














Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Augurando ao caro leitor a paz que necessita, rogamos a Jesus que nos abençoe e nos faça felizes. Salvador, 18 de abril de 1988. Joanna de Ângelis ...
Tipologia: Notas de estudo
1 / 22
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Pelo espírito Joanna de Ângelis
A vida moderna, rica de divertimentos e pobre de Espiritualidade, arrasta o homem para o exterior, para os jogos dos sentidos, em detrimento da harmonia que lhe deve constituir a base para quaisquer ou- tras realizações, sem a qual ruem todas as suas construções, sempre efêmeras na sua realidade aparente. Sucessivas ondas de alucinados são jogadas nas praias do mundo, logo seguidas pelas dos deprimi- dos, ansiosos, insatisfeitos como a denunciar a falência dos valores ético-morais do momento e das ambi- ções tecnológicas que não felicitaram a criatura humana. O descalabro e o absurdo campeiam, à solta, ao lado da corrupção de todo matiz, desenfreada, cons- pirando contra os ideais de nobreza, de justiça e de harmonia da Vida. Há uma vaga imensa de descrença do homem pelo homem e uma terrível indiferença pelo amanhã, arrojando os indivíduos na corrente do desespero público ou mal controlado em ameaça crescente contra a cultura, a civilização, a família, o matrimônio, o amor...
É verdade que surgem, na grande noite, estrelas luminíferas, diminuindo a trágica sombra, numa demonstração de que o amor é imbatível e o bem jamais será asfixiado nas malhas espessas do mal. Constituem portos de abrigo, ao mesmo tempo, tornam-se bússolas que apontam o rumo, chamando grande número de indivíduos a uma mudança imediata de comportamento mental e moral. Corporificando-se, no mundo, suas vozes convidam à razão, à reflexão e demonstram a excelência da paz e os bens que esta propicia a quem se lhe deixa penetrar. Já não há outra alternativa: a paz ou o desespero! Por intuição e lógica, o homem sente que está destinado à grandeza, para a qual avança. Os impedimentos atuais são-lhe desafios que lhe cumpre vencer, e o logrará com algum esforço e dedicação.
Este pequeno livro, que não acrescenta muito ao que já se escreveu sobre o assunto, é mais uma contribuição para aqueles que estejam cansados do nadaísmo e anelam pela renovação íntima, passo ini- cial para lograrem a harmonia. São momentos de meditação. Não são regras adrede estabelecidas. Nem exercícios de maceração ou sacrifício. São colocações, simples e oportunas, de fácil aplicação e imediatos resultados positivos.
Apresentamos esta modesta Obra, neste dia, homenageando “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kar- dec, que foi publicado, em Paris, e surgiu como diretriz de segurança e felicidade, a 18 de abril de 1857. Augurando ao caro leitor a paz que necessita, rogamos a Jesus que nos abençoe e nos faça felizes.
Salvador, 18 de abril de 1988.
Joanna de Ângelis
A importância da educação transcende ao que lhe tem sido atribuído, face ao imediatismo dos obje- tivos que os métodos aplicados perseguem. A falta de estrutura moral do educador — isto é, o equilíbrio psicológico e afetivo, as noções de responsabilidade e dever, a abnegação em favor do aprendiz, a paciência para repetir a lição até impregnar o ouvinte, sem irritação nem reprimenda, e o amor — constitui fator adverso ao êxito do empreendimento que é base de vida na construção do homem integral. Quando se educa, são canalizados os valores latentes no indivíduo para o seu progresso, fornecendo os recursos que facultam a germinação dessas potências que dormem no cerne do ser. Educar é libertar com responsabilidade e consciência de atitudes em relação ao educando, a si mes- mo, ao próximo e à Humanidade. Quando se reprime e se impõem condicionamentos pela violência, uma reação em cadeia provoca a irrupção da revolta que explode em atos de agressividade que asselvaja. A tarefa da educação é, sobretudo, de iluminação de consciência, mediante a informação e a vivên- cia do conhecimento que se transmite. Quem educa evita a manifestação da delinqüência e do desequilíbrio social, estabelecendo metas de promoção da vida. A punição significa falência na área educativa. A repressão representa insegurança educacional. A reprovação demonstra fracasso metodológico.
