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Guias e Dicas
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clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico, Manuais, Projetos, Pesquisas de Medicina Oral

medicina medicina medicina medicina medicina medicina medicina medicina medicina medicina medicina medicina

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2019

Compartilhado em 09/10/2019

liz-mateus
liz-mateus 🇦🇴

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raciocinio-clinico.indb 3 3/1/2018 3:06:57 PM
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Baixe clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico clínico e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Medicina Oral, somente na Docsity!

Autores

AUTOR-COORDENADOR:

Carlos Antonio Gusmão Guerreiro de Moura

Formado pela Universidade Federal da Bahia. Residência em Clínica Médica pelo Hospital Santo Antônio - Associação Obras Sociais Irmã Dulce. Reumatolo- gista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Preceptor de Clínica Médica do Hospital Santo Antonio e Hospital Geral Roberto Santos. Professor do internato do curso de medicina da Escola Bahiana ds Medicina e Saúde Pública. Professor do internato do curso de medicina da Universidade Salvador (UNIFACS).

AUTORES-COLABORADORES:

Marconi Moreno Cedro Souza

Formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Clínica Médica pelo Hospital Santo Antônio - Associação Obras Sociais Irmã Dulce. Re- sidência em Gastroenterologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Me- dicina da Universidade de São Paulo.

Carlos Geraldo Guerreiro de Moura

Professor do internato da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Dou- tor em Medicina e Saúde Humana pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pú- blica. Coordenador da Residência em Clínica Médica do Hospital Santo Antônio

  • Associação Obras Sociais Irmã Dulce. Reumatologista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Médico concursado do Ministério da Saúde - Hospital Ana Neri.

sintomas dos pacientes com seus possíveis diagnósticos diferenciais, seguindo aos exames complementares com sua correta interpretação, e, por fim, conclu- são diagnóstica. A hierarquia médica preserva-se nestas sessões, sempre com opiniões e hipó- teses seguindo uma ´ordem crescente´: acadêmicos seguidos de residentes do primeiro e segundo ano, e por fim a opinião dos especialistas. Esta característica ressalta o valor do respeito à experiência clínica, bem como aguça o interesse dos mais novos em ter exemplos a serem seguidos. Assim, inspirados nos ensinamentos ímpares que adquirimos nas enferma- rias e nestas sessões de raciocínio, criamos este livro, contemplando os ´10 man- damentos da Clínica Médica´ e transcrevendo totalmente aquilo que era discuti- do na vivência médica com um dos poucos profissionais que hoje, sem dúvida, é um dos maiores exemplos vivos do que é o real ato de praticar medicina, Dr. CG. A leitura destes casos permitirá o amadurecimento do raciocínio clínico, bem como mostrará o quão é importante ter contato com o paciente antes de analisar papéis e exames. Ver, ouvir e tocar são os primeiros elos que devem ser criados no caminho ao diagnóstico. Apesar de você, durante a leitura, estar provavelmente sentado numa mesa, sem dúvida irá se sentir ao lado do paciente, em meio a uma discussão à beira do leito, e será compelido, ao término de cada caso, a ver e examinar pacientes, inebriado com o brilhantismo que praticamos o que há de mais valioso na arte médica: o raciocínio clínico.

senta sensibilidade suficiente que, quando ausente, afastemos uma hipótese diagnóstica.

