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Dinâmica grupal, Notas de estudo de Administração Empresarial

Dinâmica grupal

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 29/06/2010

rodolfo-rodriguez-7
rodolfo-rodriguez-7 🇧🇷

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DINÂMICA GRUPAL:

CONCEITUAÇÃO, HISTÓRIA, CLASSIFICAÇÃO E CAMPOS DE APLICAÇÃO

Danúzio Carneiro

Edição especial para distribuição gratuita pela Internet,através da Virtualbooks , com autorização do Autor. O Autor gostaria imensamente de receber uma mensagem com seus comentários ecríticas sobre o livro. E-Mail: danuziomc@secrel.com.br

muito importante para o aprimoramento de nossas edições. Estamos à espera de suaA^ Virtualbooks^ também gostaria de receber suas críticas e sugestões. Sua opinião é mensagem. E-Mail: Vbooks02@terra.com.br

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Fazemos o possível para certificarmo-nos de que os materiais presentes no acervo são Sobre os Direitos Autorais: de domínio público (70 anos após a morte do autor), ou de autoria do titular. Casocontrário, só publicamos material após a obtenção de autorização dos proprietários dos direitos autorais. Se alguém suspeitar que algum material do acervo não obedeçaa uma destas duas condições, pedimos: favor avise-nos pelo e-mail: vbooks03@terra.com.br. Para que com isso possamos providenciar a regularização oua retirada imediata do material do site.

ESTA OBRA ESTÁ REGISTRADA NA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL/ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS/CERTIFICADO DE REGISTRO NO^ 173.

3.2.4. Criação da Sociometria 3.2.5. Fundação do Primeiro Laboratório de Dinâmica Grupal 4 4.. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDAA DDIINNÂÂMMIICCAA GGRRUUPPAALL 4.1. Dinâmica Grupal: Psicologia e Sociologia 4.2. Dinâmica Grupal: Antecedentes e Desdobramentos 5 5.. AAPPLLIICCAAÇÇÕÕEESS DDAA DDIINNÂÂMMIICCAA GGRRUUPPAALL 5.1. Saúde 5.1.1. Grupos Operativos em Doenças Orgânicas 5.1.2. Grupos Balint 5.1.3. A Comunidade Terapêutica 5.1.4. Grupos de Auto-Ajuda 5.2. Educação 5.2.1. Apreensão do Conhecimento 5..2.2. Métodos para Formação de Educadores 5.3. Administração 5.3.1. Teoria Z 5.3.2. Sociotécnica 5.4. Serviço Social 5.4.1. Serviço Social de Grupos-SSG 6 6.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS 7 7.. OO AAUUTTOORR

II -- IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

Neste trabalho estão sintetizados vinte anos de múltiplas experiências e contínuas leituras sobre Dinâmica Grupal. Acreditamos que, por propiciar respostas necessárias para a compreensão e resolução do mais essencial dilema humano - o relativo à sua convivência social, nos próximos tempos a Dinâmica Grupal ocupará nas ciências humanas um papel com importância semelhante ao que a Psicanálise ocupou no século passado. Aliás, observa-se que, ao mesmo tempo em que essas duas vertentes do conhecimento humano têm uma série de convergências em seus postulados teóricos e em sua aplicabilidade na prática - sobre isso, Sigmund Freud foi o primeiro a reconhecer que a psicologia individual era também psicologia social - entre elas há também contrastes significativos, dos quais, pela sua pertinência a esta introdução, destacamos apenas um: enquanto a psicanálise foi criada e desenvolvida principalmente por uma única pessoa, o próprio Freud, a Dinâmica Grupal é o resultado de trabalhos de múltiplas pessoas, em múltiplos campos do conhecimento e da atividade humana. Nesta Apostila, tentamos fazer uma síntese dessa multiplicidade, o que será feito através de quatro capítulos:

o conteúdo do trabalho “Grupo: esquema estrutural e dinâmica grupal”, que também está publicado nesta Biblioteca Virtual.

