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A Produção e Distribuição da Habitação no Brasil: Um Novo Enfoque Teórico, Slides de Construção

Este documento discute o papel da terra e da renda fundiária na produção e distribuição de moradias no brasil, desmistificando a ideia de que novos materiais ou métodos construtivos são a chave para solucionar problemas habitacionais. O texto aborda a estrutura de provisão de moradias, a importância da terra na determinação do atraso na construção civil e os conflitos que emergem no processo de produção de habitações.

O que você vai aprender

  • Como o Estado intervem no mercado de terras ou cria uma agência de terra na produção de habitações?
  • Quais são os principais conflitos que emergem no processo de produção de habitações no Brasil?
  • Por que a ideia de que novos materiais ou métodos construtivos são a solução para problemas habitacionais é dominante?
  • Como a terra e a renda fundiária afetam a produção civil no Brasil?
  • Qual é a estrutura de provisão de moradias no Brasil?

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Aldair85
Aldair85 🇧🇷

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bg1
cadernos metrópole 21 pp. 33-52 10 sem. 2009
Por um novo enfoque teórico
na pesquisa sobre habitação
Ermínia Maricato
Resumo
O texto constata que a maior parte das pesqui-
sas sobre habitação se dão no contexto da esfe-
ra do consumo, dimensionando-o e qualifican-
do-o. O Estado e as políticas públicas ocupam
um papel central no conjunto desses trabalhos.
Embora eles forneçam um quadro importante
sobre a carência de moradias, a segregação ter-
ritorial, a exclusão social e as políticas institu-
cionais ignoram, frequentemente, a centralida-
de da produção na determinação do ambiente
construído. Em especial, chamam a atenção a
produção acadêmica sobre arquitetura e urba-
nismo que ignora a construção e a produção
sobre tecnologia que ignora o trabalho. Essas
características estão nas raízes da formação da
sociedade brasileira – desprezo pelo trabalho,
distanciamento entre discurso e prática. É pre-
ciso reorientar o enfoque teórico da pesquisa
sobre habitação.
Palavras-chave: habitação; teoria; constru-
ção; trabalho.
Abstract
This paper shows that most studies on
housing are carried out in the context of
consumption, by dimensioning and qualifying
it. The State and public policies play a central
role in these studies. Although they provide
an important picture of the lack of housing,
territorial segregation, social exclusion, and
institutional policies, they often ignore the
central role played by production in defining
the constructed environment. In particular,
attention is drawn to the academic production
on architecture and urbanism that ignores
construction and the technology production
that ignores labor. These features are at
the very roots of Brazilian society disdain
for work, and a gap between discourse
and practice. It is imperative to change the
theoretical framework of housing research.
Keywords:
housing; theory; construction;
work.
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Baixe A Produção e Distribuição da Habitação no Brasil: Um Novo Enfoque Teórico e outras Slides em PDF para Construção, somente na Docsity!

Por um novo enfoque teórico

na pesquisa sobre habitação

Ermínia Maricato

Resumo O texto constata que a maior parte das pesqui- sas sobre habitação se dão no contexto da esfe- ra do consumo, dimensionando-o e qualifican- do-o. O Estado e as políticas públicas ocupam um papel central no conjunto desses trabalhos. Embora eles forneçam um quadro importante sobre a carência de moradias, a segregação ter- ritorial, a exclusão social e as políticas institu- cionais ignoram, frequentemente, a centralida- de da produção na determinação do ambiente construído. Em especial, chamam a atenção a produção acadêmica sobre arquitetura e urba- nismo que ignora a construção e a produção sobre tecnologia que ignora o trabalho. Essas características estão nas raízes da formação da sociedade brasileira – desprezo pelo trabalho, distanciamento entre discurso e prática. É pre- ciso reorientar o enfoque teórico da pesquisa sobre habitação. Palavras-chave: habitação; teoria; constru- ção; trabalho. Abstract This paper shows that most studies on housing are carried out in the context of consumption, by dimensioning and qualifying it. The State and public policies play a central role in these studies. Although they provide an important picture of the lack of housing, territorial segregation, social exclusion, and institutional policies, they often ignore the central role played by production in defining the constructed environment. In particular, attention is drawn to the academic production on architecture and urbanism that ignores construction and the technology production that ignores labor. These features are at the very roots of Brazilian society – disdain for work, and a gap between discourse and practice. It is imperative to change the theoretical framework of housing research. Keywords: housing; theory; construction; work.

ermínia maricato 34 Teoria aos pedaços: a ausência das determinações gerais^1

No início deste trabalho, queremos chamar

a atenção para uma questão de ordem teó-

rico-metodológica: o estreitamento do cam-

po das pesquisas e da produção acadêmica

sobre o tema da habitação no Brasil, domi-

nadas principalmente pelas abordagens do

consumo – déficit, carência, má qualidade,

tipologia, formas de ocupação do domicílio e

do espaço – e da política habitacional prati-

cada pelo Estado.

