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O presente artigo trabalha de forma teórica a cultura regional, relacionada à Revolução Constitucionalista de 1932, e também, em menor grau, as teorias culturais. Discute ainda os movimentos culturais ocidentais e suas influências na sociedade. Com isso tentará identificar as alterações causadas pelos tais movimentos na sociedade brasileira e na percepção dos indivíduos de si mesmos e de sua história. Olhando para a Revolução Constitucionalista de 1932, sob o olhar da história cultural, é
Tipologia: Teses (TCC)
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Um estudo sobre cultura e tradição a partir da Revolução de 1932 Itu 2018
Um estudo sobre cultura e tradição a partir da Revolução de 1932 Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em História, pelo Curso de Educação do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP Orientador: Prof. Me. Luis Roberto de Francisco Itu 2018
Este Artigo trata de uma análise de tema relacionado à cultura em conceito amplo, e em menor grau à cultura regional, na pós-modernidade, que tem como objeto de pesquisa a Revolução Constitucionalista de 1932 como movimento não somente político, mas também relacionado à memória, bem como espelho de uma tradição que, há muito, acompanha a história brasileira e paulista. A Revolução de 1932 foi aqui escolhida pois está localizada em um período do tempo recente, cujo processo de transformação em tradição está localizado na transição entre a Modernidade e a Pós-Modernidade, sendo então o objeto perfeito para tal estudo. Como fonte de memória e tradição era de se esperar manifestações culturais e traços da Revolução Constitucionalista em nosso tempo, porém, não é isto que vemos, mas ao contrário, é o total esquecimento do ocorrido, devido a diversos fatores, entre eles políticos e estruturais (na sociedade), os quais trataremos aqui somente do segundo. Seja pelo racionalismo modernista e as utopias do século passado, ou pelo niilismo e suas consequências nas teorias posteriores, que de formas diversas, influenciam a sociedade em seu modo de pensar e, portanto, viver, a visão do homem sobre si pode ser afetada, assim como sua própria história, seu passado e o seu ser, podendo portanto influenciar no esquecimento ou na desvalorização de certos aspectos socias^1. A desvalorização, e até um certo desprestígio, supostamente pode acontecer a partir da visão pós-moderna para com as questões morais, éticas e culturais, extremamente simplificadas pela natureza de oposição que o pós- modernismo faz em relação à modernidade. Porém, esta extrema simplificação pode, muitas vezes, fomentar várias consequências terríveis, pois mexe na (^1) Para observar as influências do racionalismo modernista na sociedade, ler ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 201 2.
estrutura em que se mantém a sociedade sem o temor do que isto poderia acarretar.^2 Tratando-se especificamente de cultura e tradição qualquer alteração ou modificação imposta pode significar a destruição completa da identidade de um povo, pois, o mesmo passará a enxergar a si mesmo e sua história a partir de simplificações relativas, deixando de lado a influência que a própria história, ligada ao seu passado, gera na concepção, construção e autodeterminação da sociedade, como os aspectos de virtude e lições geradas a partir da tradição, pois assim como escreveu Gilbert Chesterton em seu livro “Ortodoxia”: “A tradição pode ser definida como uma extensão do direito do voto, pois significa, apenas, que concedemos o voto às mais obscuras de todas as classes, ou seja, a dos nossos antepassados” (G.K. Chesterton,1908), considera-se então que o passado se faz presente na nossa própria existência e concepção e afeta diretamente o nosso presente. 2 OBJETIVOS Compreender o porquê do esquecimento das tradições e memórias, aqui materializadas pela Revolução Constitucionalista, sob o olhar das teorias culturais, para assim entender os efeitos das mudanças de mentalidade sobre a sociedade, e como podem afetar a percepção humana de sua cultura e da história. 2 .1 ESPECÍFICOS
