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Interpretação de textos , Notas de estudo de Literatura

Pedro o Homem da flor

Tipologia: Notas de estudo

2014
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Compartilhado em 22/08/2014

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jeronimo-ferreira-11 🇧🇷

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PEDRO O HOMEM DA FLOR
Se você se enquadra entre aqueles que se dizem boêmios ou, pelo menos, entre aqueles que costumam ir, de vez em quando, a um desses
muitos barezinhos elegantes de Copacabana, é provável que tenha visto alguma vez Pedro o homem da flor. Se, ao contrário, você é de
dormir cedo, então não. Então você nunca viu Pedro o homem da flor porque jamais ele circulou de dia a não ser lá, na sua favela do
Esqueleto.
Quando anoitece, Pedro pega a sua clássica cestinha, enche de flores, cujas hastes teve o cuidado de enrolar em papel prateado, e sai do
barraco rumo a Copacabana, onde fica até alta madrugada, entrando nos bares em todos os bares, porque Pedro conhece todos vendendo
rosas. Quando a cesta fica vazia, Pedro conta a féria e vai comer qualquer coisa no botequim mais próximo. Depois volta para casa como
qualquer funcionário público que tivesse cumprido zelosamente sua tarefa, na repartição a que serve.
Conversei uma vez com Pedro o homem da flor. Já o vinha observando quando era o caso de estar num bar em que ele entrava. Via-o
chegar e dirigir-se às mesas em que havia um casal. Pedia licença e estendia a cesta sobre a mesa. Psicologia aplicada, dirão vocês, pois qual o
homem que se nega a oferecer uma flor à moça que o acompanha, quando se lhe apresenta a oportunidade? Sim, talvez Pedro seja um bom
psicólogo, mas, mais do que isso, é um romântico. Quando o homem mete a mão no bolso e pergunta quanto custa a flor, depois de ofertá-la à
companheira, Pedro responde com um sorriso:
Dá o que o senhor quiser, moço. Flor não tem preço.
Como eu ia dizendo, conversei uma vez com Pedro e, desse dia em diante, temos conversado muitas vezes. Ele sabe de coisas. Sabe, por
exemplo, que a rosa branca encanta as mulheres morenas, enquanto que as louras, invariavelmente, preferem rosas vermelhas. Fiel às suas
observações, é incapaz de oferecer rosas brancas às mulheres louras, ou vice-versa. Se entra num bar e as flores de sua cesta são todas de uma só
cor, não coincidindo com o gosto comum às mulheres presentes, nem chega a oferecer sua mercadoria. Vira as costas e sai em demanda de outro
bar, onde estejam mulheres louras, ou morenas, se for o caso.
O pequeno buquê de violetas quando as há é carinhosamente arrumado pelas suas mãos grossas de operário, assim como também as
hastes prateadas das rosas. Saibam todos os que se fizeram fregueses de Pedro o homem da flor que aquele papel prateado artisticamente
preso na haste das rosas e que tanto encanta as moças foi antes um prosaico papel de maços de cigarros vazios, que o próprio Pedro recolheu por
aí, nas suas andanças pela madrugada.
Sei que Pedro ama a sua profissão, tira dela o seu sustento, mas acima de tudo esforça-se por dignificá-la. Não vê que seria um mero
mercador de flores! Lembro-me da vez em que, entrando pelo escuro do bar, trouxe nas mãos a última rosa branca para a moça morena que bebia
calada entre dois homens. Quando os três levantaram a cabeça ante a sua presença, pudemos notar eu, ele e as demais pessoas presentes que a
moça era linda, de uma beleza comovente, suave, mas impressionante. Pedro estendeu-lhe a rosa sem dizer uma palavra e, quando um dos
rapazes quis pagar-lhe, respondeu que absolutamente não era nada. Dava-se por muito feliz por ter tido a oportunidade de oferecer aquela flor à
moça que ali estava. E sem ousar olhar novamente para ela, disse:
Mais flores daria se mais flores eu tivesse!
Assim é Pedro o homem da flor. Discreto, sorridente e amável, mesmo na sua pobreza. Vende flores quase sempre e oferece flores
quando se emociona. Foi o que aconteceu na noite em que, mal chegado a Copacabana, viu o povo que rodeava o corpo do homem morto, vítima
de um mal súbito. Só depois é que se soube que Pedro o conhecia do tempo em que era porteiro de um bar no Lido. Na hora não. Na hora
ninguém compreendeu, embora todos se comovessem com seu gesto, ali abaixado a colocar todas as suas flores sobre as mãos do homem morto.
Pois foi o que Pedro fez, voltando em seguida para a sua favela do Esqueleto.
Naquela noite não trabalhou.
1. A personagem Pedro vendia flores em
a) bares de Copacabana.
b) favelas no Esqueleto.
c) portarias no Lido.
d) repartições públicas.
2. No segundo parágrafo, o narrador relata o sucesso da
venda de flores quando Pedro
a) enrola as hastes em papel prateado.
b) enrola as hastes das flores e sai.
c) entra nos bares e fica até de madrugada na rua.
d) conta o dinheiro e vai comer.
3. O fato que origina a crônica é a observação do narrador
sobre
a) o comportamento do vendedor.
b) a disposição das mesas do bar.
c) o mistério das mulheres.
d) a organização das flores no cesto.
4. O narrador apresenta a fala do personagem na seguinte
passagem:
a) ―Conversei uma vez com Pedro – o homem da flor‖
b) ―Sim, talvez seja um bom psicólogo‖.
c) ―– Mais flores daria se mais flores tivessem‖
d) ―Assim é Pedro – o homem da flor‖.
5. Do trecho ― Naquela noite não trabalhou‖, pode-se deduzir
que a personagem
a) Deixara todas as suas flores no chão
b) Era uma pessoa cheia de amargura
c) Estava cansado de vender flores
d) Ficara triste com a morte do colega
6. O narrador conta a trajetória profissional de seu
personagem com
a) Hostilidade e arrogância
b) Tristeza e arrependimento
c) Espanto e simpatia
d) Ironia e desprezo
7. Qual é o foco da narrativa? Narrador
em..____________________________________________
8. O que é possível saber do tempo nessa
narrativa?_____________________________________
9. De que forma o narrador fala com você
leitor?_______________________________________
10. De que forma é possível saber que o operário era
trabalhador braçal?_____________________
11. De quem era um corpo estendido no
chão?_________________________________________
Discount

