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Resumo claro sobre o Sistema Hematopoético, abordando sua anatomia, fisiologia e principais manifestações clínicas. Apresenta os componentes fundamentais do sangue — hemácias, leucócitos, plaquetas e plasma — e descreve os processos de hematopoiese, regulação hormonal (como a eritropoietina) e a atuação das células sanguíneas na defesa, oxigenação e coagulação. Destaca os sinais e sintomas hematológicos mais frequentes, como fadiga, palidez, icterícia, sangramentos, infecções recorrentes e linfadenomegalias, além da abordagem inicial por meio da anamnese, exame físico e interpretação de exames laboratoriais, como o hemograma completo. Principais doenças do sistema hematopoético, incluindo anemias, leucemias, linfomas, púrpuras e distúrbios da coagulação, relacionando seus aspectos fisiopatológicos aos achados clínicos. O conteúdo oferece base para o raciocínio diagnóstico, a correlação clínica-laboratorial e o reconhecimento precoce de condições hematológicas relevantes.
Tipologia: Resumos
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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA HEMATOPOIESE O processo de hematopoiese é a formação e desenvolvimento dos elementos figurados do sangue: glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas (trombócitos). Ele ocorre principalmente na medula óssea vermelha , mas durante o desenvolvimento embrionário pode acontecer também no fígado e no baço. ETAPAS DA HEMATOPOIESE
● Cefaleia, taquicardia ● Desejo de comer gelo, terra ou outros itens não nutritivos ● Unhas em colher (coiloníquia) ● Queilite angular, glossite atrófica DIAGNÓSTICO HEMOGRAMA ● Aumento do RDW: o RDW mede a variação do tamanho das hemácias (anisocitose). ● VCM diminuído ● Reticulócitos normais ou baixos: a produção de novas hemácias (reticulócitos) pode ser ineficiente devido à falta de ferro, resultando em números normais ou baixos de reticulócitos EXAMES BIOQUÍMICOS ● Ferritina (armazenamento) diminuída: a ferritina é um marcador precoce de deficiência de ferro. Quando os estoques de ferro começam a ser consumidos, a ferritina diminui ● Ferro sérico baixo: o ferro circulante está diminuído devido à diminuição dos estoques de ferro ● Transferrina (transporte) elevada: o fígado aumenta a produção de transferrina para tentar captar mais ferro disponível ● Saturação da transferrina reduzida: com menos ferro disponível para se ligar à transferrina, a saturação fica reduzida (indicando que a transferrina está pouco carregada) ● Inibição da protoporfirinase (ferroquelatase): é a enzima que incorpora ferro na protoporfirina IX para formar o heme. Obs 1: a hemossiderina é um local de armazenamento junto com a ferritina. Obs 2: a hepcidina é um hormônio que inibe a liberação de ferro dos estoques e reduz a absorção intestinal. Obs 3: a ferritina não é indicador de ferro baixo, pode indicar processo inflamatório ativo. TRATAMENTO A reposição oral de ferro é o tratamento de primeira linha (preferencialmente em jejum e com vitamina C para melhorar a absorção). A reposição deve ser mantida por 3 a 6 meses após a normalização da hemoglobina. Casos com má absorção, perdas contínuas ou intolerância ao ferro oral podem requerer ferro intravenoso. A causa subjacente deve sempre ser identificada e corrigida. Ferro heme : vem de carnes, é bem absorvido. Ferro não-heme : vem de vegetais, é pouco absorvido. Obs: vitamina C ajuda a absorver o não-heme. Cálcio, chá e grãos atrapalham. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ETIOLOGIA A deficiência de vitamina B12 ocorre por anemia perniciosa (autoanticorpos contra o fator intrínseco - que absorve a vitamina B12) gastrectomia, uso prolongado de metformina ou inibidores da bomba de prótons, doenças do íleo
terminal (como Doença de Crohn) e dietas veganas estritas sem suplementação. Obs: a metformina atrapalha a absorção de B12 e os inibidores da bomba de próton diminuem a acidez gástrica, que libera a B12 dos alimentos. A deficiência de folato (B9 ou ácido fólico) pode ocorrer por ingestão inadequada, alcoolismo, aumento das necessidades (gravidez, hemólise, neoplasias) e uso de certos fármacos como metotrexato, anticonvulsivantes e trimetoprim. Obs: o alcoolismo atrapalha o metabolismo e a absorção de B9. EPIDEMIOLOGIA A deficiência de B12 é comum em idosos, pacientes bariátricos ou com distúrbios intestinais crônicos. A deficiência de folato é frequente em gestantes, alcoólatras e pessoas com ingestão inadequada de B9. FISIOPATOLOGIA Tanto a vitamina B12 quanto o folato são essenciais para a síntese de DNA nas células hematopoiéticas. Sua deficiência leva à maturação nuclear deficiente com maturação citoplasmática preservada, resultando em hemácias grandes e imaturas ( megaloblastos ). Há eritropoiese ineficaz e hemólise intramedular. A deficiência de B12 também compromete a mielinização , o que explica os sintomas neurológicos.
