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Conteúdos Aula Unidade 2 da disciplina psicanálise e educação
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Aula 7 - Interface entre Psicanálise e Educação Nesta aula, sugerimos como leitura o ensaio, Sigmund Freud (1856-1939), por Bernard Jolibert, que abre a coletânea sobre Freud (p.11-31) na coleção "Os Educadores" (a coleção completa está disponível no site Domínio Público do MEC). Além da leitura obrigatória, no volume mencionado também existem vários excertos de obras de Freud, nos quais ele aborda temáticas que já tratamos ao longo de nosso curso (como a sexualidade infantil, as fases de desenvovimento, etc.). O contato em primeira mão com a obra do autor é de grande importância para um entendimento mais acurado de suas ideias sobre o assunto. A tese defendida no ensaio de Jolibert, aproxima-se em vários pontos daquela sustentada por Millot em seu famoso livro "Freud: Antipedagogo" (1979), no qual aponta, logo às primeiras páginas, que a grande porta de entrada da Psicanálise no diálogo com a Educação é o problema do mal-estar na cultura, da conciliação entre as pulsões e a vida em civilização, tema que discutimos na última aula da unidade anterior. Sugerimos aos interessados em se aprofundar no tema desta disciplina que busquem a obra de Millot obra em livrarias, sebos e bibliotecas. Nas palavras de Jolibert, a educação para Freud seria: a prática (técnicas, procedimentos, métodos, conteúdos pedagógicos) pela qual os adultos imporiam às crianças, mais ou menos rigorosamente, a renúncia ao imediatismo do prazer instintual, substituindo-o pela obediência à realidade. Essa substituição implicaria sofrimento corretivo que seria necessário cuidar para que não degenerasse em um estado mórbido (2010, p. 18). E logo na sequência traduz essa ideia em jargão psicanalítico: a finalidade da educação é instaurar o princípio de realidade como princípio regulador das condutas individuais, essa instauração não implica de maneira alguma uma substituição. Na realidade, não se trata de renunciar ao prazer, mas ao seu caráter imediato. Assim mesmo, não se trata de rejeitar a vida pulsional, de negá-la (Freud sabe bem que essa rejeição equivale a uma negativa sem eficácia), mas de adaptá-la, de ajustá-la a uma realidade natural e social incontornável, realidade na qual deve encontrar sua expressão. Dessas definições iniciais o autor deriva algumas consequência de grande alcance para o entendimento psicanalítico da tarefa educativa. A primeira, é o caráter necessariamente repressivo, em maior ou menor grau de toda a educação; a segunda é colocar em xeque a possibilidade dos sujeitos serem educáveis, isto é que se possa educar "de fora" do sujeito, uma vez que o conflito entre as demandas do princípio do prazer e as interdições do meio físico e cultural só encontram resolução no "interior" da vida psíquica; e em terceiro lugar derivamos as analogias entre o trabalho educativo e psicanalítico (que esbarram nos mesmos dois entraves apontados acima, mas cada qual atuando sob um âmbito diferente, a psicanálise sobre a saúde mental do indivíduo, a educação sobre a coesão do tecido social de acordo com a tradição onde ocorre). Ultrapassando um pouco os limites da leitura sugerida, mas mantendo-nos fiéis ao seu espírito, diríamos que das analogias entre o trabalho analítico e o pedagógico é que surgem as grandes contribuições da Psicanálise para a Educação. Não é possível educar um sujeito a despeito de quem ele é, nem que um sujeito eduque-se por si mesmo, da mesma maneira que não é possível que um sujeito analise-se, ou analisar um sujeito a despeito dele, de sua vida concreta e de suas vicissitudes. É só através da (e na) relação analítica ou pedagógica, que a análise ou a educação se dão, o que
