenção, sem prejuízo do cuidado e tratamento requeridos em cada caso. Precisamos de profissionais que sejam capazes de dar conta dessa tarefa e de participar ativamente da construção do SUS. Por isso, a importância de um "novo perfil" dos trabalhadores passa pela oferta de adequados processos de profissionalização e de educação permanente, bem como pelo aperfeiçoamento docente e renovação das políticas pedagógicas adotadas no ensino de profissionais de saúde. Visando superar o enfoque tradicional da educação profissional, baseado apenas na preparação do trabalhador para execução de um determinado conjunto de tarefas, e buscando conferir ao trabalhador das profissões técnicas da saúde o merecido lugar de destaque na qualidade da formação e desenvolvimento continuado, tornou-se necessário qualificar a formação pedagógica dos docentes

O

para esse âmbito do ensino. O contato, o debate e a reflexão sobre as relações entre educação e trabalho e entre ensino, serviço e gestão do SUS, de onde emanam efetivamente as necessidades educacionais, são necessários e devem ser estruturantes dos processos pedagógicos a adotar.

Não por outro motivo, o Ministério da Saúde, já no primeiro ano da atual gestão, criou uma Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, que passa a abrigar o Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE) em seu Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Dessa forma, o conjunto da Educação Profissional na Área da Saúde ganha, na estrutura de gestão ministerial, nome, lugar e tempo de reflexão, formulação e intervenção. As reformulações e os desafios a serem enfrentados pela Secretaria repercutirão em breve nas políticas setoriais federais e, para isso, contamos com a ajuda, colaboração, sugestões e críticas de todos aqueles comprometidos com uma educação e um trabalho de farta qualidade e elevada dignidade no setor da saúde.

O Profae exemplifica a formação e se insere nesta nova proposta de educação permanente. É imprescindível que as orientações conceituais relativas aos programas e projetos de formação e qualificação profissional na área da saúde tenham suas diretrizes revistas em cada realidade. Essa orientação vale mesmo para os projetos que estão em execução, como é o caso do Profae. O importante é que todos estejam comprometidos com uma educação e um trabalho de qualidade. Esta compreensão e direção ganham máxima relevância nos cursos integrantes do Profae, sejam eles de nível técnico ou superior, pois estão orientadas ao atendimento das necessidades de formação do segmento de trabalhadores que representa o maior quantitativo de pessoal de saúde e que, historicamente, ficava à mercê dos "treinamentos em serviço", sem acesso à educação profissional de qualidade para o trabalho no SUS. O Profae vem operando a transformação desta realidade. Precisamos estreitar as relações entre os serviços e a sociedade, os trabalhadores e os usuários, as políticas públicas e a cidadania e entre formação e empregabilidade.

Sabe-se que o investimento nos recursos humanos no campo da saúde terá influência decisiva na melhoria dos serviços de saúde prestados à população. Por isso, a preparação dos profissionais-alunos é fundamental e requer material didático criterioso e de qualidade, ao lado de outras ações e atitudes que causem impacto na formação profissional desses trabalhadores. Os livros didáticos para o Curso de Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem, já em sua 3ª edição, constituem-se, sem dúvida, em forte contribuição no conjunto das ações que visam a integração entre educação, serviço, gestão do SUS e controle social no setor de saúde.

Humberto Costa Ministro de Estado da Saúde

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ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE

1 Apresentação

2 A promoção da saúde como base das ações de enfermagem em saúde coletiva 2.1 Aspectos históricos da promoção da saúde 2.2 A promoção da saúde e o modelo da vigilância da saúde

3 Vigilância Epidemiológica

3.1 Medidas de controle e prevenção em vigilância epidemiológica 3.2 Principais indicadores de saúde coletiva

4 Vigilância das Doenças Transmissíveis

4.1 Doenças preveníveis mediante vacinação 4.2 Doenças veiculadas pela água e por alimentos 4.3 Doenças transmitidas por vetores 4.4 Doenças causadas por ectoparasitas