● Fadiga, palidez ● Glossite (língua), queilite (lábios) ● Icterícia discreta (por hemólise intramedular) ● Parestesias, ataxia, perda de reflexos (na deficiência de B12) ● Ausência de manifestações neurológicas na deficiência de folato DIAGNÓSTICO HEMOGRAMA ● VCM aumentado: tamanho médio das hemácias (anemia macrocítica) ● RDW aumentado (anisocitose) ● Neutrófilos hipersegmentados Obs: os neutrófilos hipersegmentados não é característico da anemia megaloblástica, mas normalmente está associado por causa da deficiência de B12 e B9. DOSAGENS LABORATORIAIS ● Vitamina B12 sérica: reduzida ● Ácido fólico (B9): reduzido MARCADORES METABÓLICOS ● Homocisteína: elevada em ambas as deficiências (B12 e B9) ● Ácido metilmalônico (MMA): elevado apenas na deficiência de B
● Em condições de estresse (hipóxia, desidratação, acidose ou frio), ela expõe regiões hidrofóbicas, que se juntam para escapar da água, formando fibras rígidas. ● Isso provoca: ○ Falcização das hemácias (mudança de forma para foice). ○ Hemólise intravascular. ○ Obstrução microvascular pela agregação de células falcizadas, levando à isquemia e infartos em diversos órgãos. ● Os principais mecanismos são: ○ Hemólise crônica (anemia). ○ Vaso-oclusão (crises dolorosas e complicações orgânicas). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Anemia hemolítica crônica ○ Fadiga, palidez, icterícia (pela hemólise), reticulocitose. ● Crises vaso-oclusivas ○ Dor intensa (osso, tórax, abdome) — principal motivo de atendimento médico. ○ A falta de oxigênio e nutrientes também leva ao acúmulo de metabólitos tóxicos, como ácido lático, que causam irritação nas terminações nervosas locais, desencadeando dor. ● Síndrome mão-pé (dactilite) ○ Edema doloroso em mãos e pés em lactentes. ● Síndrome torácica aguda ○ Dor torácica, febre, taquipneia, infiltrado pulmonar — emergência. ● Infecções recorrentes ○ Devido à disfunção esplênica (autosplenectomia precoce), risco de infecção por bactérias encapsuladas. ● Complicações crônicas ○ Úlceras de perna, acidente vascular cerebral (AVC), necrose avascular de ossos (principalmente fêmur e úmero), insuficiência renal, hipertensão pulmonar. ● Priapismo ○ Ereções dolorosas e prolongadas. DIAGNÓSTICO ● Triagem neonatal : teste do pezinho detecta HbS (48h). ● Eletroforese de hemoglobina : confirma a presença de HbS e quantifica outras frações de hemoglobina. ● Hemograma ○ Anemia normocítica normocrômica ○ Reticulocitose ○ Drepanócitos (hemácias falciformes) ● Esfregaço de sangue periférico ○ Presença de células falcizadas, corpos de Howell-Jolly (restos nucleares da maturação dos eritrócitos), indicando asplenia funcional. ● Exames complementares ○ Radiografia de tórax (síndrome torácica aguda).
