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Faz um resumo comparando a perspectiva da ética sob dois pontos de vista.
O que você vai aprender
Tipologia: Trabalhos
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Faculdade de Ciências de Saúde Curso de Medicina – Ano Propedêutico Cadeira de Ética Fundamental TEMA – ÉTICA EM SANTO AGOSTINHO E SÃO TOMÁS DE AQUINO Aluna Ivánia Isabel Mauricio Escova Docente: Tomé Canfoce Beira 2020
Em forma de enquadramento teórico do trabalho aqui apresentado, tendo em conta o real conceito da ética, foi feita aqui uma abordagem resumida dos filósofos acima citados, como forma de melhor perceber o ponto de vista ético dos dois autores, estes que bem tratam deste assunto, sob perspectiva de não muito distante em termos de ideias. 1.1. Santo Agostinho Nascido em 354, na cidade de Tagaste na Numidia, província romana no norte da África, hoje localizada na Argélia. Faleceu em uma cidade próxima de Hipona, em 430, durante a invasão dessa região por Vândalos liderados por Genserico. Agostinho foi responsável por ser pioneiro ao realizar a grande síntese entre o pensamento Cristão e a filosofia grega. Aderiu ao Maniqueísmo^1 e depois foi seu crítico e combatente. Em 386, converteu-se ao Cristianismo tendo escrito várias obras, dentre as quais os Acadêmicos de Cícero, defendendo a possibilidade do conhecimento pela verdade revelada. Segundo Carvalho et al (2019), Para Agostinho, a verdadeira e legitima ciência é a teologia e é a seus ensinamentos que o homem deve dedicar-se, pois preparam a alma para a salvação e para a visão de Deus. Agostinho pergunta “como pode a mente humana mutável e falível atingir uma verdade eterna, com certeza infalível” (Carvalho et al, 2019, p. 10). A sua resposta a essa pergunta se baseia na teoria platônica da reminiscência. O diálogo De Magistro, (sob o mestre, c.389) permite boa compreensão do filósofo a este respeito, pois discute “o que é a virtude e se esta pode ser ensinada”. Agostinho segundo a tradição cristã, foi o primeiro pensador a desenvolver, segundo Nunes (2011) com base em concepções neoplatônicas e estoicas, uma noção de interioridade que prenuncia o conceito de subjetividade do pensamento moderno. (^1) Religião fundada por Mani no século III como um desdobramento do cristianismo, que apresentava uma visão dualista do mundo, em luta eterna do Bem contra o Mal.
Assim sendo, cabe agora perceber e estudar o entendimento da ética na perspectiva de Santo Agostinho, tendo em conta a sua época e os acontecimentos existentes na sua região, onde desenvolveu a sua história baseando em factos ocorridos e da aliança entre o homem e seu criador. 1.1.1. A ética em Santo Agostinho Nas palavras de Carvalho et al (2019), a ética em santo Agostinho possui e apresenta um paradigma bastante claro, na qual depende exclusivamente de Deus, mas partindo do princípio da existência do pecado original. Assim, a concepção do pecado não enfatiza o homem, porem trata o homem como um ser que poderá tender ao bem (a Deus) ou ao mal (ao pecado). Diferente de muitos autores, santo Agostinho não entende o ser humano como um ser bom totalmente, como entendia a religião antes do pecado original, mas ele compreende esse ser humano como alguém que, se não seguir uma vida de virtudes em Deus, será levado ao mal ou aos vícios existentes da carne, não valendo posteriormente a natureza para a salvação. A ética de Agostinho é, pois, uma ética eudemonista e teleológica e a diferença em relação à grega é que a felicidade não consiste em bens do corpo e do espírito ou em ambos, mas no gozo de Deus, que é autêntico sumo bem. Mas como podemos saber o que temos de fazer para atingir a beatitude? A