5 Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose

5.1 Hanseníase 5.2 Tuberculose 5.3 A atuação na prevenção e controle da hanseníase e tuberculose

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6 Imunização

6.1 Imunidade e imunização 6.2. Programa Nacional de Imunizações (PNI) 6.3 As vacinas do PNI 6.4 A cadeia de frio 6.5 Calendário de vacinação do PNI 6.6 Aspectos importantes relacionados às vacinas do PNI 6.7 Vigilância das reações adversas

7 Programas de Atenção Básica Ampliada

7.1 A implantação do Programa Saúde da Família (PSF) 7.2 O papel dos profissionais do PSF 7.3 As práticas de trabalho da equipe do PSF

8 Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids

8.1 Aids/SIDA 8.2 Sífilis 8.3 Gonorréia 8.4 Uretrites não-gonocócicas 8.5 Condiloma acuminado 8.6 Linfogranuloma venéreo 8.7 Cancro mole 8.8 Herpes genital 8.9 Donovanose 8.10 Candidíase (monilíase) 8.11 Tricomoníase 8.12 Pediculose genital 8.13 Giardíase e amebíase 8.14 Ações de atenção básica frente às DST/Aids 8.15 O que podemos fazer para auxiliar a prevenção de DST/Aids?

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Identificando a ação educativa PPP PPRRRORR (^) OOOOFFFFFAAAAAEEEEE

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1- APRESENTAÇÃO

presente trabalho visa propiciar ao estudante, futuro auxiliar de enfermagem, os fundamentos básicos e ne- cessários para o conhecimento do campo de atuação que envolve a priorização do bem comum na assistên- cia: a enfermagem em saúde coletiva. Sua elaboração foi estruturada de modo a apresentar as recen- tes concepções da área de saúde, como a reorganização do modelo assistencial - baseada em princípios e práticas que priorizam a aten- ção à saúde e não à doença -, destacando, como fatores relevantes, a vigilância da saúde e a inter-relação dos determinantes sociais, eco- nômicos, culturais e ambientais no processo saúde-doença. Além disso, destacam-se os importantes papéis desempenhados pelas áreas da pro- moção e educação em saúde, cujas atuações são vitais para se intentar a melhoria das condições de vida e saúde da população. Para facilitar a aprendizagem e possibilitar uma visão ampla do universo de trabalho, apresentamos, concisamente, a organização das ações de várias áreas técnicas direcionadas à saúde coletiva: os pro- gramas de atenção básica ampliada; a vigilância epidemiológica e de doenças transmissíveis; a atenção às doenças crônico-degenerativas; o programa de imunização; a atenção à Aids e às doenças sexualmen-

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Saúde Coletiva

2- A PROMOÇÃO DA SAÚDE COMO BASE DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA

O primeiro aspecto a ser destacado, com vistas à com- preensão de questões que envolvem o tema promoção da saú- de, é o conceito que sustenta as propostas de atuação nesta área. Assim, para iniciarmos a discussão sobre as ações de en- fermagem em saúde coletiva, é fundamental recuperarmos o entendimento do processo saúde-doença considerando-o re- sultante de determinada organização social e influenciado por diver- sos aspectos que caracterizam a inserção social dos indivíduos e gru- pos em busca de melhor qualidade de vida. Atualmente, apesar de a saúde não mais ser considerada ape- nas como a inexistência de doença, ainda podemos perceber, em diversas situações, que a prática dos serviços volta-se prioritariamente para uma atuação curativa que envolve ações relativas somente à doença, principalmente queixas específicas e pontuais. Por exemplo, num serviço de Pronto-Atendimento a preocupação dos profissionais centra-se na queixa apresentada pelo paciente e a conduta a ser adotada procura apenas “solucio- nar” o problema, sem a preocupação de esclarecer suas causas. A crítica que fazemos é que idêntica postura também ocorre em outras fases da assistência. Tal fato só ratifica a necessidade de que devemos desenvolver intervenções de prevenção e controle permanentes da saúde da população, visando à melhoria dos in- dicadores de saúde.

te transmissíveis; os programas de atenção à saúde de mulheres, cri- anças, adolescentes e idosos, e à saúde bucal. Todos esses programas exigem do auxiliar de enfermagem uma atuação mais responsável, ética e qualificada, motivo pelo qual nossa preocupação em propor- cionar-lhe os subsídios necessários à sua inserção nessa nova verten- te de atuação. Esperamos que após sua leitura e efetiva compreensão, você, estudante, possa apropriar-se das informações dando significados de forma concreta através de uma atuação profissional mais acolhe- dora e comprometida com as pessoas assistidas, contrapondo-se à mera reprodução de procedimentos e de ações fragmentadas.

