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Criação de caprinos para pelo e pele
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Lavras – MG
Dados dos autores:
Maria das Graças Carvalho Moura e Silva
Professora Associado Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, Médica Veterinária (Faculdade de Medicina Veterinária da UFRPE), com Mestrado em Nutrição Animal (Escola de Veterinária da UFMG) e Doutorado em Produção Animal - Caprinocultura (Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras). Atua nas áreas de Produção Animal (Caprinocultura) e Alimentos e Alimentação dos Animais Domésticos, além de ser responsável pelo setor de Caprinos do Departamento de Zootecnia da UFLA.
Cleiton Rodrigues Diniz
Bolsista de extensão da PROEC e graduando do curso de Zootecnia da UFLA.
Amanda Carvalho Rosado
Colaboradora do programa e graduanda do curso de Medicina Veterinária da UFLA.
CRIAÇÃO RACIONAL DE CAPRINOS
A rápida difusão da espécie caprina só foi possível graças à grande facilidade de adaptação aos diferentes ambientes. A cabra é um dos poucos animais capazes de sobreviver e produzir em condições adversas, como as observadas em regiões de clima extremamente quente ou frio e com poucos recursos naturais. A cabra é um animal rústico, versátil, de fácil manejo e algumas raças estão bem adaptadas à região semiárida, sobrevivendo ás diversidades climática, assim sendo considerada por técnicos e produtores uma oportunidade para promover o desenvolvimento rural sustentável.
A origem da espécie caprina remonta milênios, de figuras mitológicas – sativas (meio-homem - meio-cabra), até inscrições bíblicas (animais para sacrifícios, passando por animais adorados pelos Egípcios).
A espécie teve origem no oriente, na Ásia Central de onde passou à Europa por meio de invasões efetuadas por guerreiros asiáticos, através de diversos caminhos em diferentes épocas.
No Brasil os caprinos foram introduzidos com os colonizadores portugueses, franceses e holandeses, mas somente em 1910 é que ocorreram as importações de animais com grande potencial de produção.
A domesticação das cabras , assim como à da ovelha, ocorreu 7.000 anos antes da Era de Cristo. Foi o segundo animal a ser domesticado pelo homem, depois do cão, sendo o primeiro a lhe fornecer o leite.
O tamanho dos animais, assim como sua grande utilidade, tanto para fins religiosos, quanto para a alimentação, facilitaram e colaboraram na tarefa de domesticar.
Figura 1: Aspecto externo de um bode e um carneiro, respectivamente.
Fonte: http://www.altagenetics.com.br
A caprinocultura é uma atividade pecuária viável, onde se apresenta como mais uma alternativa de fixação do homem ao campo. Segundo a FAO (2012), o rebanho mundial é de 921 milhões de cabeças, das quais 95% estão em regiões tropicais secas e subtropicais.
Atualmente a Índia detém o maior rebanho mundial, com 154 milhões de cabeças, em seguida vêm a China e o Paquistão (tabela 2). O Brasil detém o 17º rebanho mundial de caprinos com um rebanho de 9,32 milhões de cabeças e uma participação de 1,0% do total mundial (FAO, 2012).
No Brasil, a distribuição da atividade é marcante. A região nordeste concentra mais de 90% dos caprinos do Brasil (tabela 3), em sua maioria criados em condições precárias, para a obtenção de carne e pele. Por outro lado, no centro-sul e em alguns criatórios no próprio nordeste vem se desenvolvendo uma caprinocultura voltada para a produção de leite, em altas produtividades.
Tabela 2: Os 20 maiores rebanhos de caprinos no mundo
Fonte: www.revistaberro.com.br (adaptado)
Tabela 3: Brasil e Regiões – Efetivos do Rebanho Caprino e Participação porcentual por regiões
Brasil/Regiões Rebanho Brasil 9.160.000 100,00% Norte 78.776 0,86% Nordeste 8.069.044 88,09% Sudeste 229.916 2,51% Sul 512.960 5,6% Centro-Oeste 247.320 2,7% Fonte: IBGE, 2009
Tabela 5: Comparação dos cinco tipos de carne mais consumidos no Brasil. Carne Assada ( g)
Calorias Gorduras (g)
Gordura Saturada
Proteína (g)
Ferro (g) Caprino Ovino Bovino Suíno Frango
FONTE: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
Os caprinos apresentam peso ideal de abate entre 4 a 6 meses de idade. Em média, 54% do peso vivo representam à carcaça, 11,2% as vísceras comestíveis, enquanto outros produtos não comestíveis 11,6% o sangue e as perdas constituem 6,9%. O odor da carne está relacionado, especialmente, ao momento da esfola. O odor não é próprio da carne, e sim transmitido pela pele. Daí a necessidade de se ter o maior cuidado por ocasião da esfola, a fim de que não tenha contato à parte externa da pele com a carne. O tirador da pele deve ter cuidado de não tocar na carne com as mãos sujas. A castração dos machos é feita para evitar o odor hírcino na carne, que é produzido por uma glândula existente atrás dos chifres dos machos (Figura 2) quando este entra em contato com fêmeas no cio. Porém quando os animais são abatidos precocemente dispensa-se esta prática. A castração normalmente é feita até os dois meses de idade.
Figura 2: Glândula da base dos chifres
Fonte: http://.cal.vet.upenn.edu
A Figura 3 diferencia os cortes de carne caprina mais usados comercialmente.