  • Exemplo 1: Paciente jovem, sexo feminino, 27 anos, cursando com dor em flan- co e febre há 2 dias. Giordano positivo. O relato de disúria quando questiona- da, corrobora a hipótese de pielonefrite, no entanto a negativa deste sintoma não afasta o diagnóstico.
  • Exemplo 2: Paciente de 40 anos com poliartrite simétrica de pequenas arti- culações e rigidez matinal > 1h. A presença de um anti-CCP positivo ajuda no diagnóstico de Artrite Reumatóide, porém a ausência não exclui. 4. “Exames complementares são complementares, e não definidores”.
  • Evite olhar para os exames complementares antes de ouvir e examinar o pa- ciente. Os exames servem para complementar a anamnese e exame físico. Quanto mais pobre for a história e o exame físico, aí sim mais importantes serão os exames laboratoriais e de imagem. 5. “Uma coisa é o paciente te fornecer um dado espontaneamente; outra é a informação ser retirada pelo médico”.
  • Durante a anamnese é comum o paciente nos dar informações de forma es- pontânea, no entanto é função nossa saber fazer perguntas pertinentes para retirar a melhor informação do paciente.
  • Exemplo: Paciente de 30 anos interna referindo dor e edema assimétrico em MID. Doppler evidenciou trombose venosa profunda. Quando questionada, re- fere úlceras orais de repetição e genitais. Neste caso não espere que a paciente, espontaneamente, refira úlceras orais e genitais; o médico tem que ser capaz de suspeitar, dentre várias trombofilias, de Doença de Behçet e buscar ativa- mente sinais e sintomas que contemplem a suspeita. 6. “Respeite a impaciência do paciente”
  • Sempre pondere a situação desfavorável em que o enfermo se encontra, es- pecialmente daqueles socialmente abastados. 7. “Reduza a distância formal para com o seu paciente, porém não seja seu familiar.”
  • Em regra o paciente está na horizontal e o profissional de saúde está na ver- tical. O toque médico ajuda a “encurtar” esta distância, porém sempre tenha em mente que por menor que seja a distância não confunda a relação mé-

Sumário

Raciocínio Cliníco | 23

CASO 01

Mulher de 20 anos

com febre e lombalgia

Apresentação do caso clínico

HISTÓRIA: A.L.P.R., sexo feminino, 20 anos, natural e procedente do nordes- te brasileiro, há 40 dias da admissão iniciou quadro de tosse seca associada a febre matutina diária de 40ºC, por vezes acompanhada de sudorese profusa. Associou ao quadro discreta astenia e lombalgia, de leve a moderada intensi- dade, sem irradiação, que piorava com a movimentação e melhorava com uso de analgésicos simples. Procurou atendimento médico no seu município no 3º dia de doença, onde recebeu o diagnóstico de pielonefrite sendo medica- da com ciprofloxacino. Após melhora clínica parcial, apresentou recorrência dos sintomas e foi internada para novo tratamento medicamentoso. Durante o internamento devido à persistência da febre, foi submetida a exames labora- toriais e de imagem, sendo então encaminhada para esta unidade, mantendo episódios febris intermitentes (em média um pico a cada 4 dias) para investi- gação diagnóstica.

ANTECEDENTES PATOLÓGICOS: Portadora de hepatite autoimune diagnos- ticada há 3 anos, em uso de azatioprina 100mg/dia e prednisona 15mg/dia.

ANTECEDENTES FAMILIARES: Pais hipertensos, sem doenças autoimunes na família.

HÁBITOS DE VIDA: Parceiro sexual fixo, nega tabagismo e etilismo. Negou uso de leite não pasteurizado e de drogas ilícitas.

24 | Raciocínio Cliníco - CASO 01

EXAME FÍSICO: bom estado geral, eutrófica, lúcida. Eupneica, acianótica, anic- térica, febril. Mucosas hipocrômicas (+/4+) e hidratadas. FR: 24 irpm FC: 110 bpm; PA: 100/70 mmHg T: 38,2°C, IMC: 19,8. Tórax com conformação habitual, sem deformidades. Expansibilidade preservada. Frêmito toracovocal e timpanismo preservados. Murmúrio vesicular (MV) presente, reduzido em base de hemitórax esquerdo, sem ruídos adventícios. Sem alterações cardiovasculares. Giordano positivo bilateralmente, com leve dor à palpação de vértebras lombares (L2, L e L4); ausência de limitação à movimentação; teste de Laségue e Patrick negati- vos. Exame neurológico sem alterações.