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PEDRO – O HOMEM DA FLOR

Se você se enquadra entre aqueles que se dizem boêmios ou, pelo menos, entre aqueles que costumam ir, de vez em quando, a um desses muitos barezinhos elegantes de Copacabana, é provável que já tenha visto alguma vez Pedro – o homem da flor. Se, ao contrário, você é de dormir cedo, então não. Então você nunca viu Pedro – o homem da flor – porque jamais ele circulou de dia a não ser lá, na sua favela do Esqueleto. Quando anoitece, Pedro pega a sua clássica cestinha, enche de flores, cujas hastes teve o cuidado de enrolar em papel prateado, e sai do barraco rumo a Copacabana, onde fica até alta madrugada, entrando nos bares – em todos os bares, porque Pedro conhece todos – vendendo rosas. Quando a cesta fica vazia, Pedro conta a féria e vai comer qualquer coisa no botequim mais próximo. Depois volta para casa como qualquer funcionário público que tivesse cumprido zelosamente sua tarefa, na repartição a que serve. Conversei uma vez com Pedro – o homem da flor. Já o vinha observando quando era o caso de estar num bar em que ele entrava. Via-o chegar e dirigir-se às mesas em que havia um casal. Pedia licença e estendia a cesta sobre a mesa. Psicologia aplicada, dirão vocês, pois qual o homem que se nega a oferecer uma flor à moça que o acompanha, quando se lhe apresenta a oportunidade? Sim, talvez Pedro seja um bom psicólogo, mas, mais do que isso, é um romântico. Quando o homem mete a mão no bolso e pergunta quanto custa a flor, depois de ofertá-la à companheira, Pedro responde com um sorriso: — Dá o que o senhor quiser, moço. Flor não tem preço. Como eu ia dizendo, conversei uma vez com Pedro e, desse dia em diante, temos conversado muitas vezes. Ele sabe de coisas. Sabe, por exemplo, que a rosa branca encanta as mulheres morenas, enquanto que as louras, invariavelmente, preferem rosas vermelhas. Fiel às suas observações, é incapaz de oferecer rosas brancas às mulheres louras, ou vice-versa. Se entra num bar e as flores de sua cesta são todas de uma só cor, não coincidindo com o gosto comum às mulheres presentes, nem chega a oferecer sua mercadoria. Vira as costas e sai em demanda de outro bar, onde estejam mulheres louras, ou morenas, se for o caso. O pequeno buquê de violetas – quando as há – é carinhosamente arrumado pelas suas mãos grossas de operário, assim como também as hastes prateadas das rosas. Saibam todos os que se fizeram fregueses de Pedro – o homem da flor – que aquele papel prateado artisticamente preso na haste das rosas e que tanto encanta as moças foi antes um prosaico papel de maços de cigarros vazios, que o próprio Pedro recolheu por aí, nas suas andanças pela madrugada. Sei que Pedro ama a sua profissão, tira dela o seu sustento, mas acima de tudo esforça-se por dignificá-la. Não vê que seria um mero mercador de flores! Lembro-me da vez em que, entrando pelo escuro do bar, trouxe nas mãos a última rosa branca para a moça morena que bebia calada entre dois homens. Quando os três levantaram a cabeça ante a sua presença, pudemos notar – eu, ele e as demais pessoas presentes – que a moça era linda, de uma beleza comovente, suave, mas impressionante. Pedro estendeu-lhe a rosa sem dizer uma palavra e, quando um dos rapazes quis pagar-lhe, respondeu que absolutamente não era nada. Dava-se por muito feliz por ter tido a oportunidade de oferecer aquela flor à moça que ali estava. E sem ousar olhar novamente para ela, disse:

  • Mais flores daria se mais flores eu tivesse! Assim é Pedro – o homem da flor. Discreto, sorridente e amável, mesmo na sua pobreza. Vende flores quase sempre e oferece flores quando se emociona. Foi o que aconteceu na noite em que, mal chegado a Copacabana, viu o povo que rodeava o corpo do homem morto, vítima de um mal súbito. Só depois é que se soube que Pedro o conhecia do tempo em que era porteiro de um bar no Lido. Na hora não. Na hora ninguém compreendeu, embora todos se comovessem com seu gesto, ali abaixado a colocar todas as suas flores sobre as mãos do homem morto. Pois foi o que Pedro fez, voltando em seguida para a sua favela do Esqueleto. Naquela noite não trabalhou. 1. A personagem Pedro vendia flores em a) bares de Copacabana. b) favelas no Esqueleto. c) portarias no Lido. d) repartições públicas. 2. No segundo parágrafo, o narrador relata o sucesso da venda de flores quando Pedro a) enrola as hastes em papel prateado. b) enrola as hastes das flores e sai. c) entra nos bares e fica até de madrugada na rua. d) conta o dinheiro e vai comer. 3. O fato que origina a crônica é a observação do narrador sobre a) o comportamento do vendedor. b) a disposição das mesas do bar. c) o mistério das mulheres. d) a organização das flores no cesto. 4. O narrador apresenta a fala do personagem na seguinte passagem:

a) ―Conversei uma vez com Pedro – o homem da flor‖ b) ―Sim, talvez seja um bom psicólogo‖. c) ―– Mais flores daria se mais flores tivessem‖ d) ―Assim é Pedro – o homem da flor‖.

5. Do trecho ― Naquela noite não trabalhou‖, pode-se deduzir que a personagem a) Deixara todas as suas flores no chão b) Era uma pessoa cheia de amargura c) Estava cansado de vender flores d) Ficara triste com a morte do colega 6. O narrador conta a trajetória profissional de seu personagem com a) Hostilidade e arrogância b) Tristeza e arrependimento c) Espanto e simpatia d) Ironia e desprezo

7. Qual é o foco da narrativa? Narrador

em..____________________________________________

8. O que é possível saber do tempo nessa

narrativa?_____________________________________

9. De que forma o narrador fala com você

leitor?_______________________________________

10. De que forma é possível saber que o operário era

trabalhador braçal?_____________________

11. De quem era um corpo estendido no

chão?_________________________________________