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Resumo sobre distúrbios circulatórios, inflamação e reparo tecidual, da disciplina de Processos Patológicos Gerais.
Tipologia: Esquemas
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Vitória Mendes - Odonto UFPE 2021. PPG - 2ª prova DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS Introdução do Sistema Circulatório: ● Composto pelo coração (bomba); vasos sanguíneos e vasos linfáticos - tubos distribuidores e coletores, que permitem a troca de substâncias entre o sangue, o interstício e as células. Ou seja, tem a principal função de distribuição de oxigênio e nutrientes para todo o corpo. ● Os vasos sanguíneos estão todos interconectados, enquanto nos vasos linfáticos isso não ocorre. ● Os vasos linfáticos apresentam uma importante função no equilíbrio hídrico do organismo, pois são eles que recolhem o excesso de líquido plasmático que extravasa para a matriz extracelular quando ocorre a perfusão sanguínea nos capilares (troca de nutrientes e gases entre o que está dentro dos vasos e o que está fora). Como os capilares têm uma permeabilidade maior, eles deixam extravasar líquido plasmático, proteínas plasmáticas e algumas células, sendo os vasos linfáticos responsáveis por remover esse excesso de líquido. ● Se esse líquido não for removido ou se o extravasamento de líquido for maior do que o esperado (como em condições inflamatórias, onde há um aumento expressivo da permeabilidade capilar), pode ocasionar o EDEMA (excesso de líquido na matriz extracelular). ● A manutenção da integridade do sistema vascular e da sua interconexão é importante para que não haja HEMORRAGIA (saída do sangue do meio intravascular para o meio extravascular). Porém, não é necessário que haja de fato uma ruptura nesse sistema para que ocorra esse distúrbio circulatório. Fluxo sanguíneo: é a quantidade de sangue que passa por uma seção transversal de um vaso, por unidade de tempo. Em condições ideais, a viscosidade sanguínea e a velocidade do fluxo fazem com que o plasma se desloque mais próximo da superfície endotelial (na periferia), em menor velocidade e as células sanguíneas se desloquem no centro do vaso, em maior velocidade. Esse processo é denominado fluxo laminar e evita o contato direto dos elementos figurados com o endotélio (a fim de evitar lesões no endotélio vascular e possíveis distúrbios circulatórios em decorrência disso). HIPEREMIA …………………………………………………;;………………………...………;;;;;,…… ● Se refere ao aumento do volume sanguíneo dentro dos vasos em um órgão ou tecido. ● Clinicamente, observa-se uma área com aspecto avermelhado. → Hiperemia ativa : ocorre por VASODILATAÇÃO. São exemplos fáceis de observar: a hiperemia facial (rubor facial), causada por estímulos vasodilatadores neurogênicos ou por exercícios físicos (ambos fisiológicos) e a hiperemia nas fases iniciais de uma inflamação aguda (rubor no tecido inflamado), sendo um processo patológico. Hiperemia ativa patológica → lesão aftosa, com região vermelha ao redor, em decorrência da dilatação dos vasos. Microscopia da hiperemia: muitas hemácias dentro dos vasos.