Discussão clínica

— ACAD: A paciente em questão apresenta diversos sinais e sintomas que podem, a princípio, estar dissociados. Considerando a procedência da paciente, bem como a queixa de tosse por mais de três semanas, tuberculose (TB) pulmo- nar se torna nossa primeira hipótese, especialmente se somarmos a estes fatos o histórico de uso de imunossupressor. Outro foco de abordagem possível seria a presença de febre prolongada que sempre nos remete à doenças infecciosas, merecendo lembrança, mais uma vez, a TB. Uma segunda possibilidade diante do Sinal de Giordano positivo, seria infecção do trato urinário alto. Como hou- ve resposta inicial ao tratamento com quinolônico e posterior recorrência dos sintomas, é possível que possa estar havendo uma pielonefrite complicada, ou por nefrolitíase ou por abscesso perinefrético. Excluindo estas possibilidades in- fecciosas, outras causas de febre prolongada não podem ser esquecidas, dentre elas neoplasias e doenças autoimunes. Neste contexto, a faixa etária reduz a pro- babilidade de uma doença neoplásica. No entanto, como não é incomum doen- ças autoimunes ocorrerem simultaneamente, sendo ela portadora de hepatite autoimune, é possível que ela esteja abrindo nova condição imune como Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) especialmente se associarmos a queixa articular de lombalgia com os sintomas constitucionais. Além de todas estas possibilidades, não podemos esquecer que lombalgia em muitas ocasiões é idiopática e não ne- cessariamente tem que estar correlacionada com o quadro febril da paciente. Portanto, nossa principal hipótese é tuberculose pulmonar, seguido de pielone- frite complicada e LES.

26 | Raciocínio Cliníco - CASO 01

que a paciente inicia o quadro clínico dela com tosse e febre prolongada e esta não é uma apresentação usual de pielonefrite.

— DR. CG: Este caso realmente apresenta muitas formas distintas de ser abor- dado. Temos a febre prolongada, a lombalgia e os sintomas respiratórios. Prati- camente todos os comentários se apoiaram, de alguma forma, na presença da febre e/ou de tosse para corroborar a suspeita de TB. Concordo que a presença de febre prolongada sempre é um bom ponto de partida para estabelecer um diagnóstico diferencial, porém ela poderia não estar presente neste caso, e ainda assim a suspeita deveria ser a mesma. Portanto, faço questão de tecer comen- tários acerca de lombalgia, especialmente pela paciente ter o achado ao exame físico de dor à palpação das vértebras lombares. Não há dúvida que a principal causa de lombalgia é de origem mecânica, seja por contraturas da musculatura paravertebral, seja por compressões radicula- res. O principal papel do médico internista será identificar, dentre tantos pacien- tes com dor lombar, aqueles que podem ter uma causa neoplásica, infecciosa ou inflamatória não-infecciosa. Quando falamos de lombalgia, uma das primeiras patologias que vem à men- te é ciatalgia por hérnia de disco. Alguns pontos são importantes de esclarecer sobre a relação lombalgia-discopatias. Primeiro, deixemos claro que nem toda hérnia de disco exercerá efeito compressivo sobre o sistema nervoso (depende de qual região do disco está herniando); segundo que nem toda radiculopatia é, necessariamente, compressiva (pode ser metabólica ou iatrogênica); e tercei- ro que, mesmo nos casos compressivos, nem sempre a causa é uma hérnia de disco (ex.: lesões expansivas intra-abdominais, fragmentos ósseos, síndrome do piriforme etc.). Portanto, percebam que exames de imagem feitos indiscrimi- nadamente num paciente, poderão encontrar hérnias de disco incidentais que não justificariam a dor relatada por ele. A despeito disto, é comum que diante de quadros de lombalgia, grande parte dos médicos solicite ressonância nucle- ar magnética (RNM). Agora pensem: é pouco provável que um paciente idoso não tenha alterações estruturais degenerativas na coluna; o que não se pode é atribuir toda e qualquer lombalgia às alterações evidenciadas nos exames ra- diológicos, principalmente na RNM. O nosso papel enquanto clínicos será de identificar os ´red flags´ que indiquem necessidade de investigação diagnósti- ca pormenorizada em busca de doenças graves como metástase óssea, mielo- ma múltiplo, espondilodiscite etc.) (Tabela 1).

Raciocínio Cliníco | 27

A sugestão que dou a todos é de abordar uma lombalgia de forma anatômica. O exemplo que darei é bem simples: quando um paciente refere ´dor no estôma- go´os médicos automaticamente deduzem que é uma dor epigástrica, portanto que pode ter diversas origens (ex.: pâncreas, vias biliares, síndrome coronaria- na aguda etc.) sendo as patologias gástricas apenas mais uma das possibilida- des. Com a queixa de lombalgia, devemos pensar da mesma forma, afinal nem toda dor dita lombar é necessariamente oriunda das vértebras lombares. Des- te modo a anamnese e exame físico devem ser guiados em busca de condições intra-abdominais (ex.: pancreatite, nefrolitíase, aneurisma de aorta abdominal etc.), patologias da musculatura paravertebral (ex.: piomiosite) e vertebrais pro- priamente ditas.