O educando é material maleável, que aguarda modelagem própria para fixar os caracteres que con- duzem à perfeição. O educador cria hábitos, estimula atitudes, desenvolve aptidões, conduz. É o guia, hábil e gentil, en- sinando sempre pela palavra e pelo exemplo, não se cansando nunca do ministério que abraça. A escola é o prosseguimento do lar, e este é a escola abençoada na qual se fixam os valores condi- zentes com a dignidade e o engrandecimento ético-moral do ser.
A educação é fenômeno presente em todas as épocas. O pajé que ensina, o guru que orienta, o mes- tre que transmite lições, são educadores diversos através dos tempos. A verdadeira educação ocorre no íntimo do indivíduo, sendo um processo verdadeiramente trans- formador. Qual semente que sai do fruto e semelhante à vida que esplende saindo da semente, quando os fato- res são-lhe propícios, a educação é mecanismo semelhante da vida a serviço da Vida. É certo que o homem se apresenta imperfeito, por enquanto, todavia é, potencialmente, perfeito, e, à educação, compete o papel de o desenvolver. A divina semente que n’Ele jaz, a educação põe a germinar. Sempre se educa e se sai educado, quando se está atento e predisposto ao ensino e à aprendizagem. Todos somos educadores e educandos, conscientemente ou não. A educação, porém, há que ser integral, do homem total. Jesus, o Educador por Excelência, prossegue, paciente, amando-nos e educando-nos, havendo aceito apenas o título de Mestre, porque, em verdade O é.
Pessoas bem intencionadas acreditam que algumas ações boas lhes bastam para a paz de consciên- cia, no mundo, e a conquista do “reino dos Céus” logo depois. Entre nada fazer e algo realizar, é sempre melhor o bem produzir. Todavia, a ação generosa, perió- dica, não é suficiente para equilibrar os valores humanos no campo de batalha da personalidade, em de- trimento do ser real em si mesmo. O homem se torna aquilo que cultiva no pensamento. A vida mental irregular, geradora de mil conflitos e disparates, não fica anestesiada face à ingerên- cia de alguns atos de solidariedade ou mesmo de beneficência. O reto pensar é o método único para atingir o reto atuar. Somente o pensamento bem direcionado, impede que germinem as sementes da perturbação mental geradora dos tormentos que procedem dos vícios ancestrais. O esforço para insistir no reto pensar preenche os espaços do pensar mal ou não pensar, ambos do agrado da ociosidade e da acomodação. Mediante o reto pensamento, o homem se descobre também agindo retamente.
Inclina tua mente para o mais saudável. Não te faças fiscal do lixo moral da sociedade, nem te permitas coletar os detritos do pessimismo como da vulgaridade. De maneira nenhuma censures o teu próximo, especialmente quando este se encontre ausente. Busca os valores positivos que existem nos outros e aprimora aqueles em ti existentes. Sê equânime no teu foro íntimo e nas tuas expressões exteriores. Fala menos e reflexiona mais em torno do amor. Insiste nas idéias que estimulam a vontade a tornar-se forte quão disciplinada. Planeja a ascensão e pensa sobre ela, raciocinando a respeito da perda de tempo com as ilusões e fu- tilidades. Supera o temor de qualquer natureza com a confiança de que nenhum mal de fora poderá fazer-te mal se estiveres bem interiormente, e que somente te sucederá o que venha a contribuir para a tua paz e progresso espiritual.
Jesus realizou, na Terra, os mais admiráveis fenômenos de que se tem notícia, e demonstrou a mais elevada qualidade de amor que jamais alguém, no mundo, ofereceu às criaturas. Todavia, o Seu reto pen- sar foi a causa do Seu reto agir, o que O fez Modelo para ser seguido em todas as épocas.
O Homem comum satisfaz-se com os fenômenos fisiológicos e os prazeres que exaurem os senti- dos, sem qualquer benefício para a emoção. Todos os seus planos e aspirações giram em torno de lucros que lhe propiciem as metas imediatas do gozo, da sensualidade. Gozo alimentar e posse sensual; gozo no sono e sensualidade na ambição; gozo na comodidade e sensualismo na mente. O seu intelecto se volta para o utilitarismo e o seu sentimento para a sensação. O crescimento que anela é horizontal, de superfície, encontrando dificuldade para a verticalização da vida, a ascese.