2. 2. CCOONNCCEEPPÇÇÕÕEESS DDAA DDIINNÂÂMMIICCAA GGRRUUPPAALL

Há diversas concepções para a Dinâmica Grupal. Observamos que, no geral, cada uma delas reflete uma posição particular do que seja, e para que serve essa especialidade do conhecimento que trata das relações humanas quando em grupos sociais. Basicamente, pode-se classificar todas as concepções de três maneiras: ideológica, tecnológica, fenomenológica. 2.1. Concepção Ideológica. Considera que a Dinâmica Grupal é uma forma especial de ideologia política na qual são ressaltados os aspectos de liderança democrática e da participação de todos na tomada de decisões. Também ressaltam-se as vantagens, tanto para a sociedade como para os indivíduos comuns, das atividades cooperativas em pequenos grupos. Dessa concepção verifica-se duas linhas de pensamento e ação: uma, idealista; outra, pragmática. 2.1.1. Linha Idealista-Utópica. Foi especialmente defendida por Jacob Levy Moreno em seu amplo Sistema Socionômico - esse seria formado por comunidades baseadas no amor espontâneo, na generosidade e na santidade, na bondade positiva e na cooperação pura [1: p. 22]. Para estruturar essas comunidades, Moreno propôs as técnicas sociométricas. Através delas uma pessoa poderia decidir, de maneira consciente e livre, sobre sua participação em um grupo social qualquer.

porque é especialmente aplicada na área da educação. - Nos países anglo- saxônicos o jogo dramático espontâneo é uma atividade comum nas escolas de primeiro e segundo grau, sendo incluído na disciplina conhecida como Teatro na Educação, pois é reconhecido como um meio efetivo de aprendizagem tanto para o conteúdo das matérias quanto para a própria vida [3: p. XI/XII]. 2.2.2. Psicodrama. Assim como o seu corolário o Sociodrama, o Psicodrama historicamente se originou no Teatro Espontâneo ou Teatro da Improvisação fundado por Moreno em Viena no ano de 1921. Do Teatro Espontâneo que pretendia pôr fim à repetição da conserva dramática do teatro convencional e dos clichês de papéis, permitindo uma contribuição inteiramente criadora e espontânea para que assim pudesse desenvolver novos papéis, nasceu o Psicodrama [4: p. 31]. Essa variante tecnológica que é centralizada na noção de papéis sociais, e que enfatiza a ação corporal, tem sido utilizada de uma maneira muito especial no campo terapêutico. Para isso, foram desenvolvidas múltiplas técnicas direcionadas especialmente para treinamento de papéis ( role playing ) caracterizados como saudáveis. Entre as técnicas criadas por Moreno, as mais usadas são: solilóquios, inversão de papéis, duplos, espelhos, realização simbólica, psicodança. 2.3. Concepção Fenomenológica. Aqui estão autores que priorizam suas atividades em torno da idéia de que os fenômenos psicossociais que ocorrem nos pequenos grupos é resultado de um sistema humano

articulado como um todo, uma gestalt. Entre esses fenômenos, citam-se: coesão, comunicação, conflitos, formação de lideranças etc. Nessa concepção, também pode-se observar duas formações teóricas: uma, a Psicologia da Gestalt, que é descritiva, pois centra seus postulados na descrição dos fenômenos que ocorrem no aqui-agora do mundo grupal – por exemplo, a configuração espacial adotada regularmente por uma unidade grupal; a outra, a Psicanálise, que é explicativa por que procura explicar a unidade do grupo através da idéia de uma ‘mentalidade grupal’ (instinto social), muitas vezes inconsciente para os membros do próprio grupo. 2.3.1. Psicologia da Gestalt. Dessa escola da Psicologia, o grande impulsionador da Dinâmica Grupal foi Kurt Lewin. Ele, em sua Teoria de Campo, desenvolveu um esquema sui-generis para explicar as interações humanas: baseando-se nos princípios da topologia ramo da geometria que trata das relações espaciais sem considerar a mensuração quantitativa, Lewin concebeu uma teoria dinâmica da personalidade centrada na idéia de campo^ psicológico^ [5:^ p.^83 ], que mantém interpendência com múltiplas forças sociai. Disso, desenvolveu uma metodologia de trabalho: a pesquisa-ação ( action research) , na qual o indivíduo é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto da ação em estudo; e criou o primeiro laboratório de Dinâmica Grupal, onde em estudos realizados com grupos primários (face to face groups ) introduz conceitos retirados da