Os aspectos que caracteri- zam a inserção social dos in- divíduos relacionam-se com as condições de acesso à educação, moradia, trabalho, lazer, transporte, serviços de saúde, etc.

Você já observou ou ouviu al- gum relato de paciente com queixa de dor que, no atendi- mento ambulatorial, foi medi- cado apenas com um anal- gésico, sem que tenha sido detalhadamente avaliada a origem de sua dor?

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Saúde Coletiva

Em 1977, a Organização Mundial da Saúde propôs a seguinte meta: “Saúde para Todos no ano 2000”. Como decorrência, tanto o cenário brasileiro quanto o mundial estabeleceram um debate sobre o conceito de saúde-doença e a estruturação dos serviços de saúde. Um dos aspectos centrais no encaminhamento dessa meta era o detalhamento e a operacionalização do conceito de eqüidade, reco- nhecendo-se como fundamental a superação das desigualdades sociais para a melhoria das condições de saúde das populações. A I Conferência Mundial de Promoção da Saúde ocorreu em 1986, na cidade de Ottawa, Canadá, tornando-se a principal refe- rência nesse campo e contribuindo para ampliar as discussões so- bre os determinantes da saúde (fatores sociais, econômicos e ambientais) e as ações de promoção. Na ocasião, a promoção da saúde foi conceituada como “pro- cesso de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no con- trole deste processo”. 1 Essa concepção faz com que a população deixe de ser apenas o alvo dos programas, passando a assumir uma posição atuante na definição dos problemas a serem enfrentados. Amplia-se a concep- ção de saúde referindo-a aos seus determinantes e, também, à possi- bilidade de intervenções que extrapolam o setor saúde. Os campos de ação definidos na Carta de Ottawa, documento elaborado nessa Conferência, incluem cinco eixos de atuação, quais sejam:

  1. Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;
  2. Criação de ambientes favoráveis à saúde;
  3. Reforço para a ação comunitária;
  4. Desenvolvimento de habilidades pessoais;
  5. Reorientação dos sistemas e serviços de saúde. Em 1988, na conferência realizada em Adelaide, Austrália, as discussões centraram-se no tema políticas públicas saudáveis, refor- çando o entendimento da saúde como direito humano fundamental e sólido investimento social. Para o fortalecimento das políticas públicas saudáveis, foi evi- denciada a necessidade de ampliar o interesse e a preocupação de diferentes setores no sentido de criar ambientes favoráveis à vida. Nas discussões, foi ainda destacado o conceito de eqüida- de, como meta para a superação das desigualdades decorrentes da inserção social diferenciada – e também ressaltada a importân- cia do desenvolvimento de parcerias com vistas a ações intersetoriais capazes de causar impacto sobre as condições gera- doras de saúde.

Eqüidade – é a condição de igualdade de oportunidades para o uso de recursos existentes, com o objetivo de diminuir as conseqüên- cias negativas associadas ao adoecimento, diferen- ciando o atendimento con- forme sua complexidade.

1 Ministério da Saúde, 1996.

Ações intersetoriais – é a articulação entre os dife- rentes setores que execu- tam políticas públicas para planejamento conjunto dos problemas da população.

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Por exemplo: no caso das doenças diarréicas, a ação intersetorial sobre os determinantes poderia envolver, além das instituições de saúde, o setor de habitação e urbanismo (que veri- ficaria o planejamento do crescimento das cidades, oferecendo moradias em locais que não prejudiquem o meio ambiente), os órgãos responsáveis por água e esgotos (com vistas à ampliação da oferta de água tratada com qualidade e disponibilização de rede de esgoto para a população), os órgãos ligados à comunicação e publicidade (para o incentivo ao aumento da prática de aleita- mento materno e divulgação de medidas adequadas para limpeza de verduras, frutas e o acondicionamento de outros alimentos), a vigilância sanitária (no tocante à fiscalização dos locais que comercializam alimentos) e o setor de educação (que introduziria conceitos de higiene pessoal no conteúdo curricular, a partir das primeiras séries).