○ Doppler transcraniano (rastreio de risco de AVC em crianças) TRATAMENTO ● Tratamento de base ○ Hidratação e oxigenação adequadas para reduzir a falcização. ○ Ácido fólico (B9) para suporte da eritropoiese. ○ Vacinação especial (pneumocócica, meningocócica, Haemophilus influenzae tipo B, hepatite B). ● Medicamentos específicos ○ Hidroxiureia: ■ Aumenta a produção de hemoglobina fetal (HbF), que reduz a polimerização da HbS. ■ Reduz crises dolorosas e internações. ○ Antibióticos profiláticos (penicilina até 5 anos de idade para prevenir infecções graves). ● Transfusão sanguínea ○ Em crises graves, síndrome torácica aguda, AVC ou preparação para cirurgias. ○ Transfusões crônicas para prevenção secundária de AVC em crianças de alto risco. ● Transplante de células-tronco hematopoiéticas ○ Único tratamento potencialmente curativo. ○ Indicado em casos graves, idealmente em crianças com doador compatível (irmão HLA idêntico). ● Novas terapias ○ Inibidores da adesão celular (crizanlizumabe). ○ Agentes que modulam a polimerização da HbS (voxelotor). TALASSEMIA Talassemias são doenças genéticas recessivas que causam redução ou ausência na síntese das cadeias de globina que formam a hemoglobina (Hb). Isso gera anemia microcítica e hipocrômica, variando de formas assintomáticas a quadros graves de anemia e sobrecarga de ferro. ● Talassemia alfa : defeito na produção das cadeias alfa de globina. ● Talassemia beta : defeito na produção das cadeias beta da globina. É a mais comum. ETIOLOGIA ● Mutação hereditária nos genes das globinas. ● Na talassemia alfa, ocorrem deleções nos genes HBA1 e HBA2 (cromossomo 16), temos dois de cada. ● Na talassemia beta, ocorrem mutações nos genes HBB (cromossomo 11), temos dois. ● A gravidade depende do número de genes afetados: ○ Na alfa, 1 a 4 genes podem ser deletados. ○ Na beta, pode ser defeito parcial (beta+) ou total (beta0).
● Esplenectomia: em casos de esplenomegalia grave ou transfusão excessiva. ● Terapia curativa: ○ Transplante de células-tronco hematopoiéticas (idealmente de doadores compatíveis). ● Novas terapias: ○ Terapias genéticas estão sendo estudadas (edição genética para corrigir a mutação). Suporte adicional ● Suplementação de ácido fólico, pois é o mais consumido na eritropoiese. ● Vacinação adequada (pós-esplenectomia). ● Acompanhamento cardiológico e endocrinológico para complicações. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA ● Conceito : anemia hemolítica hereditária com hemácias esféricas e frágeis. ● Etiologia : mutação genética (autossômica dominante na maioria) em proteínas da membrana (espectrina, anquirina). ● Fisiopatologia : alterações na membrana tornam as hemácias esféricas, menos deformáveis e mais propensas à destruição no baço. ● Manifestações clínicas : anemia, icterícia, esplenomegalia, crises aplásticas (p. ex., por parvovírus B19). ● Diagnóstico : esfregaço periférico (esferócitos), teste de fragilidade osmótica aumentado, história familiar. CHMC alto, porém VCM normal, perdem área de superfície, mas ficam concentradas com hemoglobina. ● Tratamento : ácido fólico, transfusões se necessário, esplenectomia em casos graves. SISTEMA ABO ● O sistema ABO é determinado geneticamente e envolve antígenos nas hemácias e anticorpos naturais no plasma. O sistema RhD determina o fator Rh e tem importância transfusional e obstétrica. ● Reações transfusionais podem ocorrer por incompatibilidade ABO (reação hemolítica aguda), resposta a leucócitos (reação febril não hemolítica), hipersensibilidade (reação alérgica) ou ataque imune em pacientes imunocomprometidos (DECH transfusional). ● A compatibilidade sanguínea deve ser rigorosamente testada com tipagem ABO/Rh, pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) e prova de compatibilidade cruzada. VÍRUS Os vírus são agentes infecciosos acelulares, formados por material genético (DNA ou RNA) envolto por um capsídeo protéico, e em alguns casos, por um envelope lipídico derivado da célula hospedeira.