Figura 3: Principais cortes da Carne Caprina
Fonte: www.cootamundrakid.com.au (modificado)
A composição básica do leite de cabra, que é similar à do leite de vaca, entretanto, existem algumas diferenças nas formas e concentrações de alguns nutrientes. As diferenças mais sutis entre o leite de cabra e o de vaca são de natureza proteica, sendo o teor de α-s-1-caseína mais baixa no leite caprino, o que favorece a formação de coágulos finos e suaves, facilitando o processo digestivo.
Assim como o leite bovino, o leite caprino conter as matérias nitrogenadas: caseína, globulinas e albuminas. Falta à proteína aglutina o que impede a aglutinação dos glóbulos de gordura, reduzindo o tamanho dos glóbulos de gordura e dificultando a formação de nata.
Com relação ao leite bovino, o leite caprino possui elevado teor de cálcio (em torno de 130 mg/100mL) e baixo teor de colesterol (30% do teor do leite de vaca). O leite caprino também apresenta reação alcalina, que faz com que o leite dificilmente azede no estômago humano, conferindo alta eficiência no tratamento de cólicas, especialmente em crianças.
Um bom leite de cabra tem cor branca pura, sabor e odor próprios, porém agradáveis. É um alimento de alto valor nutritivo (exceto ferro) e de fácil digestão. Isto justifica sua frequente utilização na alimentação de pessoas idosas com problemas gástricos. Para promover um aumento no consumo de leite caprino, cabe ao marketing explorar estas qualidades do leite e de seus derivados.
Figura 4: Método de abate tradicional
Fonte: https://www.google.com.br/
Antes do abate, os animais devem ficar 24 horas em locais com oferta de água e com pouca ou nenhuma ração. O local do abate deve ser limpo e permitir que o sangue seja recolhido facilmente num vasilhame qualquer, ou em uma vala onde escorra livremente.
A esfola consiste em se fazer um corte ao redor de cada um dos cotovelos e outro na cabeça, na altura das orelhas. Retira-se a pele com o maior cuidado possível, evitando-se que a pele seja furada ou rasgada pela faca. Para isso, usam-se facas de ponta recurvada, e nunca uma faca de ponta fina.
Para evitar cortes e furos, usa-se também o ar comprimido, o que pode ser feito por processo de sopro bucal direto, ou então se emprega a pressão do punho.
Figura 5: Método de esfola em caprinos
Fonte: https://www.google.com.br/
Para que a pele não se estrague após ser tirada do animal, deve ser lavada em uma solução de salmoura bem concentrada, para retirar algum sangue restante, pedaço de carne e gordura, pois estas deixam manchas na pele. Depois de lavada com salmoura, a pele deve ser espichada em varas ou em grade (Figura 6).
Figura 6: Conservação da pele
Fonte: https://www.google.com.br/
No caso de empregar varas, estas devem ser colocadas do lado do pelo e não do lado interno. Estando a pele esticada, ela deve ser seca à sombra, em lugar bem arejado e fora do alcance de animais que possam estragá-la.
Para curtir a pele com pelo ou cabelo, deve-se esfregar pelo lado carnal uma mistura em partes iguais de sal comum e pedra ume, pulverizando para formar uma cobertura bem uniforme sobre ela. Depois de seca, a pele deve ser tirada das varas ou da grade, logo após deve ser borrifada com uma solução à base de naftalina, ou produto similar para evitar a pulilha (traça). Isto ajudará na sua conservação.
A maneira correta de guardá-la é dobrá-la no sentido do comprimento, deixando a parte do cabelo para dentro.
Usam-se pelos de caprinos para diversos fins, dependendo da raça, do comprimento do fio, da maciez, etc. Com o pelo fabricam-se feltros, tecidos aveludados, tapetes, escovas, etc.
O sistema de produção é o conjunto de elementos em interações dinâmicas, organizadas pelo homem para valorizar recursos, pelo intermédio de animais domésticos. Tem como elementos:
O produtor: é o centro de decisão, caracteriza-se pelos seus projetos e objetivos de produção. A organização social da família, a história e a mão de obra disponível são elementos importantes.
O território: é o espaço disponível para o sistema de criação. Caracteriza-se pelo conjunto de recursos naturais (pastos, água) e recursos produzidos na fazenda (forragem, subprodutos) para os animais. Os recursos estão ligados à estrutura da propriedade, a produtividade das pastagens e a disponibilidade de subprodutos.
O rebanho: é o conjunto de animais. Cada rebanho é caracterizado por espécie, raça e número de animais. A composição de um rebanho, a sua dinâmica e o seu valor econômico são importantes para definir o sistema de criação.
A caprinocultura pode ser dividida basicamente em três sistemas de criação: (1) extensivo, (2) semi-extensiva, (3) intensivo.
Os animais são criados soltos, exclusivamente a pastos. É o sistema característico de grandes propriedades, especialmente na região Nordeste do País. Os animais, geralmente destinados a produção de carne e pele, sofrem com variações de clima, quantidade e qualidade de alimentos.
Figura 8: Sistema extensivo de produção
Fonte: http://www.agroterra.com/
Este é um sistema adotado tanto para a produção de carne, quanto para a produção leiteira. Os animais permanecem nas pastagens durante parte do dia e recebendo suplementação alimentar em cochos, quando são recolhidos nas instalações.
Figura 9: Sistema semi-extensivo de produção
Fonte: Setor de Caprinocultura - DZO/UFLA
É o sistema característico de pequenas e médias propriedades, que objetivam a produção leiteira, especialmente no Sul e Sudeste do Brasil. Toda a dieta é oferecida no cocho, de forma balanceada. É um sistema que requer maiores investimentos e mão-de- obra especializada;
Figura 10 : Sistema intensivo de produção
Fonte: www.agrilat.com.br