→ Hiperemia passiva (ou congestão) : ocorre quando há DIFICULDADES NO RETORNO VENOSO , ou seja, o sangue chega no vaso mas não consegue sair. Pode ocorrer de forma localizada, como acontece em trombose venosa, ou sistêmica, como acontece na insuficiência cardíaca. OBS .: na insuficiência cardíaca de longa duração, a hiperemia passiva prolongada tem consequências importantes em muitos órgãos. Congestão hepática crônica: no fígado, por exemplo, há o acúmulo de sangue nos vasos (que não consegue escoar) e um consequente aumento da pressão intravascular, o que gera o extravasamento de algumas hemácias e, com isso, há a deposição de hemossiderina ao redor desses vasos. Além disso, os hepatócitos que estão ao redor dos vasos começam a sofrer necrose, já que a chegada de sangue e oxigênio está comprometida. Isso tudo produz o típico aspecto macroscópico do fígado em noz moscada. Congestão pulmonar : nos pulmões, a dificuldade de recolher o sangue desse órgão e mandar para a circulação sistêmica gera uma hiperemia passiva, normalmente por insuficiência cardíaca. Essa hiperemia pode ser aguda ou crônica, que geram consequências diferentes: ➢ Congestão pulmonar aguda : a quantidade de sangue que se instaura no órgão é muito grande, o que gera um rápido aumento da pressão hidrostática dentro do vaso, favorecendo o extravasamento de plasma (pra reduzir a pressão) e de hemácias. Ou seja, a congestão pulmonar aguda leva a um quadro de EDEMA PULMONAR (líquido onde deveria ter ar → diminui a perfusão sanguínea) e de HEMORRAGIA. ● Distensão dos capilares alveolares com sangue; ● Edema septal alveolar; ● Hemorragia intra-alveolar focal. ➢ Congestão pulmonar crônica : se instaura lentamente, as consequências não são tão importantes pro tecido. ● Septos espessos e fibrosos; ● Espaços alveolares com macrófagos contendo hemossiderina; ● Células da insuficiência cardíaca. EDEMA …………………………………………………;;.........…………………;…………………….… ● Corresponde ao extravasamento e acúmulo de líquido plasmático na matriz extracelular. ● O líquido pode se acumular dentro de cavidades corporais, quando isso ocorre, se denomina: HIDRO + nome da cavidade. Exemplos: hidrotórax (edema na cavidade torácica), hidropericárdio (edema na cavidade pericárdica, impede o coração de fazer diástole), hidroperitônio (edema na cavidade peritoneal). ● O edema pode ser observado de duas formas: ➢ TRANSUDATO : o extravasamento é apenas de PLASMA. ➢ EXSUDATO : extravasamento de PLASMA + PROTEÍNAS E CÉLULAS. OBS.: ANASARCA é o edema grave, generalizado, caracterizado por profundo inchaço dos tecidos subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais. É o que acontece em alguns pacientes com quadro de choque anafilático.
● É o distúrbio da circulação caracterizado pelo extravasamento de sangue do compartimento vascular para o meio externo , para o interstício ou para as cavidades pré-formadas. ● Hemorragia por diapedese: o vaso continua íntegro e o endotélio permite a saída de hemácias. ● Henorriagia por rexe: há ruptura do vaso. → Hemorragias externas : o sangue vai para fora do corpo. A perda sanguínea externa crônica ou recorrente muitas vezes culmina em anemia ferropriva. Sangramentos para dentro do sistema digestório se incluem em hemorragias externas, pois o sangue será eliminado. → Hemorragias internas : o sangue vai para fora do vaso, mas para dentro do corpo. Pode levar a um quadro de icterícia. O sangramento interno (p. ex., um hematoma) não leva à deficiência de ferro, pois o ferro é reciclado com eficiência das hemácias fagocitadas. OBS .: a significância clínica de qualquer hemorragia depende do volume de sangue perdido e da velocidade do sangramento. A rápida perda de até 20% do volume sanguíneo ou as perdas lentas de quantidades até maiores podem ter pouco impacto sobre adultos saudáveis; perdas maiores e rápidas, entretanto, podem causar choque hemorrágico. O local da hemorragia também é importante; o sangramento que seria insignificante nos tecidos subcutâneos pode causar morte se localizado no cérebro (AVC hemorrágico). TROMBOSE …………………...……..……………………;;.........…………………..;.;;……...………… ● É o processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue, com a formação de um trombo, dentro dos vasos ou do coração , no indivíduo vivo. Decorrente do excesso dos mecanismos de hemostasia. ● Trombo x coágulo : o trombo se forma DENTRO DOS VASOS e fica aderido às paredes desses vasos. Já o coágulo se forma FORA DOS VASOS, quando há a ruptura. Está relacionado ao mecanismo fisiológico da hemostasia. ● As três principais anormalidades que levam à formação de trombo (chamada de tríade de Virchow) são:
● Placas em quadros de aterosclerose não apenas expõem a MEC subendotelial, mas também causam turbulência. Hipercoagulabilidade ● A utilização de medicações sistêmicas (como os anticoncepcionais) podem levar a uma condição de hipercoagulabilidade. ● Além disso, repouso prolongado, gravidez, doenças auto imunes, câncer, e tabagismo também levam à hipercoagulabilidade. OBS .: ● As consequências da trombose dependem se o trombo estiver no sistema arterial ou venoso, se há circulação colateral ou não e da sensibilidade do tecido à hipóxia. ● A consequência mais grave da trombose é quando o trombo se solta (vira êmbolo) e atinge vasos de menor calibre, ficando preso e dificultando a circulação. Pode atingir vários órgãos. Exemplo: tromboembolia pulmonar, embolia cerebral (AVC isquêmico), artérias mesentéricas (infarto intestinal), membros inferiores (isquemia e dor) etc. Destino do trombo : propagação (pode crescer), dissolução (pode ser lisado), pode se organizar formando novos capilares, pode embolizar, infeccionar e sofrer calcificação. EMBOLIA ……………………...……..……………………;;.........………………………...….;.;.;……… ● 90% dos êmbolos surgem de trombos → tromboembolia. ● O êmbolo é qualquer substância sólida, líquida ou gasosa que circula dentro dos vasos e é transportada pelo sangue para um local distante de seu ponto de origem , mas é ESTRANHA, ou seja, não deveria estar ali. Exemplos: líquido amniótico, gás, gordura, tumores, drogas etc. ● A maior importância clínica é quando o êmbolo causa a obstrução dos vasos. Quando o êmbolo obstrui um vaso no pulmão, pode acontecer um quadro de cor pulmonale agudo e levar à morte súbita em decorrência do comprometimento da circulação pulmonar. ● As consequências dependem do tamanho e do número de êmbolos dentro do vaso. INFARTO ……………………...……..……………………;;.........………………………...……..;;.;….… ● Um infarto é uma área de necrose isquêmica causada por obstrução do suprimento vascular para o tecido afetado. ● A trombose arterial ou embolia arterial é subjacente à grande maioria dos infartos. ● Porém, uma isquemia pode ocorrer sem ter, necessariamente, um trombo ou êmbolo e levar à um infarto (decorrente de uma hipóxia). ● Tudo que gere oclusão arterial e redução do fluxo sanguíneo leva à isquemia, exemplos: obstrução da luz vascular por compressão, espessamento da parede vascular (aterosclerose, que leva à um infarto do miocárdio), queda brusca de pressão arterial, diminuição de drenagem venosa, torções de intestino e outros órgãos (mais comum em outros animais) etc. Fatores que influenciam o desenvolvimento do infarto : os efeitos da oclusão vascular variam desde aquela sem consequência até a necrose tecidual que leva à disfunção do órgão e algumas vezes ao óbito. A variação dos resultados é influenciada (1) pela anatomia do suprimento vascular; (2) pelo tempo de desenvolvimento da oclusão; (3) pela vulnerabilidade intrínseca do tecido afetado à lesão isquêmica; e (4) pelo conteúdo de oxigênio no sangue. Morfologia dos infartos:
O termo “inflamação” ou “flogose” tem origem no latim inflamare e do grego phlogos , que significam “pegar fogo”. Essa denominação foi adotada devido a ocorrência de uma vasodilatação (hiperemia ativa) associada a um intenso metabolismo celular (intensa liberação de citocinas, fagocitose), que leva à uma vermelhidão e um aumento de temperatura locais, respectivamente. ➞ Inflamação: é uma reação de defesa e, a princípio, local (mas pode se tornar sistêmica), destinada a livrar o organismo da causa das injúrias (agentes agressores de natureza física, química ou biológica) e das consequências delas (células e tecidos necróticos, pra compensar/reestabelecer alterações de forma e função). O processo inflamatório é um mecanismo BENÉFICO do nosso organismo, ativado pelo sistema imune inato, destinado a destruir microorganismos invasores, partículas que penetram no nosso corpo, remover os produtos