Deve-se reconhecer que tal produção

intelectual contribuiu para o conhecimen-

to da situação de precariedade habitacional

existente e dos desvios nas políticas públi-

cas, que se revelaram incapazes de sanar a

carência das camadas mais pobres da popu-

lação. No entanto, ela não contribuiu para

desvendar uma leitura mais ampla sobre a

produção da habitação ou mais propriamen-

te da estrutura de provisão de habitação,

dos interesses e dos agentes envolvidos.^2 A

relação de estudos e autores utilizados para

representar essas tendências dominantes na

produção técnica e acadêmica não pretende

ser exaustiva mas apontar alguns pioneiros

nos temas abordados.^3 Não se pretende

ainda fazer uma crítica a essa produção in-

telectual que compõe os autores citados na

relação inicial (ao contrário, reconhecemos a

importância desses estudos), mas sim desta-

car a predominância da esfera do consumo

e do Estado como temas dessa produção

acadêmica e a ausência de abordagens his-

tórico-estruturais que permitam reconhecer

a permanência ou a inovação nas determina-

ções dessa parcela do ambiente construído.

De fato, o foco nas carências habita-

cionais e nos déficits de moradia tem sido

a forma predominante dos órgãos públicos

tratarem a questão da habitação, por meio

de consultores contratados, como um pro-

blema quantitativo e mais recentemente, nos

anos 90, também qualitativo.^4 Os levanta-

mentos promovidos pela Finep, em "Inven-

tário da ação governamental no campo da

habitação popular”, finalizado em 1979, e a

posterior publicação de Habitação popular:

inventário da ação governamental (Finep,

1985), constituem um importante cadastro

de documentos e bibliografia que compro-

vam o que afirmamos aqui.

Carência habitacional, periferização,

segregação urbana são temas recorrentes

que têm sido bem desenvolvidos, tanto nas

análises dos planos urbanísticos que têm iní-

cio com as “reformas urbanas” implemen-

tadas no começo do século XX quanto nas

análises da moradia e condições de vida da

classe trabalhadora no Brasil industrial, in-

cluindo ainda a abordagem das dramáticas

e generalizadas condições de periferização,

“guetização”, ilegalidade e favelização carac-

terísticos da chamada era da globalização.

As reformas urbanas que pretenderam

dar às cidades brasileiras, na República re-

cém-proclamada, a imagem de progresso e

modernidade visavam afastar o fantasma da

presença da escravidão recente, deslocando

populações pobres de áreas centrais, e re-

cuperar espaços para o mercado imobiliário.

Estudos com esse sentido foram desenvol-

vidos, dentre outros autores, por Sevcenko

(1984), Andrade (1992), Leme e outros

Os cortiços, como forma prioritária

(e privada) de moradia da massa trabalha-

dora pobre no início do século XX, foram

ermínia maricato 36

aqui denominando provisão da habitação,

formado pelas diversas tipologias resultan-

tes de diferentes arranjos entre: o financia-

mento, a construção, a promoção, a comer-

cialização, a participação da força de traba-

lho e o lugar ocupado pela propriedade da

terra no contexto da regulação instituída (e

praticada de forma discriminatória no Brasil

e em toda América Latina) pela legislação de

uso e ocupação do solo. O arranjo resultante

do encontro desses agentes envolve, eviden-

temente, muitos conflitos. Como conflito

básico, podemos citar o interesse daqueles

que precisam de uma moradia para viver e

aqueles que lucram com sua provisão. Mas

outros conflitos internos e externos a esse

arranjo ou a esses agentes podem aparecer.

Por exemplo: conflitos entre promotores e

construtores, conflitos entre a força de tra-

balho e os construtores, conflitos entre to-

dos os agentes que compõem o capital imo-

biliário e a política macroeconômica. Enfim,

estamos tratando de antagonismos que po-

dem acontecer ou não, dependendo de uma

dada correlação de forças definida histori-

camente e dos arranjos que podem ocorrer

entre esses agentes (Harvey,1982).^6

Num dos poucos momentos em que

constatamos a mobilização dos trabalhado-

res da construção civil contra os baixos sa-

lários e as péssimas condições de trabalho,

em diversas capitais brasileiras, o que acon-

teceu no final dos anos 70 e início dos 80

(quando a construção civil estava a todo o

vapor), foi possível acompanhar as mudan-

ças significativas na organização do trabalho

no canteiro de obras, além do atendimento

das reivindicações (Valladares, 1982). Infe-

lizmente, esse movimento de mudança não

se sustentou devido ao drástico recuo nos

investimentos públicos a partir de 1983.

Iniciava-se um longo período de ajuste fiscal

e corte nos gastos públicos com aumento do

desemprego (Maricato, 1988).

Toda família precisa de uma moradia.