O homem que desperta para as experiências libertárias, emerge dos sentidos opressores e ala-se. O conhecimento torna-se-lhe uma bússola e um roteiro, enquanto o sentimento o propele à conquis- ta das distâncias. O prazer instala-se-lhe nas áreas profundas do ser através das sucessivas aquisições da renúncia, da abnegação, da identificação dos valores reais, em detrimento das inquietações provenientes dos desejos insatisfeitos. Verticaliza a conduta e comanda o pensamento, sem vazios, físicos ou mentais, para os conflitos que envilecem, atormentando o coração. Os seus, são os triunfos sobre os próprios limites.
O homem comum vê, ouve e vive conforme se apraz. Os acontecimentos são enfocados de acordo com as lentes dos seus interesses pessoais. Tudo faz para fruir sempre, desfrutando do maior quinhão. O seu humor é instável, porque governado pela força da paixão egoísta. A sua fé é acomodada, por supor que ganhará a Vida utilizando os métodos escusos em que tem posto a existência.
O homem lúcido entende a finalidade para a qual foi criado por Deus e vê, ouve e vive obedecendo aos padrões exarados pelas Leis que regem a Vida. Proporciona os meios para que os fenômenos aconteçam — efeitos naturais das suas ações postas a serviço dos programas divinos. É estável, porque sabe que somente lhe acontece o que se lhe torna de melhor, daí retirando a boa parte, aquela que o ajuda em qualquer ocorrência. Crê e ama sem receio, porque a sua é uma vida fecunda. O homem comum vive embriagado ou aturdido, ansioso ou desiludido. O homem consciente movimenta-se em paz. Pilatos, na horizontal do poder, lavou as mãos quanto ao destino do Justo. Jesus, na vertical da verdade, sem nenhuma queixa submeteu-se. Erguendo-se na cruz, permanece como exemplo fecundo de união com Deus, na conquista total da Vida.
Tranqüilamente, confiante, avança, passo a passo, pelo caminho da evolução. Não busques, nem fu- jas dos fenômenos da existência física. Intenta ser o controlador dos teus impulsos e sentimentos, de maneira que o insucesso não te infeli- cite nem o êxito te exalte.
Na paz interior descobrirás a libertação das dores, porque lograrás vencer as paixões. Utilizando-te de uma consciência equânime, aceita as ocorrências positivas e negativas com a mes- ma naturalidade, sem sofreguidão nem indiferença.
Mantém-te interiormente livre em qualquer circunstância, adquirindo a ciência verdadeira do viver.
A ilusão fascina, mas se desvanece. A posse agrada, porém se transfere de mãos. O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa. O prazer alegra, todavia é efêmero. A glória terrestre exalta e desaparece. O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido...
A dor aflige, mas passa. A carência aturde, porém um dia se preenche. A debilidade orgânica deprime, todavia, liberta da paixão. O silêncio que entristece, leva à meditação que felicita. A submissão aflige, entretanto engrandece e enrija o caráter. O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina o homem a conquistar-se.
Todas as situações no mundo sensorial passam, mudam de posição e de forma. A essência da realidade, porém, permanece sempre a mesma. Nada é definitivo na aparência. Apenas o que tem valor intrínseco é duradouro. Quem, espontaneamente, se abstém dos sentidos e das exterioridades, sem mágoa nem frustração, encontrou a ciência de bem viver.
As Leis que regem a Natureza são constante apelo ao homem que sabe investigar e deseja progredir. Qualquer transgressão em referência aos seus códigos soberanos resulta em falta que se impõe como necessidade de reparação. Ninguém se lhes escapa. Cada criatura age conforme a sua própria natureza, os seus atavismos espirituais, constituindo-lhe dever libertar-se dos negativos, os primitivos, os que o atam às expressões da sensualidade de variada gama, iniciando outras experiências que se harmonizem com a parte divina no imo adormecida. Isto lhe ensejará a aquisição da sabedoria, emulando-o sempre ao aprimoramento do caráter.
Um dos métodos eficientes para o desiderato é o do conhecimento que liberta da ignorância, do me- do, do egoísmo e da avareza. O passo imediato é a ação, o cumprimento dos deveres que enobrecem, embora se apresentem hu- mildes e insignificantes, sem avançar o passo para realizar os labores do próximo, porque projetam a per- sonalidade e promovem o orgulho, ou manter-se impassível diante da vida.
