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Guias e Dicas
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Princípios Gerais de Nutrição Parenteral: Indicações, Formulações e Monitorização, Trabalhos de Ciências da Saúde

Os princípios gerais da nutrição parenteral no hospital das clínicas de ribeirão preto, incluindo indicações, formulações e efeitos colaterais. Além disso, é apresentada a padronização das formulações nutritivas parenterais, realizada pela comissão de nutrição parenteral do hospital, para uso em pacientes hospitalizados. O documento também discute a importância da nutrição parenteral na recuperação de pacientes clínicos e cirúrgicos, e os desafios relacionados à especificidade para pacientes pediátricos.

O que você vai aprender

  • Quais são as necessidades nutricionais diárias de pacientes hospitalizados?
  • Quais são as indicações para a utilização de nutrição parenteral total?
  • Quais são os efeitos colaterais possíveis de nutrição parenteral?
  • Quais são as formulações padrãoes de nutrição parenteral para pacientes pediátricos e adultos?
  • Quais são os desafios relacionados à especificidade de nutrição parenteral para pacientes pediátricos?

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 01/01/2020

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flavius-marinho-7 🇧🇷

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NUTRIÇÃO PARENTERAL - PRÍNCIPIOS GERAIS,
FORMULÁRIOS DE PRESCRIÇÃO E MONITORIZAÇÃO
PARENTERAL NUTRITION SUPPORT - PRESCRIPTIONS AND FOLLOW UP
Júlio Sérgio Marchini1, Nelson Okano2, Palmira Cupo3, Nilva Maria Rodrigues R. da Silva Passos4,
Luiz Maçao Sakamoto4 & Anibal Basile-Filho5
1Docente do Departamento de Clínica Médica — Divisão de Nutrição Clínica, 2,5 Docente do Departamento de Cirurgia, Ortopedia e
Traumatologia, 3Docente do Departamento de Puericultura e Pediatria, 4Farmacêutico da Divisão de Assistência Farmacêutica do
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
CORRESPONDÊNCIA: J. Sérgio Marchini — Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP —Hospital das Clínicas – 6º Andar— Campus
USP -14048-900 — Ribeirão Preto - SP. Telefone (016) 633 0436 — E-mail: jsmarchi©fmrp.usp.br
MARCHINI JS et al. Nutrição parenteral — princípios gerais, formulários de prescrição e monitorização.
Medicina, Ribeirão Preto, 31: 62-72, jan./mar. 1998.
RESUMO: O suporte nutricional, na terapêutica de pacientes hospitalizados, requer o desen-
volvimento de princípios que determinarão a melhor assistência nutricional, associada ao me-
nor custo do procedimento. Reconhece-se, atualmente, o impacto causado pela formação de
equipes ou comissões multidisciplinares de suporte nutricional parenteral, formadas por médi-
cos, enfermeiros e farmacêuticos, sobre a racionalização da terapêutica nutricional, como a
escolha de nutrientes específicos e a padronização das formulações nutritivas. O objetivo deste
trabalho se relaciona com o uso de nutrição parenteral total, no Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto, incluindo indicações, formulações, efeitos colaterais e benefícios. Paralelamente, é apre-
sentada a padronização das formulações nutritivas parenterais, efetuada pela Comissão de
Nutrição Parenteral do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a ser utilizada nos pacientes
hospitalizados, que necessitem de terapia nutricional parenteral.
UNITERMOS: Nutrição Parenteral Total. Formulários Comissão.
62
1. INTRODUÇÃO
Desde a introdução de uma técnica coerente
de suporte nutricional, via parenteral, proposta por
Dudrick et al(1) em 1968, não se questiona mais a im-
portância da nutrição na recuperação de pacientes
clínicos ou cirúrgicos, hospitalizados. Na verdade, as
conseqüências da desnutrição de pacientes hospitali-
zados têm sido objeto de estudo há muito tempo. As-
sim, sabe-se que aproximadamente 50% desses paci-
entes são desnutridos, não importando o tamanho/tipo
do hospital, a idade, a doença de base ou a classifica-
ção sócio-econômica dos mesmos(3). Tornou-se evi-
dente, também, que a desnutrição está ligada a um
aumento de complicações no pós-operatório, como re-
tardo na cicatrização das feridas e anastomoses in-
testinais, incidência aumentada de infecções por de-
pressão do sistema imunológico e, conseqüentemen-
te, prolongamento no tempo de hospitalização e redu-
ção nas chances de sobrevida.
No entanto, a rápida proliferação das técnicas
de suporte nutricional parenteral foi responsável pela
sua utilização em larga escala, algumas vezes, de for-
ma abusiva, tornando o procedimento extremamente
Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: NUTRIÇÃO CLÍNICA
31: 62-72, jan./mar. 1998 Capítulo VI
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Baixe Princípios Gerais de Nutrição Parenteral: Indicações, Formulações e Monitorização e outras Trabalhos em PDF para Ciências da Saúde, somente na Docsity!