Todos moram em algum lugar, ainda que

seja numa mansão em condomínio fechado

ou num barraco sob um viaduto. O estoque

de moradias é resultante dos diferentes ar-

ranjos existentes no interior do conjunto

formado pelo mercado privado, pela pro-

moção pública e pela promoção informal (o

que inclui ainda arranjos mistos) em dife-

rentes situações históricas de uma dada so-

ciedade. A estrutura de provisão de mora-

dias se refere à construção, manutenção e

distribuição de um estoque, que se forma a

partir de diversas formas de provisão de ha-

bitação: promoção privada de casas, aparta-

mentos ou loteamentos, promoção pública

de casas ou apartamentos, autoconstrução

no lote irregular ou na favela, autopromo-

ção da casa unifamiliar de classe média ou

média alta, loteamento irregular, entre ou-

tros. Apenas essa abordagem ampla, que

toma a moradia como um produto social e

histórico, pode explicar o desaparecimento

de certas formas de provisão em algumas

cidades. É o caso das vilas populares ou

carreiras de pequenos sobrados resultantes

da ação de um pequeno promotor, nas pri-

meiras décadas do século XX, nas cidades

de Rio de Janeiro e São Paulo, que desa-

pareceriam na segunda metade do século

(Ribeiro, 1996).

Produtos semelhantes podem resultar

de diferentes formas de provisão da mora-

dia. Uma casa de alvenaria em uma favela

pode parecer idêntica, visualmente, a uma

casa de alvenaria em um loteamento regular,

mas a participação do componente terra é,

em geral, muito diferente: num caso, a terra

por um novo enfoque teórico na pesquisa sobre habitação 37

é invadida (embora a partir dessa primeira

ação ela possa ser vendida informalmente)

e no outro ela é comprada, sendo objeto de

um contrato de compra e venda registrado

em cartório. A condição jurídica é diferente,

embora possa apresentar muitas variantes,

dependendo da condição de propriedade da

terra que é vendida ou invadida.

As diversas formas de provisão da

moradia (o que inclui a moradia de alu-

guel, obviamente) constituem um conjunto

contínuo e interdependente: se o mercado

é muito restrito às camadas de mais altas

rendas, como acontece no Brasil, e o inves-

timento público é escasso, a produção in-

formal fatalmente se amplia, pois, como já

foi destacado, todos moram em algum lu-

gar. A abordagem da promoção pública ou

das políticas públicas, isoladamente, como é

tradição em nosso meio acadêmico, impe-

de a compreensão sobre sua inserção nessa

estrutura geral de provisão das moradias,

prejudicando o entendimento da realidade

e a formulação de propostas. Não há como

responder às demandas de moradia da po-

pulação de baixa renda (ainda que hipoteti-

camente exista interesse governamental) se

o mercado não responde às necessidades da

classe média.^7 No Brasil, a classe média não

tem sido atendida pelo mercado privado,

especialmente a partir do recuo dos inves-

timentos do Sistema Financeiro da Habita-

ção, a partir de 1980. A consequência da

falta de resposta à necessidade de moradia

da classe média, a partir dessa data, é o

acirramento da disputa com as camadas de

baixa renda pelo acesso aos subsídios públi-

cos. Considerando-se que esses subsídios ti-

veram uma queda drástica, tornou-se lugar

comum encontrar domicílios com famílias

de classe média em favelas.

Tecnologia que ignora o trabalho, arquitetura e urbanismo que ignoram a construção

A precariedade das pesquisas na área de ha-

bitação não se esgota nessa ausência de uma

visão de conjunto; na medida em que igno-

ram a provisão (produção e distribuição),

ainda que de uma forma específica de mora-

dia, incorrem também em equívocos. Vamos

lembrar algumas ausências no escopo de

trabalhos que terminam por comprometer

sua cientificidade.

O estudo da técnica e da tecnologia da

construção frequentemente ignora a orga-

nização e o processo de trabalho, como se

estes fossem irrelevantes para o nível de

produtividade. Nos estudos sobre tecnologia

da construção ignora-se, frequentemente, o

papel da terra e da renda fundiária na deter-

minação do atraso na construção civil.

Faz parte do senso comum a ideia mis-

tificada, também presente em grande parte

da produção acadêmica, de que materiais de

construção “milagrosos” tornarão a constru-

ção de casas muito mais barata e eficiente.

Nilton Vargas tem desenvolvido experimen-

tos paradigmáticos em canteiro de obras

desde início dos anos 80, reafirmando a

centralidade do processo de trabalho e da

condição urbana ou mais propriamente da

renda fundiária e do acesso a um pedaço de

terra urbanizada, para definir os patamares

da produtividade na construção.^8 É de 1983

a primeira formulação dessas ideias publica-

das em livro (Vargas, 1983). Porém, como

se constata em grande parte dos estudos

financiados pela Finep sobre tecnologia de

construção, esse autor permanece bastante

por um novo enfoque teórico na pesquisa sobre habitação 39

da realidade – e frequentemente ignora os

conflitos presentes na produção da cidade,

tomando-a como um palco ou arena que

apenas dá suporte às relações sociais, ainda

que elas possam ser tomadas como confli-

tuosas (Arantes et al., 2000).