São parasitas intracelulares obrigatórios, extremamente pequenos, sem metabolismo próprio e altamente específicos quanto ao tipo de célula que infectam. O material genético pode ser de fita simples ou dupla, linear ou circular. O capsídeo, composto por capsômeros, protege o genoma, enquanto o envelope, quando presente, contém proteínas essenciais para a entrada na célula. A morfologia viral se apresenta em formas helicoidais, icosaédricas ou complexas, influenciando a entrada na célula, reconhecimento imune e estabilidade ambiental. A classificação dos vírus é feita com base no tipo de genoma, modo de replicação, forma estrutural e tipo de hospedeiro. A classificação de Baltimore divide os vírus em sete grupos, conforme o tipo de ácido nucleico e mecanismo de síntese do RNA mensageiro. O ciclo replicativo viral ocorre em etapas: adsorção ao receptor celular, penetração (fusão ou endocitose), desnudamento do genoma, replicação e síntese de componentes virais, montagem e liberação por lise celular ou brotamento. A patogênese viral abrange desde a entrada no hospedeiro até a manifestação clínica da doença, passando por replicação local, disseminação, invasão de órgãos-alvo e interação com a resposta imune. Os vírus podem causar dano direto por lise celular, por inflamação exacerbada ou pela transformação de células, como no caso de vírus oncogênicos. O processo patológico viral inclui a entrada do vírus por vias respiratórias, digestivas, sexuais, sangue ou vetores, seguida do reconhecimento celular, replicação, disseminação, morte celular e evasão do sistema imune. Mecanismos de evasão incluem inibição da apresentação antigênica, mutações frequentes e latência viral. A virulência de um vírus depende de fatores como carga viral, tropismo por tecidos vitais, eficiência de evasão imune e presença de genes regulatórios e glicoproteínas de envelope. Exemplos de doenças virais incluem gripe (vírus Influenza), dengue (flavivírus), COVID- (SARS-CoV-2), herpes genital (herpes vírus tipo 2) e HIV/AIDS (retrovírus HIV-1), cada uma com diferentes mecanismos de patogenicidade. A compreensão da estrutura, replicação e patogênese dos vírus é essencial para o diagnóstico, prevenção e tratamento das infecções virais. MALÁRIA A malária é uma doença infecciosa febril aguda, mas pode evoluir para uma forma crônica, causada por protozoários do gênero Plasmodium , com período de incubação de 7 a 30 dias, transmitidos ao ser humano pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles. ETIOLOGIA A malária é causada por cinco espécies principais de Plasmodium que infectam humanos: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae, Plasmodium ovale e Plasmodium knowlesi. O P. falciparum é o mais perigoso, responsável pela maioria dos casos graves e óbitos, enquanto o P. vivax é o mais comum no Brasil. EPIDEMIOLOGIA A malária é endêmica em mais de 90 países, afetando principalmente regiões da África Subsaariana, Sudeste Asiático, América do Sul e partes da América Central. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022
em cadeia da polimerase) é mais sensível, mas menos disponível. TRATAMENTO O tratamento da malária depende da espécie infectante, gravidade do quadro e região geográfica. Para casos não complicados, o tratamento geralmente envolve a combinação de antimaláricos, como artemeter-lumefantrina ou cloroquina (nos casos de P. vivax sensível). Artemeter e artesunato atuam gerando radicais livres tóxicos ao parasita, após ativação pelo ferro. ● Pode combinar artemeter + lumefantrina e artesunato + mefloquina (P. falciparum). ● Também pode combinar artesunato + mefloquina + primaquina quando há P. falciparum junto com P. vivax. ● No tratamento de P. falciparum não há primaquina, pois ele não faz formas hepáticas dormentes. Lumefantrina e cloroquina destroem a forma sanguínea do parasita. Artemisinina é utilizado em áreas com resistência à cloroquina. Primaquina elimina formas hepáticas