








Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Compreender o estabelecimento e a expansão dos Estados muçulmanos no Sudão do século XVI ao XVIII.
Tipologia: Trabalhos
1 / 14
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Departamento de Ciências de Educação Curso de Licenciatura em Ensino de História O Sudão nos séculos XVI-XVIII Sérgio Manuel Jamisse Maxixe, Agosto de 2020
Departamento de Ciências de Educação Curso de Licenciatura em Ensino de História O Sudão nos séculos XVI - XVIII Sérgio Manuel Jamisse Maxixe, Agosto de 2020 Trabalho de campo a ser submetido na Coordenação do Curso de Licenciatura em ensino de História do ISCED. Tutor: Mestre, Nazir Gani
Introdução O período entre os séculos XVI-XVIII, a região de Sudão foi caracterizada por movimentos migratórios constituídos pela população que saía do interior ao exterior, bem como do exterior para o interior de tal região. Na região norte, a penetração dos árabes muçulmanos já estava muito avançada no início deste período, o que resultou na assimilação progressiva dos núbios cristãos e de outras etnias no seio do grande mundo pan-islâmico. A expansão do Islã constitui um fator importante na história do Sudão do século XVI ao XVIII. Assim sendo, o presente trabalho que surge no âmbito da cadeira de História da África do Norte, ministrada na ISCED, curso de Licenciatura em Ensino de História, abordará sobre o Sudão nos séculos XVI-XVIII. O objectivo principal deste trabalho é compreender o estabelecimento e a expansão dos Estados muçulmanos no Sudão do século XVI ao XVIII. Com base no objectivo geral, procura-se: Identificar os reinos que surgiram na região do Sudão nos séculos XVI–XVIII; Descrever a relação existente entre os reinos que surgiram na região do Sudão nos séculos XVI–XVIII; Descrever as formas de organização política e actividades económicas dos reinos que surgiram na região do Sudão nos séculos XVI–XVIII; O trabalho tratará principalmente do estabelecimento e da expansão dos Estados muçulmanos, suas relações mútuas e sua interação com as sociedades africanas não-muçulmanas que emergiam de uma mistura de grupos linguísticos e culturais diversos. Do ponto de vista metodológico, o presente trabalho seguiu-se de uma metodologia qualitativa, recorrendo-se à revisão bibliográfica de fontes, tais como documentos em pdf disponíveis na internet, manuais e livros que debruçam e oferecem informações sobre o tema.
O Sudão nos séculos XVI – XVIII
1. Sudão Localizado na parte ocidental da África Subsaariana, o Sudão é um dos maiores países do sul da África, que limita ao norte com o Egito, ao leste com o Mar Vermelho, Eritreia e Etiópia, ao sul com Quênia, Uganda e Zaire, e ao oeste com a República Centro-africana, Chade e Líbia. Designa ainda a parte oriental do Bilad al-Sudan que compreendia, na Era Medieval, o reino cristão da Núbia e, depois, os sultanatos islâmicos de Funj e de Fur. Na Antiguidade floresceram neste território duas civilizações: a Núbia e o Kush (ou Cush). A economia sudanesa é baseada na agricultura, tendo como principal produto o algodão. A economia do país tem sido impulsionada pela grande riqueza do solo, através da exploração de petróleo, gás natural, ouro, urânio, cobre, níquel, chumbo etc. De acordo com BRAGA (2012), a história do Sudão nos séculos XVI-XVIII é marcada pelos sultanatos de Fur e Fung. A tradição sudanesa constitui seu reino sob o nome de al-Sultana-al, cujo significado quer dizer sultanato negro. Com base nesses pressupostos, este trabalho pretende caracterizar sucintamente os fatores determinantes para a expansão da arabização e da islamização de numerosos povos sudaneses, a partir do processo de assimilação cultural e étnico, com o qual se estabeleceu a fronteira cultural entre o Sudão Setentrional e o Sudão Meridional. 2. A islamização da África De acordo com MACEDO (2008), foi a partir de um exército de árabes e berberes que levaram sua expansão territorial, político e religiosa para a África, conquistando o Egito e a Núbia, através dos potentados berberes da Líbia, Tunísia e Marrocos, e seguiram em direção ao ocidente, também, chamado de Magreb. Já de acordo com COSTA (2009), no final do século VII, os muçulmanos concretizaram definitivamente sua expansão no norte da África, fato que permite a partir deste momento à história do islã. Dando continuidade a esta expansão os reinos, as religiões e as populações africanas se transformam, pois conforme Ki-Zerbo (1979), os povos africanos atingiram, após uma fase de