A dispersão do conhecimento já produ-

zido no Brasil, constantemente suplantado

por supervalorizadas referências estrangei-

ras, já foi constatada por conhecidos estu-

diosos da sociedade brasileira, como Celso

Furtado, Florestan Fernandes e Roberto

Schwarz, entre outros. Somos estrangeiros

em nossa própria pátria e frequentemente

nos vemos diante de uma história virtual.

Estamos sempre recomeçando.

Para resumir, é realmente sur-

preen den te que um setor que absorve

historicamente 6% da PEA e que é respon-

sável por 13,5% do PIB nacional (relativo

ao setor de construbusiness, sendo 8% da

construção propriamente dita) esteja au-

sente da maior parte dos trabalhos sobre

o urbano e a habitação. Em particular, é

notável a ausência do tema do trabalho,

nos estudos sobre tecnologia, como já foi

mencionado.^12

O lugar da construção nas pesquisas sobre moradia

A ideia de que novos materiais ou novos mé-

todos construtivos possam resolver ou cons-

tituir a principal alavanca para a solução de

problemas habitacionais é dominante há dé-

cadas, tanto nas instituições promotoras de

políticas públicas quanto nas pesquisas so-

bre a construção civil ligada à produção de

moradias. Essa ideia é dominante também

na mídia, que de tempos em tempos apre-

senta experiências de casas construídas

com materiais reciclados, como garrafas de

plástico, ou renováveis, como bambu, que

prometem um barateamento definitivo e

sustentabilidade.

Não se pretende negar a importância

das pesquisas com novos materiais ou novos

usos para velhos materiais, especialmente

em se tratando da reutilização de rejeitos

industriais, fundamental para diminuir seu

descarte e os impactos sobre o meio am-

biente. A Antac – Associação Nacional de

Tecnologia do Ambiente Construído – tem

se detido nesse tema. O que se critica aqui,

entretanto, é a ignorância dos demais fato-

res que são determinantes na produção da

carência habitacional.

Por diversas vezes o Banco Nacional de

Habitação (BNH) promoveu a construção de

canteiros de obras com protótipos de edi-

fícios destinados à habitação apresentando

novos materiais de construção, novas tecno-

logias, novos equipamentos ou novas máqui-

nas. O primeiro grande seminário que apre-

sentou uma extensa mostra de protótipos

se deu em Salvador, em 1978, que levou o

título de “Simpósio sobre o Barateamento

da Construção Habitacional”. O Brasil esta-

va no momento de maior investimento em

habitação de toda sua história e era notável

a pressão das empresas de construção pesa-

da e das empresas estrangeiras, detentoras

de patentes sobre novas tecnologias e pro-

cessos construtivos, para entrar no setor de

edificação residencial nacional de promoção

pública.^13 Vale lembrar que os anos 70 fica-

ram conhecidos como do “milagre brasilei-

ro”, em que as altas taxas de crescimento do

PIB contribuíram muito com a manutenção

do Regime Militar, fortemente apoiado pela

ermínia maricato 40

classe média. Entre 1968 e 1973, o PIB

cresceu 11,5 % ao ano impulsionado prin-

cipalmente pela construção civil (Maricato,

Outros dois seminários, acompanhados

da apresentação de protótipos subsidiados

pelo BNH, deram-se na cidade de São Paulo:

um no Jardim São Paulo (1985) e o outro

em Heliópolis (1987). Após 1980, entre-

tanto, com o impacto do ajuste fiscal sobre

a economia nacional, os contratos do BNH

para o financiamento de moradias têm uma

queda drástica. Até 1983, constata-se um

movimento de construção de moradias sob

promoção pública ainda significativo graças

aos contratos assinados em anos anterio-

res. A maior parte dessa produção seguiu

modelos muito criticados em trabalhos aca-

dêmicos: a localização sempre distante das

áreas já urbanizadas alimentou um mercado

fundiário desorganizador do uso sustentável

do solo urbano e as construções frequente-

mente deixaram a desejar do ponto de vista

de conforto ambiental.

Durante vários anos, portanto, o pa-

radigma de avanço tecnológico esteve rela-

cionado a novos processos, novos materiais

ou novos componentes. Foram fomentadas

tentativas de industrialização de componen-

tes, experiências de moldagem de concreto

armado in loco, propostas de utilização de

novos materiais como solo cimento, madei-

ra mineralizada, palha de arroz prensada,

resíduos de processos industriais, estrutura

metálica, entre outros.

Segundo Vargas, após todas essas ex-

periências, podemos afirmar que, entre nós,

a alvenaria armada tem se mostrado ainda

como tecnologia construtiva de melhor de-

sempenho – no que se refere a custo, qua-

lidade e produtividade – e que, portanto,

as barreiras ao aumento de produtividade,

diminuição de custos e ampliação de acesso

não estariam aí.^14 Além de apontar as difi-

culdades que persistem no planejamento e

gestão do processo de trabalho e nos de-

mais fatores que disputam a renda fundiária

urbana, Vargas lembra que a indústria da

construção tem características específicas

em relação às demais indústrias e nela a im-

ponderabilidade é muito alta.