TABELA 1 – ´RED FLAGS´ PARA LOMBALGIA Perda ponderal Histórico de câncer Anemia Febre Imunossupressão Uso de drogas endovenosas Alteração esfincteriana Dor noturna

Portanto, após este preâmbulo sobre lombalgia, percebam que a paciente apresenta ´red flags´ bem como achados no exame físico que apontam para uma lesão vertebral propriamente dita, indicando a necessidade de investigação adi- cional. Neste contexto, duas hipóteses merecem destaque: espondilodiscite infec- ciosa e neoplasia (primária óssea ou metastática).

  • Espondilodiscite infecciosa e Lombalgia: as espondilodiscites infecciosas podem ser por TB, brucelose, piogênicos e, menos comumente, fungos. A bru- celose sempre merece lembrança nos pacientes com lombalgia e febre pro- longada, especialmente quando o padrão da febre é ondulante. Esta doença, também conhecida como Febre de Malta ou Febre Ondulante, classicamente tem padrão febril que oscila com períodos afebris, muito semelhante à febre de Pel-Ebstein, bem descrita em casos de Linfoma de Hodking. No entanto, no caso em questão, o período afebril deve ter decorrido pelo uso de antibiotico- terapia, o que terminou por ser um fator de confusão no caso. Além disto, não considero brucelose uma possibilidade por outros motivos como epidemiolo- gia negativa, apresentação inicial com sintomas respiratórios (não é comum nesta entidade) e por não haver nenhum indício de envolvimento do sistema nervoso central, presente em quase 90% dos casos.

Raciocínio Cliníco | 29

peitar de outra causa para esta fratura que não a simples fratura por fragilidade óssea? (Tabela 2). Portanto, a paciente em questão apresentava sinais de alerta que, por si só, demandavam investigação adicional.

TABELA 2 – PISTAS CONTRA UMA FRATURA POR FRAGILIDADE Fraturas em vértebras torácicas altas e vértebras cervicais Compressão neurológica secundário à fratura Persistência da dor após 4 - 6 semanas a despeito de medidas conservadoras Presença de algum ´red flag´ citado na Tabela 1

Suspeita clínica

  • Tuberculose Miliar (renal/pleuro-pulmonar/espondilodiscite tuberculosa).

Exames complementares

— APRESENTADOR: Os exames laboratoriais da admissão evidenciaram al- terações como hipoalbuminemia, anemia e discreta elevação de transaminases (Tabela 3). O raio X de tórax (Figura 1) mostrou pulmão com infiltrado retículo-no- dular bilateral e derrame pleural bilateral com possível septação à esquerda. A pa- ciente trazia consigo exames externos com baciloscopias de escarro e do lavado broncoalveolar (LBA) negativas, e biópsia endobrônquica do brônquio segmentar do lobo superior direito sem alterações. O sumário de urina evidenciava 15 pió- citos/campo, 13 hemácias/campo e cilindros granulosos, sem outras alterações. Hemoculturas e urocultura para piogênicos resultaram negativas. Ecocardiogra- ma transtorácico não mostrou anormalidade.

TABELA 3 - EXAMES ADMISSIONAIS Valores de referência Admissão Hb (mg/dL) ♂13,5 a 18 / ♀12 - 16 10, Ht (%) ♂40 a 50 / ♀35 a 45 33 VCM (fL) 87 - 103 90 HCM (pg) 32 - 37 29 RDW (%) 11.5 - 14.6 13

TABELA 3 - EXAMES ADMISSIONAIS

Figura 1. Raio X de tórax PA — DR. CG: Gostaria de saber o que os MR2 acharam da radiografia de tórax, bem como do sumário de urina, da hipoalbuminemia, das transaminases e ane-

