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Termodinâmica: Energia Interna, Entalpia e Processos Adiabáticos, Notas de aula de Termodinâmica Química

CALCULOS DELTA H, DELTA S, DELTA G, CP, Qp, Qv etc.

Tipologia: Notas de aula

2019

Compartilhado em 27/11/2019

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Físico-química
Prof. Álvaro Figueira
3. O experimento de Joule para a determinação do coeficiente ( E/V)T
Como vimos anteriormente, a energia interna expressa em função de T e V
dE = Cv . dT + ( E/V)T. dV
A medida de (E/V)T para sólidos e líquidos , uma vez que estes são praticamente
incompressíveis, não é muito simples de medir, no entanto para gases pode-se efetuar
mediante um experimento idealizado por Joule. Dois recipientes A e B são conectados
mediante uma chave . O recipiente A inicialmente esta cheio com um gás à uma pressão P
( ~ 22 atm ), enquanto o B está em vácuo. O conjunto se submerge em um tanque grande
com água, isolado termicamente e deixado equilibrar até uma temperatura de equilíbrio
T . Com agitação, abre-se a chave e o gás se expande contra o vácuo enchendo o recipiente
B. Após lê-se novamente a temperatura de equilíbrio Fig.1).
Figura 1 - Experimento da expansão livre de Joule.
Joule não observou diferença de leituras na temperatura, antes e depois de abrir a chave.
Como o gás realizou uma expansão contra uma pressão oposta nula, não se produziu
trabalho, W = 0 ( expansão livre ). Como a temperatura do meio ambiente (água) não
variou, deduz-se que Q = 0. Portanto dE = Q - W = 0 .
Como dT = 0 ,
dE = ( E/V)T. dV = 0
Porém dV 0, e então
( E/V)T = 0 ..............1
Significando que a energia do gás é função unicamente da temperatura, sendo nula a sua
variação para um processo isotérmico. Experimentos posteriores mostraram que a lei de
Joule não é totalmente correta para gases reais. No experimento de Joule a grande
capacidade calorífica do tanque com água, comparada com a pequena capacidade calorífica
do gás, reduzem a magnitude do T abaixo dos limites de observação. Para gases reais, a
derivada (E/V)T é um valor muito pequeno. Um gás ideal cumpre a lei de Joule
exatamente. Para sólidos e líquidos ainda que a derivada ( E/V)T seja um valor grande, o
valor de V é tão pequeno que o produto da equação dE =( E/V)T. dV aproxima-se muito
de zero. Como consequência e com grande aproximação a energia de todas as substancias
pode-se considerar como função somente da temperatura. Esta afirmação é rigorosamente
válida apenas para gases ideais. Portanto para um gás ideal, E é função somente de T e a
sua variação pode ser calculada por:
∆E = n.Cv.∆T .............2
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Físico-química

Prof. Álvaro Figueira

3. O experimento de Joule para a determinação do coeficiente (E/V)T

Como vimos anteriormente, a energia interna expressa em função de T e V

dE = Cv. dT + ( E/V)T. dV

A medida de (E/V)T para sólidos e líquidos , uma vez que estes são praticamente

incompressíveis, não é muito simples de medir, no entanto para gases pode-se efetuar

mediante um experimento idealizado por Joule. Dois recipientes A e B são conectados

mediante uma chave. O recipiente A inicialmente esta cheio com um gás à uma pressão P

( ~ 22 atm ), enquanto o B está em vácuo. O conjunto se submerge em um tanque grande

com água, isolado termicamente e deixado equilibrar até uma temperatura de equilíbrio

T. Com agitação, abre-se a chave e o gás se expande contra o vácuo enchendo o recipiente

B. Após lê-se novamente a temperatura de equilíbrio Fig.1).

Figura 1 - Experimento da expansão livre de Joule.

Joule não observou diferença de leituras na temperatura, antes e depois de abrir a chave.

Como o gás realizou uma expansão contra uma pressão oposta nula, não se produziu

trabalho, W = 0 ( expansão livre ). Como a temperatura do meio ambiente (água) não

variou, deduz-se que  Q = 0. Portanto dE = Q - W = 0.

Como dT = 0 ,

dE = ( E/V)T. dV = 0

Porém dV  0, e então

( E/V)T = 0 ..............