NUTRIÇÃO PARENTERAL - PRÍNCIPIOS GERAIS,

FORMULÁRIOS DE PRESCRIÇÃO E MONITORIZAÇÃO

PARENTERAL NUTRITION SUPPORT - PRESCRIPTIONS AND FOLLOW UP

Júlio Sérgio Marchini^1 , Nelson Okano^2 , Palmira Cupo^3 , Nilva Maria Rodrigues R. da Silva Passos^4 ,

Luiz Maçao Sakamoto^4 & Anibal Basile-Filho^5

1 Docente do Departamento de Clínica Médica — Divisão de Nutrição Clínica, 2,5 Docente do Departamento de Cirurgia, Ortopedia e

Traumatologia, 3 Docente do Departamento de Puericultura e Pediatria, 4 Farmacêutico da Divisão de Assistência Farmacêutica do

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

C ORRESPONDÊNCIA : J. Sérgio Marchini — Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP —Hospital das Clínicas – 6º Andar— Campus

USP -14048-900 — Ribeirão Preto - SP. Telefone (016) 633 0436 — E-mail: jsmarchi©fmrp.usp.br

MARCHINI JS et al. Nutrição parenteral — princípios gerais, formulários de prescrição e monitorização.

Medicina, Ribeirão Preto, 31: 62-72, jan./mar. 1998.

RESUMO: O suporte nutricional, na terapêutica de pacientes hospitalizados, requer o desen- volvimento de princípios que determinarão a melhor assistência nutricional, associada ao me- nor custo do procedimento. Reconhece-se, atualmente, o impacto causado pela formação de equipes ou comissões multidisciplinares de suporte nutricional parenteral, formadas por médi- cos, enfermeiros e farmacêuticos, sobre a racionalização da terapêutica nutricional, como a escolha de nutrientes específicos e a padronização das formulações nutritivas. O objetivo deste trabalho se relaciona com o uso de nutrição parenteral total, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, incluindo indicações, formulações, efeitos colaterais e benefícios. Paralelamente, é apre- sentada a padronização das formulações nutritivas parenterais, efetuada pela Comissão de Nutrição Parenteral do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a ser utilizada nos pacientes hospitalizados, que necessitem de terapia nutricional parenteral.

UNITERMOS: Nutrição Parenteral Total. Formulários Comissão.

1. INTRODUÇÃO

Desde a introdução de uma técnica coerente

de suporte nutricional, via parenteral, proposta por

Dudrick et al (1)^ em 1968, não se questiona mais a im-

portância da nutrição na recuperação de pacientes

clínicos ou cirúrgicos, hospitalizados. Na verdade, as

conseqüências da desnutrição de pacientes hospitali-

zados têm sido objeto de estudo há muito tempo. As-

sim, sabe-se que aproximadamente 50% desses paci-

entes são desnutridos, não importando o tamanho/tipo

do hospital, a idade, a doença de base ou a classifica-

ção sócio-econômica dos mesmos (3)^. Tornou-se evi-

dente, também, que a desnutrição está ligada a um

aumento de complicações no pós-operatório, como re-

tardo na cicatrização das feridas e anastomoses in-

testinais, incidência aumentada de infecções por de-

pressão do sistema imunológico e, conseqüentemen-

te, prolongamento no tempo de hospitalização e redu-

ção nas chances de sobrevida.