de degradação etc. É uma resposta fundamentalmente PROTETORA. SINAIS CARDINAIS DO PROCESSO INFLAMATÓRIO ➔ Calor: o aumento do fluxo sanguíneo e o aumento do metabolismo celular fazem com que haja um aumento da temperatura local. ➔ Rubor: surge por causa da fase vascular, em que ocorre a vasodilatação e aumenta o fluxo sanguíneo naquela região (hiperemia ativa). ➔ Tumor/edema: ocorre por conta da fase exsudativa, que leva ao aumento do volume tecidual. Vasodilatação + extravasamento do fluido para o meio extracelular. ➔ Dor: pode ser devido ao edema, que pode provocar a compressão de terminações nervosas , e também por conta da liberação de mediadores químicos da dor (metabolização de algumas substâncias que existem na superfície da célula, como o ácido araquidônico, que pode produzir prostaglandinas, interferindo como mediador da dor). ➔ Perda de função: a célula, no processo inflamatório, está passando por lesão celular e reduz sua função, de modo temporário ou definitivo, para se manter. O desfecho desse sinal depende do tecido onde ocorreu a inflamação e da extensão da lesão ou morte. De modo geral, os sinais cardinais acontecem em todos os processos inflamatórios, em maior ou menor evidência, com ordem variada e são tipicamente mais proeminentes na inflamação aguda. Cada um dos eventos que acontecem no processo inflamatório tem relação com os sinais cardinais: ❖ Liberação de mediadores químicos ➞ rubor e dor ❖ Vasodilatação ➞ rubor ❖ Aumento do fluxo sanguíneo e metabolismo celular elevado ➞ calor
❖ Extravasamento de fluido e células de defesa ➞ tumor ❖ Influxo celular ➞ tumor ❖ Junção de tudo = perda de função. CAUSAS DA INFLAMAÇÃO Todos os agentes que são capazes de provocar lesão e morte celular podem desencadear processos inflamatórios. São eles: ➢ Agentes físicos: força mecânica (trauma), radiação, alterações de pressão atmosférica, variações de temperatura. ➢ Agentes químicos: substâncias tóxicas, gases venosos, medicamentos, drogas ilícitas, contaminantes alimentares. ➢ Agentes biológicos: fungos, vírus, bactérias, protozoários. Qualquer que seja a sua causa, a reação inflamatória envolve uma série de eventos que se iniciam com o reconhecimento da agressão, em seguida tem-se a liberação dos mediadores inflamatórios , que resultam em modificações na microcirculação necessárias para a saída de plasma e de leucócitos dos vasos e em estímulos para reparar os danos produzidos. FASES DA INFLAMAÇÃO → Apesar da divisão em fases, a inflamação ocorre de maneira concomitante e variável.
1. FASE IRRITATIVA ● A resposta inflamatória é iniciada a partir do reconhecimento (de DAMP’s, PAMP’s e outras partículas estranhas ao organismo, que provocam um dano tecidual). ● Quanto mais imunogênico for o patógeno, maior será a resposta que ele irá gerar. ● A partir do reconhecimento, ocorre a liberação de mediadores vasoativos (o principal mediador dessa fase é a HISTAMINA ) que irão atuar sobre os vasos sanguíneos, aumentando seu calibre (vasodilatação) e sua permeabilidade , dando início a fase vascular. OBS 1 .: a liberação de histamina de mastócitos se dá por agentes físicos (frio, calor, traumatismos), pela ligação de anticorpos na superfície celular (reações alérgicas), por estimulação de componentes do complemento (C3a e C5a, anafilatoxinas) e por estímulo de neuropeptídeos (substância P) ou de certas citocinas (IL-1). OBS 2 .: em reações alérgicas, se prescreve os anti-histamínicos, para impedir ou reduzir o processo inflamatório (todas as fases após a fase irritativa serão inibidas). Se já tiver ocorrido a fase vascular, não adianta prescrever anti-histamínico, se prescreve adrenalina, que promove vasoconstrição, revertendo o efeito da histamina que foi liberada. 2. FASE VASCULAR OU CELULAR ● É representada por modificações hemodinâmicas da circulação ( vasodilatação ) e da permeabilidade vascular no local da agressão, comandadas por mediadores (histamina) liberados durante os fenômenos irritativos. ● A vasodilatação ocorre para que chegue mais sangue na região, pois praticamente todos os mecanismos de defesa do nosso corpo estão no sangue. Já o aumento da permeabilidade permite a saída do plasma e das células sanguíneas de defesa para a matriz extravascular, dando início a fase exsudativa.