implica em toda a dinâmica de transferência e contratransferência, a que aludimos na aula 5 da unidade anterior. Educar, com efeito, significa, em última instância, socializar, e o princípio de realidade, em geral, convém ao conjunto das regras admitidas por todas as sociedades, inclusive as mais tirânicas e injustas. Esse princípio não permite nenhuma discriminação entre os modelos sociais. Educar consistiria, assim, em inculcar as regras morais e os conhecimentos indispensáveis a uma sociedade qualquer, regras e conhecimentos que lhe permitam perseguir, para além da sucessão das gerações, as exigências que impõem suas estruturas (Jolibert, 2010, p. 28). Como vimos, esta "inculcação", segundo o modelo psicanalítico não se dá pela mera transmissão consciente, mas também e sobretudo por processos inconscientes de identificação e diferenciação com um outro, que detém a autoridade, como uma mescla de afeto e de poder de interdição sobre o sujeito. Para além do texto de leitura obrigatória, também recomendamos a vídeo aula produzida pela Univesp (TV da Universidade Virtual do Estado de São Paulo, consórcio paulista que ocupa lugar similar ao CEDERJ). Referências: JOLIBERT, B. Sigmund Freud (1856-1939). Em: JOLIBERT, B. Sigmund Freud. Coleção "Os Educadores". Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010, p. 11-31. MILLOT, C. Freud Antipedagogo. Buenos Aires: Paidós, 1979. Aula 7 - Interface entre Psicanálise e Educação Leitura obrigatória Volume da coleção "Os Educadores" sobre a contribuição de Freud à Educação, a leitura obrigatória para esta aula engloba apenas o primeiro ensaio, de Bernard Jolibert, que vai das páginas 11 a 31. Leia em PDF (texto com formatações que dificultam leitura por softwares de acessibilidade). Infelizmente desta vez não encontramos versão do texto em versão html, pedimos desculpas, mas o PDF em questão, nas páginas correspondentes ao texto recomendado parece ser de fácil leitura por software, uma vez que não possui figuras, tabulações especiais, ou colunas. Aula 7 - Interface entre Psicanálise e Educação Vídeo complementar https://youtu.be/eqTjj2PXU9k Paradigma Psicanalítico Aula 8 - A Recepção da Psicanálise na Educação Brasileira Há muitas maneiras de se aproximar a Psicanálise da Educação, e vice-versa. Mesmo quando focamos como estas aproximações se deram em um local ou época específica podemos ver uma pluralidade de maneiras de se tratar a questão. No Brasil não encontramos um cenário diferente, mas raros são os mapas que nos possam guiar em meio a esta multidão de propostas. Talvez a melhor maneira de se guiar neste panorama não seja realmente um mapa, mas o entendimento histórico de como as diferentes abordagens ao problema chegaram a se constituir. Neste sentido, o artigo de Abrão que escolhemos como leitura obrigatória para esta aula (Abrão,
Neste momento a Psicanálise foi utilizada principalmente como uma teoria do desenvolvimento psicológico infantil, em especial no que diz respeito a aspectos personalógicos e emocionais. Assim, a grande ênfase dos trabalhos de aproximação entre a teoria de Freud e a Educação eram os estudos sobre as fases do desenvolvimento psicossexual e a tentativa de estabelecer uma “tipologia” psicológica dos perfis mais comuns de alunos (em especial de alunos potencialmente problemáticos) tentando localizar os motivos de constituição dos tipos na história do desenvolvimento do sujeito. Aula 8 - A Recepção da Psicanálise na Educação Brasileira Segundo período: 1930s – 1950s Curiosamente, alguns dos personagens de maior destaque neste período são os mesmos do período anterior. Pelo caráter pioneiro de seus trabalhos, os mesmos profissionais são convidados a ocupar lugar de destaque na implementação de suas ideias teóricas no campo da prática educativa. Em função de a Psicologia enquanto profissão não estar regulamentada ainda, foram os psiquiatras que assumiram o papel de transpositores do saber psicanalítico para a prática educacional. A grande característica deste período é a incorporação da Psicanálise ao discurso higienista, marcado pelo caráter preventivo na saúde pública. Ou seja, a principal meta dos autores desta época é utilizar a Psicanálise como uma ferramenta para prevenção de transtornos mentais através da Educação. Basicamente a ideia é conseguir identificar as “crianças-problema” e evitar que elas venham a se tornar “adultos-problema”. Idealmente este trabalho envolveria mais do que a educação formal, visaria a educação entendida integralmente, abrangendo a educação familiar e em outros espaços informais, além do trabalho dos profissionais da área de saúde. Integrando este trabalho multifacetado estariam as Clínicas de Orientação Infantil e instituições como a Seção de Ortofrenia e Higiene Mental do Instituto de Pesquisas Educacionais do Distrito Federal (na época a cidade do Rio de Janeiro era o Distrito Federal), e ainda a Seção de Higiene Mental Escolar do Departamento de Educação da então Secretaria