No entanto, a rápida proliferação das técnicas

de suporte nutricional parenteral foi responsável pela

sua utilização em larga escala, algumas vezes, de for-

ma abusiva, tornando o procedimento extremamente

Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: NUTRIÇÃO CLÍNICA

31: 62-72, jan./mar. 1998 Capítulo VI

Nutrição parenteral — princípios gerais, formulários de prescrição e monitorização

oneroso para os hospitais. Reconhece-se, atualmente, o impacto causado pela formação de equipes ou co- missões multidisciplinares de padronização de suporte nutricional sobre a redução dos gastos hospitalares, sua racionalização, a padronização dos nutrientes ad- ministrados, o seu preparo e controle de qualidade.

2. INDICAÇÃO

O suporte nutricional via parenteral está indica- do sempre que o paciente está impossibilitado de usar a via enteral por um tempo predefinido. Um outro fator a ser considerado é se o seu uso vai beneficiar o pacien- te. Assim, por exemplo, dentro do contingente de paci- entes desnutridos, internados, nem sempre os pa cien- tes terminais vão se beneficiar dessa terapêutica. A distinção do paciente que vai se beneficiar envolve aspectos relacionados com a doença de base e a experiência clínica da equipe de suporte nutricio-

nal. Nem sempre esta é uma decisão fácil de ser to- mada. O primeiro passo a ser considerado é se o pro- cesso mórbido em si vai ser influenciado pelo suporte nutricional parenteral, se a doença ou o tratamento vai piorar o apetite, alterar a digestão/absorção e qual a sua duração. Desde que a prevenção da desnutri- ção é um procedimento considerado mais fácil do que o tratamento em si, sempre que possível deve-se pre- venir o aparecimento da desnutrição intra-hospitalar. Em geral, pacientes com perda de massa corporal

superior a 20 % são considerados de alto risco nutri- cional. Por outro lado, a presença de trauma metabóli- co (estresse), com produção aumentada de hormônios considerados, nestas situações, hipercatabólicos, tam- bém deve ser considerada. Uma vez considerado o estado geral do paciente, incluin- do risco nutricional, a doença de base e estado hipercatabólico, deve ser iniciado o suporte nutri-

cional. Nessas condições, a via parenteral deve ser utilizada sem- pre que for impossível se utilizar avia oral, fisiológica.

3. PRESCRIÇÃO DE NU- TRIÇÃO PARENTERAL

As células de todo organis- mo vivo necessitam de uma quan- tidade fixa diária de energia, para

realizar suas reações metabólicas. Contudo, na inca- pacidade de medir-se o gasto energético por calori- metria indireta, calculam—se as necessidades ener- géticas de base, para o adulto, a partir de dados sim- ples, porém aproximativos, por meio da equação de Harris & Benedict , ou seja: E = 66,47 + 13,75 x P + 5,00 x A - 6,76 x I (homem) E = 655,09+ 9,56 x P + 1,85 x A - 4,68 x I (mulher) onde: E = Necessidades Energéticas de Base em kcal P = Peso em kg A = Altura em cm I = Idade em anos

As necessidades calóricas de base, calculadas pela equação acima, situam-se entre 20 e 30 kcal.kg -1^ dia -1^. No entanto, em situações de estresse metabólico, como, por exemplo, na sepse, no pós-ope- ratório ou no politraumatismo, ocorre um importante incremento nessas necessidades energéticas de base. Assim sendo, e considerando-se o trauma metabólico, propõe-se um acréscimo da oferta energética, como exposto a seguir (6)^. Acréscimo percentual aproximado, secundário a diferentes traumas metabólicos: Cirurgia Eletiva 24 Fraturas 32 Traumatismo Craniano 61 Corticoterapia 61 Contusões 65 Infecção 70- Queimados 50 a 100

Tabela I - Indicações da nutrição parenteral total

  • Impossibilidade do uso das vias oral/enteral
  • Interferência de doença de base em ingestão, digestão ou a absorção dos alimentos
  • Desnutrição com perda de massa corporal > 20%
  • Estados hipermetabólicos
    • grandes queimados
    • pacientes sépticos
    • politraumatismo extenso
    • pancreatite aguda
    • fístulas intestinais de alto débito