As fronteiras expandiam, as culturas se somavam fato que dava aspecto extremamente diverso aos territórios sobre domínio muçulmano, mas a manutenção da unidade era necessária e garantida pela língua árabe. Conforme BISSIO (2002), o árabe, portanto, transforma-se no meio de expressão não só daqueles que aceitavam o Islã, mas também de todos os que, por diferentes motivos, necessitavam utilizar-se dessa língua, seja para as relações comerciais como políticas. BISSIO (2002), ressalta que é possível destacar que os viajantes árabes eram homens sábios e buscavam refinamento religioso, seus textos refletem esta busca. Viajar, peregrinar e tornar-se um erudito eram desejo e ambição presente na vida do muçulmano. A dedicação extrema à exigência da peregrinação aos lugares santos e a procura do reconhecimento da condição de homem erudito exigiam deslocamentos. Viajar, portanto, era destino e oportunidade de obter conhecimento com a autoridade de provir das lições deixadas por Muhammad. Segundo ALMEIDA (2005), o próprio livro sagrado da religião, o Corão, apresenta diversas descrições e recomendação aos viajantes, este espírito aventureiro estava presente portanto, no universo dos muçulmanos desde os primeiros tempos. De um lado porque retomava a tradição pré-islâmica ainda presente no modo de vida de muitos deles e, por outro, porque respondia a comportamentos próprios de qualquer muçulmano comprometido com seus princípios e crenças.
5. Sudão Meridional e o Sudão Setentrional Durante o período de arabização e de islamização, uma linha de divisão das águas (compostas pelo Sudd, pelo Bahr al Ghazal e pelo Bahr al-Arab) estabeleceu uma fronteira cultural entre o Sudão Setentrional e Sudão Meridional. A metade norte do Sudão abrigava povos racialmente mesclados, na maioria imigrantes muçulmanos e árabes vindos do norte ou do leste. Os Funj, povo que não era nem árabe nem muçulmano, fundaram um sultanato em Sennar e governaram grande parte do centro do Sudão no início do século XVI ao início do século XIX.
5.1. A estrutura histórica das relações entre o Norte e o Sul sudanês Até o início do domínio turco no Sudão, em 1821, houve um relativo equilíbrio nos poderes políticos e econômicos entre os povos do Norte e do Sudão Meridional, todavia, a partir do século XIX esse cenário mudaria drasticamente, especialmente, para esses últimos. De acordo com IBRAHIM; OGOT (2010), esse período foi marcado por importantes perdas materiais e por grandes humilhações, traduzidas nas guerras de escravidão e de conquistas contra elas por ondas de invasores, as quais não se distinguiam uma das outras, exceto pelos diferentes nomes que se davam: árabes, turcos, egípcios, ansar ou dongolawi. Com a invasão egípcia, em 1821, o Sudão foi dividido em províncias e distritos que foram submetidas à autoridade dos oficiais egípcios e turcos. A principal função do regime estrangeiro naquela região foi a imposição de pesados tributos sob a população sudanesa, mas também, a provisão de escravos para aumentar as fileiras do exército egípcio. Sob o comando de Muhammad Ali, seus bandos de caçadores aterrorizaram as terras dos Shilluk. Diante dessas atrocidades, os habitantes do Sul se recusaram a cooperar com eles e opuseram uma resistência ativa à presença desses invasores em suas terras. Esses fatores contribuíram para que os povos do Sul travassem inúmeras guerras contra a ação de Muhammad Ali em suas terras. Muhammad Ali invadiu o Sudão em 1821 em busca de escravos, marfim e ouro para financiar o seu projeto de modernização egípcia. Com a conquista turco-egípcia, foram lançadas as bases para um Estado centralizado no Norte do Sudão. Desse modo, segundo IDRIS (2005), ainda que a invasão turca tenha proporcionado à unificação das fronteiras e a modernização sudanesa daquela época, também enfatizou nesse sistema a escravização de povos pertencentes à região sul do Estado, utilizando-os no plantio de algodão e no sistema de irrigação. Segundo IDRIS (2005), durante o processo de formação do Estado sudanês, o método da escravização contribuiu substancialmente para que houvesse um choque nas identidades raciais daqueles povos, isso porque, desse processo, surgiu um violento regime político no qual as pessoas oriundas da região Sul do Sudão eram submetidas a práticas de discriminação e exploração.
