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Fruticultura tropical conceitos, Notas de aula de Agronomia

Fruticultura tropical conceitos

Tipologia: Notas de aula

2019

Compartilhado em 09/10/2022

carlos-luiz-vieira
carlos-luiz-vieira 🇧🇷

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SUMÁRIO

  • 1 FRUTICULTURA
    • 1.1 Fruticultura e sua importância
    • 1.2 As frutas na alimentação
    • 1.3 Panorama produtivo no Brasil, Rio Grande do Sul e região
    • 1.4 Potencialidades e limites de espécies frutícolas
  • 2 EMPREENDEDORISMO
    • 2.1 Considerações iniciais sobre empreendedorismo
    • 2.2 Características empreendedoras
    • 2.3 Fatores de sucesso e insucesso na fruticultura
    • 2.4 Oportunidades na fruticultura
  • 3 MERCADO E MARKETING
    • 3.1 Mercado
    • 3.2 A pesquisa de mercado
    • 3.3 Marketing na fruticultura
  • BIBLIOGRAFIAS

com o tipo de fruta, a época do ano, clima, solo, etc. As frutas, pela presença de nutrientes essenciais são recomendadas para serem utilizadas regularmente na alimentação e sempre fazem parte de uma dieta saudável. A fruticultura também tem papel importante como vetor de combate à fome e para melhorar a qualidade de vida da população, a exemplo do Projeto Quintais Orgânicos de Frutas desenvolvido pela Embrapa Clima Temperado. Isso significa que as pessoas podem produzir o seu próprio alimento, reduzindo o comprometimento da renda, aliado a capacidade de nutrir-se em condições adequadas e saudáveis. Os benefícios de cultivar frutíferas não estão somente relacionados ao fornecimento de alimentos, mas também à ética do cuidado, educação ambiental, reeducação para a vida e por um padrão de desenvolvimento preocupado com a sustentabilidade. Quem cultiva plantas desenvolve ainda habilidades como concentração e paciência, pois o crescimento respeita o tempo biológico, e a mão do homem não consegue interferir nesses elementos. Paralelamente ao potencial de contribuir com a segurança alimentar, também possui a capacidade de gerar trabalho, renda e distribuição de riqueza, podendo ser considerada uma atividade econômica importante para países, estados e regiões. Basta visitar uma região produtora para conferir o potencial na geração de postos de trabalho e pequenos negócios, seja diretamente no processo produtivo, seja em outros elos da cadeia produtiva, tal como a logística, processamento ou transformação. Os resultados econômicos originam, não somente na comercialização in natura, mas também no processamento, no surgimento de agroindústrias e indústrias de transformação que preservam a qualidade dos alimentos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), a fruticultura tem um papel social importante, pois a cada R$ 20.000,00 investidos na atividade são gerados três empregos diretos e dois indiretos (IBRAF, 2013). Assim, tem gerado trabalho e renda em regiões que antes eram consideradas de pouco dinamismo econômico, como no Vale do São Francisco no Nordeste brasileiro, com produções de uva e manga, e na Campanha Gaúcha, com a implantação, principalmente, da vitivinicultura e da citricultura.

O Vale do São Francisco que antes era considerado um lugar inóspito tornou-se um grande pomar, como um grande oásis no deserto. A tecnologia de produção deu mostras de que pode ser melhorada gradativamente. Aliado a irrigação, uma série de variedades típicas de clima temperado já se encontram produzindo em pleno clima tropical, a exemplo de videiras, caquizeiros, pereiras e macieiras.

