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Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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(paisagem, sociedade e ambiente) 1
As questões ambientais e seus problemas têm acompanhado, em diferentes períodos históricos, diversas sociedades que possuem por sua cultura percepções próprias da nature- za. Esse fato traz à ciência um rico campo de estudos e pesquisas, para avaliar as percepções e os efeitos da ação humana sobre o ambiente natural, social e cultural.
Rodaway (1995) citado por Hoeffel (2007) caracteriza percepção como um processo, uma atividade que envolve organismo e ambiente, e que é influenciada pelos órgãos dos sentidos – percepção como sensação –, e por concepções mentais – percepção como cogni- ção. Dessa forma, ideias sobre o ambiente envolvem tanto respostas e reações a impressões, estímulos e sentimentos, mediados pelos sentidos, quanto processos mentais relacionados com experiências individuais, associações conceituais e condicionamentos culturais.
As pessoas constroem sistemas para manejar o mundo, ou seja, formulam hipóteses segundo a sua experiência e predizem assim o futuro de acordo com estas hipóteses. Tais construções mentais variam segundo as pessoas, que somente reagem aos estímulos que são capazes de imaginar como atuantes, que, por sua vez, formam parte do espaço construído e do espaço percebido.
Além disso, a atividade perceptiva enriquece continuamente a experiência individual e por meio dela nos apegamos, cada vez mais, ao lugar e à sua paisagem, pois quando o espaço nos é familiar torna-se lugar. De acordo com Leite (1994), a percepção do tempo, do espaço e da natureza muda com a evolução cultural, o que exige a procura de novas formas de organização do território que melhor expressem o universo contemporâneo, formas que capturem o conhecimento, as crenças, os propósitos e os valores da sociedade.
É a partir da percepção do ambiente pelo ser humano que se pretende identificar como homens e mulheres veem e classificam seus ambientes, como se colocam nos ambientes que criam, e que referências usam para escolher tais ambientes. Nossa mente organiza e repre- senta essa realidade percebida por meio de esquemas perceptivos e imagens mentais, com atributos específicos (DEL RIO e OLIVEIRA, 1999) e que servem para avaliar a qualidade dos ambientes (PILOTTO, 2003). Uma imagem é uma representação internalizada do ambiente, por meio da experiência, e incorpora ideais, isto é, a avaliação da qualidade ambiental traz a organização do meio ambiente como o resultado da aplicação de conjuntos de regras que refletem de diferentes concepções de qualidade ambiental (OJEDA, 1995). Além disso, é pela percepção que o ser humano estrutura sua representação cognitiva do ambiente.
De acordo com Del Rio e Oliveira (1999) a percepção consiste em trocas funcionais do indivíduo com o meio exterior, as quais têm dois aspectos: cognitivo e o afetivo. O primeiro ocorre paralelamente, quando o indivíduo conhece o mundo exterior e começa a ter senti- mentos em relação a ele e o segundo é a energia do sistema. Para Ojeda (1995) é cada vez mais necessário considerar os costumes cognitivos com a finalidade de entender a manei- ra pela qual o meio ambiente é conhecido e estruturado pelos indivíduos e pela socieda- de. As pessoas, como organismos ativos, adaptativos e procuradores de objetivos ou fins,
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da paisagem evidencia-se quando fragmentos da realidade são retidos para a observação atenta, permitindo a qualificação do ambiente e sua interpretação (PELLEGRINO, 1996).
Portanto, é do ponto de vista da percepção, da forma como o ser humano percebe e interage com o meio ambiente, em função de influências históricas e culturais, que se pode avaliar as necessidades e anseios da população e fornecer aos órgãos dirigentes orientações mais adequadas para as decisões em nível político, socioeconômico e de desenvolvimento, seja rural, urbano ou regional.
A paisagem é uma unidade heterogênea, composta por um complexo de unidades in- terativas (ecossistemas, unidades de vegetação ou de uso e ocupação das terras), cuja estru- tura pode ser definida pela área, forma e disposição espacial (por exemplo, uma paisagem urbana de uma pequena cidade e de uma grande cidade) desta unidade. A estrutura da paisagem interfere na dinâmica de populações, em suas culturas e representações sociais e também as formas de como se deslocam e relacionam.