Esses fatores contribuíram fortemente para um alargamento nas disparidades entre esses povos, especialmente no que se referiu ao agravamento da fronteira ideológica que cada vez mais passou a tomar um caráter religioso e étnico. Segundo HASAN; OGOT (2010), dos dois lados da fronteira ideológica, viram-se desenvolver expressões, preconceitos raciais complexos, o que levaria a definir, portanto, cada uma dessas regiões como uma entidade racial e religiosa exclusiva que tinha pouco contacto, senão nenhum, uma com a outra.
6. Os sultanatos Funj e Fur HASAN; OGOT (2010) explicita que, a realidade histórica envolvendo esses povos se constituiu muito mais complexa, porque a fronteira que separava essas duas regiões, além de ser um território bastante movimentado ainda agregava, em seu interior, transformações culturais, étnicas e sociais, a exemplo das populações árabes, fur, funj, shilluk, naath (nuer) ou dinka. Outra questão importante em relação a esses povos, diz respeito a sua formação linguística que era extremamente rica em diversidade cultural. Desse modo, , os grupos linguísticos dessa época eram divididos em três classes: uma cultura nilótica, desenvolvida a leste dos pântanos do Nilo; outra cultura bantu, localizada no platô ferruginoso da Bacia do Nilo-Congo; e, separando ambas, as culturas do Sudão Central. Ainda segudo o autor, é importante salientar que nesse período, as culturas nilóticas (ou seja, pertencentes aos povos árabes) proporcionaram um progressivo avanço linguístico às culturas do Sudão Setentrional, Central e Meridional, o que alteraria profundamente a estrutura social da região. No início do século XVII, a área de maior densidade populacional no território sudanês era a margem ocidental do Nilo. A região foi povoada, especialmente, pelos povos conhecidos por Shilluk, que por sua vez, começaram a se expandir em direção a duas áreas fronteiriças, o vale do Nilo Branco e os montes de Nuba. Nesse período, esses povos desenvolveram um considerável avanço socioeconômico no Estado, e, à medida que o sultanato funj declinava, os Shilluk reforçavam sua supremacia no Nilo Branco através do controle das vias navegáveis, considerando-se que os mesmos possuíam um grande número de barcos, além de serem excelentes remadores.
6.1. O sultanato funj A origem da dinastia funj no território sudanês ainda é uma questão controversa para os historiadores. De acordo com HASAN; OGOT (2010), alguns acreditam que a tradição sudanesa evoca seu reino sob o nome de al-Sultana-al Zarka , que significa sultanato negro, por pertencer a descendência de um monarca muçulmano negro. Outros lhes atribuem a origem dos pilhantes Shilluk, vindos do Nilo Branco, ou à descendência árabe. Entretanto, o que há de consenso em relação a esse povo é que houve um conjunto de fatores que influenciaram sua rápida islamização, considerando que esse processo não se deve apenas à influência da nova sociedade muçulmana, mas, principalmente, a força de suas relações comerciais e culturais com o Egito. HASAN; OGOT (2010), salienta que os funj consolidaram sua posição político- administrativa a partir do final do século XVII em uma localidade conhecida como Sennar. Nessa época, a expansão da dominação funj se estendia desde o limite norte da fronteira etíope até a região oeste, onde se localiza atualmente o Estado do Kordofan. Mas essas relações amistosas foram abaladas por duas guerras contra a Etiópia, motivadas especialmente por questões fronteiriças que posteriormente não conseguiram modificar radicalmente a situação. Sennar representava um ponto estratégico tanto para os funj quanto para os etíopes, pois nessa região os cristãos da Etiópia conseguiram uma abertura continental com o mundo exterior, particularmente, com os missionários europeus. Em