Fonte: pedesenvolvimento.com

A fruticultura como atividade econômica encontra-se presente em pequenas, médias e grandes propriedades. Diversas propriedades rurais brasileiras estão especializando-se em produção com vistas aos cobiçados mercados externos, pois mesmo com as dificuldades relacionadas as barreiras tarifárias criadas por alguns países, dada nossa qualidade e diversidade, temos potencial de incrementar a produção com esses fins. Por outro lado, o mercado interno também é imenso. Já somos quase 200 milhões de habitantes, e com o aumento da renda da população nos últimos anos, tem havido um incremento no consumo de alimentos básicos, tais como as frutas e hortaliças. A expansão das lavouras de commodities promovem perspectivas para incremento, principalmente, por pequenos produtores rurais. Nos últimos anos, tem sido possível observar um grande número de pequenas propriedades que estão investindo nessa atividade, tendo em vista a capacidade de atingir quantidades de produção e de renda compatível com

de fibras na composição das frutas é fundamental para auxiliar nos movimentos peristálticos, contribuindo com a eliminação do bolo fecal. Quem ainda não ouviu falar da Dieta Mediterrânea? Em função da presença de frutas, cereais, azeite de oliva e vegetais, ocorre um combate aos desequilíbrios hormonais, redução de problemas cardiovasculares, e certos tipos de cânceres (FERRARI; TORRES, 2002). Esse tipo de alimentação tem contribuído com a longevidade das pessoas, principalmente do sul da Europa e Norte da África, contrariando a tendência de outras partes do mundo tal como a brasileira, que tem uma alimentação à base de carnes, leite e gorduras. O ideal seria que cada pessoa, em uma dieta de 2000 calorias, utilizasse pelo menos 10% proveniente de frutas, verduras e legumes. Isso representa duas frutas e três tipos de verduras ou legumes, de maneira variada, preferencialmente dando atenção às cores dos alimentos, conforme aponta a Organização Não Governamental 5 ao Dia.

Fonte: estudio01.proj.ufsm.br

Fonte: estudio01.proj.ufsm.br

Este quadro não tem por pretensão esgotar toda a diversidade de frutas existentes, mas provocar o aluno a fazer suas próprias pesquisas, já que a diversidade de frutas no Brasil é muito maior do que estas apresentadas. Do mesmo modo as necessidades do organismo são maiores do que estas descritas. Por exemplo, o ser humano não produz vitamina C, a qual participa de quase todas as reações químicas que acontecem em nosso organismo. Trata- se de um antioxidante importante com função imune e redutor de doenças cardíacas, além de um nutriente relacionado a absorção e metabolismo do ferro. A noz pecã é rica em vitamina E selênio, antioxidantes naturais, que promovem a redução da oxidação de lipídios no sangue (ROHDE, STRENZEL, ROHDE, 2014). Os antioxidantes são substâncias que protegem as células, bloqueando o feito de radicais livres. Os radicais livres são moléculas instáveis que contribuem para o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, tais como envelhecimento e enfraquecimento do sistema imunológico.

Dessa produção total de 43,6 milhões, 47% são destinadas ao sistema de processamento e 53% comercializados como frutas frescas (IBRAF, 2013). Dentre as espécies cultivadas a laranja desponta como a principal atividade, seguida pelos cultivos de abacaxi, banana, melancia e coco da Bahia. A uva, a maça e o pêssego, reconhecidamente cultivos do Rio Grande do Sul, apresentam respectivamente o sétimo, o oitavo e o décimo quinto lugar no ranking de produção nacional (IBRAF, 2013). Mesmo com todo o potencial brasileiro somos importadores de peras, maçãs, ameixas, uvas, kiwis, cerejas e uma série de outras frutas, chegando a um valor aproximado de 500 mil toneladas de frutas anualmente. Oportunizado pela proximidade geográfica, os países que mais abastecem o mercado brasileiro é o Chile e a Argentina (IBRAF, 2013). Vejamos a seguir como se comportam a nível nacional algumas das principais frutas brasileiras e com procedência no Rio Grande do Sul: Abacaxi – é a terceira fruta mais produzida no Brasil, principalmente nos estados de Minas Gerais, Paraíba e Pará. Banana – é a segunda fruta mais plantada no país e a de maior consumo. O principal estado produtor brasileiros é São Paulo, seguido por Bahia e Minas Gerais. Caqui – é produzido tradicionalmente nos estados do sul do Brasil, mas com uma alta demanda pelo comércio internacional e o melhoramento genético, a tendência é que se expanda para regiões do Vale do São Francisco. Figo – os estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo concentram 90% da produção brasileira. Acontecem exportações, para países europeus, em valores que não chegam a ser tão expressivos. Kiwi – o Brasil não tem tradição de produção dessa fruta. A maior produção acontece no município de Farroupilha no Rio Grande do Sul. Não sendo suficiente a produção, o abastecimento provém de países como o Chile, a Itália e Nova Zelândia. Laranja – é a principal fruta produzida no país, principalmente em São Paulo, mas que em decorrência da redução do consumo de sucos, tem havido redução da área plantada, principalmente nas pequenas propriedades rurais. O