OBS.: há a chegada de muitos neutrófilos na região da inflamação, eles conseguem fagocitar grande quantidade de patógenos, porém, muitos morrem (por terem meia vida curta), isso contribui para a formação do tecido necrótico - pus nos sítios inflamatórios.
4. FASE DEGENERATIVA OU NECRÓTICA ● Os processos das três fases anteriores podem contribuir para uma destruição tecidual. A produção de radicais reativos e o escape de enzimas lisossomais (decorrentes da morte dos neutrófilos), por exemplo, começam a destruir a matriz extracelular. ● Essas alterações podem ser reversíveis (lesão) ou irreversíveis (morte celular - necrose). ● Pode acontecer no momento inicial e atuar como fator causador do processo inflamatório ou pode acontecer como consequência da liberação de radicais reativos e enzimas. ● Por isso, às vezes, é importante controlar a inflamação para que o dano tecidual não seja exagerado. Não é à toa que a indústria farmacêutica desenvolveu os antiinflamatórios. 5. FASE PRODUTIVA OU REPARATIVA ● É nesta fase que ocorre a recuperação da função que foi perdida, mas é necessário levar em consideração as características teciduais para entender se o que foi perdido durante o processo inflamatório pode ser recuperado ou não. É uma tentativa de cura do tecido. ● Uma agressão que induz inflamação pode provocar lesões degenerativas ou necrose, que devem ser reparadas por regeneração ou por cicatrização. Os restos necróticos devem ser removidos, permitindo a reorganização do tecido. ● Se o agente etiológico não for removido, essa fase pode continuar acontecendo (é o que caracteriza a fase crônica da inflamação). ● Quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento liberados pelos tecidos inflamados, em especial pelas células do exsudato, orquestram os fenômenos de reparação, em paralelo com os fenômenos resolutivos, de tal modo que esses fenômenos se processem de maneira simultânea e coordenada. FIM DA INFLAMAÇÃO ● A inflamação é terminada quando o agente agressor é eliminado. A reação se resolve rapidamente, porque os mediadores são esgotados e dissipados e os leucócitos têm curtas meias vidas nos tecidos. ● Em adição, os mecanismos anti-inflamatórios são ativados e servem para controlar a resposta e preveni-la de causar dano excessivo ao hospedeiro. ● A resposta inflamatória é intimamente entrelaçada com o processo de reparo. Ao mesmo tempo em que a inflamação destrói, dilui e retira os agentes injuriantes, ela põe em movimento uma série de eventos que tentam curar o tecido danificado. TIPOS DE INFLAMAÇÃO - CLASSIFICAÇÃO TEMPORAL A inflamação pode ser aguda ou crônica , dependendo da natureza do estímulo e da efetividade da reação inicial em eliminar o estímulo ou os tecidos danificados. → Inflamação aguda: é rápida no início (tipicamente minutos) e de curta duração , persistindo por horas ou poucos dias. Se observam principalmente os fenômenos exsudativos nessa fase. Suas principais características são a exsudação de fluido e proteínas do plasma (edema) e a migração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. Quando a inflamação aguda é bem-sucedida na eliminação dos agentes
agressores, a reação reduz-se, mas se a resposta falha em limpar os agentes invasores, ela pode progredir para a fase crônica. → Inflamação crônica: pode se seguir à inflamação aguda ou já começar como um processo crônico (nem toda inflamação crônica passou por uma fase aguda). Ela é de longa duração e está associada aos fenômenos produtivos/reparativos. O processo inflamatório crônico é característico pela presença e infiltração de macrófagos. Uma inflamação crônica pode ir pra uma aguda quando, por exemplo, o paciente gripa e tem uma queda na imunidade, aumentando novamente o reconhecimento e dando início a fase vascular → agudização ou reagudização de um processo crônico. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS INFLAMAÇÕES → Inflamação serosa : é marcada pelo derramamento de um fluido fino que pode ser derivado do plasma ou de secreções de células mesoteliais revestindo as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica. É o que se observa em quadros de rinite e queimaduras. A bolha na pele resultante de uma queimadura ou infecção viral representa um grande acúmulo de fluido seroso, dentro ou imediatamente abaixo da epiderme. → Inflamação fibrinosa: são aquelas em que o exsudato contém grande quantidade de proteínas plasmáticas, incluindo o fibrinogênio. Forma-se uma membrana de fibrina na superfície do órgão. É observada nos quadros de meningite, pericardite e pleurite. A inflamação fibrinosa é mais comum na pericardite, onde apresenta um aspecto característico conhecido como “pão com manteiga”. Forma-se, histologicamente, uma malha de fios eosinofílicos. A coloração do órgão fica de roxo à avermelhado. A inflamação fibrinosa pode ser classificada ainda em inflamação pseudomembranosa difteróide. → Inflamação purulenta ou supurativa : é caracterizada pela produção de grandes quantidades de pus ou de exsudato purulento consistindo de neutrófilos, células necróticas e edema. Normalmente está relacionada a infecções bacterianas. A presença de grande número de neutrófilos, resulta na liberação local de grande quantidade de enzimas líticas, o que determina a liquefação do centro da área inflamada e dos tecidos circunvizinhos. Pode ser observada em quadros de meningite bacteriana. ➢ ABCESSO: pus localizado. É importante realizar a drenagem desse material necrótico, a fim de remover as bactérias que estão instauradas ali. ➢ FURÚNCULO: abcesso na derme ou no tecido subcutâneo. Só se trata quando se remove o carnegão do furúnculo (acúmulo de bactérias que se agregaram) ou se aumentar muito a dose do antibiótico. → Inflamação flegmonosa: também ocorre uma necrose de liquefação, porém, o pus não fica localizado e não é possível fazer a drenagem. Se observa nos quadros de apendicite (fica pus espalhado por todo o apêndice, por isso que o tratamento é fazer a remoção). → Inflamação ulcerada: ocorre necrose do tecido e esse tecido se solta (descama), formando uma ferida conhecida como úlcera. Normalmente observada na pele e em membranas mucosas. → Inflamação hemorrágica: quando a permeabilidade vascular é muito grande, as hemácias passam a constituir o elemento dominante do exsudato (saem hemácias na fase exsudativa). É observada em casos de gastrite, dengue, leptospirose, pericardite hemorrágica etc. CLASSIFICAÇÃO DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
● A inflamação se inicia localmente, mas toma uma proporção/repercussão sistêmica através das MOLÉCULAS. Ou seja, a inflamação é uma resposta do organismo coordenada por moléculas; ● No sangue, há os MQI (mediadores químicos da inflamação - são 9 classes de moléculas que medeiam a inflamação sistêmica). ● Nosso corpo é constituído por: moléculas → células → tecidos → órgãos → sistema. A partir disso, surgem os dois dogmas da patologia molecular:
➢ Ação da histamina no vaso : as células do vaso estão unidas entre si por receptores de adesão. Essas células possuem um receptor para a histamina e quando a histamina interage com elas, induz o “afastamento” dessas células, criando um espaço perivascular. O plasma vai sair dos vasos para o interstício por esse espaço, causando o edema. ➢ O plasma é rico em proteases plasmáticas (PP), que dentro do vaso estão inativas e são ativadas no interstício → elas atuam mantendo o afastamento das células endoteliais e, consequentemente, a vasodilatação e a vasopermeabilidade. Isso acontece porque o tempo