dormentes (P. vivax e P. ovale), interferindo no metabolismo mitocondrial. Contraindicado em grávidas. ● Principal combinação para P. vivax é cloroquina + primaquina Doxiciclina é utilizada como tratamento profilático em áreas endêmicas. ARBOVIROSES Arboviroses são doenças virais cuja transmissão ocorre principalmente através da picada de artrópodes hematófagos , especialmente mosquitos. Esses vírus são mantidos na natureza por ciclos envolvendo vetores (como o Aedes aegypti, Culex spp.) e hospedeiros (como humanos, aves ou outros mamíferos). DENGUE A dengue é uma arbovirose de alta prevalência global, causada por vírus da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. É transmitida principalmente pela fêmea do mosquito Aedes aegypti e caracteriza-se por um espectro clínico que varia desde formas assintomáticas e leves até formas graves com extravasamento plasmático, hemorragias e choque. ETIOLOGIA O agente etiológico é o vírus da dengue ( DENV ), com quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Todos os sorotipos podem causar doença grave. A imunidade após infecção por um sorotipo é permanente contra ele, mas não impede infecção por outros, o que aumenta o risco de formas graves devido a mecanismos imunopatológicos. A ordem de viremia é DENV-2, DENV-3, DENV-4 e DENV-1. Ele é um vírus de RNA de fita simples positiva. CICLO DO VÍRUS DA DENGUE Períodos clínicos da dengue (no ser humano) Incubação ● Duração: 4 a 10 dias após a picada. ● Sem sintomas. Fase febril ● Duração: 2 a 7 dias. ● Sintomas: febre alta, dor muscular, dor de cabeça, náuseas.
Fase crítica ● Quando: entre o 3º e 7º dia, com queda da febre. ● Riscos: extravasamento de plasma, choque, hemorragias (em casos graves). Fase de recuperação ● Reabsorção de líquidos, melhora clínica. ● Pode ocorrer exantema (manchas) e fadiga. Ciclo ambiental (Aedes aegypti) ● Ovos: colocados em locais com água parada (até mesmo mínima). ● Larvas: eclodem na água. ● Pupas: estágio intermediário, sem alimentação. ● Mosquito adulto: emerge da pupa em cerca de 7 a 10 dias. ● A fêmea vive cerca de 30 dias e pode colocar até 1.500 ovos. ● Os ovos resistem por meses sem água, eclodindo ao contato com ela. EPIDEMIOLOGIA A dengue é endêmica em mais de 100 países, com destaque para América Latina, Sudeste Asiático e África. A urbanização desordenada, clima quente e úmido e condições socioeconômicas precárias favorecem a proliferação do Aedes aegypti. A ocorrência de surtos está relacionada à introdução de novos sorotipos e à alta densidade vetorial. No Brasil, a doença é hiperendêmica, com circulação simultânea dos quatro sorotipos, o que contribui para epidemias cíclicas. FISIOPATOLOGIA Após a inoculação do vírus da dengue pela picada do mosquito, o vírus atinge principalmente as células dendríticas, os monócitos e os macrófagos presentes na pele. Nessas células, o vírus se liga a receptores (como DC-SIGN) específicos e é internalizado por endocitose. Uma vez dentro da célula, o vírus libera seu material genético no citoplasma, onde começa a se multiplicar. Essa replicação local permite a disseminação do vírus para o sangue, causando viremia — ou seja, a presença do vírus circulando na corrente sanguínea. A viremia ativa intensamente o sistema inato e o adaptativo. Como resposta, o organismo libera grandes quantidades de substâncias inflamatórias chamadas citocinas, como IL-6, TNF-α e IFN-γ. Essas citocinas ajudam a combater o vírus, mas em excesso podem causar efeitos colaterais importantes: elas danificam o endotélio dos vasos sanguíneos, levando à perda da integridade vascular, aumento da permeabilidade capilar e extravasamento de líquido para fora dos vasos. Na infecção secundária (ou seja, quando a pessoa já teve dengue antes, mas por outro sorotipo do vírus), o risco de formas graves é maior. Isso acontece porque os anticorpos produzidos na primeira infecção reconhecem parcialmente o novo sorotipo, mas não conseguem neutralizá-lo de forma eficaz. Em vez disso, esses anticorpos se ligam ao vírus e acabam ajudando-o a entrar nas células de defesa, como os monócitos e macrófagos. Esse processo é chamado de potencialização dependente de anticorpos (ADE – Antibody-Dependent Enhancement). O ADE favorece a entrada do vírus em mais células, aumenta sua replicação e agrava a