No entanto, Freud ao reconhecer que a psicologia individual é, ao mesmo tempo, também psicologia social [9: p. 13], teve uma intuição primordial: quando as pessoas se organizam em grupos, surgem fenômenos como expressão de um instinto especial que já não é redutível

- instinto social : herd instinct , group mind –, que não vêm à luz em nenhuma outra situação [9: p. 14). Completa sua intuição com um raciocínio irrefutável: é possível descobrir os primórdios da evolução desse instinto no círculo familiar [9: p. 14]. Wilfredo Bion, partindo das proposições formuladas por Melanie Klein em suas pesquisas na clínica psicanalítica com crianças, esclareceu, com o termo mentalidade de grupo , o significado desse instinto social - esse termo designa uma atividade mental coletiva que se produz quando as pessoas se reúnem em grupo (...) a hipótese de sua existência deriva do fato de que o grupo funciona em muitas oportunidades como uma unidade, ainda que seus membros a isto não se proponham nem disto tenham consciência [10: p. 24]. A mentalidade grupal seria assim uma espécie de continente, “um todo” que englobaria todas as contribuições feitas pelos membros do grupo. Conforme a concepção bioniana, esse fenômeno comporta dois níveis: nível da tarefa; nível dos pressupostos básicos – o primeiro, mais ou menos relacionado com algo consciente, designado; o segundo, menos evidente, mas está rotineiramente presente sob forma dos três processos

que podem ser inferidos da dinâmica grupal, ou seja, dependência, acasalamento e luta-fuga. (^) [11: p. 23]. Enrique Pichon-Rivière, um psicanalista argentino da escola kleiniana, desenvolveu, com sua teoria e técnica do Grupo Operativo, esse esquema de Bion. Pichon-Rivière inicia com uma definição de grupo - conjunto de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, e articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, de forma explícita ou implícita, a uma tarefa que constitui sua finalidade [12: p. 53]. Nessa definição Pichon-Rivière sintetizou as duas condições sine qua non para a existência de todos os grupos humanos: primeira, o termo pessoas articuladas por sua mútua representação interna , pressupõe que essas pessoas tenham algo que as una num nível superior ao que o filósofo francês Jean Paul Sartre definiu como serialidade^ [12:^ p.^53 ];^ isto é, quando as pessoas se somam sem efetivamente estabelecerem comunicações que as unam afetivamente como acontece numa fila humana qualquer (em estabelecimento bancário, por exemplo); a segunda condição é a tarefa que constitui sua finalidade. Nessa tarefa, em consonância com a construção bioniana, Pichon- Rivière percebeu dois níveis: explícito, implícito. O^ explícito^ está representado pelo trabalho produtivo e planificado cuja realização constitui a razão de ser do grupo - por exemplo, produção material, aprendizagem, cura, lazer etc. Sob essa tarefa explícita, subjaz outra, a tarefa implícita, que consiste na totalidade das operações mentais que

3. 3. HHIISSTTÓÓRRIIAA DDAA DDIINNÂÂMMIICCAA GGRRUUPPAALL

O interesse científico pela Dinâmica Grupal é recente – trata-se de uma ciência do século XX. No entanto, já no século XVIII que, por ter sido caracterizado por enormes avanços no conhecimento humano e pelas grandes revoluções políticas da Inglaterra, da França e da Independência Americana, foi chamado de Século das Luzes , viveu Giambattista Vico (1688-1744), um pensador italiano que hoje é reconhecido por sua aura de precursor das ciências humanas. Vico, em sua obra: Principi di uma scienza nuova intorno alla commune natura delle nazioni (1725, “Princípios de uma ciência nova: sobre a natureza comum das nações”), estabeleceu a diferença entre Ciências Naturais e Ciências Humanas, e propôs, como base de estudo dessa última, um princípio epistemológico considerado fundamental para o desenvolvimento dos diversos campos do conhecimento humanista – isto é: Antropologia, Sociologia,

