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Resumo completo sobre noções antropológicas, Exercícios de Direito Civil

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Tipologia: Exercícios

2019

Compartilhado em 20/09/2019

jucenilza-favalessa
jucenilza-favalessa 🇧🇷

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Antropol
ogia
1) O que é
antropologia:
A
antropologia
nasceu da
preocupação
de alguns pensadores em estabelecer conhecimentos
de cunho científico acerca do homem como ser
gregário (que faz parte de um grupo de um rebanho)
e produtor de cultura. Dessa forma, a antropologia
pode ser definida como uma ciência humana voltada
ao conhecimento dos nexos de ordem social entre os
homens entendidos tanto pela necessidade física
(natural) de convívio entre seres quanto pelos
conteúdos de esfera cultural (artifícios) empreendidos
nas relações humanas.
2) Divisão da antropologia:
Por essa definição pode-se concluir que existem dois
encaminhamentos da ciência antropológica: uma
antropologia física (biológica) e outra cultural
(social). A antropologia biológica é classificada como
uma ciência natural, enquanto a cultural é entendida
como ciência social.
Embora haja distinção entre antropologia física e
cultural, as duas “ciências” se comunicam, pois a
ciência antropológica natural permite o entendimento
das possibilidades de interação social dos homens,
estuda o processo evolucionário das espécies e
ilumina, por estudos comparados, as relações das
comunidades primatas, entre outros aspectos.
Tais estudos podem ser utilizados pelo antropólogo
social para compreender a elaboração de
ordenamentos, simbologias de poder e estruturas
culturais delimitadoras dos comportamentos em
sociedade.
A antropologia cultural tem em seu horizonte, uma
preocupação diferente da antropologia biológica. Ela
tem como objetivo a compreensão das sociedades
humanas por meio do estudo das religiões, das
convenções sociais, dos desenvolvimentos técnicos,
dos processos de comunicação e valoração coletiva,
além do estudo das simbologias definidoras de
identidades coletivas, entre outros aspectos.
3) Antropologia aplicada:
Além da divisão apresentada, existe atualmente um
campo da antropologia que une os estudos físicos aos
culturais com o intuito de elaborar políticas
governamentais para o atendimento de determinadas
necessidades de grupos social ou étnicos no interior
de uma sociedade específica.
A antropologia aplicada assessora governos na
implementação de políticas específicas destinadas às
comunidades com identidades estabelecidas que
devem preservar seus elementos identitários e, ao
mesmo tempo, integrarem-se a outros contextos
sociais mais amplos.
Um exemplo disso é o estudo realizado por
antropólogos sobre comunidades indígenas no Brasil,
servindo de base para ações, políticas públicas, que
visem a preservação de tais comunidades num
contexto maior de desenvolvimento de atividades
econômicas que atingem o espeço dos grupos
indígenas.
4) Aplicação dos estudos antropológicos:
Para a realização dos estudos antropológicos, é
fundamental o recurso a outras disciplinas auxiliares,
tais como a história, a geografia, a economia, a
biologia, a psicologia e a sociologia.
Daí entender-se que a antropologia se constitui de
forma transdisciplinar, tendo por base contribuições
de várias outras ciências que se voltam à
compreensão de algumas esferas da existência
humana. Nesse sentido, deve-se considerar que o
empenho da antropologia está na constituição de uma
visão mais ampla possível sobre a condição humana.
Embora a pretensão da antropologia seja a
constituição de um conhecimento abrangente acerca
do ser humano e das suas sociedades, o estudo
antropológico é compartimentado em algumas
subáreas de estudo.
O estudo antropológico envolve, entre outros
aspectos, pesquisas dobre a cultura material dos
povos. Por meio de tais pesquisas, pode-se
compreender usos e costumes, práticas sociais e
conteúdos simbólicos de um determinado grupo
humano.
5) Fases do estudo antropológico:
5.1) Etnografia (1º estágio): corresponde à pesquisa
de campo, com levantamento de dados, de
informações sobre o grupo humano enquanto
objeto de estudo.
Nessa etapa, são fundamentais a observação e a
descrição pormenorizadas dos atributos da
experiência social no interior de uma
determinada comunidade ou grupo humano. Dos
elementos recolhidos dessa fase, pode-se dar
sequência a outro estágio, a etnologia.
5.2) Etnologia (2º estágio): é uma parte importante do
estudo antropológico, pois, sem excluir a
observação direta, inicia a tentativa de
sistematização dos dados obtidos na fase
anterior, visualizando recorrências, normas e
lógicas inerentes ao grupo estudado. Pode-se
dizer que é na etnologia que começa o trabalho
de síntese que pode operar em três sentidos:
geográfico, histórico e relativo ao estudo
sistematizado.
Resumindo:
1) Etnografia:
* Estudo descritivo das diversas etnias,
de suas características antropológicas,
sociais, etc.
* Registro descritivo da cultura material
de um determinado povo.
* Método: descritivo – que diz respeito
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Antropol