É melhor que a desencarnação te alcance no cumprimento dos deveres do que te encontre na ociosi- dade dourada, na existência frívola e perfumada. O hábito do serviço promoverá os teus valores morais, não obstante, muitas vezes, faças o que não desejas e não consigas realizar o que almejas. Isto é natural, porque resulta dos acúmulos produzidos em outras existências corporais, que criaram os condicionamentos cujo impositivo tens que arrebentar. A esta impulsão, o desrespeito à ordem, chamas de tentação, qual nuvem que obscurece o Sol ou fumaça que se desprende da labareda. Certamente o Sol e o fogo sobrepõem-se aos aparentes impedimentos pela força intrínseca de que se constituem. Assim também o denodo e a intensidade das tuas aspirações elevadas vencerão esses inimigos, a- brindo-te campo de realizações em programas mais felicitadores.
O Apóstolo Paulo, embora de elevada estirpe espiritual, sofreu a injunção de ser tentado a fazer o que não queria, enquanto, se esforçando, não conseguia fazer sempre o que desejava. Perseverando e desafiando-se, porém, superou-se, de tal forma, que deixou de ser ele próprio, para que o Cristo n’Ele vivesse.
A indiferença ante a dor do próximo é congelamento da emoção, que merece combate. À medida que o homem cresce espiritualmente, mais se lhe desenvolvem no íntimo os sentimentos nobres. Certamente não se devem confundi-los com os desregramentos da emotividade; igualmente não se os podem controlar a ponto de tornar-se insensível. No bruto, a indiferença é o primeiro passo para a crueldade, porta que se abre na emoção para inú- meros outros estados de primitivismo. A indiferença coagula as expressões da fraternidade e da solidariedade, ensejando a morte do servi- ço beneficente. O antídoto para este mal, que reflete o egoísmo exacerbado, é o amor.
Se não pretendes partilhar do sofrimento alheio, ao menos minora-o com migalhas do que te excede. Se não queres conviver com a dor do teu irmão, ajuda-o a tê-la diminuída com aquilo que te esteja ao alcance. Se defrontas multidões de necessitados e não sabes como resolver o problema, auxilia o primeiro que te apareça, fazendo a tua parte. Se te irrita a lamentação dos que choram, silencia-a com o teu contributo de amizade. Imagina-te no lugar de algum d’Eles e saberás o que fazer, como efeito natural do que gostarias que alguém fizesse por ti.
Ninguém está seguro de nada, enquanto se encontra na Terra. A roda das ocorrências não pára. Quem hoje está no alto, amanhã terá mudado de lugar e vice-versa. E não só por isso. Quem aprende a abrir a mão em solidariedade, termina por abrir o coração em amor. Dá o primeiro passo, o mais difícil. Repete-o, treina os sentimentos e te adaptarás à arte e ciência de ajudar.
Há quem diga que os infelizes de hoje estão expiando os erros de ontem, na injunção de carmas do- lorosos. Ajudá-los, seria impedir que os resgatassem. É correto que a dor de agora procede de equívocos anteriores, porém, a indiferença dos enregelados, por sua vez, está-lhes criando situações penosas para mais tarde. Quem deve paga, é da Lei. Mas, quem ama, dispõe dos tesouros que, quanto mais se repartem, mais se multiplicam. É semelhante à chama, que acende outros pavios e sempre faz arder, repartindo-se, sem nunca diminuir de intensidade. Faze pois, a tua opção de ajudar e o mais a Deus pertence.
Na grande mole humana, cada pessoa dá, à vida, um significado especial. Esta objetiva a aquisição da cultura; essa busca o destaque social; aquela anela pela fortuna; estoutra demanda o patamar da glória... Uma quer a projeção pessoal; outra anseia pela construção de uma família ditosa, cada qual empe- nhando-se mais afanosamente para atingir o que estabelece como condição de meta essencial. Tal planificação, que varia de indivíduo, termina por estimular à luta, à competição insana, ao de- sespero. Conseguido, porém, o que significou como ideal, ou reprograma o destino ou tomba em frustração, descobrindo-se irrealizado ou vítima de saturação do que haja conseguido sem plenificar-se interiormente.