Rio Grande do Sul apresenta áreas produtivas, principalmente para o consumo de mesa. Limão – a produção é concentrada em São Paulo, seguido pelos estados de Minas Gerais e Bahia. O Brasil aparece como o quarto produtor mundial da fruta. Maçã – a produção brasileira é concentrada quase que exclusivamente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sendo suficiente para atender a demanda brasileira, havendo uma leve importação de outros países. Melancia – se destaca como a quarta fruta produzida no Brasil, com destaque a produção do Rio Grande do Sul, com uma área de aproximadamente 18.000 hectares. Pequenos frutos – tratam-se de morango, amora, mirtilo, fisalis e framboesa. A exceção do morango que o Brasil produz o necessário para suprir o mercado interno, todas as demais são produzidas em pequenas parcelas. Boa parcela dessas frutas, considerando seu potencial nutracêutico e certo apelo mundial para o consumo, apresenta pequeno volume de produção. A oportunidade de pesquisas na elaboração de derivados tal como o suco de amora, pode ser uma alternativa, e viabilizar uma maior quantidade de pomares dessas frutas.

Fonte: go.olx.com.br

Outras regiões, historicamente, produziram frutas, porém sem o devido reconhecimento. No caso do cultivo da videira, por exemplo, destacam-se a região Centro Serra em Sobradinho, nos municípios da Quarta Colônia de Imigração Italiana, ou mesmo no município de Jaguari na Região central do estado com as videiras cultivar Goethe, apresentada na Figura 1.8. Esta variedade ocupa aproximadamente 70% dos parreirais do município e permite a elaboração de um vinho branco de mesa seco, bastante aromático e muito apreciado na região. Outras áreas expressivas são encontradas nos municípios de Carazinho, Erechim, Frederico Westhphalen, Guaporé, Passo Fundo e Sananduva.

Fonte: verdespampas.com.br

Paisagens onde antes se criavam ovinos e bovinos, atualmente, vêm sendo incorporadas com cultivos frutícolas. Na Região da Campanha Gaúcha, principalmente contemplando os municípios de Uruguaiana, Quaraí, Itaqui, Alegrete, Bagé, Dom Pedrito, Candiota e Santana do Livramento houveram forte incremento de pomares de videiras viníferas, ao ponto de criar a Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha. Rosário do Sul alterou sua imagem de produtor de arroz e gado, para expandir áreas de produção de citros sem semente, principalmente através de grandes consórcios. Mesmo assim, a principal região citrícola do estado continua sendo a região do Vale do Taquari e Caí.

Na Serra do Sudeste, especialmente Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, uma série de empreendimentos originados a partir de empreendedores da Serra Gaúcha, tais como a Cooperativa Nova Aliança, Chandon e Casa Valduga, têm investido na vitivinicultura. Da mesma forma, agricultores locais e assentados de reforma agrária tem se dirigido para atividades como a própria uva, a laranja, o pêssego e a amora. O Rio Grande do Sul também concentra a maioria das áreas de produção de noz pecã em escala comercial, bem como as grandes empresas especializadas na produção (Pecanita, Divinut, Paralelo 30 e Viveiros Pitol). A produção brasileira é insuficiente para atender a demanda interna, sendo necessário fazer importações para atender a 85% da demanda (IBRAF, 2013). A oportunidade de produção de nozes ganha importância na medida em que o seu cultivo permite a implantação de sistemas agrossilvipastoris, podendo diversificar a renda com a produção animal. Entre as características da fruticultura do Rio Grande do Sul, encontra-se o perfil dos agricultores. O primeiro deles são investidores de outras regiões do estado, do Brasil ou mesmo de países vizinhos como uruguaios, especializados e produzindo áreas grandes. Outros são pequenos agricultores locais, principalmente agricultores familiares, que buscam na atividade a possibilidade de reprodução social e econômica de suas famílias. Entusiasmados pela presença de oportunidades, como a produção de sucos, tem havido o incremento de cultivos tais como o de videiras, descentralizando o eixo de produção para diversas regiões do Estado. Ao mesmo tempo a abertura dos mercados institucionais para a compra de frutas para a alimentação escolar e para os programas de abastecimento, criando alternativas onde antes não eram visualizadas. O mercado institucional, através de uma legislação específica, permite ampliar a aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar, podendo conciliar oferta de alimentação saudável com geração de desenvolvimento local sustentável. Panorama regional Vamos encontrar também outras regiões produtoras, que distante das regiões já reconhecida, se constituem por pequenas iniciativas importantes em