de Estado da Educação e Saúde Pública de São Paulo. Aula 8 - A Recepção da Psicanálise na Educação Brasileira Crítica e contemporaneidade do problema Há uma série de críticas que podemos fazer tanto ao texto utilizado como base para esta aula, quanto às formas segundo as quais ele aponta que a Psicanálise foi apropriada pelos educadores ao longo da primeira metade do século passado. É preciso fazer uma grande ressalva, entretanto, em ambos os casos estamos falando de trabalhos pioneiros, o que por si só já deve tornar mais modestas nossas suas expectativas. Não seria justo esperarmos dos primeiros a estabelecer o diálogo entre a Psicanálise e a Educação que já tivessem superado todos os entraves e dificuldades da empreitada logo às primeiras tentativas. Não seria sensato acreditar que o trabalho de Abrão esgote toda a história deste diálogo no período, e o próprio autor humildemente chama a atenção para este fato logo ao início do artigo de referência. Talvez o ponto mais polêmico destes primeiros diálogos entre a Educação e Psicanálise tenha sido a contribuição da última para a criação da figura da “criança-problema”, rótulo muito criticado na contemporaneidade onde encontra eco em toda a crítica à medicalização do ambiente escolar. De fato, a criação da expressão, e do objeto que ela designa, teve repercussões muito nocivas no meio educacional na contemporaneidade (vide, por exemplo, o trabalho de Patto, 2000), não temos razões para crer que elas estejam confinadas ao passado (basta lembrar a “epidemia” de diagnósticos de TDAH que vivemos).
No sentido inverso, porém, não podemos deixar de notar, conforme Abrão nos chama atenção que a criação da expressão, foi útil no contexto da época, para que se fundasse a “distinção estabelecida entre criança-problema e criança deficiente, que na pedagogia tradicional eram classificadas sob um único rótulo: o de criança anormal” (2006, p. 237). Diferenciando assim o que seria um estado, o de “problema” de uma condição perene a de “deficiente”, o que tornaria as primeiras “recuperáveis” e passíveis de intervenção pedagógica ou psicopedagógica bem-sucedida. Obviamente, que para os padrões atuais da educação inclusiva ainda esta distinção nos parece muito tímida, e é, mas não é possível negar que para os cânones da época significou um avanço, que em parte ajudou a conduzir às perspectivas contemporâneas sobre o tema da inclusão em um espectro mais amplo. Breve consideração sobre a contemporaneidade do problema Um aspecto que era comum aos dois períodos iniciais da aproximação entre Psicanálise e Educação no Brasil foi a ênfase depositada na criança. Esta tendência já não se faz sentir tão fortemente na contemporaneidade, ao menos não se constitui como ênfase exclusiva. Conforme veremos nas aulas que se seguem, perspectivas contemporâneas tem valorizado as relações entre educadores e educandos, entre eles e a instituição escolar, e entre todos estes e a sociedade como um todo. Assim, para além da temática do desenvolvimento psicossexual, outras também tem recebido destaque como o do manejo da transferência e contratransferência, e as relações entre saúde mental e mal- estar na cultura. Referências: ABRÃO, J. L. F. As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira no Início do Século XX. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, n. 2, p. 233-239, ago. 2006. BRASIL. Lei nº 4119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre a formação em Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo, 1962. PATTO, M. H. de S. A produção do fracasso escolar. Histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. Aula 8 - A Recepção da Psicanálise na Educação Brasileira Leitura obrigatória Artigo de Jorge Luís Ferreira Abrão sobre as influências da Psicanálise na Educação Brasileira no início do século XX: Leia em PDF (texto com formatações que dificultam leitura por softwares de acessibilidade). Leia em HTML (link para o artigo em formato HTML, mais acessível). Aula 9 - Psicanálise e Educação Infantil Observação: Para compreender as temáticas relativas a esta aula é necessário conhecimento prévio sobre conceitos estudados na unidade anterior. Destacamos a importância da compreensão sobre a estrutura do aparelho psíquico (Unidade 1 – Aula 1), as fases do desenvolvimento psicossexual (Unidade 1 – Aula 2), e a noção de transferência (Unidade 1 – Aula 3).