Significando que a energia do gás é função unicamente da temperatura, sendo nula a sua

variação para um processo isotérmico. Experimentos posteriores mostraram que a lei de

Joule não é totalmente correta para gases reais. No experimento de Joule a grande

capacidade calorífica do tanque com água, comparada com a pequena capacidade calorífica

do gás, reduzem a magnitude do T abaixo dos limites de observação. Para gases reais, a

derivada (E/V)T é um valor muito pequeno. Um gás ideal cumpre a lei de Joule

exatamente. Para sólidos e líquidos ainda que a derivada ( E/V)T seja um valor grande, o

valor de V é tão pequeno que o produto da equação dE =( E/V)T. dV aproxima-se muito

de zero. Como consequência e com grande aproximação a energia de todas as substancias

pode-se considerar como função somente da temperatura. Esta afirmação é rigorosamente

válida apenas para gases ideais. Portanto para um gás ideal, E é função somente de T e a

sua variação pode ser calculada por:

∆E = n.Cv.∆T .............

O coeficiente ( E/V)T pode-se ser obtido usando-se as eq. vistas na termodinâmica pela

expressão geral

( E/V)T ] = T (P/T)v - P

Para um gás real que segue a eq. de van der Waals podemos calcular as variações de E e

H para variações de volume. (vide Apêndice 1)

3.1 Relação entre Cp e Cv.

a) GÁS IDEAL

Para um gás ideal sujeito a uma variação de temperatura

∆H = ∆E + ∆PV , daí

∆PV = ∆n.R.T = n. R.∆T ......

Então

∆H = ∆E + n. R.∆T

n. C P .∆T = n. CV .∆T + n. R.∆T ......... 4

dividindo ambos termos por ∆T

n. C

P

= n. CV + n. R ........

C P - CV = R............

A teoria cinética dos gases nos fornece valores de CV para gases ideais de acordo com sua

complexidade estrutural. Assim, para gases ideais monoatômicos o valor teórico calculado

de CV é 3/2R ( CP = 5/2R) e para gases diatômicos o valor de CV é de 5/2R ( CP = 7/2R).

Abaixo é mostrada uma tabela para alguns gases reais a 298K confirmando os valores

teóricos obtidos das equações cinéticas dos gases.

Capacidade calorífica molar de gases, 25°C (cal/mol.K)

Gás Cp Cv Cp - Cv

Argônio (Ar) 4,97 2,98 1,

Hidrogênio (H 2 ) 6,90 4,91 1,

Nitrogênio (N 2 ) 6,94 4,95 1,

Oxigênio (O 2 ) 7,05 5,05 2,

Gás carbônico (CO 2 ) 8,96 6,92 2,

Metano (CH 4 ) 8,60 6,59 2,

b) SÓLIDOS E LÍQUIDOS

Pode-se demonstrar que a eq. geral de Cp - Cv vale,

Cp - Cv = [ P + ( E/V)T ].(  V/ T )P

Para sólidos e líquidos o termo (  V/ T )P é << 1 , estando relacionado com o chamado

coeficiente de expansão térmica ( ou de dilatação volumétrica ) , 

e a relação entre dH e dT, como demonstrado anteriormente, pode ser obtida então pela eq.

∆H = n. CV .∆T + n. R.∆T .........

∆H = (n. CV + n.R)∆T

∆H = n. C P .∆T ........

(H/T)P = Cp

Para gases reais, sólidos e líquidos este coeficiente embora muito pequeno vale

( H/P)T = [( E/V)T + P ].( V/P)T + V ..................................
3.2.2 SÓLIDOS E LÍQUIDOS

Como o termo ( V/P)T para sólidos e líquidos é muito pequeno, podemos considerar que

dH = V. dP ( T= cte. ) ou para uma variação finita P

∆H = V. ∆P .....

Problema 3 - Calcular a variação de entalpia quando 1 mole de água líquida é aquecida

desde 20 a 80°C e comprimida de 1 a 5 atm.?

Resolução : Usando a equação que relaciona H com T e P,

∆H =n. CP. ∆T + V.∆P ........

que aplicada ao problema resulta

∆H =n. CP .∆T + n. V. ∆P

Para a água líquida CP = 18 cal/mol.K e V = 18. 10

  • l/mol

 H = 118 ( 353-293) cal + 118. 10

  • . (5-1) l.atm x 24,22 cal/ l.atm

H = 1080 cal + 1,7 cal

H = 1081,7 cal

Resultado que mostra que a contribuição da compressão no incremento de entalpia

representa apenas 1,7/1082 = 0,2% do valor total, confirmando que a não ser para grandes

variações de pressão o 2° termo da eq.15 para sólidos e líquidos pode ser desprezado.