O renomado geógrafo Milton Santos (1985, p. 61), define que a paisagem é “tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movi- mentos, odores, sons etc.”.
Ainda o mesmo autor discorre que a dimensão da paisagem vai até onde as pessoas conseguem perceber com seus ouvidos, seu cheiro, sua visão, e sensações, sendo, portanto, até onde as sensações conseguem chegar e desenhar os limites da paisagem. Assim, a com- preensão cognitiva possui relevância na formatação e definição dos limites da paisagem e o que é a paisagem para o indivíduo conforme sua percepção. Desta forma, a história de vida das pessoas, que são em grande parte formatadas pelos processos educativos, formais e informais podem e devem gerar heterogeneidade entre si sob a visão para o mesmo fato.
Uma pessoa que mora no campo desde pequena e sua paisagem é diversificada com la- vouras agrícolas, florestas, rios e outras pessoas também morando no campo e se relacionan- do tanto em atividades de produção agrícola como de lazer, tem uma percepção diferente de outra pessoa que mora na cidade desde pequena e tem a paisagem urbana como referen- cial. Se pedirmos para a pessoa do campo andar pelo ambiente urbano e descrever as suas percepções, ela vai apontar situações diferentes da pessoa que vive na cidade. Da mesma forma, o contrário é verdadeiro. Talvez essa pessoa da cidade que observa o campo não verá detalhes que o morador do campo verá como, por exemplo, uma revoada de andorinhas, uma árvore frutífera em flores e que logo dará frutos, um pequeno riacho ou nascente etc.
A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. A realidade é uma só, mas as pessoas de acordo com sua formação, ou seja, seu aprendizado na sua história de vida, enxergam uma paisagem de diferentes formas.
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Inúmeros estudos e pesquisas sobre percepção ambiental revelam que as sociedades estão compreendendo menos o meio ambiente, enquanto interação complexa de configura- ções sociais, biofísicas, políticas, filosóficas e culturais. Neste sentido, conforme destacado por Milton Santos (1985) existem múltiplas maneiras de representar o meio ambiente na paisagem, e suas percepções, quando muito pequenas ou superficiais sobre algum fator que ali ocorre ou mesmo o conjunto de fatores, podem gerar conflitos entre grupos sociais com interesses e visões de mundo distintos.
A percepção ambiental da paisagem pelas sociedades tem tido grande importância como estratégia de conservação e recuperação ambiental.
Hoeffel (2008), mencionando Hannigan (2006), aponta que o meio ambiente é um lugar de interfaces e competição entre diferentes atores sociais e culturais. Segundo este autor, o que está em disputa são os espaços naturais gerando graves ameaças ambientais, podendo comprometer as suas dinâmicas. Ocorre uma prioridade de uma questão sobre a outra e as formas adequadas para melhor gerir a paisagem estão vinculadas aos tomadores de deci- sões, que de maneira geral são os legisladores e representantes do poder executivo, em se conscientizarem sobre a diversidade de uma paisagem, além de realmente se responsabili- zarem pela implementação de soluções de interesses coletivos.
Em uma sociedade que enfrenta dificuldades nos processos de formação e educação, a construção cognitiva crítica de uma percepção ambiental será de grande importância para bus- car o equilíbrio nas nações. Ressalta-se que a construção cognitiva crítica deve respeitar todas as diversidades culturais, sabendo que o que unifica as sociedades mesmo com percepções diferen- tes das paisagens é o interesse difuso da melhoria da qualidade de vida do coletivo.
Percepção é o ato de conhecer, pela inteligência ou entendimento, independentemente dos sentidos. No caso da percepção ambiental, é conhecer e ter preocupação com os proble- mas ambientais (DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 2016).
Processos perceptivos devem estar sempre inseridos dentro de processos participativos e educadores para não se tornarem meros diagnósticos que têm apenas o objetivo de facilitar a gestão centralizada dos dirigentes a partir do fornecimento passivo de dados sobre os ato- res socioambientais envolvidos. Educar e participar para uma maior percepção ambiental da paisagem tem sido um desafio mundial.