observação da presença ou ausência de determinados comportamentos no bebê para realizar o diagnóstico. O artigo em questão ilustra uma série de pontos importantes que temos discutido ao longo de nosso curso, e alguns que introduziremos agora: O caráter dinâmico da teoria psicanalítica, que precisa se atualizar frente a mudanças sociais que alteram os pressupostos com os quais a teoria clássica contava como ponto de partida para o desenvolvimento. No caso em questão neste texto, temos as mudanças nos padrões referentes aos cuidados iniciais com o bebê, que hoje são cada vez mais cedo entregues ao cuidado de profissionais da educação que acabam assumindo algumas das funções ocupadas de forma majoritária pelos pais (sobejamente a mãe) no contexto em que Freud formulou originariamente a Psicanálise. A importância de não confundirmos as noções de figura materna e figura paterna com os genitores ou mesmo com a figura social da mãe e do pai. No texto a questão é complexificada ao ponto de se sugerir uma nova figura, a da “função maternante – uma função que é materna, mas ao mesmo tempo desdobra ações diversas daquelas desempenhadas pelas mães, o que nos leva a cunhar esse termo para designar a função do professor subjetivante, mas não idêntica à materna” (Brandão e Kupfer, 2014, p. 277). Vale ainda destacar que esta “função maternante” como as funções materna e paterna, não estão atreladas necessariamente ao gênero do cuidador. O fato de a grande maioria dos profissionais de educação infantil ser do gênero feminino é mais uma contingência histórica que uma necessidade psicológica apriorística. O papel das relações transferenciais, tanto na relação analítica, quanto na relação educativa. Apesar do caso de haver uma psicanalista presente na escola ser um caso atípico, no artigo pode-se perceber como a relação da educadora com a pesquisadora foi um dispositivo importante para a transformação da relação da educadora com o educando. A Psicanálise também serve de meio de construção de ferramentas diagnósticas objetivas, na forma de testes que nos permitem acessar especificidades da constituição psíquica dos sujeitos. Talvez o exemplo mais famoso deste tipo de instrumento seja o teste de Rorschach (que já inspirou até um famoso personagem dos quadrinhos). O instrumento utilizado pelas pesquisadoras autoras do artigo que leremos, é um pouco diferente, ele se baseia no mapeamento da ausência de determinados comportamentos considerados típicos dos primeiros meses de vida segundo a Psicanálise como indicativos de problemas no desenvolvimento. Artigo de Daniela Brandão e Maria Cristina Kupfer sobre a construção do laço educador-bebê a partir de uma metodologia desenvolvida com uso de um inventário: Leia em PDF (texto com formatações que dificultam leitura por softwares de acessibilidade). Leia em HTML (link para o artigo em formato HTML, mais acessível). Leitura Obrigatória Leitura Complementar A leitura complementar sugerida, é facultativa. O artigo selecionado para esta seção é resultado do projeto de pesquisa que culminou na construção do instrumento de avaliação de riscos para o desenvolvimento infantil ao qual a leitura obrigatória faz menção, o IRDI. Nele podem ser encontrados tantos a listagem completa dos itens utilizados nesta avaliação, quanto os critérios que levaram à sua seleção e retenção na versão final do instrumento. Não é necessária a leitura deste texto para a compreensão do primeiro, e nem mesmo para efeitos das avaliações do curso. Todavia acreditamos que o aluno poderá se beneficiar desta leitura, pois ela ilustra de uma maneira rara na literatura especializada a construção de um instrumento psicométrico de inspiração psicanalítica. E pode tornar algumas considerações das autoras da leitura obrigatória mais fáceis de compreender.