de ação da histamina é muito curto. ➢ Como o número de PP no lúmen diminui, a IL 1- beta estimula a produção de PP pelo fígado. Exemplos de PPs são as proteínas do sistema complemento. ● Ativação e externalização de proteínas inativas do citosol para o interstício: ➢ Proteínas presentes no citosol da célula também podem ser ativadas e liberadas a fim de gerar uma resposta àquele agente lesivo. ➢ A principal proteína é a IL 1-beta : principal molécula pró-inflamatória produzida, atuando principalmente na fase aguda da inflamação. ➢ IL 1-beta adentra na circulação, atuando como um hormônio, dando início à uma resposta sistêmica. ● Produção de proteína pelo núcleo: ➢ O TNF-alfa vai ser produzido pelo núcleo e vai ser liberado para o interstício. Também é um dos principais marcadores de inflamação aguda. ● Liberação de um lipídio bioativo (ácido araquidônico): ➢ O ácido araquidônico é derivado de um fosfolipídio presente na membrana, é metabolizado e gera seus metabólitos → prostaglandinas, leucotrienos, prostaciclinas, tromboxanos e lipoxanos, que são liberados no interstício. Fenômenos vasculares ● O primeiro fenômeno vascular que ocorre é uma vasoconstrição, depois vasodilatação e vasopermeabilidade. ● A vasodilatação induz hiperemia e a vasopermeabilidade induz o fenômeno exsudativo (edema). Fenômenos exsudativos
→ Organização e remodelagem da matriz extracelular : ● Tecido cicatricial inicial - conjuntivo frouxo, para possibilitar a regeneração ou cicatrização dos tecidos. ● A matriz extracelular vai organizar e depois vai ser remodelada → ou vai ser removida pela ação de enzimas que degradam o colágeno, para que haja a substituição do tecido (regeneração); ou vai ser produzido mais tecido conjuntivo e mais colágeno, que será maturado para formação da cicatriz (cicatrização) → Proliferação celular : fatores de crescimento e peptídeos quimiotáticos proporcionam sinais autócrinos e parácrinos solúveis para a proliferação, diferenciação e migração celulares. Condições locais que interferem no reparo ● Tipo, tamanho e localização da ferida (a localização está relacionada com o movimento ao qual essa ferida está sendo exposta e a exposição a outros fatores externos, como à luz ultravioleta, por exemplo → uma ferida protegida tem um processo de reparo mais eficiente); ● Suprimento vascular: pode ser modificado frente a certos hábitos e situações (ex: a mucosa oral de uma pessoa fumante é pálida - pouco vascularizada -, pois os vasos foram atrofiando e sofrendo esclerose); ● Infecção; ● Movimento; ● Radiação ionizante; ● Luz ultravioleta. Condições sistêmicas que interferem no reparo ● Condição circulatória e condição metabólica; ● Desnutrição: por exemplo, a falta de proteínas na alimentação pode reduzir a quantidade de colágeno no corpo e dificultar o processo de reparo; ● Hormônios. Quando se for avaliar a possibilidade de haver reparo por regeneração ou por cicatrização, deve-se analisar os fatores locais da ferida e os fatores sistêmicos relacionados à cada indivíduo. REGENERAÇÃO ● Processo em que os danos que foram provocados no tecido são completamente reparados, promovendo a restauração da arquitetura e recuperação da função que foi perdida. ● Na regeneração, há o restabelecimento total da FORMA e da FUNÇÃO daquele tecido destruído durante o processo inflamatório. ● O tecido vai ser substituído por um idêntico ao original. Morfologicamente, se vê uma arquitetura idêntica à do tecido que foi destruído. ● No processo de regeneração, o tecido cicatricial será completamente removido para dar lugar ao tecido idêntico ao que foi perdido. ● É uma resposta típica a lesões em tecidos que conseguem se dividir/proliferar rapidamente, como a pele. CICATRIZAÇÃO ● Na cicatrização, há a formação de uma cicatriz.