Por um lado, está ocorrendo uma verdadeira alienação de sensibilidades e percepções ambientais e culturais por conta das facilidades tecnológicas, e, por outro, com a crescente crise ambiental, há a necessidade do envolvimento de diferentes atores viventes na paisa- gem a participarem e colaborarem com a resolução dos problemas socioambientais.
O que se percebe é que não tem sido uma tarefa fácil para as diferentes partes da so- ciedade e que as pesquisas e projetos nessa área têm sido fundamentais para tornar essas experiências cada vez mais adequadas às características ambientais e sociais específicas de cada paisagem.
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naturais estão escassos como, por exemplo, a água, evidenciada por inúmeras crises hídricas de abastecimento pública e em todas as regiões do Brasil.
A educação ambiental parte de princípios que se amarram a fins. Um deles é a for- mação para a cidadania, ou seja, para a participação ativa na sociedade (FREIRE, 1979). A educação para a participação é condição permanentemente conquistada por meio da consciência crítica, que implica ação-reflexão sobre a realidade, baseada em referências éticas e sociais que promovam mais vida em suas diversas dimensões. Neste sentido, a educação ambiental compreende o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, todos que estão no mesmo espaço e na paisagem, vivenciando suas realidades sociais, econômicas, culturais, políticas e ecológicas.
Uma questão importante é que, ao lidar com pessoas, os processos formativos devem contar com uma equipe interdisciplinar buscando contemplar profissionais tanto das áreas ambientais quanto humanas, visando assim à integração dos saberes biofísicos com os sabe- res socioculturais, o que é de extrema relevância para a construção de processos cognitivos de percepção ambiental de forma complexa e profunda.
O enfoque da percepção ambiental da paisagem é uma ótima oportunidade dos edu- cadores se aprofundarem no tipo de bioma que ali ocorre, por exemplo, se é uma região de Cerrado ou Mata Atlântica, quais são as espécies que vivem por ali, quais os rios que estão presentes, qual a história do lugar e das pessoas que por ali moram ou passam etc.
Desta forma, é possível correlacionar todo um conhecimento presente em uma paisagem e trazer para o dia a dia das pessoas de maneira educativa no sentido de sensibilizar e conscien- tizar sobre a importância da diversidade biológica e cultural para a qualidade de vida das pes- soas, seja na oferta de água, alimento, equilíbrio climático, lazer, espiritualidade etc.
Segundo Milton Santos (1985), o primeiro passo a ser quebrado é a concepção de “espa- ço físico banalizado como mera concreção pragmática, algo sem alma e sem história, restrito à unidade de medida física geometricamente definível, quando se sabe que os espaços con- tam a história da civilização humana, são objetos informativos e formativos extrapolando a mera materialidade”. A paisagem é percebida pela apreensão da sua relação com a so- ciedade por meio das categorias analíticas: forma, função, processo e estrutura, sendo elas socioambientais, históricas e culturais.
Esta percepção ambiental da paisagem teve ter o planejamento e a gestão ambiental de maneira participativa, nos quais os diferentes grupos da sociedade se envolvem para o planejamento das ações na paisagem. Neste sentido, a educação ambiental emerge como instrumento de efetivação do resgate de saberes e construção de novas perspectivas de me- lhoria da qualidade de vida do presente e futuro.
A educação ambiental que se deseja no fomento do planejamento e gestão participativa, seja em diversas escalas como em seu bairro, sua escola, seu município, estado ou nação, deve promover o entendimento, por meio da sensibilização socioambiental, de que nas pai- sagens e espaços existe a diversidade e é deveras importante o respeito às diferentes formas de pensamento, sabendo das complexidades das comunidades que são entrelaçadas em suas culturas, por meio de um pensamento amplo e interdisciplinar.