A III Conferência Internacional de Promoção da Saúde, que aconteceu em 1991, em Sundsvall, na Suécia, contribuiu para a melhor caracterização do que vem a ser ambientes saudáveis. As discussões realizadas incorporaram ao conceito de ambiente as dimensões sociais, econômicas, políticas e culturais, além dos as- pectos físicos e naturais. Ou seja, ambiente saudável é aquele isen- to de riscos de acidentes, de contaminação, de esforço físico ina- dequado, de exposição a situações de discriminação, violência ou injustiça.

Em 1992, na América Latina, em Santafé de Bogotá, Co- lômbia, foi realizada uma Conferência Internacional de Promo- ção da Saúde com a participação de representantes de vários paí- ses latino-americanos, onde foi discutido principalmente o con- ceito do novo campo de conhecimentos e práticas da promoção da saúde no contexto do continente latino-americano. Nessa reunião, foi destacada a importância dos determinantes so- ciais sobre a saúde dos povos, propondo-se que o conceito de promoção da saúde incorporasse a tarefa de “transfor- mar as relações excludentes, conciliando interesses econô- micos e propósitos sociais de bem-estar social”. 2

A principal contribuição da América Latina no âmbito da promoção da saúde se deu no sentido de explicitar o enten- dimento da produção social da saúde. Ou seja, incorporou ao debate a análise das situações concretas de vida das populações, ressaltando o contingente da população em situação de miséria e de exclusão social nos países de economia dependente.

Em 1997, em Jacarta, Indonésia, ocorreu a IV Confe- rência Internacional de Promoção da Saúde. Foi a primeira vez que um país asiático e em desenvolvimento, com problemas básicos extremamente sérios nas áreas de educação, saúde, trabalho,

Os problemas de saúde que acontecem na comunidade onde você mora ou trabalha são resolvidos de forma isola- da ou intersetorial?

Que correlação você estabele- ce entre o conceito de ambien- te saudável e os locais de sua moradia e trabalho?

2 Ministério da Saúde, 1996.

Relações excludentes – são situações que geram ou per- petuam a exclusão social, como, dentre outras, o desem- prego, o analfabetismo ou a escolarização insuficiente, a falta de moradia.

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2.2 A promoção da saúde e o modelo da vigilância da saúde

No contexto brasileiro, o campo da promoção da saúde é recente, ainda em expansão, porém com enorme potencial dadas as demandas emergentes na década de 90, decorrentes da descentralização preconizada pelo SUS na Constituição de 1988, que favoreceram a descentralização e o fortaleci- mento da participação popu- lar e o controle social da po- pulação nas questões de saúde^4.

A proposta do SUS, surgida após quase uma década de lutas pela melhoria da saúde no país - lutas que envolveram diversos segmentos da sociedade, como os movimentos populares de saú- de, técnicos, sindicalistas, universidades e outros movimentos so- ciais -, incorpora princípios e diretrizes que apontam para o com- promisso do Estado com a promoção das condições necessárias à saúde dos cidadãos.

Consideramos que o SUS é uma política pública avançada e tem como princípios, além do direito à saúde, a participação da po- pulação na gestão dos serviços, a integralidade e a eqüidade das ações.

A concretização destes princípios requer, entre outros aspec- tos, a estruturação de um novo modelo assistencial cujo foco de atenção esteja voltado para os determinantes das condições de saúde de uma população, e não apenas para o tratamento das doenças.

O novo modelo assistencial por nós considerado necessário para a implementação do SUS se estrutura a partir da maior capaci- dade de resolução dos problemas de saúde pelo nível local. É neces- sário, portanto, que os serviços se organizem em uma rede hierarquizada, por níveis de complexidade diferenciada. Nessa rede, cabe ao nível básico atender aos problemas e, também, identificar as causas sociais, econômicas e culturais a eles relacionadas, para bus- car posteriores intervenções junto aos outros setores – complementando, assim, a esfera de atuação sobre os determinantes das condições de saúde.