ogia

1) O que é antropologia: A antropologia nasceu da preocupação de alguns pensadores em estabelecer conhecimentos de cunho científico acerca do homem como ser gregário (que faz parte de um grupo de um rebanho) e produtor de cultura. Dessa forma, a antropologia pode ser definida como uma ciência humana voltada ao conhecimento dos nexos de ordem social entre os homens entendidos tanto pela necessidade física (natural) de convívio entre seres quanto pelos conteúdos de esfera cultural (artifícios) empreendidos nas relações humanas.

2) Divisão da antropologia: Por essa definição pode-se concluir que existem dois encaminhamentos da ciência antropológica: uma antropologia física (biológica) e outra cultural (social). A antropologia biológica é classificada como uma ciência natural, enquanto a cultural é entendida como ciência social. Embora haja distinção entre antropologia física e cultural, as duas “ciências” se comunicam, pois a ciência antropológica natural permite o entendimento das possibilidades de interação social dos homens, estuda o processo evolucionário das espécies e ilumina, por estudos comparados, as relações das comunidades primatas, entre outros aspectos. Tais estudos podem ser utilizados pelo antropólogo social para compreender a elaboração de ordenamentos, simbologias de poder e estruturas culturais delimitadoras dos comportamentos em sociedade. A antropologia cultural tem em seu horizonte, uma preocupação diferente da antropologia biológica. Ela tem como objetivo a compreensão das sociedades humanas por meio do estudo das religiões, das convenções sociais, dos desenvolvimentos técnicos, dos processos de comunicação e valoração coletiva, além do estudo das simbologias definidoras de identidades coletivas, entre outros aspectos.

3) Antropologia aplicada: Além da divisão apresentada, existe atualmente um campo da antropologia que une os estudos físicos aos culturais com o intuito de elaborar políticas governamentais para o atendimento de determinadas necessidades de grupos social ou étnicos no interior de uma sociedade específica. A antropologia aplicada assessora governos na implementação de políticas específicas destinadas às

comunidades com identidades estabelecidas que devem preservar seus elementos identitários e, ao mesmo tempo, integrarem-se a outros contextos sociais mais amplos. Um exemplo disso é o estudo realizado por antropólogos sobre comunidades indígenas no Brasil, servindo de base para ações, políticas públicas, que visem a preservação de tais comunidades num contexto maior de desenvolvimento de atividades econômicas que atingem o espeço dos grupos indígenas.

4) Aplicação dos estudos antropológicos: Para a realização dos estudos antropológicos, é fundamental o recurso a outras disciplinas auxiliares, tais como a história, a geografia, a economia, a biologia, a psicologia e a sociologia. Daí entender-se que a antropologia se constitui de forma transdisciplinar, tendo por base contribuições de várias outras ciências que se voltam à compreensão de algumas esferas da existência humana. Nesse sentido, deve-se considerar que o empenho da antropologia está na constituição de uma visão mais ampla possível sobre a condição humana. Embora a pretensão da antropologia seja a constituição de um conhecimento abrangente acerca do ser humano e das suas sociedades, o estudo antropológico é compartimentado em algumas subáreas de estudo. O estudo antropológico envolve, entre outros aspectos, pesquisas dobre a cultura material dos povos. Por meio de tais pesquisas, pode-se compreender usos e costumes, práticas sociais e conteúdos simbólicos de um determinado grupo humano.