Artigo de Maria Cristina Machado Kupfer e colaboradores sobre o desenvolvimento de um inventário de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil a partir da teoria psicanalítica: Leia em PDF (texto com formatações que dificultam leitura por softwares de acessibilidade). Leia em HTML (link para o artigo em formato HTML, mais acessível). Aula 10 - Psicanálise e Adoecimento Docente Observação: Para compreender as temáticas relativas a esta aula é necessário que os conceitos tratados na unidade anterior estejam compreendidos. Destacamos a importância da compreensão sobre a estrutura do aparelho psíquico (Unidade 1 – Aula 1), as fases do desenvolvimento psicossexual (Unidade 1 – Aula 2), e as noções de repetição, sintoma e transferência (Unidade 1 – Aula 3). Nesta aula focamos em um assunto diferente daquele que nos detivemos nas aulas anteriores, o foco de nossa atenção não recai mais na figura do discente, mas na do professor. Nosso tema são as contribuições da Psicanálise para entendermos o trabalho docente e suas vicissitudes no cenário da educação brasileira contemporânea. Apesar da mudança de foco, poderemos constatar como alguns conceitos que usamos em aulas anteriores continuam sendo centrais para o entendimento desta ordem de fenômenos. Para além de uma mudança do eixo temático (do discente para o docente), nesta aula também procuramos abordar um outro aspecto da produção de conhecimento em Psicanálise que contrasta com o que foi apresentado nas aulas anteriores, e, em especial com a aula imediatamente precedente. Estamos falando de questões de método. Se na aula passada nos valemos de uma pesquisa "quantitativa" em Psicanálise, que empregava a construção de uma escala psicométrica, na presente aula, a pesquisa que ilustra nosso ponto parte de uma metodologia "qualitativa", nas palavras do autor uma "pesquisa-intervenção de orientação clínica", que, entretanto não se confunde com o trabalho da clínica psicanalítica, na medida que a pesquisa não tem pretensões terapêuticas (ainda que possa gerar efeitos desta ordem). Aula 10 - Psicanálise e Adoecimento Docente Repetição, transferência e sintoma Para melhor compreendermos o artigo que usamos como referência sugerimos que alguns temas que foram tratados em aulas anteriores sejam relidos, especialmente na Aula 3 da Unidade 1, quando tratamos de assuntos como o papel da repetição e da transferência na expressão e manejo dos sintomas segundo a Psicanálise. O papel destas noções fica claro quando lemos no artigo que as estratégias de intervenção propostas na pesquisa visam: (1) localizar a posição subjetiva de quem fala a partir de sua escuta, destacando modos fixos de gozo ou de satisfação pulsional; (2) estabelecer rapidamente as possíveis hipóteses - já que não se tem o tempo da clínica convencional; (3) propiciar a transferência ao longo de todo o processo; (4) suspender as resistências e os semblantes; (5) recortar o caráter repetitivo do sintoma; (6) intervir pontualmente, sobretudo, por meio de “citação”, com fins de ajudar o sujeito a fazer seu sintoma vacilar. (PEREIRA, 2017: 74-75 - grifo nosso). Aula 10 - Psicanálise e Adoecimento Docente Resistência, defesas e ganhos neuróticos