A vida, entretanto, possui um significado especial, que reside no autodescobrimento do homem, que passa a valorizar o que é ou não importante no seu peregrinar evolutivo. Este desafio se torna individual, unindo, sem embargo, no futuro, os seres numa única família, que entrelaça os ideais em sintonia perfeita com a energia que emana de Deus e é o élan vitalizador da vida.
Os meios da tua sobrevivência orgânica emulam-te para avançar ao encontro da finalidade da exis- tência. O azeite sustenta a chama, porém a finalidade desta não é crepitar, mas derramar luz e aquecer. Enquanto não te empenhes, realmente, na busca da tua realidade espiritual, seguirás inseguro, instá- vel, sem plena satisfação.
Todas as aquisições que exaltam o ego, terminam por entediar. A maneira mais eficiente para o cometimento do real significado da vida, é a experiência do amor. Amor que doa e liberta. Amor que renuncia e faz feliz. Amor que edifica, espalhando esperança e bênçãos. Amor que sustenta vidas e favorece ideais de enobrecimento. Amor que apazigua quem o sente e dulcifica aquele a quem se doa.
O amor é conquista muito pessoal que necessita do combustível da disciplina mental e da ternura do sentimento para expandir-se.
O significado essencial da vida repousa, pois, no esforço que cada criatura deve encetar para anular as paixões dissolventes, colocando nos seus espaços emocionais o divino hálito, o amor que se origina em Deus.
Anotas, entristecido, que parece haver uma conspiração infeliz contra os teus propósitos elevados de realização interior. Observas, surpreso, que ao estabeleceres propósitos de dignificação moral, surgem impedimentos soezes que, não poucas vezes, te arrojam a situações lamentáveis. Concluis, desencantado, que os teus labores idealistas, que te servem de base para mais altos vôos, são torpedeados, vilmente, por amigos, empurrando-te para situações conflitantes entre o que aspiras e o que realizas. Constatas, dorido, que a redenção pessoal e as conquistas libertadoras custam alto preço de renúncia e esforço, não bastassem os convites à vulgaridade e às permissões para o delito, que se multiplicam, as- sustadoramente.
O homem empenhou-se em conquistar as alturas e saiu da Terra; em penetrar nas águas abissais dos oceanos e ora resgata os tesouros que ali dormem sono secular, descobrindo, também, a flora e a fauna multimilenária, que jaziam desconhecidas; em decifrar o milagre da organização celular, e penetrou nas moléculas que a constituem; em ligar ilhas a continentes e aterrou as regiões que as separavam; em com- bater as moléstias e logrou detectar considerável número de bactérias, vírus e micróbios adversários dos organismos saudáveis; em equilibrar o relacionamento social e pôde estabelecer leis, nem sempre respei- tadas; em comunicar-se com os demais indivíduos em pontos diferentes do globo e aperfeiçoou o sistema da informática; em transformar a face do planeta e ei-lo modificando a ecologia, alterando a paisagem nos desertos que se convertem em pomares, nas florestas que se tornam regiões desérticas, nos rios e mares que morrem lentamente... Todavia, são poucos os que se empenham em descobrir-se a si mesmos e lutar em favor da plena re- alização. Esta é a tarefa superior, à qual todos nos devemos dedicar com o maior empenho, a fim de fruir de paz, passo inicial para a aquisição da felicidade.
Não te permeies com os fluidos d’Eletérios dos enfermos psíquicos, ingratos e perniciosos, que vi- vem contigo e te buscam perturbar. Tem-nos na conta em que se encontram e exercita paciência para com eles. Não te aflijas face às acusações insensatas e despeitadas que outros te fazem, ante a impossibilidade de alcançarem-te e caminharem ao teu lado. A tua vitória não pode ser perturbada pelas insignificâncias do caminho. Não revides as agressões mentais com que investem contra ti. Permanece em calma e amortece o dardo que dispararam, fazendo-o desagregar-se ao atingir o algo- dão da tua sensibilidade. Não reivindiques compreensão nunca. Quem alcança as alturas vê melhor e tem o dever de desculpar aqueles que ainda estão no vale em sombras. A tua paz é de relevância, e para mantê-la investe os teus valores mais altos. Paz é conquista interior. Paz é iluminação interna. Paz é presença divina no indivíduo. Resguarda-te, pois, em paz e deixa o tempo transcorrer, porquanto ele conseguirá fazer amanhã o que hoje te parece impossível conseguir. Jesus, na montanha das Bem-aventuranças, ou no Getsémani, ou no Gólgota, manteve a mesma paz, em razão da certeza de saber que Deus estava com Ele, e, por conseqüência, Ele estava com Deus. Paz é Deus na mente e no coração.