fonte para o conhecimento das normas morais é a luz divina, que nós podemos perceber em nós mesmos, na nossa consciência” (Demétrio, 2004 , como citado em Carvalho et al, 2019) Para Agostinho existem os homens que vivem segundo o espírito e os homens que vivem pela carne. Ele explica que a vida segundo o espírito ou segundo o amor, irá gerar certas virtudes: a prudência, a coragem, a justiça, e a humildade. Em contrapartida a vida segundo a carne gera os vícios: a avareza, a luxúria, e a soberba. Agostinho apreciou muito dos filósofos pagãos antes de sua conversão e procurou a duras penas conciliar o cabedal ético dos gregos com a moral do cristianismo. Havia um ponto comum a ser explorado: o valor das virtudes. Na obra Confissões, Agostinho tece poesia com filosofia, e filosofa com teologia. Faz declarações de amor a Deus e intui o amor de Deus pelos homens. Agostinho acentua essa leitura da mensagem de Cristo como ética do amor e não da lei. Não basta agir segundo a lei, mas é preciso assim proceder com a intenção adequada, que deve ser a do amor de Deus e do desejo de se aperfeiçoar para se aproximar cada vez mais dele. Mas quanto ao fato de o homem atingir ou não o objetivo da salvação e da beatitude eterna, não depende dos méritos que
A Escolástica chega ao ápice com Santo Tomás de Aquino (1221-1274), autor de uma poderosa síntese entre pensamento grego (Aristóteles, sobretudo, cujas obras começavam a estar disponíveis naqueles anos) e pensamento cristão que ainda hoje tem autoridade para ser indicado como insuperável e atual para enfrentar os problemas diante dos quais a humanidade se encontra. Aqui, falaremos dela somente no que se refere à ética e, infelizmente, sem poder fazer justiça à sua complexidade. (Demétrio, 2004, como citado em Carvalho et al, 2019, p. 13). Para Tomás de Aquino a verdade e o conhecimento também são alcançados através de um mestre interior, porém não há a intervenção de uma luz divina para que se dê esse conhecimento, ele já existe como potencialidade no interior do ser e cabe a este descobri-lo através do aprendizado, do estudo, da educação religiosa e da pedagogia. 1.2.1. A ética em São Tomás de Aquino Na sua ética, São Tomás de Aquino parte do princípio da existência de Deus, porque nenhuma ética é possível sem uma metafísica qualquer; aliás este é o grande problema ético dos ateístas e a necessidade da transformação do ateísmo em naturalismo reflete a necessidade ética de uma metafísica, que na prática significa religião. Segundo Demétrio (2004), como citado em Carvalho et al (2019), No plano filosófico a diferença fundamental entre o pensamento ético de Santo Tomás e o de Santo Agostinho nasce do fato de que o primeiro enquadra a própria reflexão na metafísica aristotélica e tenta mostrar como o naturalismo teológico Aristotélico pode se conciliar com o ideal de vida boa proposto pelo cristianismo (Demétrio, 2004, como citado em Carvalho et al, 2019, p. 14) Na ótica de são Tomás de Aquino existia duas espécies de mal, sendo-os identificado como a pena e a culpa, onde a pena se apresenta como a deficiência da forma ou de uma das suas partes necessárias para a integridade de algo, ao passo que culpa representa os males, que a providencia tenta corrigir ou eliminar com a pena (Carvalho et al, 2019, p. 14). Tomás de Aquino dá prosseguimento à tradição das éticas eudaimonistas ao considerar a felicidade como sendo o fim último da atividade humana. Existe moral porque todos querem ser felizes. Também dá sequência à tradição das éticas teológicas iniciadas por Agostinho, pois aceita a ideia, defendida por este, de que só em Deus se pode encontrar a verdadeira meta que estamos procurando.