5) Fases do estudo antropológico: 5.1) Etnografia (1º estágio): corresponde à pesquisa de campo, com levantamento de dados, de informações sobre o grupo humano enquanto objeto de estudo. Nessa etapa, são fundamentais a observação e a descrição pormenorizadas dos atributos da experiência social no interior de uma determinada comunidade ou grupo humano. Dos elementos recolhidos dessa fase, pode-se dar sequência a outro estágio, a etnologia. 5.2) Etnologia (2º estágio): é uma parte importante do estudo antropológico, pois, sem excluir a observação direta, inicia a tentativa de sistematização dos dados obtidos na fase anterior, visualizando recorrências, normas e lógicas inerentes ao grupo estudado. Pode-se dizer que é na etnologia que começa o trabalho de síntese que pode operar em três sentidos: geográfico, histórico e relativo ao estudo sistematizado.

Resumindo:

  1. Etnografia:
  • Estudo descritivo das diversas etnias, de suas características antropológicas, sociais, etc.
  • Registro descritivo da cultura material de um determinado povo.
  • Método: descritivo – que diz respeito

5.3) Antropologia (3º estágio): Foi o antropólogo Claude Lévi-Strauss, em sua obra Antropologia Estrutural, que afirmou serem a etnografia, a etnologia e a antropologia três momentos diferentes da pesquisa antropológica. A antropologia seria, então o estágio final dos estudos relativos ao ser humano em particular e em sociedade. A antropologia, num sentido acurado, seria a derradeira fase do estudo sobre as comunidades humanas em seus elementos universais e particulares, pois é a síntese dos estudos etnográficos e etnológicos. A antropologia, por isso, estaria na condição de estabelecer nexos de caráter global acerca dos homens em sociedade e de suas elaborações culturais, tendendo a afirmar certas conclusões legítimas para várias sociedades humanas no tempo e no espaço, ou seja, afirmações científicas sobre o homem de caráter histórico e geográfico, envolvendo desde uma tribo indígena até as tribos urbanas do mundo contemporâneo.

6) Vertentes da pesquisa: 6.1) Geográfica: visa saber se os dados obtidos podem ser reconhecíveis em grupos vizinhos ao estudado, percebendo que determinados valores ou concepções mais sólidas sobre o comportamento humano no espaço delimitado, porém mais amplo. 6.2) Histórica: a ideia é refletir sobre o grupo humano estudado em sua relação com o seu passado, com a ancestralidade. Mais precisamente, diz respeito à memória e sua importância na constituição das redes de relacionamento por meio de tradição. A reconstituição do passado de determinada população poderá lançar luzes sobre os modos de operação e de comportamento social de determinado grupo. 6.3) Relativa ao estudo sistemático: de determinado elemento observado na fase etnográfica, por exemplo, um determinado tipo de técnica, de instituição ou de costume. Esse estudo visa ampliar o nível de detalhamento acerca do elemento selecionado. É como se a antropologia procedesse a uma verticalização do estudo da instituição, do costume ou da técnica a ponto de evidenciar seu valor para as relações do grupo humano estudado.

Assim, pode-se afirmar que a etnologia compreende a etnografia. Está é o seu passo preliminar, e a etnologia, o seu prolongamento. A etnografia e a etnologia integram os estudos antropológicos constituindo-se em etapas de pesquisas que permitirão a afirmação de conhecimentos relativos ao homem em sua relação com a natureza e dos homens em suas relações