Casos leves (sem sinais de alarme) ● Repouso, hidratação oral rigorosa ● Antitérmicos: paracetamol ou dipirona ● Evitar AINEs e ácido acetilsalicílico (risco de sangramento) ● Orientação de sinais de alarme e monitoramento Casos com sinais de alarme ● Hidratação venosa com soluções cristalóides ● Internação para observação ● Correção de distúrbios hidroeletrolíticos ● Hemograma seriado para monitoramento Dengue grave (choque, sangramento, disfunção orgânica) ● Reposição volêmica em ambiente hospitalar ● Monitoramento hemodinâmico contínuo ● UTI, se necessário ● Transfusão de plaquetas ou hemoderivados em casos selecionados CLASSIFICAÇÃO DA DENGUE PELA OMS (2009) ZIKA Zika é uma arbovirose causada por um vírus transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti. Em humanos, costuma provocar um quadro febril leve ou assintomático, mas se tornou uma preocupação global após a associação com malformações congênitas e complicações neurológicas, especialmente em gestantes. ETIOLOGIA O agente etiológico é o vírus da Zika ( ZIKV ), um vírus de RNA de fita simples positiva , pertencente à família Flaviviridae, gênero Flavivirus. Ele possui duas linhagens principais: a africana e a asiática — esta última foi responsável pelos surtos nas Américas, incluindo o Brasil, a partir de 2015. CICLO VIRAL E REPLICAÇÃO
● Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor Pode ocorrer mesmo quando a infecção materna for assintomática. EPIDEMIOLOGIA O vírus foi identificado em 1947, mas só se tornou epidemiologicamente relevante após os surtos nas Ilhas do Pacífico (2007) e nas Américas (a partir de 2015). No Brasil, a chegada do ZIKV provocou surtos em larga escala e aumento nos casos de microcefalia congênita, levando à declaração de emergência de saúde pública internacional pela OMS em 2016. O vetor principal é o Aedes aegypti, mas há registro de transmissão por: ● Via sexual ● Vertical (mãe-feto) ● Transfusão sanguínea ● Exposição laboratorial FISIOPATOLOGIA Após a picada do mosquito, o vírus entra na pele e infecta células como queratinócitos, fibroblastos e células dendríticas, principalmente via receptor AXL. O vírus se replica no citoplasma e ativa o sistema imune inato, com produção de interferons tipo I e citocinas inflamatórias. A capacidade do ZIKV de infectar tecidos imunes privilegiados (como cérebro, placenta e testículos) está relacionada ao seu escape da resposta imune e à presença dos receptores de entrada nesses tecidos. Esse neurotropismo explica tanto as complicações neurológicas em adultos quanto os graves defeitos congênitos. Obs: Zika é a única que pode ser transmitida sexualmente.
A infecção é assintomática em 60–80% dos casos. Quando presente, o quadro clínico é geralmente leve e de curta duração (2–7 dias), com: ● Febre baixa ou ausente ● Exantema maculopapular difuso e pruriginoso ● Conjuntivite não purulenta ● Artralgia e mialgia (principalmente mãos e pés) ● Cefaleia ● Edema de extremidades ● Fadiga Complicações neurológicas ● Síndrome de Guillain-Barré ● Mielite ● Encefalite ● Neuropatias periféricas DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito com base em critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais: RT-PCR (transcrição reversa com PCR) ● Detecta RNA viral no sangue (até 5 dias), urina ou saliva (até 10–14 dias). ● É o método mais específico durante a fase aguda. Sorologia (IgM e IgG anti-Zika) Útil após a 1ª semana de sintomas, mas pode cruzar com dengue, dificultando a interpretação. Testes no pré-natal e no recém-nascido A avaliação deve incluir imagem (ultrassonografia, neuroimagem) e testes laboratoriais, especialmente se há suspeita de infecção congênita. TRATAMENTO
