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Descreve um caso clínico de um canino, macho, pittbull em situação de rua. Possui resumo, histórico, anamnese, exames complementares e seus resultados, tratamento e pós operatório.
Tipologia: Teses (TCC)
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Djenifer Gomes de Lima^1 ; Jennifer Quiriate do Nascimento Camargo^2
A dioctofimose é uma doença que acomete animais domésticos, silvestres e também humanos, caracterizando-a como zoonose (SOUZA et. al., 2019, p. 127). Embora a infecção em humanos seja rara, a disseminação é mundial (SILVEIRA, et. al., 2015, p. 899), portanto, a abordagem é relevante para a saúde pública e para a medicina veterinária. A dioctofimose é uma doença parasitária de ciclo complexo (KOMERS, et. al., 1999, p.518) em que os nematódeos Dioctophyma renale podem estar localizados nos rins (preferencialmente o direito), livres na cavidade abdominal ou em outros órgãos. Dentre os hospedeiros intermediários estão os anelídeos, rãs e peixes dulcícolas. E os hospedeiros definitivos são os humanos, carnívoros (principalmente cães) e esporadicamente herbívoros (BRUN, et. al, 2002, p.146). Geralmente os cães acometidos não apresentam sinais clínicos (BRUN, et. al, 2002, p.147), estes, quando ocorrem, caracterizam-se por hematúria, disúria, apatia e emagrecimento (SILVEIRA, et. al., 2015, p. 903). O diagnóstico em sua maioria acontece incidentalmente por urinálise, achados radiográficos e ultrassonográficos, laparotomia exploratória e ainda, achados de necrópsia (SILVEIRA, et. al., 2015, p. 903). Não existe tratamento clínico e o tratamento indicado é a retirada dos parasitas ou a nefrectomia, dependendo da gravidade da infecção (BRUN, et. al, 2002, p.147). Este trabalho relata um caso de dioctofimose renal em um cão de rua.
Um cão, macho, da raça Pitbull, não castrado e em situação de rua (logo, não se sabe a idade, mas estima-se que seja um adulto jovem), denominado Negão, chegou ao Centro de bem estar animal. Foi resgatado por estar desnutrido, extremamente magro e ferido na região lombar por ter brigado com outro cão anteriormente (Imagem 1). No mesmo dia, passou por exame físico (tabela 1). Tabela 1 - Parâmetros do exame físico FC 120 FR 32 T° 38, PAS 130 Dor 2 Mucosa NC Desidratação 5% Estado mental A Fezes - Urina Hematúria Alimentação Espontânea ECC Caquético FC (frequência cardíaca), FR (frequência respiratória), T° (temperatura corporal), PAS (pressão arterial sistólica), NC (normocorada), A (alerta) e ECC (escore de condição corporal). Diante do histórico e do exame físico, a médica veterinária responsável pelo animal administrou Tramadol na dose de 2 mg/kg BID por via intravenosa, e dipirona na dose de 25 mg/kg BID pela mesma via, com a finalidade de cessar a dor do animal. Prednisolona na dose de 0,5 mg/kg SID por via oral por conta de suspeita de sarna. Foi realizada a limpeza da lesão na região lombar com
Plaquetas 482.000 /μl (144.000 - 510.000) Presença de agregados plaquetários. Contagem plaquetária estimativa aparentemente normal. No exame bioquímico foram mensuradas a ALT (alanina aminotransferase), creatinina e FA (fosfatase alcalina), ambos se mantiveram dentro dos valores de referência (Tabela 3). Tabela 3 - Bioquímica sérica Exame Resultado Valores de Referência Método ALT (TGP) 48,0 U/L (10 a 102) Cinético Creatinina 1, mg/dL (0,4 a 1,8) Cinético Fosfatase Alcalina 75,0 U/L (20 a 150) Cinético A urinálise apresentou alterações morfológicas como turbidez e alteração de cor para amarela escura. Também foi constatado hematúria, presença moderada de células renais e leucocitúria (Tabela 4) e ovos compatíveis com Dioctophyma renale (Imagem 2). Tabela 4 – Urinálise Análise física Resultados Valores de referência de micção espontânea Densidade 1.030 1.010 a 1.