sociais. Podemos concluir então as diferenças entre as pesquisas etnográfica e etnológica e de que maneira se comunicam. Em antropologia, diacronia refere-se ao conjunto dos fenômenos sociais, culturais etc. que ocorrem e se desenvolvem através do tempo – é o estudo desses fenômenos. Assim, diacrônico, no contexto estudado aqui, é relativo ao estudo ou à compreensão de um fato ou de um conjunto de fatos em sua evolução no tempo. Como uma ciência que reflete sobre as sociedades humanas, a antropologia volta-se ao detalhamento dos seres humanos que integram comunidades, nos seus aspectos físicos, na sua relação com a natureza e, em especial, nas suas especificidades culturais. No campo propriamente cultural, o saber antropológico abarca diversas dimensões, dentre as quais pode-se assinalas o universo psíquico, os mitos, os costumes e rituais, as histórias peculiares, a linguagem, os valores, as crenças, as leis e as relações de parentesco. Obs: No sentido estrito o termo antropologia refere-se ao estudo da história natural da espécie humana, isto é, da antropologia física ou biológica. Já no seu sentido lato (largo, extenso), indicado, a palavra tem um âmbito mais abrangente, que inclui a antropologia cultural ou social, a arqueologia e a linguística, além da antropologia biológica. É exatamente no sentido lato que a antropologia revela importantes conteúdos para as ciências humanas e contribui para os estudos econômicos, históricos e sociológicos.

7) Definição de Cultura: Muitos já escreveram sobre a cultura procurando seu sentido e o resultado disso foram inúmeras definições, ou seja, na maioria das vezes, indefinições. Verifica-se, então, a dificuldade de se definir algo tão complexo e abrangente denominado “cultura”. O templo da civilização maia em Palenque é um exemplo de produção cultural material com conteúdo transcendente, pois revela o universo religioso dos maias e não apenas uma produção material com uso exclusivo na produção agrícola como um arado, por exemplo. Daí entende-se a relação entre o termo “cultura” e o cultivo da terra ou a instrução dos animais (domesticação), colocando o homem como um ser produtor e não apenas como uma animal predador. Mais que cultivar a terra ou domesticar animais, a palavra cultura informa o cultivo ou domesticação de si mesmo na relação com o outro, na constituição de uma comunidade original que pudesse atuar no mundo e conseguir, de uma forma melhor, a sua sobrevivência. Traduz-se, também, o termo cultura como técnica e tecnologia, com o ser humano produzindo

esfera – a simbólica. Esta é imaterial, pois diz respeito a crenças e a valores que constituem elementos de identificação de um grupo, informando noções de pertencimento imaginário. São representações coletivas que procuram definir a relação da comunidade com entidades poderosas ou estabelecer nexos profundos de solidariedade e vinculação social. A cultura imaterial possui um grau de abstração, ou seja, não é concreta. Alguns exemplos são valores, crenças, folclore, danças, músicas, artes plásticas, festas e religiosidade. Os patrimônios culturais imateriais envolvem os conhecimentos que são transmitidos de geração a geração.

9) Cultura e humanidade: O âmbito da cultura é eminentemente humano e isso decorre de mudanças de ordem genética que facultaram ao “bicho” homem a produção cultural e, nesse sentido, certo distanciamento do “puro instinto”. Por exemplo: um cachorrinho criado numa ninhada de gatos não saberá miar ou se comportar de acordo com os gatos. Provavelmente, se pisarem em seu rabo, latirá ou emitirá algum som análogo ao de sua “mãe” desconhecida. Nesse sentido, está condicionado pela biologia a um universo específico. Poderá aprender com um humano, por condicionamento, alguns comportamentos, mas a elaboração cultural complexa para este animal pode ser considerada fora de seu âmbito. Agora, se considerarmos o animal “homem” entenderemos a importância da cultura em sua existência. Um recém-nascido humano poderá fazer algumas atividades por “puro” instinto, mas, para participar socialmente, terá ainda um longo caminho a ser trilhado, no interior do qual, a cultura terá papel decisivo em seu comportamento. A cultura é elemento de humanização do Homo sapiens, é expressão da capacidade de interação dos seres de uma mesma espécie em determinado espaço e tempo. Pensar a cultura é pensar o ser humano em coletividade e atentar para os processos de socialização e de preservação de um determinado grupo. Homo sapiens é o nome dado à espécie dos seres humanos, de acordo com a classificação taxonômica. Esta é uma expressão latina que significa literalmente “homem sábio” ou “homem que sabe”. Estima-se que os primeiro Homo sapiens tenham aparecido entre aproximadamente 300 mil e 100 mil anos atrás, na atual região do leste africano. A sua principal característica que marca o Homo sapiens é a sua capacidade de pensar e raciocinar, qualidade esta que é única entre os seres desta espécie. Além disso, o Homo sapiens é conhecido por suas complexas estruturas sociais e sistemas de comunicação.