Psicologia e a Dinâmica Grupal, um ramo da psicologia social. Esse princípio está expresso na fórmula latina: verum ipsum factum – isto é, só o feito é verdadeiro; ou, só posso demonstrar logicamente o que é obra minha [13: contracapa]. Nos termos da Dinâmica Grupal, esse preceito implicou diretamente na contemporânea metodologia científica denominada de pesquisa-ação – nessa, o sujeito pode demonstrar logicamente um fenômeno grupal que também é feito, verdadeiramente, por ele enquanto membro desse grupo em estudo. Ou seja, ele torna-se sujeito-objeto da pesquisa. Há também uma notável pertinência epistemológica dessa proposição com a Teoria da Espontaneidade de Moreno. A palavra espontâneo, um termo central na teoria moreniana, etimologicamente deriva do latim sua sponte : ‘de livre vontade’; o que se produz por iniciativa própria do agente, sem ser o efeito de uma causa exterior. Dado que se demonstra a relação dos estados espontâneos com as funções criadoras [4: p. 53], então pode-se presumir que, em verdade, só o que é criado de maneira espontânea, “de livre vontade”, pode ser considerado como obra minha; e também disso inferir que só o espontaneamente feito é verdadeiro. Posteriormente a Vico, já durante o século XIX, ocorreram os avanços nas ciências humanas que permitiram o estabelecimento das bases conceituais e operativas e a atual sistematização científica da Dinâmica Grupal. Dos avanços, três fatos científicos foram fundamentais:

especificamente relacionados à história dos Estados Unidos da América e suas relações com o desenvolvimento da ciência Dinâmica Grupal; 2o^ ) Fatos da história do desenvolvimento específico da Dinâmica Grupal. Apresenta-se uma seqüência de cinco acontecimentos históricos relevantes para a autonomia e consolidação dessa ciência na atualidade. 3.1. A Dinâmica Grupal e as Condições Históricas dos EUA. As excepcionais condições nos campos político-ideológico, econômico, e científico-tecnológico dos EUA neste século, foram extremamente favoráveis para o desenvolvimento de uma ciência da grupalidade humana naquele país. Quanto a isso, o que é sempre ressaltado é a radical coerência entre os postulados da Dinâmica Grupal e os parâmetros do campo político-ideológico norte-americano. Essa coerência pode ser observada nos seguintes fatos: 3.1.1. Os ideais de democracia e participação estão presentes desde os primórdios da formação social americana – quanto a isso o pensador francês Alexis de Tocqueville acentua sobretudo o sistema de valores dos imigrantes puritanos que povoaram a América, e o seu duplo sentido da igualdade e da liberdade [14: p. 214]. 3.1.2. O associativismo, como uma resposta pragmática às enormes dificuldades encontradas pelos primeiros colonizadores, é inerente ao processo de formação da nação americana. Sobre isso, o mesmo Tocqueville em seu célebre tratado “Sobre a democracia na América”, publicada em 1864, fez a seguinte observação: t enho encontrado na América todos os tipos de

associações. Os americanos de diversas idades, condições e opiniões se associam constantemente. Não somente em termos comerciais e industriais, mas também religiosos, morais, sérios ou fúteis, gerais ou particulares e de grandes ou pequenas associações. Na França, você encontra liderando um novo projeto, o Estado; na Inglaterra, um grande proprietário e, na América, uma associação. (^) [15: p. 2]. 3.1.3. A peculiar situação política dos EUA no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Na década de 30, a sociedade americana, em contraposição aos sistemas totalitários que predominavam no mundo de então (nazismo na Alemanha, stalinismo na Rússia, monarquia absoluta no Japão etc., era o que Karl Popper caracterizou como sociedade aberta [16: p. (^53) ], (^) pois regida por parâmetros democráticos. Isto é, a liberdade de comunicação e associação é uma garantia da Constituição Federal, e há funcionamento independente dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Foram essas condições democráticas que permitiram que, nessa década de 30, inúmeros cientistas e pensadores de renome abandonassem seus países de origem e fossem desenvolver seus trabalhos nos Estados Unidos - entre eles, muitos eram de origem judáica que fugiam do nazismo alemão, como os já citados autores fundamentais para a Dinâmica Grupal: Kurt Lewin e Jacob Levy Moreno. 3.1.4. As dramáticas mudanças na economia americana ocorridas na década de trinta, mais especificamente entre os anos de 1929, crack da bolsa de New