O número de pessoas em situação de pobreza reduziu de 63%, em 1993 para 33 % em 2011, de acordo com a CEPE – ESAQ (2011). Paralelamente, houve um acréscimo da classe média brasileira, a qual já representa a maior parcela do consumidor brasileiro. Para a fruticultura, isso tem representado um aumento na demanda, já que o aumento da renda tem significado diretamente maior consumo de frutas. Mesmo que o consumo de frutas ainda seja predominantemente relacionado à classe alta, o crescimento da classe média e também a redução da classe baixa tem ocasionado que alguns produtos que antes não eram adquiridos, passaram a fazer parte das compras. Entre os anos de 2002 e 2008, houve um incremento de 4,38 kg no consumo de frutas por pessoa/ano em todos os lares brasileiros, afetando diretamente o quadro das frutas mais consumidas no Brasil (CEPE – ESAQ, 2011).

Fonte: estudio01.proj.ufsm.br

Estes fatores, que também se relacionam diretamente ao maior acesso a informação, a preocupação com a saúde e o marketing da fruta segura, têm feito com que o setor frutícola e hortícola se aposse desta renda, podendo vislumbrar o incremento de oportunidades. Certamente, nos últimos anos, estas estatísticas sofreram aumento, dado que os mercados institucionais têm proporcionado o consumo de frutas pelas classes mais baixas, aquelas que têm mais dificuldade de comprometer parte de sua renda com alimentos in natura, como frutas e hortaliças.

Fonte: estudio01.proj.ufsm.br

No ano de 2002, um brasileiro consumia 24,49 kg de frutas/ano, chegando a 28,86 kg/habitante/ano em 2008 (CEPE – ESAQ, 2011). A Região Sudeste, onde se concentra a maior parte da população, chegou a aumentar em 8, kg/habitante/ano. O morador da Região Sul do Brasil teve um consumo de 38, kg/pessoa/ano. Mesmo esta demanda provocando necessidade de aumento de produção, ainda estamos distantes do consumo recomendável pela Organização Mundial da Saúde, que se encontra em 400 g de frutas/ habitante/dia. Na medida em que formos nos aproximando destes números a demanda por frutas aumentará progressivamente. Alguns países, como a Espanha, chegam a ter um consumo de 120 kg de frutas/habitante/ano. A Itália atinge uma quantidade de 115 kg/habitante ano e a Alemanha 112 kg/habitante/ano. Em termos das características da produção e do abastecimento do Rio Grande do Sul, ainda não temos produção suficiente para atender as demandas regionais. Grande parte do abastecimento, principalmente das regiões mais interioranas, provém da região Sudeste, deslocada para o estado por intermédio da Companhia Estadual de Abastecimento do Rio Grande do Sul (CEASA RS). Esta circunstância é agravada pela característica de nosso clima temperado, que ocasiona concentração de produção em algumas épocas do ano, fazendo buscar de outras regiões o provimento para o abastecimento local. Além disso, alguns