Se considerarmos a diversidade cultural existente ao comparar vários grupos humanos, percebemos as inúmeras possibilidades comportamentais oriundas de uma determinada “leitura” que tais comunidades fizeram não apenas da natureza, mas também de suas relações. A respeito das questões envolvendo a humanidade e a sua produção cultural, o antropólogo estadunidense Alfred Kroeber (1876-1960) escreveu o artigo “O superorgânico”, mostrando como a cultura agiu sobre o homem, de que maneira ela atuou para afasta-lo do “mundo animal”, indicando que, por meio da cultura, ele passou a se colocar acima de suas limitações orgânicas, ou seja, naturais. Nesse sentido o pensador afirmou que o ser humano criou seu próprio processo evolutivo no decorrer do tempo. Superando o orgânico, afinal de contas, não constrangido por limitações orgânicas, o homem teria se lançado pela cultura além da própria natureza. Percebe-se assim, a importância da cultura na existência humana. Ela, de certa maneira, definiu os rumos da humanidade e permitiu ao homem reinventar-se, reproduzir-se e modificar-se.

10) Primeiros passos da antropologia iluminista na busca da definição do homem: A consideração antropológica acerca do ser humano deve ser compreendida à luz do próprio desenvolvimento da antropologia enquanto ciência humana e, nesse sentido, vale destacar que tal desenvolvimento pertence ao pensamento iluminista afirmado no século XVIII. Os iluministas afirmavam a existência de um homem no sentido universal. O que diferenciava um rei de um camponês? Não era a natureza, mas a cultura, a educação, afinal, todos nascem da mesma maneira. Dessa forma, afirmava-se, pela ilustração, a ideia de igualdade dos homens pela natureza. Nesse sentido, a Declaração de Independência dos Estados Unidos afirmava que todos os homens eram iguais e dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre eles o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Ora, aqui encontramos alguns elementos importantes para pensar o conceito de homem pela antropologia, afinal os primeiros antropólogos foram os pensadores iluministas. A ideia de igualdade natural informa uma natureza humana específica que difere o homem dos outros animais e, nesta, um componente fundamental era a liberdade. Enquanto os outros animais estariam limitados, pela natureza, a determinadas condições, o homem seria aquele capaz de atuar e interferir no mundo natural, estabelecendo uma “segunda natureza”, expressão da liberdade humana, a civilização. Esta era fruto da capacidade de raciocínio do homem, de sua racionalidade. A racionalidade, então, poderia ser