● No processo de cicatrização, o tecido cicatricial continua sendo produzido, os fibroblastos secretam ainda mais colágeno, que amadurece e é substituído por um colágeno mais “duro”. Então o tecido, no lugar de ser removido, persiste ali, formando uma cicatriz fibrosa. ● A cicatrização implica na perda permanente da função fisiológica da região comprometida. Pode ser maior ou menor, dependendo do órgão, da área e do tamanho desse tecido cicatricial. Exemplo: uma cicatriz fibrosa grande no coração compromete a função dos cardiomiócitos, o que pode exigir a colocação de um marcapasso para permitir a passagem do impulso. OBSERVAÇÃO: a restauração da forma e da função que ocorre na regeneração DEPENDE DO TECIDO agredido. Exemplo: tecido nervoso e tecido muscular estriado cardíaco e esquelético não se regeneram, isso significa que esses tecidos sempre fazem o reparo através da CICATRIZAÇÃO (com exceção do tecido nervoso). Porém, tecidos capazes de sofrer regeneração, como a pele, também podem fazer cicatrização, a depender da PROFUNDIDADE (o quanto de matriz extracelular foi perdida durante a lesão) e do TIPO de lesão. ATENÇÃO: o SNC não se regenera, mas também não faz cicatrização fibrosa (pois não há fibroblastos), o que pode ocorrer é uma necrose de liquefação, onde a área liquefeita não é substituída, formando as áreas císticas (cavidades). Cicatrização em feridas cutâneas ❖ O processo de reparo vai se iniciar à medida que há a deposição de tecido cicatricial. O tempo que ele ocorre depende se a ferida está suturada (fechada), que se inicia mais rápido, ou aberta. Porém, em qualquer um dos casos, vai havendo mais deposição de colágeno e o tecido cicatricial vai dando lugar ao tecido conjuntivo fibroso que ficará ali (cicatriz) ❖ O processo de angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) é observado na fase inicial. ❖ À medida que a cicatriz vai se maturando, vai havendo uma redução da vascularização e uma remodelação do colágeno. ❖ Junto a isso, a lesão também faz um processo de contração , que resulta em uma cicatrização mais rápida e promove a redução do tamanho da ferida (mediada por miofibroblastos). A contração pode reduzir o defeito aberto em até 70%. Cicatrização por primeira intenção ● A cicatrização por primeira intenção ocorre por meio de uma SUTURA. ● Dependendo da profundidade da ferida, é importante suturá-la para facilitar esse processo de reparo. Fazendo isso, se diminui o tamanho da área onde vai ser depositado o tecido cicatricial
● Cicatriz hipertrófica: cicatriz que cresceu mais do que deveria (excesso na deposição do tecido cicatricial), ficando com uma área elevada, mas respeita o limite da lesão. ● Quelóide: crescimento anormal do tecido na cicatriz e que ultrapassa os limites da lesão. Forma feixes de colágeno muito mais espessos. Pode ser resolvido com remoção cirúrgica. Contração excessiva de cicatriz ● Contratura: pode interferir e dificultar a mobilidade dos membros, por exemplo. A elasticidade não é a mesma. O colágeno formado é muito denso. ● Estenose: estreitamento ou constrição de um duto, órgão ou passagem, reduzindo a luz desse órgão. Pode acontecer no intestino, na traqueia, no esôfago etc. REPARAÇÃO ÓSSEA
O reparo do tecido ósseo também pode ocorrer de forma inadequada, se a fratura não for reduzida e os fragmentos ósseos não forem aproximados. Fatores que interferem no reparo alveolar: hemostáticos locais (diminuem vascularização); anestésicos locais; fios de sutura; nicotina; presença de corpos estranhos; presença de tecidos necróticos e isquemia.