Nutrição parenteral — princípios gerais, formulários de prescrição e monitorização

E = 66,42+(13,75 x 60)+(5 x 160) - (6,77 x 60) E = 1285 kcal (necessidades energéticas de repouso) E total = 1285 + 0,79 x 1285 (onde o fator de trauma metabólico aplicado foi o de 79%) E total = 2300 kcal (necessidades energéticas esti- madas)

Assim, 38 kcal.kg -1^ .dia-1^ (2300 kcal/60 kg) co- brem as exigências metabólicas desse paciente. Em seguida, essa energia calculada deve ser distribuída entre os nutrientes, da seguinte maneira: Proteína: 0,8 a 1 ,5 g/kg de peso, ou seja, 48 a 90 g/dia

Lipídios: 1,0 a 1,5 g/kg de peso, ou seja, 60 a 90 g/dia, equivalente a 540 a 810 kcal.

Carboidratos : 4,0 a 5,0 g/kg, ou seja, 240 a 300 g/dia, equivalente a 960 a 1200 kcal.

Se esses cálculos forem determinados para nutrição parenteral, teremos:

  • para as proteínas
    • 1000 ml de solução de aminoácidos a 10% forne- cem 100 g de proteínas (16 g de nitrogênio/L)
  • para os lipídios
  • 500 ml de solução de lipídios a 10% fornecem 100 g de lipídios e, aproximadamente, 1000 kcal
  • para os hidratos de carbono
  • 500 ml de soro glicosado a 50% fornecem 250 g de glicose e 1000 kcal.

A solução final será constituída de 2000 kcal não protéicas em 2000 ml, com uma oferta protéica de 1,5 g de proteínas.kg’.dia* A forma de administra-

ção da Nutrição Parenteral calculada pode ser efetu- ada por meio de uma solução completa, conhecida com o nome de três em um, onde todos os macronu- trientes estão presentes. Embora sejam essas as téc- nicas mais aprimoradas, em determinados centros, por motivos econômicos ou ainda por falta de tecnologia apropriada, torna-se difícil o emprego diário da solu- ção de lipídios. Vários centros têm adotado a adminis- tração da solução de lipídios apenas duas vezes por semana, sem observarem o aparecimento da Síndrome de Deficiência de Ácidos Graxos Essenciais. Por essa

razão, a Comissão de Nutrição Parenteral do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto decidiu optar pelo em- prego de uma mistura nutritiva padrão, contendo ami- noácidos e glicose (além de eletrólitos, oligoelementos e vitaminas), sendo a administração de lipídios limita- da a duas ou três vezes por semana, dependendo do caso clínico.

6. SUPORTE NUTRICIONAL NO PACIENTE PEDIÁTRICO

Embora existam várias vantagens no emprego de soluções parenterais padronizadas, corno já foi ci- tado, é importante ressaltar que há perda de especifi- cidade para o paciente. Ressalta-se que nenhum regi me parenteral único pode sei- ideal para todos os pa cientes, com uma grande variedade de processos pa- tológicos, nem para todas as idades, nem para o mes- mo paciente durante todas as fases de sua doença(7) Diferente do paciente adulto, a criança é um serem crescimento, com necessidades específicas para cada faixa etária: lactente, pré-escolar, escolar e adolescente. Acrescente-se a isso as particularidades dos RN pré-termo, principalmente aqueles de muito baixo peso, em relação ao balanço hídrico, tolerância à glicose, e necessidades de eletrólitos (8)^. O volume hídrico de manutenção para uma criança prematura é maior que aquele de uma criança a termo: sua delica- da epiderme, sua grande superfície corporal, relativa ao peso, e a pequena quantidade de gordura favore- cem as perdas hídricas, acrescentando-se a isso o uso de encubadoras e fototerapia, tão necessárias nessa fase da vida. Os prematuros apresentam baixa tolerância à glicose nos primeiros dias de vida e, para evitar os efeitos danosos da variação da osmolaridade sérica e a diurese osmótica, a infusão de glicose deve ser inici- ada numa velocidade semelhante à taxa de produção hepática (6 rng/kg/min) com aumentos lentos e gradativos até atingir-se 11-12 mg/kg/min, ao redor de cinco a sete dias. Também há grande dificuldade no fornecimento de quantidades ideais de cálcio e fósfo- ro. Os teores máximos desses elementos, que podem ser incorporados às soluções, são limitados pela sua solubilidade, determinada pelo pH das soluções, que, por sua vez, depende da concentração de aminoáci- dos e glicose presentes. Muitas vezes, não é possível infundir as necessidades preconizadas aos pequenos prematuros, principalmente quando é feita restrição hídrica ou quando parte do líquido é administrado atra- vés de medicação. Esse problema deixará de existir, quando houver disponibilidade no uso do glicerofosfato, que não sofre as influências descri tas acima (9,10)^. Considerando-se todas essas variáveis, apre- sentamos sete soluções disponíveis (P1 a P7), que serão testadas quanto a sua viabilidade e especificidade para a utilização nas crianças das várias faixas etárias e também nos prematuros de muito baixo peso. Em pe-