noção de que o próprio homem seria dono da história e da natureza, colocando sobre si o poder de modificar o mundo e, segundo a razão, consertar o que estava de errado no todo(McAllister, 2017, p.203). “O conhecimento, sustentáculo desse conjunto de ideias, parece ser capaz de transformar os homens e, em seguida, o mundo. Conhecimento traz poder, e um homem com poder é um criador – voltemos a Eva. O homem- criador tentará consertar o que está errado, transformar o mundo maleável em uma morada adequada e acabar para sempre com a ansiedade da alienação.” Segundo Voegelin, a substituição de Deus pela razão colocava novos dilemas, como por exemplo, de onde viriam os conceitos morais e éticos se não da religião? E assim foi que Voltaire, filósofo iluminista, iniciou seu trabalho para construir novas noções éticas a partir da dita razão (McAllister, 2017, p. 188 ) “A nova religião mundana de Voltaire necessitava que a ética – social e pessoal – fosse definida de acordode acordo com a razão imanente (oposta ao nous platônico). Enquanto as noções platônico-cristãs de ética brotavam da alma bem ordenada, Voltaire era incapaz de conceber a virtude em um sentido pessoal, mas apenas em relação a “aquilo que é útil à sociedade”. Tendo definido então que o correto e o bom seriam definidos por uma espécie de utilitarismo, tem-se início uma espécie de “subjetificação” ética que levaria a modernidade para caminhos ideológicos, onde o que é “bom” e ético serviria de acordo com o que dizem as ideologias (McAllister, 2017, p.190) “a “identificação do bom com o socialmente útil prenuncia a bondade compulsória do planejador social, bem como a ideia de justiça revolucionária, com sua noção de que o certo é aquilo que serve ao proletariado, à nação ou à raça escolhida”. Reduz-se utilidade social aos bens materiais e confortos que a ciência especializou-se em fornecer. Assim definido, o bom coloca uma exagerada ênfase no avanço tecnológico – uma característica comum a todas as ideologias: marxismo, nacional-socialismo e progressismo liberal.” Neste contexto, onde as ideologias políticas teriam o controle do homem por meio de uma natureza submissa ao racionalismo, McAllister ,a partir de Voegelin, trata de nomear os frutos ideológicos dessa nova era de “Religiões Políticas”, onde ocorrera uma substituição de conceitos que antes eram ligados ao ethos da religião para as novas ideologias: (McAllister, 2017, p.191)
“A natureza humana assim entendida dá ao cientista os meios de uma sociedade virtuosa; virtude e uma sociedade moral tornam-se possíveis porque a natureza humana forneceu os meios para que o legislador crie harmonia. Ordem, felicidade e virtude são impostas pelo concessor do equivalente imanente da graça, “o legislador-analista”.” O resultado dialético da modernidade veio gerar o que Leo Strauss apud McAllister (2017), chamou de “ crise da modernidade”, onde o homem moderno não mais tem a noção do que é bom, do que é correto, do que é justo, pois seus significados foram destituídos e substituídos pelas ideologias, o que levou, também segundo Strauss, aos inevitáveis processos históricos do século XX (McAllister, 2017, p 205) “ “A crise da modernidade”, escreveu Strauss, “manifesta-se ou consiste no fato de que o homem ocidental moderno não sabe mais o que quer – de que ele não mais acredita que pode saber o que é bom e ruim , o que é certo e errado”. A desorientação que caracteriza o fim do século XIX e o século XX é o “fim” ou a conclusão lógica da modernidade. Dentro do ambiente do modernismo duas correntes teóricas vão marcar profundamente o debate acadêmico, são elas o Positivismo e o Historicismo, onde o primeiro, segundo McAllister (2017), se caracterizava pela “busca por conhecimento objetivo e indubitável”, e o segundo tinha como base a “natureza histórica do conhecimento”, e de forma teórica esta última pôs “em dúvida a possibilidade do projeto que ocupava o primeiro grupo”, sendo ambos, obviamente, conflitantes por conta disso (McAllister, 2017, p. 206 ). O Historicismo, dentro da visão de Strauss, trazia dentro de si “sementes” do niilismo e do relativismo, vindo então como resposta à modernidade e ao racionalismo, representando também para Strauss um perigo. (McAllister, 2017, p.