Só há um Deus Único e Verdadeiro, Causa Incausada do Universo. Sustenta a vida e expressa-se em toda parte, não se humanizando jamais. A condição de humanidade é via de ascese aos Cimos Gloriosos, de que Ele não necessita. Inacessível ao entendimento da criatura, por ser o Todo que jamais se fragmenta, é o Incomparável Pensamento gerador de tudo. Onipresente e onipotente, encontra-se em toda parte qual força aglutinadora de moléculas, e qual- quer tentativa de compreendê-LO, como de defini-LO, representa uma forma de limitá-LO, tirando-Lhe a grandeza inimaginável. Por isto, o culto que Lhe devemos há que ser em “espírito e verdade”, respeito e amor, não pronun- ciando o Seu nome vãmente, mesmo a pretexto de fixar o pensamento na Sua realidade.
Notícias mitológicas afirmam que, aquele que desencarna chamando-Lhe pelo nome, emancipa-se do jugo das reencarnações... Fantasias religiosas asseveram que morrer, neste ou naquele lugar sagrado, é suficiente para ganhar- Lhe a graça e ser perpetuamente feliz... Se assim fora, quão grave seria a Sua injustiça em relação aos que se tornam vítimas de paralisia e demência ou se encontram em pontos distantes dos sítios privilegiados, por Ele ali colocados! O amor transcendente de Deus alcança igualitariamente todas as Suas criaturas, de alguma forma, manifestação d’Ele próprio.
Algumas culturas orientais, ricas de lenda e ingenuidade, informam que, periodicamente, Deus toma forma humana para ajudar os homens a crescerem, a reformularem os hábitos doentios, a moralizarem-se, como se fora necessário, para tanto, medida simples de tal porte. Seus embaixadores aparecem e ressurgem em todos os lugares, sejam Krishna ou Buda, Moisés ou Zoroastro, Lao-Tseu, Hermes Trimegistro ou Maomé, Sócrates ou Agostinho, Lutero ou Allan Kardec, dentre outros inumeráveis... Todavia, superando-os em pureza e abnegação veio Jesus de Nazaré ensiná- LO aos homens e vivê-LO como jamais qualquer um o houvera ou venha fazê-lo.
Não te impressiones com aqueles que se dizem “manifestação divina”, o próprio Deus em “carne e osso” nas sombras da Terra... Respeita-os como missionários que são, emocional e culturalmente próprios para os países onde re- nascem com objetivos nobres e superiores. Ouve-lhes as mensagens, no entanto observa se unem as palavras aos atos, se são simples, bons e misericordiosos, tolerantes e caridosos, abnegados até a morte e pacientes, demonstrando sua sabedoria e evolução.
Sê grato a Deus por colocar-te próximo a esses Espíritos missionários. Jamais os adores ou anules o teu pensamento sob a indução d’Eles. Raciocina e logica. Teus irmãos mais adiantados que são, convidam-te à reflexão e ao progresso. Tem em conta que acima de todos eles conheces Jesus, que se sacrificou, e apenas te pede que ames e ames, fazendo da tua vida um “Evangelho de feitos” para o teu e o bem da Humanidade da qual és membro.
A tua escala de valores necessita de uma avaliação. Depositas muita importância em moedas e gemas preciosas, telas famosas e tapetes especiais, prata- ria e cristais... E mesmo quando o alento da fé te bafeja o coração, buscas doutrinas exóticas e comportamentos a- lienantes, empreendendo viagens que te levam à presença de personalidades estranhas ou carismáticas. Acalmas-te por um momento e já noutro retornam a incerteza e a insatisfação. A ânsia de querer mais e o veemente desejo de abarcar tudo exaurem-te os nervos, e o equilíbrio bate em retirada.