Em seu mestrado, desenvolvido na

Coppe/ UFRJ em 1979, e depois reedita-

do como capítulo de livro já citado, Nilton

Vargas explicita, em primeiro lugar, as ca-

racterísticas específicas da indústria da

construção, que a diferenciam das demais

indústrias: é manufatura, mas também tem

máquinas pesadas características da grande

indústria. Além disso, os lucros da atividade

de construção ligada à indústria imobiliá-

ria não são apropriados apenas pelo capital

produtivo, mas também por outros capitais,

em especial os financiadores, os promotores

imobiliários e os proprietários da terra ou

imóveis. Na medida em que os lucros não

provêm apenas das atividades produtivas,

mas também de atividades fortemente es-

peculativas, a produtividade no processo

de produção passa a não ser central para

ampliar os ganhos. A partir dessas conside-

rações e tendo em vista características que

embasam o poder na sociedade brasileira,

como o patrimonialismo e a captação de

rendas imobiliárias, conclui-se facilmente o

porquê de o mercado privado no Brasil ser

tão elitista e restrito ao produto de luxo

(Instituto Cidadania, 2000).

Agregando às argumentações expostas

algumas formulações de outros autores, po-

demos, muito resumidamente, definir essa

tese da seguinte forma:^15

ermínia maricato 42

e pesquisas. O Estado pode participar dire-

tamente na produção, como também pode

financiar e contratar a construção. Ele é ain-

da, em geral, o agente regulador da terra,

das relações trabalhistas, das regras do fi-

nanciamento privado, além de poder promo-

ver a implantação da infraestrutura e abrir

novos espaços para o investimento imobiliá-

rio privado em acordo com proprietários de

terra. A construção de novas centralidades

urbanas, como resultado de um pacto entre

o capital imobiliário e a aplicação dos fundos

públicos, tem também sua face simbólica,

marcada pelo luxo e distinção, e ocorre em

praticamente todas as grandes cidades.

A atuação do Estado responde ao nível

dos conflitos entre os diversos interesses

em jogo na disputa pelos ganhos já citados:

salários, rendas, juros e lucros. De tal dispu-

ta participam inclusive os usuários de clas-

se média ou até de baixa renda, enquanto

proprietários privados que também se apro-

priam de alguma renda com a valorização

de seus imóveis. Essas lutas e conflitos de-

finirão as mudanças ou não na estrutura de

provisão da habitação.^17

Além de Michael Ball (1978, 1981 e

1986), outro autor que adota uma visão

menos determinista e economicista sobre a

produção do espaço, ao enfatizar a esfera

da política, é David Harvey, para quem a

produção do espaço é consequência de for-

tes conflitos e do confronto de tendências,

resultantes de tensões e contradições ine-

rentes ao sistema (Harvey, 1982). Para o

autor, os principais conflitos que emergem

nesse processo envolvem:

[...] 1) uma facção do capital que pro- cura a apropriação da renda, quer di- retamente (como os proprietários de terra, as empresas imobiliárias, etc.) ou indiretamente (como os intermediá- rios financeiros ou outros que investem em propriedades simplesmente visando uma taxa de retorno); 2) uma facção do capital procurando juros e lucro atra- vés da construção de novos elementos no meio construído (os interesses da construção); 3) o capital "em geral" que encara o ambiente construído como um dreno para o capital excedente e como pacote de valores de uso e com vistas ao estímulo da produção e acumulação de capital; 4) a força de trabalho que se utiliza do ambiente construído co- mo um meio de consumo e como meio de sua própria reprodução. (Harvey, 1982, p. 6)^18 Modernização conservadora: a informalidade como ardil

No Brasil, como nos demais países perifé-

ricos, os conflitos em torno da provisão da

moradia foram relativamente esvaziados

graças a um ardil responsável por grande

impacto social e territorial: a provisão infor-

mal da moradia. A maior parte da população

urbana “se vira” para garantir moradia e um

pedaço de cidade, combinando o loteamento

irregular ou a pura e simples invasão de ter-

ra, com a autoconstrução.^19 Essa forma ile-

gal e pré-moderna de provisão da moradia

esvaziou o conflito e contribuiu para o bara-

teamento da força de trabalho, especialmen-

te durante o período de maior crescimento

industrial. Sabemos todos as consequências

predatórias dessa produção de grande parte

do espaço urbano, seja para essa população,

por um novo enfoque teórico na pesquisa sobre habitação 43

para o meio ambiente, ou para a cidade

como um todo. O exemplo mais dramático

e gigantesco de ocupação pobre, ilegal e

ambiental/socialmente predatória, está na

ocupação das áreas de preservação dos ma-

nanciais ao sul da maior metrópole paulista,

onde aproximadamente 1milhão e 700 mil

de pessoas vivem nas bacias dos reservató-

rios de água Billings e Guarapiranga. Mas os

governos, e seus diversos órgãos com poder

de polícia sobre o uso e a ocupação do solo,

simplesmente ignoraram esse processo du-

rante muitos anos.