Aspecto Turva Claro Cor Amarela escura Amarela a âmbar Volume 5 mL Análise química pH 6,5 5,5 a 7, Glicose Negativo Negativo Nitrito Negativo Negativo Proteínas 30 mg/dL 0 a 30 mg/dL Cetonas Negativo Negativo Urobilinogênio Normal Normal Bilirrubinas Negativo Negativo Sangue +++ Negativo Sedimentoscopia Células trans. Redondas Moderadas Ausentes Células renais Moderadas Ausentes Hemácias >100/campo < Leucócitos 20 a 30/campo < Bactérias Não observado Ausentes Cristais Não observado Parasitas Dioctophyma renale (++) Considerando as alterações da urinálise foi realizada ultrassonografia. Os aspectos ultrassonográficos do rim esquerdo apresentaram-se dentro da normalidade, medindo 6,79 cm (Imagem 3). O rim direito apresentou comprimento de 7,38 cm em seu eixo longitudinal, com dimensões preservadas, contorno e arquitetura interna mal definidas pela presença de estruturas de característica tubular, sugestivas de infestação parasitária por Dioctophyma renale (Imagens 4 e 5). Com o diagnóstico concluído, a veterinária responsável optou pela nefrectomia total do rim direito. Para a anestesia foram administrados
Imagem 3- Rim esquerdo com contorno e arquitetura interna preservados. Imagens 4 e 5 – Rim direito cortes transversal e longitudinal respectivamente, evidenciando estruturas de característica tubular sugestivas de D. renale. Imagem 6 – Parasitas retirados de dentro do rim direito após a nefrectomia.
Os resultados do hemograma apontaram anemia regenerativa normocítica normocrômica e leucocitose por neutrofilia, assim como relatado por HERMETO, et. al., (2012). A urinálise resultou em alterações como, cor amarela escura, aspecto turvo, presença de sangue e de ovos de D. renale , semelhante aos resultados do caso relatado por MARQUES, et. al., (2016). Anteriormente a coleta de urina, o cão apresentou um episódio de hematúria a olho nu, caracterizando um sinal clínico da dioctofimose e de decorrente destruição do parênquima renal (SOUZA, et.al., 2019). O exame bioquímico não apresentou alterações dos indicadores renais, pois o rim esquerdo não foi afetado e provavelmente estava realizando a compensação da função renal (SOUZA, et. al., 2019). A urinálise colaborou para chegar ao diagnóstico, por conta da presença de ovos no parasita (SILVEIRA, et.al., 2015). A ultrassonografia foi importante para confirmar o diagnóstico, encontrar a localização dos parasitas e para determinar e planejar o tratamento adequado (ZARDO, et. al., 2011). O exame ultrassonográfico apresentou alterações, tanto no rim direito, como no rim esquerdo, semelhantes aos aspectos ultrassonográficos do paciente relatado por ZARDO, et. al., (2011). A escolha do tratamento foi dada considerando que o parênquima do rim afetado se encontrava inviável para ser mantido, e também pelo funcionamento adequado do rim esquerdo. A nefrectomia total do rim direito também foi realizada por ZARDO, et. al., (2011); HERMETO, et. al., (2012); (BRUN, et. al., 2002). dadas as mesmas condições que o presente relato. O parasita foi encontrado unilateralmente, no rim direito, sendo este órgão, normalmente infectado conforme descrito por SILVEIRA, et. al., (2015); BRUN, et. al., (2002); SOUZA, et. al., (2019). Aspectos morfológicos como cor avermelhada e tamanho de até 45 cm (machos) e 100 cm (fêmeas) dos parasitas removidos são correspondentes à descrição de SOUZA, et. al., (2019).
SILVEIRA, Caroline S. et al. Dioctophyma renale em 28 cães: aspectos clinicopatológicos e ultrassonográficos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 35, p. 899 - 905, 2015. ZARDO, Karen Maciel et al. Aspecto ultrassonográfico da dioctofimose renal canina. Veterinária e zootecnia, v. 19, n. 1-S. 1, p. 57-60, 2012.