“Assim como Voegelin, Strauss detectou um perigo na rigidez ideológica do primeiro grupo, e possivelmente certa responsabilidade pelas guerras ideológicas do século XX. Mas o perigo representado pelo niilismo dos historicistas era mais significativo.” O resultado desse historicismo representaria então mais um ataque à natureza humana, pois o “desenvolvimento de uma consciência histórica, que ocorreu em detrimento da “natureza”, tornou problemáticas todas as bases morais (e assim políticas) e epistemológicas da civilização ocidental.”, o que levaria o
Mas o que a pós-modernidade traz de “novidade”? Harvey faz uma espécie de ligação com Nietzsche ao elencar o ceticismo em relação ao racionalismo modernista, que dera base para Lyotard e Foucault em suas empreitadas estruturalistas, contrárias aos conceitos de metalinguagem, ao qual Harvey justifica como a forma pós-moderna de lidar com as “verdades eternas e universais”, e, complementando sob o olhar pós-moderno com “se é que existem” (David Harvey, 1993, p. 49). É no conceito de Verdade que o pós-modernismo avança, ou melhor, no combate ao tal conceito, mas por que? Voltemos a Nietzsche. Kimball, na introdução de seu livro, põe Nietzsche como a base do pós-modernismo, argumentando que a inversão da Verdade, tida desde Platão como uma qualidade, teve seu significado e seus valores questionados: (Kimball, 2016, p.14) “Invertendo a doutrina platônico-cristã que vinculava a verdade ao bom e ao belo, ele declarou que a verdade era “feia”. Suspeitando que “a vontade da verdade poderia constituir uma dissimulada vontade de morte”, Nietzsche audaciosamente insistiu que “o valor da verdade precisava ser definitivamente questionado”.” Ao citar Richard Rorty, filósofo pós-moderno, que coloca Nietzsche como o responsável pelo abandono da Verdade, Kimball conclui seu argumento de que realmente estamos vendo o niilismo como força principal desse novo movimento cultural. Partindo para o estruturalismo e para as teorias de desconstrução, ambas pós-modernas, e, portanto, influenciadas por Nietzsche, especialmente ao se tratar se estruturas de poder, vamos chegando a discussão central deste artigo, que pode ser resumida em: Como o pós-modernismo afeta a cultura e a memória? O pós-estruturalismo e as teorias de desconstrução têm papel central entre os acadêmicos pós-modernos, que ao questionarem os sentidos e a Verdade que podem conter na filosofia, trazem consigo resultados danosos para a cultura, afinal, as noções como de negação da metalinguagem, e as ideias de negação da Verdade e Valor contribuem para a desvalorização do passado, da memória, da cultura e da tradição, como será dito posteriormente.