Marchini JS et al

diatria utilizamos as soluções três em um, onde to dos os elementos são infundidos diariamente, o que, além de permitir um melhor aproveitamento pelo organis- mo, necessita apenas de um acesso venoso, por vezes problemático nos pequenos pacientes. As soluções de P1 a P4 são dirigidas aos pré-termos e aos lactentes até 10 kg. As soluções variam apenas nas concentra- ções de aminoácidos e lipídeos, e devem ser usadas de forma progressiva, a fim de se atingirem as neces- sidades ideais desses elementos, que seriam fornecidas com a solução P4 (2,5 — 3,0 g/kg de aminoácidos e 3,0 g/kg lipídeos). Infundindo-se aos lactentes ao re- dor de 100 a 120 m peso, as necessidades diárias de água, eletrólitos, micronutrientes e macronutrientes serão alcançadas (11,12)^. Para os prematuros, o volume de solução a ser infundida poderá ser maior, e, no caso de haver intole-

rância à glicose, poderá ser acrescentada determina da quantidade de água a solução 1 mal, ao invés de se aumentar o volume da mesma. Para as crianças com peso de 10 a 40 kg, estão estabelecidas as soluções de P5 a P7, também com diferenças apenas nas con- centrações de aminoácidos e lipídios. Deve ser res- saltado que essas formulações cobrem as necessida- des normais dos pacientes e qualquer suplementação terá que ser administrada à parte. A Figura 1A representa o formulário de pres- crição de nutrição parenteral para os pacientes pediá- tricos, contendo as soluções nutritivas parenterais pa- dronizadas. a Figura 1 B representa o verso do for- mulário e a Figura IC contem os detalhes das formu- lações nutritivas padronizadas, bem como as necessi- dades diárias de água, calorias, micro e macronutrien- tes, e vitaminas as crianças das diversas faixas etárias.

Componentes (mL) P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P Aminoácidos a 10% (pediátrico) 5,0 8,5 17,0 25,0 120,0 200,0 300, Glicose 50% 15,0 15,0 20,0 25,0 160,0 240,0 300, Emulsão lipídica 20% 2,0 4,2 8,5 12,5 60,0 100,0 150, Cloreto de sódio a 20% 0,8 0,8 0,8 0,8 11,7 11,7 11, Cloreto de potássio a 19,1% 0,4 0,4 0,4 0,4 7,8 7,8 7, Gluconato de cálcio a 10% 3,9 3,9 3,9 3,9 39,0 39,0 39, Sulfato de magnésio a 20% 0,1 0,1 0,1 0,1 2,1 2,1 2, Fosfato monobásico de potássio 13,6% 1,0 1,0 1,0 1,0 12,0 12,0 12, Oligoelementos (pediátrico) 0,4 0,4 0,4 0,4 2,5 2,5 2, Água destilada q.s.p. 100,0 100,0 100,0 100,0 1000,0 1000,0 1000, Val i dade das sol uÁıes: 24 horas