regulamentos e legislações não fornecem a clareza necessária, tanto ao agricultor como ao consumidor, ainda são iniciativas promissoras. O aumento do consumo de sucos, sejam industrializados ou artesanais, tem ocorrido em função da conveniência, mas também pela busca por uma vida saudável. Os mercados institucionais estão criando novas oportunidades para a diversificação e para a inclusão de alguns segmentos produtivos que antes eram excluídos da comercialização. A participação nesses espaços tem proporcionado que os agricultores venham investir na diversificação e inovar com novas atividades produtivas, dentre as quais a fruticultura participa como uma atividade importante. Ao mesmo tempo em que favorece pequenos agricultores, também chega até consumidores de baixa renda, como aqueles assistidos por entidades sócio assistenciais, ou mesmo na formação dos consumidores do futuro, como as crianças beneficiadas pelos programas de alimentação escolar. Mesmo considerando esses cenários positivos, também existem limites e desafios: A disponibilidade de mão de obra para a produção vem reduzindo drasticamente, ou está sendo ocupada na produção de grãos. Além disso, a produção frutícola exige uma mão de obra qualificada que nem sempre é encontrada no meio rural, principalmente em regiões que decorre de arranjos produtivos relacionados a outros tipos de produções. Aliado a essa condição, ainda há o encarecimento da mão de obra, pois o aumento do salário mínimo regional não tem sido compatível com a capacidade de remuneração de muitas atividades, bem como com a capacidade de produção que é progressiva. Além disso, a fruticultura é uma atividade que mesmo não estando em produção exige acompanhamento permanente. Este tempo disponível tem um custo geralmente elevado de mão de obra, e que exige desembolso, mesmo sem haver geração de renda. No que se relaciona aos insumos necessários para as atividades, geralmente existem poucos fornecedores em regiões onde historicamente não há a presença da fruticultura. Isso exige que os agricultores fiquem dependentes de uma série de contatos e relações para dar conta desse provimento, muitas vezes não atendidas no tempo em que a necessidade surge. O mesmo acontece

com a assistência técnica, pois nem sempre os escritórios locais são dotados de técnicos com preparo para acompanhar este tipo de atividade. Infelizmente a maioria das Prefeituras Municipais e outras entidades ligadas ao setor agropecuário não tem dado o devido valor no potencial que a fruticultura possui em propiciar o desenvolvimento econômico dos municípios. Diferentemente de outras atividades, depende de arranjos locais para favorecer que os empreendedores possam avançar com o processo produtivo. O risco climático é um problema como em qualquer outra atividade agropecuária. O Rio Grande do Sul tem enfrentado sucessivos anos de secas, geadas e chuvas de granizo. Estes imprevistos ou inviabilizam pomares, ou ocasionam a redução dos seus potenciais de produção. As tecnologias para amenizar estes problemas, como as anti granizo, demonstradas na Figura 1.10, tem custo elevado e grande parte dos agricultores não tem recursos para os investimentos. Outro limite encontra-se na desorganização do setor para a comercialização. Se esse é um problema apontado pela baixa participação do Brasil nos mercados internacionais, também é para o provimento do abastecimento regional de produção. Imaginar que um agricultor familiar vai estabelecer o vínculo com o mercado nas suas condições, muitas vezes descapitalizado de produção pode ser um equívoco. Os mercados vêm sendo deixados ao longo do tempo para ser regulados por si mesmos. Isso prejudica aqueles agricultores mais descapitalizados, com dificuldades de veículos para transporte, e mesmo sem o conhecimento necessário de como interpor nesses espaços de compra e venda. Por vezes, são agricultores localizados distantes de centros consumidores, que percorrem estradas vicinais de chão batido, em condições péssimas de trafegabilidade. A maioria das frutas apresentam polpa frágil e que no transporte acabam ficando prejudicadas. Nessas condições o escoamento da safra também causa transtorno para os agricultores. Ou seja, mesmo diante de boas perspectivas existem restrições. O importante é antes da decisão de empreender, desenvolver uma análise mais ampla da fruticultura, de modo que possamos identificar como minimizar alguns efeitos externos e internos à unidade de produção rural, ao mesmo tempo em que aproveitemos as oportunidades e os recursos internos disponíveis. Muitas