O conflito sobre a provisão da moradia

foi, portanto, deslocado: a cidade hegemô-

nica continua sendo construída sob regras

do urbanismo e do mercado modernos, para

uma população restrita. Resta para grande

parte da população o deslocamento para fo-

ra da cidade (legal ou formal), a ocupação

de áreas inadequadas, e, frequentemente,

ambientalmente frágeis.

Não são apenas as leis de uso e ocupa-

ção do solo ou os planos urbanísticos que

não são observados nos bairros ilegais. Ne-

nhuma legislação aí é aplicada e a resolução

de conflitos obedece à “lei” do mais forte.

A presença do Estado pode se restringir à

troca de favores pontuais com finalidade

eleitoral. De um modo geral, o Estado está

ausente e esse vazio é ocupado por um po-

der paralelo (Maricato, 1996).

Mesmo contando com um mercado pri-

vado excludente, por meio do qual a mer-

cadoria moradia é acessível a apenas 30%

da população, é preciso reconhecer sua sig-

nificativa dimensão, equivalente à população

da Itália (aproximadamente 56 milhões de

pessoas). O significativo crescimento econô-

mico (7% ao ano entre 1940 e 1979) e a

industrialização do país, sem distribuição de

renda, durante décadas de intensa migração

para as cidades, geraram vários paradoxos,

como a imposição do consumo de bens mo-

dernos antes que as necessidades básicas

(alimentação, saúde, higiene, educação, ha-

bitação) fossem atendidas.^20

A urbanização em países periféricos

como o Brasil, que acompanha o proces-

so de industrialização com baixos salários,

apresenta várias características que a dife-

rencia da urbanização nos países capitalistas

centrais. Francisco de Oliveira considera o

terciário extensivo e descapitalizado, que

muitos autores entenderam como “inchado”

na comparação com o chamado primeiro

mundo, uma parte intrínseca desse processo

de acumulação que combina o arcaico com o

moderno (Oliveira, 1972).

A evolução da provisão da habitação

popular desde o final do século XIX, com a

emergência do trabalhador livre, mostra a

tendência de eliminar dos salários a parcela

referente ao pagamento da moradia. É evi-

dente que essa condição é predatória à força

de trabalho. A construção da casa nos fins

de semana durante horário de descanso, o

longo tempo despendido nos transportes

deficientes (que está relacionado à ocupa-

ção precária da periferia) e a ausência de

serviços urbanos fundamentais contribuem

para desgastar a força de trabalho. A queda

do crescimento econômico, verificada a par-

tir dos anos 80, o aumento do desemprego,

o recuo das políticas públicas, foram alguns

dos fatores que radicalizaram o quadro aqui

descrito, como veremos adiante.

A importância da propriedade fundi-

ária numa sociedade patrimonialista como

a nossa explica, em boa parte, essa gigan-

tesca exclusão territorial ou segregação.

Como é sabido, há uma estreita relação

por um novo enfoque teórico na pesquisa sobre habitação 45

Com a reestruturação produtiva e o

início das políticas de cunho neoliberal, a

produção subsidiada de moradias pelo Es-

tado teve uma queda drástica. O patrimô-

nio público formado por extensos conjuntos

habitacionais foi transformado com a ven-

da em patrimônio privado. E novas regras,

mais adaptadas a uma solução de mercado,

foram impostas. Apesar dos movimentos

sindicais, que com prolongadas greves ten-

taram se opor aos ganhos conquistados com

o Welfare State, as reformas foram imple-

mentadas, atingindo inclusive o mundo do

trabalho e com isso enfraquecendo o poder

sindical. Um resumo das características que

provisão de moradias assumiu na Europa e

nos Estados Unidos com a reestruturação

produtiva já pode ser diagnosticado nos

anos 70:

Período pós-1970 – reestruturação capitalista global:

c queda nos investimentos públicos, que-

da no volume de construção;

c dificuldades com financiamentos, difi-

culdades com terra;

c aumento da taxa de juros;

c flexibilização na produção, terceiriza-

ção, queda no investimento de capital fixo,

fortalecimento do planejamento do canteiro,

gerenciamento de fluxos e controle contábil;

c ênfase nos componentes leves para

montagem;

c enfraquecimento do poder sindical, de-

semprego, contrato por tarefas;

c projetos de menor porte, perdas da

economia de escala;

c flexibilização na provisão – diversidade

de tipologias, fragmentação da demanda e

da localização, ênfase nos aspectos especu-

lativos;

c novos mercados priorizam reformas,

renovação e manutenção;

c fortalecimento da casa própria ;

c flexibilização do trabalho, formas indi-

retas de emprego.

