



Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
pesquisa menor sobre epstimologia
Tipologia: Notas de estudo
1 / 6
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Objetivo da Aprendizagem
Para compreendermos as diversas concepções de ciência - e a própria Psicologia em questão, a sua gênese e o seu desenvolvimento, é necessário revisitar os momentos históricos para observar como cada corrente epistemológica se ocupa com a forma da ciência, sobretudo com a prática científica. Essas matrizes epistemológicas refletem criticamente sobre os critérios de cientificidade e avalia com rigor os métodos das ciências, bem como os princípios e valores científicos.
Veremos nesta unidade alguns importantes filósofos e suas teorias epistemológicas que não só demarcaram a separação Filosofia e Ciência, mas estão igualmente empenhados na desmitificação da imaculada concepção de ciência.
Estão previstas nesta unidade 12 h/a de estudos presenciais e 3 h/a não-presenciais com atividades para reforçar a aprendizagem.
Apresentamos inicialmente textos de reforço, leituras complementares e alguns fragmentos para as atividades de análise das questões discursivas que serão desenvolvidas.
PARA CONTINUAR REFLETINDO SOBRE A UNIDADE
1. A relação sujeito e objeto no processo do conhecimento
Na Teoria do Conhecimento ou Gnosiologia, tratado filosófico, quando queremos compreender o fenômeno do conhecimento humano devemos ter em vista que - no conhecimento - já se encontram presentes, em contato mútuo, a consciência e a matéria. Dizia Husserl, filósofo alemão do século XX, a intencionalidade é própria da consciência, pois esta é doadora de sentido, concebe o mundo dando-lhe sentido. Portanto, há duas esferas no processo do conhecer, o sujeito e o objeto. Assim, o conhecimento representa uma relação entre esses dois aspectos: o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível. O dualismo sujeito e objeto pertence à essência do conhecimento.
Como já dissemos a relação entre os dois elementos é ao mesmo tempo uma correlação. Não há como sustentar e explicar o conhecimento sem afirmar que todo sujeito só o é para um objeto e o objeto só é objeto para um sujeito. Ambos são o que são enquanto o são para o outro. Mas, esta correlação não é reversível. Ser sujeito é algo completamente distinto de ser objeto. O papel da nossa consciência consiste em apreender os fatos, e a função do objeto em ser apreendido pelo sujeito. Do ponto de vista de todo sujeito há um “deslocamento” do mesmo em direção ao objeto que o
capta na sua essência, trazendo deste objeto sempre algo de novo que modifica o sujeito, por conter, agora, as propriedades inerentes do objeto – a imagem.
De outro modo, visto pelo lado do objeto, o conhecimento apresenta-se como uma transferência das propriedades do objeto para o sujeito, isto é, o objeto transcende – por meio de sua imagem - para a esfera do sujeito. Assim, o objeto é o determinante, o sujeito é o determinado.
O conhecimento pode definir-se, por último, como o reflexo e a reprodução do objeto em nossa mente.
(Texto (1) complementar de Aniceto Cirino Filho para fins didáticos.)
FRAGMENTOS:
1. Entre os problemas fundamentais da Gnosiologia, faz-se necessário descrever aquele que se refere à possibilidade do conhecimento humano. Formularemos a questão, assim: poderá o sujeito apreender realmente o objeto? O que podemos conhecer?
Como atitude humana ingênua, o dogmatismo é a posição primeira e mais antiga como resposta ao problema levantado; caracteriza a “infância da humanidade”. Nesta atitude “natural”; aceitamos a realidade exterior como algo pronto e acabado e não pomos em dúvida nem questionamos as coisas, os fatos e as idéias; antes, acreditamos em tudo que se apresenta aos nossos sentidos.
1.1. Há um significado mais estrito posto por Kant na sua crítica da razão pura aos sistemas metafísicos do século XVII: “o dogmatismo é o proceder dogmático da razão pura, sem a crítica do seu próprio poder”. Concebido, aqui, como doutrina cuja verdade é absoluta, inquestionável, e, a razão, faculdade humana independente de toda experiência, é responsável pelo conhecimento direto de toda certeza. Para esta posição dogmática, não existe nenhuma suspeita das limitações da capacidade racional, bem como suprime o problema do conhecimento, pelo desconhecimento de que ele reside na relação entre sujeito cognoscente e objeto conhecido.
Dogmatismo é, pois, “doutrina fixada”, ou opinião estabelecida por decreto (dogma). Dogmatikós em grego significa “que se funda em princípios” cujos princípios serão ensinados sem contestações. Assim, o dogmático se apega à certeza de uma doutrina e ao atingi-la, nela permanece.