Nesse contexto insere-se a proposta da vigilância da saúde, entendida como um processo amplo e complexo voltado para o enfrentamento dos inúmeros problemas e agravos que comprome- tem a qualidade de vida dos diferentes segmentos populacionais.

Como se organizava o Siste- ma de Saúde no Brasil, antes da criação do SUS? Quem po- dia ser atendido no INAMPS? O que os centros e postos de saúde ofereciam como atendi- mento para a população como um todo? Quais as prin- cipais mudanças que ocorre- ram a partir do SUS?

Apesar de termos conquista- do uma política pública de saúde avançada no Brasil, o modelo econômico adotado atua no sentido inverso, ou seja, fortalece a concentração de riquezas e diminui o inves- timento em áreas sociais, como a saúde e a educação. Esse modelo gera, sem dúvi- da, inúmeras dificuldades para o alcance da qualidade de vida da pessoas, que se sentem frágeis devido às in- certezas em relação a seu acesso ao mercado de traba- lho e à abrupta perda de seu poder aquisitivo, quando se aposentam.

Modelo assistencial – é a for- ma como se organizam os diferentes serviços de saúde e, principalmente, a lógica que embasa essa organização.

4 Westphal, 1998.

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Saúde Coletiva

A vigilância da saúde constitui o modelo assistencial capaz de reverter a lógica de atender somente as doenças, pois visa a articula- ção entre as ações preventivas e curativas, de caráter individual e de alcance coletivo, e ao reconhecimento das dimensões biológica, ambiental e social dos problemas de saúde. E é nessa perspectiva que os profissionais de saúde podem construir uma assistência integral à população atendida nos servi- ços. Para tanto, a fim de promover a melhoria da qualidade de vida, é fundamental que estejam aptos a reconhecer tanto as condições existenciais que geram os problemas de saúde da comunidade que compõe sua população-alvo como a atuar no sentido de diminuir as diferenças injustas e inaceitáveis. Pode-se perceber, nessa conjuntura, que o objetivo das práti- cas em saúde se torna muito mais ampliado, exigindo que os profis- sionais de saúde considerem outros campos de conhecimento que não apenas o das ciências biológicas, como as ciências humanas (So- ciologia, Antropologia, Filosofia, Educação), por exemplo. A formação dos profissionais deve prepará-los para que se tornem sensíveis à conscientização dos problemas da realidade e para que incorporem, em sua prática, uma perspectiva de trabalho con- junto que se valha de outros saberes, buscando uma integração multidisciplinar. 5 Destaca-se, também, a necessidade de que os profissionais de saúde desenvolvam processos educativos que favoreçam a partici- pação da comunidade, estimulando-a a reconhecer seus problemas e intervir sobre eles, bem como a participar das discussões e deci- sões que lhe digam respeito. Esses processos são ações prioritárias do campo da promoção da saúde para lidar com as iniqüidades evi- denciadas. Nesse sentido, a formação de recursos humanos em saúde, consoante com os princípios do SUS, ocorre em dois âmbitos. Um, relativo à aquisição de conhecimentos e habilidades para lidar com a problemática de saúde da população, com base no perfil epidemiológico - ou seja, de reconhecimento e de priorização dos problemas - para orientar a intervenção; o outro, se refere à especificidade da intervenção da enfermagem em saúde coletiva, o que significa estar preparado para o “cuidar”, essência e base histó- rica da enfermagem que, na saúde coletiva, pode ser interpretado como conjunto de práticas e habilidades para o acompanhamento, controle e resolução dos problemas de saúde da população. Mais do que reproduzir procedimentos ou desenvolver ações de caráter fragmentado (pré-consulta, pós-consulta), ligadas aos pro- gramas de saúde e voltadas para a atuação de outros profissionais, cabe à enfermagem aproveitar as oportunidades de contato com a

Quais as condições sociais, econômicas e culturais rela- cionadas à elevada mortali- dade infantil por doenças diarréicas, à grande procura por atendimento ambulatorial em saúde da criança por queixas respiratórias e à ele- vada mortalidade de mulhe- res por câncer de colo uterino?

5 Chiesa, Bertolozzi e Fonseca, 2000.

Iniqüidades – são as diferen- ças sociais injustas e inacei- táveis.