No Brasil, como nos demais países do

capitalismo periférico, com seus diversos

graus ou características de evolução ou in-

volução, o recuo nas políticas públicas e o

baixo crescimento econômico, a partir dos

anos 80, tiveram consequências dramáticas

devido à herança histórica de desigualdade

e informalidade. Apesar de não contarmos

com estudos sobre o impacto detalhado da

globalização na produção do ambiente cons-

truído, podemos afirmar que o aumento

de favelas cresceu radicalmente a partir da

queda do financiamento habitacional, por

volta de 1981. O IBGE mostra que enquan-

to a população brasileira cresceu 1,9% ao

ano entre 1980 e 1991, e 1,6% ao ano en-

tre 1991 e 2000, a população moradora de

favelas cresceu, respectivamente, 7,65% e

4,18%. O município de São Paulo tinha ape-

nas 1,2% da população morando em fave-

las em 1970. Em 2005, São Paulo registra

11% da população em favelas, ambos dados

da Prefeitura Municipal. Com a débâcle do

BNH e aumento do desemprego, o mercado

privado formal também apresentou queda

significativa (Castro, 1999).

Além da constatação do impacto ne-

gativo da chamada globalização e das po-

líticas neoliberais na piora na qualidade

da moradia urbana no Brasil, pouco pode-

mos avançar no detalhamento sobre suas

ermínia maricato 46

consequências nos processos produtivos,

como mostra o estudo de Ball e outros

(1988) para a Europa e Estados Unidos.

Esse exemplo mostra como a orientação

adequada da pesquisa acadêmica pode nos

conduzir para uma compreensão mais am-

pla e científica da realidade. Não dispomos

de conhecimento que permita caracterizar

as mudanças na estrutura de provisão da

moradia, sua evolução e adaptação à nova

(des)ordem internacional. Esse desconhe-

cimento fragiliza o esforço na definição de

políticas para o enfrentamento de proble-

mas tão graves como, por exemplo, os que

as nossas metrópoles apresentam.

Se insistimos em fazer essa abordagem

teórica e metodológica, é para incentivar os

pesquisadores brasileiros a esse desafio. E,

apesar de parte da reflexão aqui feita ter se

inspirado em autores que pensaram o capi-

talismo central, nossa convicção é de que as

assimetrias entre os países centrais e peri-

féricos são essenciais, acentuaram-se com

a globalização e não podem ser ignoradas

quando se buscam alternativas de solução

para a nossa realidade.

Por fim, um alerta necessário. A par-

tir de 2005, os investimentos na área de

habitação foram ampliados, tanto para o

mercado privado quanto para a promoção

pública. Com o PAC – Plano de Aceleração

do Crescimento –, lançado pelo Governo Fe-

deral em 2007, essa tendência será reforça-

da pela previsão de investimento de R$

bilhões. Considerando-se que as principais

fontes de recursos são onerosas – aliás, as

mesmas que alimentaram o Sistema Finan-

ceiro da Habitação: SBPE e FGTS – e que

os recursos para subsídios são diminutos, é

previsível que as camadas de mais baixa ren-

da dificilmente sejam atendidas na propor-

ção necessária. Entretanto, o movimento na

produção de moradias tende a aumentar, o

que já é visível, na segunda metade da déca-

da iniciada em 2000, com repercussões na

estrutura de provisão de moradias. Esse é

mais um motivo para adotar um novo enfo-

que na pesquisa sobre habitação no Brasil.

Ermínia Maricato Arquiteta e Urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Professora Titular da área de Planejamento Urbano do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Coordenadora da Co- missão de Pesquisa e Membro do Conselho de Pesquisa da Universidade de São Paulo (São Paulo, Brasil). erminia@usp.br