O critério supremo da moral, para o eudaimonismo, é a felicidade, de tal modo que uma ação é julgada moralmente elogiável ou reprovável, conforme ela seja ou não cumprida em vista da felicidade. Os expoentes máximos desse tipo de moral são Aristóteles e Tomás de Aquino. Segundo ambos os autores, toda ação está dirigida para um fim, mas isso não é suficiente para torná-la válida; isto acontece somente no caso em que o fim particular em vista do qual é feita esteja harmonizado com o fim último para o qual está orientado aquele que a cumpre. O fim último de cada ente constitui a sua realização completa, a qual é conseguida com o desenrolar, a pleno ritmo, daquela atividade que age em sua natureza específica. Do alcance deste fim último depende a sua felicidade (Mondin, 2013, como citado em Carvalho et al, 2019, p. 14). A felicidade perfeita para o homem não é possível nesta vida, mas em outra vida futura e definitiva. Enquanto não chegar esse momento, o tipo de felicidade de que mais se parece com aquela, segundo Tomás, é a que proporciona a contemplação da verdade. Deus não é só a fonte na qual o ser humano saciará sua sede mais radical, pois estabeleceu a lei eterna e dentro dela fixou os conteúdos gerais da moral como lei natural. Como explica Mondin (2014), para S. Tomás a contemplação possui um sentido eminentemente teológico: a única contemplação que pode exaurir todas as exigências do pensamento, e que por isso pode tornar repleta a alma de felicidade, é a contemplação de Deus. Para compreender perfeitamente o pensamento de S. Tomás sobre esse ponto, é necessário, porém, fazer-se uma precisão: o conhecimento de Deus, no qual ele repõe a plena felicidade do homem, não é certamente aquele conhecimento analógico de Deus que a nossa mente pode alcançar durante a vida presente. Nem o conhecimento metafísico mais alto pode bastar para nos fazer felizes, visto que a reflexão filosófica faz com que vejamos mais o que Deus não é do que o que ele é. Para Tomás então, é em Deus que reside a verdadeira felicidade. A felicidade humana, como também o conhecimento da felicidade, acontecem pela visão beatífica de Deus. A lei natural contém um princípio imperativo que deriva da própria noção do bem: “deve se fazer o bem e evitar o mal”. Esse preceito natural está dentro de nós, em forma de uma espécie de intuição ou “hábito que contém os preceitos da lei natural que recebe o nome de sindérese” (Summa theologica. I-II, q 94). A aplicação desses preceitos às circunstâncias concretas de cada ação é o que constitui a consciência. A Ética Tomista ocupa-se então da ação humana que têm sua raiz na vontade livre. Dessa forma, Tomás apresenta os princípios norteadores da ação humana que são os princípios intrínsecos que são as virtudes e os princípios extrínsecos que são as leis.
Conclusão Terminado o trabalho que versava o estudo da ética sob ponto de vista de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, chega-se a algumas conclusões a ter em conta nestas duas perspectivas do saber humano e da ciência na forma de pensamento. Para santo Agostinho utilizando a herança antiga, aprofunda os conteúdos da concepção cristã do mundo, pois apresentava uma ética eudemonista e teleológica e a diferença em relação à grega é que a felicidade não consiste em bens do corpo e do espírito ou em ambos, mas no gozo de Deus, que é autêntico sumo bem. Ele formula o seu pensamento apontando para uma ética do amor e não da lei. Para santo Agostinho não basta agir segundo a lei, mas é preciso assim proceder com a intenção adequada, que deve ser a do amor e do desejo de se aperfeiçoar para se aproximar cada vez mais desse propósito. Enquanto que são Tomás de Aquino utilizou a doutrina aristotélica como base para escrever suas obras que eram vistas com certo temor pela igreja católica romana, a qual tomava como base as obras de santo Agostinho, cujo embasamento é platônico. Sua intenção foi de utilizar a filosofia aristotélica como instrumento para transformar a teologia numa ciência autêntica e verdadeira. O tomismo, portanto, visa esclarecer a relação entre a verdade revelada e a filosofia, demonstrando que tais conceitos são distintos e harmônicos. Contudo, torna interessante perceber que tanto para santo Agostinho como para são Tomás de Aquino, abordam as virtudes como elementos essenciais à conduta humana. Entretanto, para o mundo contemporâneo, falar de virtudes morais pode parecer algo ultrapassado, pois a razão moderna fez que esse tema caísse no esquecimento, como se a ele não pudesse ser atribuído a racionalidade que os modernos pretendem ter inventado. Todavia, assistimos, ultimamente, a várias tentativas de recuperação da noção de virtude como forma de dar inteligibilidade à vida ética.
Bibliografia CARNEIRO, M. C. Considerations on the idea of time in St. Augustine, Hume and Kant. Interface