considerada outro atributo humano, elemento intrínseco à sua natureza. Os elementos de atuação diferenciada de cada ser humano estariam vinculados à individualidade e a certas aptidões naturais mais fortes em alguns e mais fracas em outros homens. Ora, haveria, então, uma unidade humana e, ao mesmo tempo, uma variabilidade do homem. Esta condição uma e diversa também deveria ser considerada como característica específica do “bicho” homem. O importante, apesar da distribuição variada de talentos (aptidões), era entender o caráter autônomo do homem, algo que o colocava como ser especial no mundo natural. Assim, ao contrário da teologia que afirmava Deus e procurava definir o homem a partir de um critério sobrenatural, a antropologia nascia afirmando o homem pelo homem, por sua capacidade e isso não era afirmar ser este homem heterônomo (transcendente em Deus), mas autônomo (imanente). É exatamente no interior dessa concepção de homem iluminista que se encontram as ideias de selvagem e civilizado. O selvagem era aquele que, apesar de possuir uma natureza humana, não teria desenvolvido os elementos que constituíram o homem civilizado. O pensamento de Rousseau foi em sentido oposto, afirmando ser o homem em estado natural melhor que o civilizado, mas essa visão já anunciava, no século XVII, um conteúdo romântico bem distinto do que foi o empenho da ciência do século XIX. Na visão antropológica romântica, o homem é valorizado e relacionado à sensibilidade, à emotividade e à paixão. E este ser, dotado de uma particularidade sensível, que aspira ao universal, sendo indivíduo sensitivo. (relativo aos sentidos e às sensações, receptivo a impressões sensoriais) Ser sensitivo significa ter percepção aguçada e muitas vezes se sentir mal em lugares lotados, prever acontecimentos futuros, ter visões, ficar nervoso ou temer sem motivo aparente, sentir calafrios e arrepios de repente, captar o “pensamento” das pessoas, ter uma intuição muito poderosa, ter sonhos muito realistas e, principalmente, captar os sentimentos de pessoas, animais e plantas. Para pensadores da ciência antropológica, em seus primórdios, as sensações derivavam das realizações calcadas por uma racionalidade de operação humana. Assim, sentir dor ou prazer era o resultado de uma ação feliz ou infeliz, do entendimento ou não da relação de causa e efeito. Ao se buscar a felicidade, é preciso saber agir – e essa ação “feliz” provém do entendimento humano, de sua capacidade de raciocinar sobre os problemas que possui para chegar, por fim, ao resultado desejável – a felicidade.

11) Definição do homem pela antropologia: Ora, aqui encontramos alguns elementos importantes para pensar o conceito de Homem pela Antropologia, afinal os primeiros antropólogos foram os pensadores

iluministas. A ideia de uma igualdade natural informa uma natureza humana específica que difere o homem dos outros animais e, nesta, um componente fundamental era a liberdade[...] [...]Enquanto os outros animais estariam limitados, pela natureza, a determinadas condições, o Homem seria aquele capaz de atuar e interferir no mundo natural, estabelecendo uma “segunda natureza”, expressão da liberalidade humana, a civilização. Esta era fruto da capacidade de raciocínio do Homem, de sua racionalidade. A racionalidade, então, poderia ser considerada outro atributo humano, elemento intrínseco à sua natureza. Os elementos de atuação diferenciada de cada ser humano estariam vinculados à individualidade e a certas aptidões naturais mais fortes em alguns e mais fracas em outros homens. Ora, haveria, então, uma unidade humana e, ao mesmo tempo, uma variabilidade do homem. Esta condição una e diversa também deveria ser considerada como característica específica do “bicho” homem. O importante, apesar da distribuição variada de talentos (aptidões), era entender o caráter autônomo do homem, algo que o colocava como ser especial no mundo natural. Assim, ao contrário da teologia que afirmava Deus e procurava definir o homem a partir de um critério sobrenatural, a Antropologia nascia afirmando o homem pelo homem, por sua capacidade e isso não era afirmar ser este homem heterônomo (transcendente em Deus), mas autônomo (imanente). É exatamente no interior dessa concepção de homem iluminista que se encontram as ideias de selvagem e civilizado. O selvagem era aquele que, apesar de possuir uma natureza humana, não teria desenvolvido os elementos que constituiriam o homem civilizado[...] O pensamento de Rousseau foi em sentido oposto, afirmando ser o homem em estado natural melhor que o civilizado, mas essa visão já anunciava, no século XVIII, um conteúdo romântico bem distinto do que foi o empenho da ciência do século XIX. Na visão antropológica romântica, o homem é valorizado e relacionado à sensibilidade, à emotividade e à paixão. É este ser, dotado de uma particularidade sensível, que aspira ao universal, sendo indivíduo sensitivo. Para os pensadores da ciência antropológica, em seus primórdios, as sensações derivavam das realizações calcadas por uma racionalidade de operação humana. Assim, sentir dor ou prazer era o resultado de uma ação feliz ou infeliz, do entendimento ou não da relação de causa e efeito. Ao se buscar a felicidade, é preciso saber agir – e essa ação “feliz” provém do entendimento humano, de sua capacidade de raciocinar sobre os problemas que possui para chegar, por fim, ao resultado desejável – a felicidade.

generalizações de cunho formalista”, Da Matta critica o hábito de certos antropólogos que consiste em separar os fatos de seus contextos.