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As teorias de análise da paisagem e percepção do meio ambiente e seus recursos de aplicação (PIPPI, 2008)
Baseados em teorias de análise visual e percepção do meio ambiente, vamos buscar os recursos mais adequados para a representação da paisa- gem, como forma de registro para posterior análise e compreensão. Dessa forma estaremos garantindo que cada ambiente tenha suas características levantadas e analisadas, servindo como base para propostas de projeto e planejamento estratégico.
No que concerne ao urbanismo, em documentos do plano diretor, pla- nejamento urbano ou projetos de revitalização urbanística, o diagnóstico da paisagem deve ser um instrumento de ajuda para a intervenção e pla- nejamento do território, fornecendo bases concretas para justificar suas funções e negociar as intervenções das diversas partes envolvidas. Esse diagnóstico da paisagem e do espaço urbano como um conjunto consiste em evidenciar suas principais características, seus pontos fortes e seus desequilíbrios. Trata-se de conhecer o potencial paisagístico do território e compreender seu funcionamento.
Felippe (2003) demonstrou um método de análise da paisagem para ela- boração de plano diretor dividido nas etapas de conhecer, compreender, avaliar e propor. Conhecer a paisagem significa restituir a cidade em sua paisagem natural, identificar suas características fundamentais, caracteri- zar o conjunto do território da cidade e identificar as unidades paisagís- ticas. A interação entre os enfoques subjetivos e objetivos, complemen- tados pelo estudo da evolução da paisagem, permite a identificação de unidades paisagísticas distintas no território de uma determinada região. Compreender o funcionamento de cada unidade paisagística de maneira objetiva e subjetiva, em que a caracterização das paisagens (ou unidades paisagísticas) pode ser feita por texto escrito, fotos e croquis, permitindo estudar a necessidade de conscientização da sociedade em relação à apa- rição de componentes a serem preservados, revitalizados ou mesmo eli- minados. Avaliar é colocar em evidência os fatores de evolução da paisa- gem e identificar os pontos fortes e fracos. Propor é identificar os bairros, ruas, monumentos, sítios e setores a serem protegidos ou valorizados
Ampliando seus conhecimentos
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dessas análises é possível identificar as áreas mais significativas da paisa- gem, bem como as áreas mais sensíveis, visando estabelecer todas as dire- trizes ambientais e paisagísticas para o planejamento urbano (PIPPI, 2004).
A partir do diagnóstico paisagístico e da proposta de planejamento ou intervenção, uma série de objetivos são traçados, identificados e repre- sentados por plantas ou mapas de zoneamentos com espaços definidos: a manter, a urbanizar ou a requalificar, por exemplo, determinando as orientações principais por tipos de espaço e localização.
A proposta também deve ser explicitada com relatório de apresentação (texto) contendo a descrição e a análise da estrutura paisagística da cidade (do espaço, do ambiente), englobando os espaços naturais e os construídos.
Atividades
1. Esta atividade de percepção ambiental se chama mapa mental e envolverá as três partes desta aula. Para começar é necessário escolher o tema principal no centro de uma folha grande. O tema pode ser, por exemplo, arborização urbana, saneamento básico, paisagem rural etc. - Elaboração de ramos e representações da paisagem
Depois de definir o elemento principal você puxa elementos que se ligam direta- mente com ele através de perguntas norteadoras (A cidade coleta esgoto? Onde? Como é feito o tratamento?) sobre o tema, e cria os ramos principais do seu mapa mental. Depois de criar um ramo principal, você liga outro ramo a ele, que se torna o subtópico do ramo principal e com isso você vai aprofundando cada vez mais sua percepção. Nos ramos é sugerido que se faça desenho também e utilize diferentes cores para fazer representações.
Como apoio, é interessante que se tenha materiais diversos de desenhos como, por exemplo, papeis de diferentes tamanhos e cores e lápis de cor ou giz de cera, além de ou- tros objetos que possam ser representativos da percepção ambiental dos participantes.
Referências
CARVALHO, J. S. Educação cidadã a distância : Uma perspectiva emancipatória a partir de Paulo Freire. 2015. 211 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: <teses.usp.br/teses/disponiveis/48/...11052015.../JACIARA_ CARVALHO_rev.pdf>. Acesso em: 15 out. 2016.