Problema 3 - Suponha que 1 mol de um gás ideal monoatômico, em 292 K e 3,0 atm, sofra

uma expansão de 8,0 L a 20,0 L e atinja a pressão final por dois caminhos diferentes. a)

o caminho A é uma expansão isotérmica reversível. b) O caminho B tem duas etapas. Na

etapa A, o gás é esfriado em volume constante até que a pressão atinja 1,20 atm. Na etapa

2, ele é aquecido e se expande contra uma pressão oposta constante igual a 1,20 atm até

que atinja o volume de 20,0 L e T = 292 K. Determine W, Q , E e H para os dois

caminhos.

Fig. 2 – Gráficos P-V para o problema 3. Processo (a) (esq) e processo (b)-direita. As áreas

coloridas representam os respectivos trabalhos efetuados pelo sistema.

Resolução :

a). caminho A - isotérmico reversível

E = 0; H = 0
Q = W=

nRT dV

V

V

V (^).

1

2

= nRT

V

V

.ln

2

1

= 1. 1,987 .292. ln ( 20/8) = 531,6 cal

b) caminho B

1ª etapa ; V = cte. ; W =0 ;

Qv =E = n. Cv. T = 1. 3/2 R. ( 117,1 – 292) = 1,5. 1,987. (-174,9) = - 521,3 cal

H = E +PV = - 521,3 + 8(1,20 - 3,0 )x24,22 cal/l.atm = -521,3–348,8 = -870,1 cal

ou H = n. CP. T = 5/2.R (-174,9) = 2,5. 1,987. ( -174,9) = -868,8 cal

2ªetapa ;B - P = cte.

Qp =H = = n. CP. T = 5/2. R. ( 292 – 117,1 ) = 2,5. 1,987. 174,9 = + 868,8 cal

E = n. Cv .T = 3/2. R. ( 174,9 ) = 1,5. 1,987. 174,9 =+ 521,3 cal

ou E = H - PV = 868,8cal - ( 20. 1,20 - 8 .1,2 0 ) x 24,22 cal/l.atm = 521,5 cal

W =Qp - E = 868,8cal - 521,3 cal = 34 7,5 cal

W= 347,5 cal

Global:

W = 348 cal; Q = 348 cal; H = 0; E = 0.( Ti= Tf)

3.3 Mudanças adiabáticas de estado

Numa mudança adiabática não ocorre fluxo de calor , Q = 0.

Condições experimentais reais próximas desta condição, tem-se por exemplo num sistema

isolado termicamente de sua vizinhança, caso de uma garrafa térmica, ou de um recipiente

colocado externamente em vácuo. Nestas situações,

dE = -  W ou na forma finita

E = - W ......

O trabalho W produz-se às custas do decréscimo de E. Uma diminuição de E se traduz

quase inteiramente pela queda da temperatura do sistema (Fig. 3 ). Podemos fazer uma

analogia com o corpo humano, eis que para mantermos um peso constante devemos ingerir

diariamente certa dieta alimentar. Quando paramos de nos alimentar, o corpo humano

supre todos os dispêndios de calor (para manter nossa T em 36°C) e trabalho com o

consumo de nossas reservas de energia ( gorduras, açúcares e proteínas ) e o resultado é

uma queda de peso.

Se W = Pop.. dV

dE = - Pop. dV .......1 8

Para um gás ideal E = f ( T ) e se o mesmo realiza um trabalho de expansão

dV> 0 ,W > 0 e E < 0 e por consequência sua temperatura diminui.

Inversamente, se trabalho é realizado sobre o gás (compressão) a sua energia interna

aumenta e consequentemente a sua temperatura. Este fato é observado quando, por

exemplo, enchemos um pneu de bicicleta com uma bombinha de mola e notamos o

aquecimento da mesma após algum tempo de operação.

a) Mistura de substancias sem reação química

Chamando de corpo quente (h) a substancia que se encontra à maior temperatura T 1

e corpo frio (c) a

substancia e o calorímetro que se encontram a menor temperatura T o

, então a eq.18 fica:

Q

h

+ Q

c

Denominando de m(massa), c(calor específico), T(temperatura °C)