Por essa razão ele levanta uma certa suspeita em relação ao evolucionismo antropológico, qual trabalha muito com ideias gerais. Entre essas ideias gerais, ele destaca quatro: a comparação dos costumes das sociedades humanas, a afirmação de que os costumes têm uma origem e um fim, o princípio de que as sociedades se desenvolvem irreversivelmente de modo linear e a definição das diferenças entre os seres humanos a partir das características anteriores.

Ao trabalhar com ideias genéricas, a Antropologia termina por dar respaldo a um tipo de progresso que é “sintoma de uma sociedade muito confiante nas suas possibilidades e na sua superioridade”. Com isso, acredita DaMatta, os antropólogos assumem o lugar daquelas culturas que estão estudando, não permitindo que elas mesmas falem.

Esse modo de estudar as culturas, colocando-se acima delas, teve como resultado a destruição do planeta, hoje tão visível. Isso porque o progresso que construímos está profundamente relacionado ao determinismo tanto temporal como histórico que concebe a evolução da humanidade de forma unilinear, perdendo de vista a multiplicidade de realidades e toda a riqueza das diferenças.

DaMatta questiona também o método funcionalista usado na Antropologia a partir das obras de Malinowski e Radcliffe-Brown. Tal método, usado inicialmente como reação ao evolucionismo, relaciona o presente com o futuro, explicando um pelo outro

Afirma que numa sociedade ou sistema nada acontece por acaso e nada está́ definitivamente errado ou deslocado. O que existe hoje é apenas sobra ou sobrevivência do passado. Embora tivesse o mérito de mostrar que a pesquisa antropológica tem um duplo movimento, o funcionalismo desenvolve uma visão parcial das culturas, uma vez que tende a interpretar os fatos do passado projetando sobre eles as concepções e valores do presente.

13) Evolução cultural do homem:

Feitas essas observações inicias, podemos agora tentar descrever alguns elementos da evolução cultural do ser humano. Vimos inicialmente que esse tipo de evolução está associado àquela psicobiológica. Por evolução cultural entendemos o fato de que o ser humano foi “capaz de produzir, ou

seja, capaz de criar e acumular experiências e principalmente de transmiti-las socialmente”.

Por essa razão, a cultura é considerada, enquanto desenvolvimento de padrões, comportamentos, hábitos e costumes, a principal característica do ser humano.

A evolução cultural é atestada pelos diversos achados arqueológicos. Através de artefatos encontrados pode- se avaliar tal processo evolutivo cultural. Esse segue basicamente os mesmos estágios da evolução biológica.

Pode-se afirmar que os registros de cultura começam com o homem de Neanderthal que tinha características sociais significativas. Vivia em cavernas, usava o fogo com a finalidade de se aquecer e iluminar e talvez também para cozinhar.

Sobrevivia da caça e da coleta, aperfeiçoando as técnicas para isso, passando a usar, além da pedra lascada, também ossos, madeira, conchas, dentes e chifres. Inventou instrumentos como o machado, a faca, a raspadeira, as pontas de lança, o martelo, cinzéis, lâminas e cabos de madeira. Ele foi o primeiro a utilizar instrumentos musicais feitos de ossos e a usar o breu retirado de árvores como cola.

No homem de Neanderthal foram encontrados vestígios de religiosidade, uma vez que construía sepulturas onde enterrava seus mortos com os seus pertences, levando-nos a crer que ele acreditava na existência da alma e do espírito. Foram encontradas evidências de que ele já́ praticava a magia e cultuava ourso.

A maioria dos antropólogos acredita que o homem de Neanderthal alcançou um nível complexo de cultura, existindo sinais de vida grupal e de espírito de cooperação. Apoiava os mais fracos, possuía uma linguagem, embora com um número limitado de sons. Conhecia plantas medicinais. O período em que ele viveu era marcado por mudanças climáticas rápidas, o que exigia uma série de adaptações.