● Fotofobia e conjuntivite Fase subaguda (11–90 dias) ● Artrite persistente ● Recidivas de dor articular Fase crônica (mais de 3 meses) ● Artralgia crônica ● Rigidez matinal ● Quadros semelhantes à artrite reumatoide ou reativa DIAGNÓSTICO Clínico-epidemiológico : Importante em áreas endêmicas durante surtos. Exames laboratoriais específicos : ● RT-PCR: detecta RNA viral (fase aguda, até 7 dias) ● Sorologia (ELISA): detecta anticorpos Exames inespecíficos ● Leucopenia, linfopenia ● Elevação discreta de transaminases ● Proteína C reativa e VHS podem estar elevados TRATAMENTO Fase aguda ● Hidratação oral adequada ● Antitérmicos e analgésicos (paracetamol, dipirona) ● Evitar AINEs e aspirina na fase inicial até excluir dengue, para não aumentar risco hemorrágico Fase subaguda e crônica ● AINEs (como ibuprofeno, naproxeno) quando dengue já estiver descartada ● Corticosteróides (prednisona) em casos de dor articular intensa ou artrite persistente ● Fisioterapia e reabilitação para preservar mobilidade e função articular ● Em casos de artrite crônica grave, pode ser necessário acompanhamento reumatológico e uso de fármacos modificadores da doença (DMARDs) CASCATA DE COAGULAÇÃO A cascata de coagulação é um conjunto de reações bioquímicas coordenadas que resultam na formação de um coágulo de fibrina, essencial para estancar hemorragias. Envolve a ativação sequencial de proteínas plasmáticas chamadas fatores de coagulação, que circulam na forma inativa ( zimógenos ). FASES DA COAGULAÇÃO Fase inicial (hemostasia primária) ● Lesão vascular → vasoconstrição. ● Exposição do colágeno → ativação e adesão das plaquetas. ● Formação do tampão plaquetário. Obs: plaquetas se aderem com ajuda do fator de von Willebrand. Ele liga-se o colágeno ao receptor GpIb e estabiliza fator VIII. Fase de coagulação (hemostasia secundária)
● Início da cascata → ativação dos fatores de coagulação. ● Geração de trombina → conversão de fibrinogênio em fibrina. ● Estabilização do tampão com rede de fibrina. Fase de resolução (hemostasia terciária) ● Fibrinólise (quebra da fibrina) após reparo tecidual. Plasmina é quem faz a fibrinólise. VIAS DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Via intrínseca ● Ativada por contato do sangue com superfícies negativas (vidro, colágeno). ● Envolve os fatores: XII, XI, IX, VIII. ● Lenta, mas amplifica a coagulação. Via extrínseca ● Ativada por fator tecidual (fator III) liberado por células lesadas. ● Envolve principalmente os fatores: III e VII. ● Mais rápida, inicia a coagulação in vivo. Via comum ● Ponto de convergência das vias intrínseca e extrínseca. ● Envolve: fatores X, V, II (protrombina), I (fibrinogênio). ● Protrombina → Trombina, que converte fibrinogênio → Fibrina.
● Enumerados de I a XIII (exceto VI, que não existe). ● São principalmente proteínas hepáticas (muitos dependem da vitamina K, como II, VII, IX, X). ● Trombina (fator IIa) tem papel central: ativa plaquetas, fibrinogênio, fator XIII e amplifica a coagulação. TESTES LABORATORIAIS ● TTPa (tempo de tromboplastina parcial ativada): avalia a via intrínseca. ● TP (tempo de protrombina): avalia a via extrínseca. ● INR : padroniza o TP, usado no monitoramento de anticoagulantes orais. REGULAÇÃO E INIBIÇÃO ● Mecanismos que evitam a coagulação excessiva : antitrombina III, proteína C e S, trombomodulina, inibidor da via do fator tecidual (TFPI). ● Fibrinólise : ativação da plasmina para dissolver coágulos HEMOFILIA A hemofilia é uma coagulopatia hereditária caracterizada pela deficiência quantitativa ou funcional de proteínas envolvidas na cascata de coagulação, levando a sangramentos prolongados, principalmente em articulações e músculos. As formas mais comuns são a hemofilia A , causada por deficiência do fator VIII, e a hemofilia B , por deficiência do fator IX. Ambas têm padrão de herança recessiva ligada ao cromossomo X.