INDICAÇÃO P1 a P4: Recém-nascidos e crianças com até 10 kg P5 a P7: Crianças com mais de 10 kg

Soluções Padrão - Nutrições Parenterais Pediátricas

REQUISIÇÃO DE NUTRIÇÃO PARENTERAL PEDIÁTRICA

Paciente ___________________________________ Registro ______________ Leito ____________

Velocidade de infusão ________________________ Total de frascos em 24 hs _________________

Médico Responsável/C.R.M. _________________________________________ Data ____/____/____

Farmacêutico _____________________________________________________ Data ____/____/____

Assinale a formulação prescrita

*** ATENÇÃO:** A requisição de P8 requer autorização da Comissão de Nutrição Parenteral.

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8*

Poderão ser acrescentados: Água destilada (dose diária) _______mL Poliv itamínico A (dose diária) _______mL Poliv itamínico B (dose diária) _______mL Zinco 1 mg/mL (dose diária) _______mL

Figura 1 A - Formulário de prescrião parenteral para pacientes pediátricos internados no HCFMRP-USP, contendo Soluções Nutritivas

Parenterais Padronizadas (Frente).

Marchini JS et al

DOSES DIÁRIAS RECOMENDADAS DE OLIGOELEMENTOS

Pré-Termo Termo Elemento Neonatos Neonatos < 5 Anos Crianças e (mcg/kg) (mcg/kg) (mcg/kg) Adolescentes Zinco 400 300 100 2 - 5 mg Cobre 20 20 20 200 - 500 mcg Cromo 0,2 0,2 0,14 - 0,2 5 - 15 mcg Manganês 1 1 2 - 10 50 -150 mcg

DOSES DIÁRIAS RECOMENDADAS DE VITAMINAS

< 1,5 kg Lactentes / (kg/dia) Crianças (dia) Adultos (dia) A 1.400 UI 2.300 UI 3.300 UI D 240 UI 400 UI 200 UI E 4,2 UI 7 UI 10 UI BI (Tiamina) 072 mg 1,2 mg 3 mg B2 (Riboflavina) 0,84 mg 1,4 mg 3,6 mg B3 (Niacina) 10,2 mg 17,0 mg 10 - 150 mg B5 (Pantotênico) 3,0 mg 5,0 mg 15,0 mg B6 (Piridoxina) 0,6 mg 1,0 mg 4,0 mg B7 (Biotina) 12,0 mcg 20,0 mcg 60,0 mcg B9 (Ácido fólico) 84,0 mcg 140 mcg 400 mcg B12 (Cianocobalamina) 0,6 mcg 1,0 mcg 5,0 mcg C (Ácido ascórbico) 48 mg 80 mg 100 mg

NECESSIDADES ENERGÉTICAS DIÁRIAS

(kcal não-protêica/kg) Neonatos pré-termo 120- < 6 meses 90- 6-12 meses 80- 1-7 anos 75- 7-12 anos 60-

12 anos 30-

NECESSIDADES DIÁRIAS DE PROTEÍNAS (g/kg) Neonatos 2,5 - 3, Lactentes 2,0 - 2, Crianças 1,5-2, Adolescentes 0,8 - 2,

DOSES DIÁRIAS RECOMENDADAS DE ELETRÓLITO S

Neonatos Lactentes/Crianças Adolescentes Sódio 2-5 mEq/kg 2-6 mEq/kg 50-80 mEq Potássio 1-4 mEq/kg 2-3 mEq/kg 40-60 mEq Cloreto 1-5 mEq/kg 2-5 mEq/kg Cálcio 3-4 mEq/kg 1-2,5 mEq/kg 10-20 mEq Fósforo 1-2 mmol/kg 0,5-1 mmol/kg 10-40 mEq Magnésio 0,3-0,5 mEq/kg 0,3-0,5 mEq/kg 10-30 mEq

NECESSIDADES DIÁRIAS DE LÍQUIDOS

Peso Corpóreo Quantidade < 1.5kg 120- 180 mL/kg 1,5-2,0 kg 120-180 mL/kg 2,5-10 kg 120 mL/kg