ermínia maricato 48 (12) O processo de trabalho, grande ausente na produção intelectual brasileira sobre habitação, tem sido considerado como elemento-chave para a compreensão da produção do ambiente cons- truído pela BISS – Barttlet International Summer School – sediada na University College London. Ver a respeito seus Proceedings. (13) Na primeira metade dos anos 70, os recursos do BNH destinados a obras de infraestrutura ur- bana foram ampliados, enquanto que a construção de moradias perdeu espaço no orçamento. Esse movimento deveu-se, provavelmente, ao poder de influência das empresas de construção pesada. A partir de 1976, o movimento se inverte. Ver a respeito Maricato (1987). (14)PalestraproferidanaFAU-USP,dia29/3/2007. (15) Os autores consultados para a construção desse quadro, além de Nilton Vargas, foram Lojkine (1977), Topalov (1974), Lipietz (1988), Harvey (1982), Ball (1986), Ball e outros (1988). Dentre os autores nacionais que abordaram a produção e ou a provisão da moradia levando em conside- ração a construção, além de Vargas, estão: Ferro (1972), Oseki (1982), Maricato (1984), Pereira (1984), Tavares (1989), Mautner (1991), Ribeiro (1996) e Castro (1999). O professor Celso M. Lamparelli introduziu essa abordagem teórica no Curso de Pós-Graduação da Escola de Enge- nharia de São Carlos ainda na década de 70. (16) Não podemos esquecer que mesmo atuando como freio ao aumento da produção devido à dis- puta por rendas imobiliárias a propriedade da terra não constitui uma irracionalidade ao modo de produção capitalista como argumentaram alguns autores. É ela que permite a apropriação dos lucros na produção da moradia assim como a propriedade dos meios de produção permitem aapropriaçãodoslucrosindustriais(Martins, 1983). (17) Segundo Ball, a predominância de um agente sobre os outros no processo de produção somente será identificada a partir de análises específicas sobre realidades concretas. Nesse sentido, Ball discorda das teses defendidas por intelectuais franceses, como Topalov (1974) e Lojkine (1977), sobre a supremacia determinante do promotor imobiliário ou do capital financeiro sobre a pro- visão das edificações (moradias, comércios, serviços). No Brasil, o papel dos ganhos rentistas fundiários e imobiliários (proprietários de terra e incorporadores) têm uma predominância sig- nificativa,comoveremosadiante. (18) No mesmo texto Harvey lembra que a propriedade da moradia pode dividir e opor trabalhado- res, pois aqueles que a possuem interessam-se pela valorização do seu imóvel e os que não a possuem interessam-se pelo seu barateamento. (19) Não temos os dados rigorosos sobre a produção informal da moradia (favelas, loteamentos ile- gais e cortiços) nas cidades brasileiras e sabemos que o IBGE subdimensiona a medição da mo- radia “subnormal”. Alguns estudos, entretanto, permitem afirmar que estamos diante da maio- riaou de aproximadamente metade dos domicílios nas grandes cidades: Andrade (1998); Castro e Silva (1997), Souza (1999). (20)Maricatoe Pamplona, 1977 (21)VerarespeitoBalletal.(1988).

por um novo enfoque teórico na pesquisa sobre habitação 49 Referências ANDRADE, C. F. de S. L. (1998). Parâmetros urbanísticos de loteamentos irregulares e clandestinos na Zona Oeste do Rio de Janeiro .Riode Janeiro, FAUUFRJ. ANDRADE, C. R. M. de (1992). Peste e plano: o urbanismo sanitarista do engenheiro Saturnino de Brito. SãoPaulo, FAUUSP. ARANTES, O. B. F. e outros (2000). A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petró- polis,RJ, Vozes. ARRETCHE, M. T. da S. (1994). Políticas de habitação para a população de baixa renda e saneamento básico .Campinas, NEPP/Unicamp. ARTIGAS,J.B.V.(1975).“Odesenho”.In: Sobre o desenho .SãoPaulo, GFAU. AZEVEDO, S. de e ANDRADE, L. A. G. de (1982). Habitação e poder: da Fundação da Casa Popular ao Banco Nacional da Habitação .Riode Janeiro, Zahar. BALL, M. (1978). British housing policy and building industry. Capital and Class n. 4. London, Conference ofSocialistsEconomists. ________ (1981). The Development of Capitalism in Housing Provision in International. Journal of Urban Regional Research .London,pp.145-176. ________ (1986). Housing analysis: time for a theoretical refocus. Housing studies. London, v. 1, i. 3, pp.147-166. BALL, M.; HARLOE, M. e MARTENS, M. (1988). Housing and social change in Europe and U.S.A. London/ NewYork, Routledge. BÓGUS, L. M. M. (1981). Vila do encontro: a cidade chega à periferia; notas sobre relações entre polí- tica urbana, família e reprodução .SãoPaulo, FAU-USP. BOLAFFI,G.(1975). Aspectos sócio-econômicos do Plano Nacional de Habitação .SãoPaulo, FAU-USP. BONDUKI, N. G. (1994). Origens da habitação social no Brasil (1930-1945): o caso de São Paulo. Tese dedoutorado.SãoPaulo, FAU-USP. BONDUKI, N. G. e ROLNIK, R. (1979). Periferias: ocupação do espaço e reprodução da força de trabalho. SãoPaulo, FAU-USP. BRANDÃO, M. de A. (1980). “O último dia da criação: mercado, propriedade e uso do solo em Salva- dor”.In:VALLADARES, L.doP.(org). Habitação em questão .Riode Janeiro, Zahar. CALDEIRA, T. P. do R. (2000). Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo, Editora34/Edusp. CARDOSO, A. L. (2001/2002). Política Habitacional: a descentralização perversa. Planejamento e Território, Ensaios sobre a Desigualdade/ Cadernos IPPUR , n. 1. Rio de Janeiro, Editora DP&A, pp.105-121. CASTRO, C. M. P. de (1999). A explosão do autofinanciamento na produção da moradia em São Paulo nos anos 90 .Tese de doutorado, SãoPaulo, FAU-USP. CASTRO, C. M. P. de e SILVA, H. M. B. (1997). Legislação e mercado residencial em São Paulo. São Paulo, LabHab/FAU-USP.

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