Se, como apresentado anteriormente, não existem valores, não existe Verdade, não existe moral ou, até como dizem as teorias de Foucault, que a Verdade seria um instrumento de poder, por que deveríamos ligar para tais coisas? Por que deveríamos nos preocupar em aprender a história, conservar a memória cuidar da cultura? Considera-se muito o que Kimball brilhantemente disse ao se referir ao resultado da condenação da Verdade, pois “é minando a ideia de verdade que o desconstrucionista também consegue minar a ideia de valor, incluídos aí os valores sociais, morais e políticos estabelecidos” (Kimball, 2016, p. 22). O resultado fatal do radicalismo pós-moderno é, em última instância, a completa destruição de nossas tradições. Retornemos a Gilbert Chesterton e sua bela constatação sobre a tradição em “Ortodoxia”: “A tradição pode ser definida como uma extensão do direito do voto, pois significa, apenas, que concedemos o voto às mais obscuras de todas as classes, ou seja, a dos nossos antepassados” (G.K. Chesterton,1908). Não estaríamos então retirando de nossos antepassados este direito ao desvalorizar a tradição, os valores e a cultura? Aqui introduzo a Revolução Constitucionalista, movimento político e, de certo grau, social, que se encontra completamente esquecido, apesar haver de tantos museus e locais de memória, e sendo tão recente, completado somente 86 anos, é desvalorizado, creio até que, com o avanço da pós-modernidade, condenado ao esquecimento. A Revolução Constitucionalista foi um movimento revolucionário que surgiu em reação ao governo provisório de Vargas decretado após a Revolução de 30, e tido como ditatorial pelos revolucionários, pois viam no governo um ente autoritário, regido sem um limite constitucional, tendo então razão para o nome “Revolução Constitucionalista”. O movimento conseguiu conquistar vasto apoio popular, claramente visto pelas marchas e manifestações convocadas antes dos conflitos armados, e também pelo voluntariado, que atuou não somente no front , mas também nos meios de comunicação, e até por meios religiosos, onde a vasta movimentação pôde ser vista, e foi assim relatada, no qual, de acordo com Nunes (2011):
Esta é uma discussão extensa, podendo gerar um trabalho completo a parte, e que deveria urgentemente ser feito. Ao se deparar com a situação da sala de aula o professor constantemente é questionado pelo aluno com a derradeira questão: “por que tenho que aprender isso?” ou até com o clássico “É tudo coisa do passado”. Creio ter encontrado a partir deste artigo parte da raiz desses questionamentos, do porquê sempre estarem na boca de alunos mais “atrevidos”, afinal, se não me identifico, se (supostamente) não faz parte do meu ser e da minha história, por que deveria aprender? Com o problema em mente, novos métodos pedagógicos deveriam ser criados, antigos adaptados ou reescritos para lidar com essa nova realidade tão pouco explorada nas áreas das humanidades, e pouco consideradas como um problema, sendo inclusive constantemente pregadas por professores e intelectuais que ainda seguem desta cartilha relativista, sem se dar conta do quanto prejudicam a sociedade, em especial a cultura e a educação. Com a crise da modernidade e a relação subjetiva do saber, tem-se um problema exposto na educação, onde com os saberes subjetivados e a razão, não mais como base em uma transição entre modernidade e pós-modernidade, mas como um período onde segundo Gatti (2005) “as propostas de transversalidade de conhecimento em temas polêmicos mostram que a área educacional encontra-se no meio desse movimento em busca de alternativas”, e com as tradições e valores também não levados em consideração pela própria pós-modernidade, a educação não encontra bases curriculares suficientemente preparadas para lidar com a complexidade do novo paradigma cultural deixando uma base formativa inócua. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Creio ter conseguido responder às indagações no início levantadas, e mostrado quão evidente são as alterações da pós-modernidade na sociedade e nos indivíduos, e como essas mudanças são tão destrutivas a ponto de condenar ao esquecimento o nosso passado, destituir de valor a nossa cultura, negar a voz da nossa tradição e, assim, condenar a própria história. As problemáticas geradas pelo novo paradigma cultural se mostram relevantes o suficiente para se levantarem questionamentos sobre a validades de
certas teorias e iniciar a busca por novas, prontas a responder as falhas desse movimento de destruição cultural. É importante salientar que a busca por uma verdade totalizante ou o retorno ao modernismo não é, obviamente, o objetivo do presente artigo, mas propor uma nova discussão sobre os rumos do ambiente acadêmico atual, que pouco a pouco se mostra destrutivo e, de certa forma, inerte, porquanto as mesmas teorias e autores continuam a se repetir constantemente, e em decorrência disso criam gerações de novos acadêmicos e professores despreparados para lidar com o novo paradigma cultural. Como possível “remédio” a estas teses, deveríamos voltar às críticas e repensar o meio acadêmico e suas “teorias mirabolantes” cheias de relativismo e inoculadas com niilismo, voltando o pensamento às bases filosóficas em sua formação clássica, repensando os novos problemas a partir de novas bases.