De modo geral, os antropólogos dividem o estudo da evolução cultural em quatro períodos: culturas do Paleolítico, culturas do Mesolítico, culturas do Neolítico e culturas recentes.

As culturas do Paleolítico compreendem aquelas do período que vai de 500 mil a 10 mil anos atrás. Elas se caracterizam pela presença do ser humano predador ou caçador de alimentos. O homem e a mulher desse período desenvolveram um modo sistemático de coletar alimentação que consistia basicamente em vegetais e pequenos animais selvagens.

Neste período se dá́ a primeira grande revolução no setor da economia e da indústria. O ser humano cria seus próprios recursos, os quais consistem em técnicas diferentes para coletar alimentos, usando instrumentos produzidos a partir da pedra, da madeira, de ossos e conchas.

Este tipo de evolução não aconteceu de forma idêntica em todos os lugares e períodos. De fato, os antropólogos dividem esse período em três etapas; Paleolítico Inferior (de 500 mil a 150 mil anos atrás), Paleolítico Médio (150 mil a 40 mil anos) e Paleolítico Superior (40 mil a 12 mil anos atrás).

As culturas mesolíticas são aquelas do período que vai de 12 mil a 10 mil a.C. De acordo com os antropólogos, trata-se de um período breve que marca a passagem do ser humano predador para produtor de alimentos. Neste período são desenvolvidas técnicas mais sofisticadas e se dão invenções significativas como o arco, a flecha, a roda, as agulhas, os arpões, os trancados, a enxada, os pilões, a canoa e a rede.

Iniciam-se as aglomerações humanas, especialmente em torno dos locais de pesca, favorecendo assim um certo sedentarismo. Em virtude disso, surgem as habitações, que inicialmente eram palafitas construídas sobre os lagos e com a finalidade de oferecer abrigo contra as intempéries do tempo e do clima.

O Neolítico começa por volta de 10 mil a.C. e se estende até́ 4500 anos a.C. Neste período se dão transformações significativas. O ser humano começa a se fixar na terra e, além da coleta de vegetais, passa a domesticar e criar animais (cabras e ovelhas) para a sua alimentação. Neste período nasce e se consolida a agricultura que era formada basicamente do cultivo de trigo e cevada.

Os humanos inventam os silos para armazenar alimentos. Os instrumentos de caça e pesca e os agrários são aperfeiçoados pela técnica do polimento e revestidos de estética. Entre 7000 e 8000 a.C. surge a cerâmica. No Neolítico se consolidam as aldeias sedentárias que mais tarde seriam transformadas em vilas, cidades e centros comerciais.

Os humanos inventam os silos para armazenar alimentos. Os instrumentos de caça e pesca e os agrários são aperfeiçoados pela técnica do polimento e revestidos de estética. Entre 7000 e 8000 a.C. surge a cerâmica. No Neolítico se consolidam as aldeias sedentárias que mais tarde seriam transformadas em vilas, cidades e centros comerciais.

Podemos concluir afirmando que o estudo da evolução do ser humano contribui para que mudemos os nossos olhares. O antropólogo sério sabe muito bem disso e procura relativizar ou até́ eliminar toda pretensão de superioridade das culturas atuais. Ele

constata a presença permanente de mudanças desde que a humanidade apareceu sobre a Terra e tem consciência de que esse processo continuará por todo o período em que a humanidade existir.

Assim sendo, a reflexão sobre a evolução humana “relativiza a suposta novidade da modernidade, e seus surpreendentes fenômenos espetaculares como a revolução industrial, nuclear ou informática” (LABUR-THE & WARNIER). Isso porque cada invenção ou descoberta deve ser contextualizada e ganhar importância a partir daí. ́

Tendo presente esse princípio podemos afirmar que outras descobertas do passado sejam até́ mais importantes do que aquelas atuais como, por exemplo, a invenção da agricultura. Portanto, aquela concepção “das sociedades primitivas paralisadas em um eterno presente é fonte de erro”.