10 kg-20kg 1.000 mL para 10 kg / 50 mL / kg para cada kg > 20kg 1.500 mL para 20kg / 20 mL/kg para cada kg >

SOLUÇÕES DE VITAMINAS UTILIZADAS

EM NUTRIÇÃO PARENTERAL

Uso Pediátrico POLIVIT PEDIÁTRICO A Cada ampola de 10 ml contém: Vitamina A 2.300 UI Vitamina D 400 UI Vitamina E 7 UI Vitamina B1 1,2 mg Vitamina B2 1,4 mg Vitamina B3 (Niacinamida) 17,0 mg Vitamina B5 (Ácido pantotênico) 5,0 mg Vitamina B6 1,0 mg Vitamina C 80,0 mg

POLIVIT PEDIÁTRICO B Cada ampola de 5 ml contém: Vitamina B7 (Biotina) 20 mcg Vitamina B9 (Ácido fólico) 140 mcg Vitamina B12 1 mcg NOTA: Ampola B complementa a ampola A

procedimento o mais adequado possível Entre as várias medidas que podem ser adotadas, a mais im- portante é a padronização das soluções nutritivas parenterais. No caso específico das proteínas, por exemplo, a padronização é feita através dos três tipos de solu- ções de aminoácidos disponíveis em nosso meio. As- sim, dispõe-se de soluções de aminoácidos totais (uso genérico), de aminoácidos essenciais com histidina (para pacientes nefropatas) e de aminoácidos de ca-

Figura 1C - Recomendações diárias em micro e macronutrientes em diferentes idades.

7. PADRONIZAÇÃO DOS NUTRIENTES: Melhor Controle nos Gastos

Uma das grandes metas a ser atingida, pelas

Comissões Multidisciplinares de Suporte Nutricional, é assegurar aos pacientes hospitalizados a assistência nutricional adequada, a fim de concentrar esforços na redução da morbidade e mortalidade causadas pela desnutrição e, dessa maneira, melhorar o prognóstico geral desses pacientes° tornando o custo benefício

Nutrição parenteral — princípios gerais, formulários de prescrição e monitorização

deia ramificada (para pacientes hepatopatas). A par- tir desses três tipos de solução de aminoácidos, adici- onam-se hidratos de carbono, eletrólitos, oligoelemen- tos e vitaminas, de acordo com as recomendações di- árias para os pacientes adultos ou pediátricos, preco- nizadas pelas organizações internacionais, que estu- dam as necessidades básicas diárias em micro e ma- cronutrientes Enfim, dois frascos da solução nutritiva parenteral determinada correspondem, aproximada- mente, às necessidades caloriconitrogenadas dos pa- cientes hospitalizados. Além disso, um esquema com- plementar, como, por exemplo, a vitamina K uma ou duas vezes por semana, é seguido para completar as demandas metabólicas desses pacientes. As Figuras lA-lB e 2A-2B correspondem aos formulários, frente e verso, adotados pela Comissão de Nutrição Parenteral do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, para a prescrição de nutrição parenteral, em pacien- tes pediátricos e adultos, respectivamente. Em conclusão, acredita-se que as vantagens de formação da Comissão de Nutrição Parenteral, com a respectiva padronização das soluções nutritivas

parenterais, sejam eficazes por várias razões, entre elas as citadas a seguir:

  1. evita-se o desperdício, por erros de cálculo, das ne- cessidades diárias de cada paciente;
  2. diminui-se a quantidade de manipulações de solu- ções nutritivas parenterais, efetuadas pelo Serviço de Farmácia, que prepara as soluções padronizadas apenas uma vez por dia;
  3. incrementa-se o controle de qualidade dos nutrien- tes administrados;
  4. as soluções nutritivas parenterais padronizadas cor respondem às necessidades metabólicas de quase to dos os pacientes hospitalizados;
  5. controla-se, de maneira mais eficaz, o consumo e, sobretudo, os gastos com suporte nutricional parenteral.
  6. os efeitos colaterais, resultantes do uso inadvertido de nutrientes potencialmente nocivos, como, por exemplo, excesso de potássio, são praticamente abolidos.