Os tesouros valem o preço que lhes atribuis. Nenhum d’Eles preenche o espaço da saudade de um ser amado ou traz o amor legítimo de alguém ao coração solitário. No deserto ardente ou numa ilha solitária não te propiciam uma gota de água ou um baga de pão. O conhecimento sem disciplina mental, igualmente faz-se instrumento de perturbação e instabilida- de. As várias teorias, díspares e conflitantes entre si, aturdem a razão.
Toda busca da Verdade, para legitimar-se, deve ser fundamentada na paz. A pressa responde pela imperfeição de qualquer obra quanto a indolência pela demora da realização. Acalma-te, dá ritmo equilibrado aos teus interesses e encontrarás o filão de ouro que te conduzirá à felicidade.
Jesus já veio ter contigo e deixou-te precioso legado, que ainda não conheces. Ao Mahatma Gandhi bastou o “sermão da montanha” para completar-lhe a preciosa e missionária existência de homem de fé e ação. Já o leste, meditando e aplicando-lhe os conceitos no dia-a-dia? Reavalia, pois, a tua existência, porque, talvez, sem aviso prévio, a morte chegue à tua porta, e, sem pedir licença, informe que está ha hora do retorno. Como seguirás?
Onde te encontras, com o que tens, através do que sabes, dispões dos valores essenciais para o teu crescimento espiritual. A divina sabedoria coloca o aprendiz no lugar mais rico de experiências para a sua realização. Quando estás em condições, podes ler os mais belos textos de sabedoria no livro aberto da Vida. Se não logras adaptar-te na situação em que estagias, mui dificilmente galgarás o próximo degrau de discernimento espiritual.
Não fujas das injunções evolutivas que se apresentam com roupagens de dificuldade, limite ou dor. Para onde te transfiras, seguirá o teu destino, aquele que programaste através das reencarnações pas- sadas. O que aqui não consigas, adiante, passado o entusiasmo da novidade, não possuirás. Deus te ama em todo e qualquer lugar e sabe o que é de melhor para ti.
Nem aceitação estática daquilo que denominas infortúnio, nem exaltação do que chamas conquista. A vida possui uma dinâmica natural, um ritmo que deves aplicar nas tuas aspirações, acontecimen- tos e programas. Age, pois, sempre, da forma que te brinde maior quota de paz e de experiências possíveis.
“Pedra que rola não cria limo”, afirma o brocardo popular. Da mesma forma, a instabilidade íntima, que te leva a constantes mudanças, não te permitirá fixação em coisa alguma, nem tampouco realização profunda. Concede-te o tempo de semear, germinar, crescer, enflorescer e dar frutos. Não tenhas pressa injustificável. O trabalho de burilamento é íntimo. A aquisição de conhecimento é tranqüila. A plenitude do amor é lenta.
As alternativas do mundo são todas transitórias. As concessões do Cristo são permanentes. Transitando, sofregamente, poderás reunir o que deixarás com a morte do corpo. Harmonizando-te e perseverando, porém, conseguirás ser o que nada te poderá usurpar.
Enquanto te fixas nos acontecimentos de ontem, perdes os belos amanheceres que hoje começam e se prolongarão indefinidamente. Quem ama e aspira a felicidade não se detém no passado, utilizando-se das suas lições para crescer no futuro.
A base do edifício permanece ignorada e é o elemento principal da sua segurança. A raiz escondida no solo sustenta a gigantesca sequóia.
Novas idéias para o porvir, assim como deveres novos, devem constituir-te estímulo para o prosse- guimento da marcha. Existe em ti um depósito de valores desconhecidos que esperam ocasião para serem postos a servi- ço.
Elimina hábitos censuráveis. Corrige comportamentos perniciosos. Supera sofrimentos injustificáveis. Caminha com passo firme na direção da meta. Fracasso aparente é o ensinamento de como não se deve tentar a realização. Perturbação representa apelo à harmonia. Põe ordem em tua vida.
Ontem a tempestade danificou a tua seara. Hoje recupera-se o solo encharcado. Amanhã estarão cobertos de flores e de frutos, o jardim e o pomar.
No momento máximo do desespero, confia no porvir. O desengano deste momento faculta ensejo para a confiança porvindoura. Sempre há tempo para refazer e recomeçar. Não te demores, portanto, fitando o ontem, enquanto desperdiças o prazer superior de hoje com as alegrias que chegarão amanhã.