Q

h

= m h

.c h

.(T

e

-T
Q

c

= m c

.c c

.(T

e

-T

o

) +C

w

.(T

e

-T

o

Q

h

mede a quantidade de calor cedida pelo corpo quente e Q c

a igual quantidade de calor absorvida

pelo corpo frio e pelo calorímetro cuja capacidade calorífica é igual a C w

T

e

é a temperatura de equilíbrio atingida pelo sistema após a mistura dos corpos (T o

<T

e

<T

A eq. 20 resulta então:

m h

.c h

.(T

e

-T

) = - [m c

.c c

.(T

e

-T

o

) + C

w

(T

e

-T

o

)]

que isolando a temperatura de equilíbrio T e

fica:

𝑒

1

𝑐

𝑐

𝑤

𝑜

𝑐

𝑐

𝑤

Exemplo 1. – Misturando-se em um calorímetro adiabático, 80 g de cobre metálico (c Cu

= 0,090cal/g.°C)

inicialmente a 95 °C, com 120 mL (120 g) de água que se encontra à 25 °C no interior do calorímetro

cuja capacidade calorífica é de 12 cal/°C, qual a temperatura final de equilíbrio esperada?

Resolução:

Aplicando-se os dados da mistura à eq. 28 temos:

𝑒

1

𝑐

𝑐

𝑤

𝑜

𝑐

𝑐

𝑤

𝑒

𝑒

b) Mistura de substancias com reação química

Seja reação química A + B  P feita em um calorímetro adiabático de capacidade calorífica Cw e que

se encontra a mesma temperatura inicial To dos reagentes. Após consumada a reação a eq. 20 resulta:

Q

reaç

+ Q

prod+calorim

em que

Q

reaç = calor liberado (ou absorvido) pela reação

Q

prod+calorim

= calor absorvido (ou cedido) pelo(s) produto(s) P e pelo calorímetro.

Se os reagente e calorímetro estão inicialmente à mesma temperatura To e Tf é a temperatura final do

sistema após a reação, então a eq. 24 fica:

Q

reaç =

 Q prod+calorim

𝑟𝑒𝑎 ç

𝑝𝑟𝑜𝑑

𝑝𝑟𝑜𝑑

𝑓

𝑜

𝑤

𝑓

𝑜

𝑟𝑒𝑎 ç

𝑝𝑟𝑜𝑑

𝑝𝑟𝑜𝑑

𝑤

𝑓

𝑜

Se a reação é exotérmica, T f

> T

o

e Q reaç

é < 0.

Se a reação é endotérmica, T f

< T

o

e Q reaç

é > 0.

Exemplo 2.- Reagiram 0,051 mol de HCl aq

com NaOH aq

em excesso e mediu-se uma elevação de

temperatura T = 4,6 °C no interior do calorímetro adiabático onde efetuou-se a reação.

Dados: calor específico da solução resultante (NaCl), c sol

= 0,98 cal/g.°C

Massa da solução resultante, m sol

= 138,4 g

Capacidade calorífica do calorímetro, C w

= 12 cal/°C

Determinar a quantidade de calor liberada pela reação e expressá-la por mol de HCl consumido.

Resolução: Aplicando os dados do problema à eq.

𝑟𝑒𝑎 ç

𝑠𝑜𝑙

𝑠𝑜𝑙

𝑤

𝑓

𝑜

𝑟𝑒𝑎 ç

𝑟𝑒𝑎 ç

= −679,1 cal

A quantidade de calor por mol de HCl consumido será:

𝑟𝑒𝑎 ç

APÊNDICE 1

Problema 3- Suponha que 1 mol de um gás ideal monoatômico, em 292 K e 3,0 atm, sofra uma

expansão de 8,0 L a 20,0 L e atinja a pressão final por dois caminhos diferentes. a)

o caminho A é uma expansão isotérmica reversível.

Vimos que para um gás ideal**,

E = H = 0; Q = W =n.R.T. ln(20/8) = 531,6 cal

Supondo que o gás monoatômico seja o Argônio e que obedece a eq. de van der Waals.

2

2

Onde para o Argônio; a = 1,35L².atm/mol² e b = 0,0322 L/mol e o trabalho reversível vale:

𝑉 2

𝑉 1

𝑉 2

𝑉 1

2

2

𝑉 2

𝑉 1

2

2

𝑉 2

𝑉 1

2

Para o cálculo de E no processo reversível isotérmico,

𝑉

𝑉

𝑉

𝑒 𝑑𝑎í

𝑉

2

2

2

𝑗á 𝑞𝑢𝑒