2. Enquanto o dogmatismo afirma absolutamente a verdade, o ceticismo refere-se a possibilidade do conhecimento negando-a radicalmente: o sujeito não pode apreender o objeto, pois não há como contatar a consciência e o mundo, e o homem não pode, sob nenhum aspecto, conhecer a certeza absoluta das coisas, é melhor “suspender o juízo” (epoché), isto é, abster-se de julgar, pois não existe conhecimento universal. 3. O pragmatismo admite uma outra forma de compreender a verdade: “verdadeiro significa útil, valioso, fomentador da vida” e, também compreende o homem como um “ser essencialmente prático, um ser de vontade e de ação” A sua verdade consiste na congruência dos pensamentos com fins práticos do homem, em que aqueles resultem úteis e proveitosos para o comportamento prático deste. 4. Na questão da possibilidade do conhecimento humano, há uma outra atitude –
tendo passado de determinado estágio a outro, começa a ser dirigida por outras leis (Posfácio à Segunda edição de O Capital, p. 19-20)
‘Fenomenologia’ – designa uma ciência, uma conexão de disciplinas científicas, mas ao mesmo tempo e acima de tudo, ‘fenomenologia’ designa um método e uma atitude intelectual: a atitude intelectual especificamente filosófica, o método especificamente filosófico. (A Idéia da Fenomenologia, p. 46)
9. POPPER
(...) A ciência não tem autoridade. Não é o produto mágico do dado, dos dados das observações. Não é um evangelho da verdade. Sou eu e vós que fazemos a ciência, do modo que sabemos fazê-la. Sois vós e eu que somos responsáveis por ela. Poderíamos , por vezes, ter tendência para dizer que a ciência não é mais do que o senso comum esclarecido e responsável – senso comum alargado pelo pensamento crítico e imaginativo. Mas ela é mais do que isso. Representa o nosso desejo de conhecer, a nossa esperança de nos emanciparmos da ignorância e da estreiteza de horizontes, do medo e da superstição. E isto inclui a ignorância do perito, a estreiteza de horizontes do especialista, o medo de que se mostre que estamos a ser “inexatos ou de não termos conseguido provar ou justificar a nossa posição. E inclui a crença supersticiosa na autoridade da própria ciência (ou na autoridade dos “procedimentos indutivos ou das aptidões”) (O realismo e o objetivo da ciência, 1987).
Para a ciência a idade da inocência acabou. Essa inocência de que J. Robert Oppenheimer falou na sua famosa, embora um tanto enigmática, observação de que “os cientistas tomaram contato com o pecado” começou a desintegrar-se algumas décadas antes da cegueiras fascinada em Alamogordo pôr plenamente a claro o fato de que o conhecimento produzido pelos cientistas continha dentro de si as sementes dum poder atemorizador. A realização do ideal baconiano de ciência assentava na noção de que o conhecimento é poder – poder sobre a natureza a ser usado para a melhoria da condição humana. Ironicamente o modelo baconiano atingiu a sua plena expressão pela primeira vez no projeto Manhattan, nesse impressionante conjunto de cientistas e engenheiros cujos esforços culminaram na destruição de duas cidades. O otimismo arrogante dos fundadores da ciência moderna ameaça transformar os seus sonhos em pesadelos.
A convicção, baseada numa fé na ciência, de que o progresso é inevitável e benéfico, começou a consumir-se quando se tornou evidente que a ciência como poder era igualmente um agente de destruição e de morticínio. Nada disso nos surpreende hoje. Porém, apesar da crescente consciência social entre setores da comunidade científica americana, mesmo antes de começar a II Guerra Mundial, essa inocência, esse otimismo, continuavam a ser a maneira de ver dominante entre os cientistas americanos durante os anos cinqüenta. De fato, talvez aconteça que a maior parte dos cientistas esteja ainda convencida de que a solução para os nossos problemas sociais, políticos e humanos reside na aplicação da instrumentalização da ciência e tecnologia modernas.
(...) A ciência como uma atividade humana multilateral não é só um corpo de conhecimento ou teoria, é também uma metodologia, uma prática, uma rede de hábitos, e contém as formas como esse conhecimento é adquirido, verificado e transmitido. Além disso, a ciência é uma filosofia, uma ideologia e mesmo uma mitologia – em qualquer dos caos, uma maneira de olhar que permite importantes correlações e possui um poder simbólico. A ciência é finalmente uma instituição implantada na sociedade e como tal, inevitavelmente, se torna politizada. Por causa da sua natureza social, a ciência é injetada de política. A política é aquela esfera das atividade humana que trata dos problemas políticos resultantes, antes de tudo, das aspirações, conflitos e dilemas da existência social. Embora a ciência seja inocentemente política, só se tornou politizada no século XX. “politizada” quer para mim dizer que tanto nas suas questões internas como nas suas relações com o resto da sociedade a ciência ficou profundamente envolta em problemas, debates e processos políticos.
(...) Os dirigentes institucionais da ciência moderna, porém, têm visto as suas responsabilidades principalmente em termos instrumentais. A ciência tem sido usada como um instrumento, com os cientistas dando pouca atenção aos fins para que suas energias têm sido dirigidas. A ética institucional da ciência sempre foi fraca porque a ética metodológica corrente de tal forma dominou o sistema de valores da ciência que há consideração de outras questões normativas tem sido quase completamente excluída, pelo menos até que essas questões sejam impostas à ciência do exterior.
Em especial a questão da responsabilidade social dos cientistas foi ignorada em favor da conveniência, do que chamei aceitação prudente. Antes de Hiroxima, os cientistas acreditavam que havia uma conexão natural entre os seus produtos intelectuais e a melhoria da humanidade. Tal crença não exigia a consideração das conseqüências ambíguas ou escolhas morais, levantadas com a utilização de suas obras. Por três séculos, esse otimismo tornou possível evitar, reprimir e ignorar a questão da responsabilidade social nas suas formas mais limitadas.
A ciência moderna tem-se, curiosamente, despido de qualquer preocupação séria com questões fundamentais, por exemplo, as que dizem respeito as ligações entre fins e meio. O seu instrumentalismo dominador tem tido a sua expressão no desejo de controlar e dominar a natureza como um fim em si mesmo. Não é o amor intrínseco pelo conhecimento, mas um orgulho faustiano, o que tem sido característico no temperamento da ciência moderna.
(HABERER, J. Politização na ciência. In: Jorge Dias de Deus (Org.). A crítica da ciência, sociologia e ideologia da ciência. 2. ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1979, p. 107-112).
Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a experiência; do contrário, por meio do que a faculdade de conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão por meio de objetos que toquem nossos sentidos e em parte produzem por si próprios representações, em parte põem em movimento a atividade do nosso entendimento para compará-las, conectá-las ou separá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo o conhecimento começa como ela.