contrapartida, para os povos funj, a localidade servia para que sua população comercializasse suas mercadorias com os negociantes da região. Segundo HASAN; OGOT (2010), apesar dos conflitos entre os funj e o povo etíope, a realidade histórica de suas relações apresentava a cooperação e a interdependência como fatores que haviam sido enfatizados positivamente por ambos. A partir da emergência do sultanato funj-abdallabi, o Estado conseguiu instaurar uma relativa unidade e estabilidade à heterogênea sociedade dos funj, o que facilitou a penetração do islã. Os preceitos do islã foram transmitidos pelos eruditos muçulmanos que nessa época eram bem recebidos pelos soberanos, pois tinham interesse em instalá-los no Estado. Os eruditos muçulmanos buscaram ensinar a lei muçulmana, e a sua aplicação no comportamento dos cidadãos nativos. Até então, a expansão do islamismo havia sido
Conclusão As fontes consultadas permitiram aprofundar o estudo sobre sobre um dos maiores países do sul da África e mais diversos do mundo em termos linguísticos e étnicos. Sudão é um país afro-árabe predominantemente muçulmano. O árabe é a língua franca da região, se fazendo, contudo, o uso do Inglês por muitos grupos das elites. Ao concluir este trabalho, foi possível verificar que, logo após a morte de Maomé (Muhammad), os seguidores do islamismo se ocuparam em se expandir por diversos territórios, até que alcançaram o continente africano. Dalí deram início a um processo de conversão de povos sudaneses, alcançando principalmente seus líderes e a corte, influenciando os reinos na área política, administrativa e na religião. Entretanto, também foram influenciados pelos povos locais, resultado do convívio e das trocas culturais provindos de uma coexistência tão intensa e duradoura. Desta forma, o islamismo se instalou no Sudão e levou o idioma próprio dos povos que seguem a religião, o árabe. A universalidade da língua proporcionava que os viajantes conhecessem os diferentes territórios de alcance do islã e que de alguma forma encontrassem alguma identificação. Porém, mesmo nestas condições o estranhamento também acontecia, pois mesmo onde a corte estava convertida ao islã, os reinos sudaneses mantinham suas práticas religiosas, como por exemplo, o culto animista. Diante das informações coletadas no desenvolvimento deste trabalho, sobre o Sudão, foi possível perceber que mesmo passando pelo processo de islamização as tradições africanas, nos reinos sudaneses foram preservadas e em muito influenciaram os ditos conquistadores, proporcionando tão grande diversidade cultural que não poderia ser comparada nem igualada.
Bibliografia http://pronacampo.mec.gov.br/images/pdf/hga_V_africa_do_seculo_XVI_ao_XVIII.pdf COSTA, Ricardo da. A expansão árabe na África e os Impérios Negros de Gana, Mali e Songai (sécs. VII-XVI). Disponível em: http://www.ricardocosta.com/artigo/expansao-arabe- na-africa-e-os-imperiosnegros-de-gana-mali-e-songai-secs-vii-xvi#sthash.b7q7DoaC.dpuf. Acesso em: 14 de Agosto de 2020. FASI, Mohammed El. História geral da África, III: África do século VII ao XI. Brasília: UNESCO, 2010. https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/51275/R%20-%20E%20-%20CAMILA %20TATIANE%20DE%20SOUZA.pdf?sequence=1&isAllowed=y KERN, Gustavo da Silva. Relações entre o islamismo, à estrutura do estado e a hegemonia do Mali na África Negra durante o século XIV. Disponível em: http://www.casadasafricas.org.br/wp/wp-content/uploads/2011/09/Relacoes-entre- oislamismo-a-estrutura-do-estado-e-a-hegemonia-do-Mali-na-Africa-Negra-durante-oseculo- XIV.pdf. Acesso em 14 de Agosto de 2020. KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Lisboa: Publicação Europa-América, 1979. THORNTON, John Kelly. A África e os africanos na formação do mundo atlântico : 1400-