Componentes (mL) A1 A2 A3 (Nefropata) A4 (Hepatopata) A5 (Individualizada)* Aminoácidos a 10% 500,0 500,0 - - Aminoácidos essenciais com histidina - - 250,0 - Aminoácidos a 8% (aa CR) - - - 500, Glicose 50% 500,0 250,0 400,0 500, Água bidestilada - 203,0 - - Cloreto de sódio a 20% 10,0 10,0 5,0 3, Cloreto de potássio a 19,1% 4,0 4,0 5,0 10, Sulfato de magnésio a 20% 5,0 5,0 1,0 3, Gluconato de cálcio a 10% 10,0 10,0 10,0 10, Fosfato de potássio 2 mEq/mL 8,0 8,0 5,0 10, Oligoelementos (adulto) 2,0 2,0 2,0 2, Polivitamínico A 10,0 10,0 10,0 10, Polivitamínico B 5,0 5,0 5,0 5, Volume final 1.047,0 1.000,0 688,0 1.047, Validade das soluÁıes: 24 horas

Soluções Padrão - Nutrições Parenterais Adultos

REQUISIÇÃO DE NUTRIÇÃO PARENTERAL ADULTO A1 A2 A3 A4 A

Assinale a formulação prescrita

*** ATENÇÃO:** A requisição de A5 requer autorização da Comissão de Nutrição Parenteral.

Paciente ___________________________________ Registro ______________ Leito ________ Velocidade de infusão ________________________ Total de frascos em 24 hs ______________ Médico Responsável/C.R.M. _____________________________________ Data ____/____/____ Farmacêutico _________________________________________________ Data ____/____/____

Figura 2 A - Formulário de prescrião parenteral para pacientes adultos, internados no HCFMRP-USP, contendo Soluções Nutritivas

Parenterais Padronizadas (frente).

Nutrição parenteral — princípios gerais, formulários de prescrição e monitorização

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DOSES DIÁRIAS RECOMENDADAS DE ELETRÓLITOS Sódio 50 - 200 mEq Potássio 30 - 100 mEq Cloreto 50 - 200 mEq Cálcio 3 - 30 mEq Fósforo 10 - 40 mMol Magnésio 10 - 30 mEq

DOSES DIÁRIAS RECOMENDADAS DE OLIGOELEMENTOS

1 - ZINCO 2,5 a 5,0 mg

2 - COBRE 0,5 a 1,5 mg

3 - CROMO 10 a 15 mcg

4 - MANGANÊS 0,15 a 0,8 mg

DOSES DIÁRIAS RECOMENDADAS DE VITAMINAS SEGUNDO A AMA/FDA

A 3.300 UI

D 200 UI

E 10 UI

B1 (Tiamina) 3 mg

B2 (Riboflavina) 3,6 mg

B3 (Niacina) 40 mg

B5 (Pantotênico) 15 mg

B6 (Piridoxina) 4 mg

B7 (Biotina) 60 mcg

B9 (Ácido fólico) 400 mcg

B12 (Cianocobalamina) 5 mcg

C (Ácido ascórbico) 100 mg

K 5 mg/semana

Figura 2C - Recomendações diárias de micro e macronutrientes para o adulto

MARCHINI JS et al. Parenteral nutrition support - prescription and follow up. Medicina, Ribeirão Preto, 31:

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ABSTRACT: The introduction of total parenteral nutrition support in the therapy of hospitalized patients has necessitated the development of a rig guidelines lo promote coast containment and optimal patient care. It is very kwon nowadays the impact of nutrition support team, which members include one or more physicians, nurses and pharmacists upon this practice, such as, the potential benefits derived from a particular mode of providing specifics parenteral feeding formulations and high performance in the assessment of nutrient intake of the hospitalized patient. The main purpose of this study is to present the Total Parenteral Nutrition Committee of the Clinics Hospital of Ribeirão Preto’s report concerning the specific parenteral feeding formulations to be used in the hospitalized patient.

UNITERMS: Parenteral Nutrition, Total. Formularies. Committee.

Marchini JS et al

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Recebido para publicação em 30/01/

Aprovado para publicação em 25/02/