  • Introdução
  • 10 mandamentos da medicina interna
  • Glossário
  • CASO
  • Mulher de 20 anos com febre e lombalgia
  • CASO
  • Homem de 64 anos com hemoptise há 12 anos
  • CASO
  • Mulher de 75 anos com dispnéia, eritema perimaleolar e macroglossia..........
  • CASO
  • Homem de 32 anos com febre prolongada e dor ventilatório-dependente
  • CASO
  • Mulher de 33 anos com lesões cutâneas bolhosas e nodulares
  • CASO
  • Homem de 65 anos com anasarca há 90 dias
  • CASO
  • pústulas Mulher 36 anos portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico com poliartrite e
  • CASO
  • ataxia Mulher de 25 anos portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico com fraqueza e
  • CASO
  • Mulher de 77 anos com déficit cognitivo e quedas frequentes
  • CASO
  • Homem de 49 anos com poliúria, polidipsia e linfadenopatia generalizada..
  • CASO
  • Homem de 33 anos com mialgia, cefaleia e sudorese noturna intermitentes
  • CASO
  • Homem de 34 anos com dor abdominal e síncope intermitentes
  • CASO
  • Mulher de 82 anos com constipação e lombalgia
  • CASO
  • Homem de 61 anos com angina, turvação visual e ascite
  • CASO
  • Mulher de 29 anos com fraqueza muscular, dispneia e sibilos........................
  • CASO
  • Mulher de 48 anos com anasarca e úlceras orais de repetição
  • CASO
  • Mulher de 56 anos com poliartrite envolvendo interfalangeanas distais
  • CASO
  • Mulher de 45 anos com colestase e desorientação há 10 dias da admissão
  • CASO
  • Homem de 41 anos com linfadenopatia generalizada há um ano
  • CASO
  • Homem de 26 anos com febre, desorientação e massa em escroto
  • CASO
  • Mulher de 39 anos valvulopata com poliartralgia, náuseas e oligúria
  • CASO
  • puras ................................................................................................................ Mulher de 44 anos portadora de Diabetes Mellitus cursando parestesias e púr-
  • CASO
  • lico hemorrágico e anasarca Homem de 59 anos com síndrome do túnel do carpo, acidente vascular encefá-
  • CASO
  • Homem de 58 com síndrome consumptiva e fraqueza muscular
  • CASO
  • inferiores Homem de 35 anos com rinossinusite crônica e úlceras dolorosas em membros
  • CASO
  • Homem de 60 anos com piora da dispneia e hemoptise há dois dias
  • CASO
  • Mulher de 39 anos com alopecia e parestesias em bota e luva
  • CASO
  • res..................................................................................................................... Mulher de 48 anos com déficit cognitivo, disfagia e edema em membros inferio-
  • CASO
  • Mulher de 26 anos com dispneia, petéquias e linfadenopatia
  • CASO
  • Mulher de 51 anos com dor abdominal e ascite...............................................
  • 30 | Raciocínio Cliníco - CASO
  • γ GT (U/L) 7 - Valores de referência Admissão
  • AST (U/L) 5 -
  • Leuco (nº/mm³) 4,5 - 11 mil
  • Seg / Bast (%) 40 – 63 / 0-4 86 /
  • Plaquetas (nº/mm³) 150.000 – 450.000 341.
  • RNI 1-2 1,
  • Ureia (mg/dL) 15 -
  • Prot. Tot. 6-8 8,
  • Alb (g/dL) 3,5 - 5,5 2,
  • ALT(U/L) 7 -
  • Cr (mg/dL) 0,7 - 1,2 0,
  • Ca++(mg/dL) 8,1 - 10,4 9,
  • Na+ (mg/dL) 135 -
  • K+ (mg/dL) 3,5 - 5,5 4,
  • Glob (g/dL) 1,4 - 3,2 5,
  • FA (U/L) 60 -
  • BT (mg/dL) 0,3 - 1,2
  • BD/BI (mg/dL) 0,3 - 1 0,8/0,

32 | Raciocínio Cliníco - CASO 01

Figura 2. Tomografia de coluna lombar

— DR. CG: Estes achados nos permitem iniciar o tratamento empírico para tu- berculose disseminada. A descrição da lesão em corpo vertebral com abscesso paravertebral é forte preditor de tuberculose vertebral. Idealmente deve-se isolar o patógeno, sendo prudente ter a opinião da equipe de neurocirurgia, ortopedia e/ou cirurgia torácica para obtenção da cultura, bem como deve fazer o exame de imagem de todo neuroeixo a fim de identificar outros focos de lesão vertebral.

— APRESENTADOR: A paciente também foi submetida à ressonância mag- nética da coluna lombar que reforçou os achados da tomografia e sugeriu diag- nóstico de espondilodiscite. Como a paciente se negou a realizar novos proce- dimentos invasivos, não foi possível isolar o bacilo no pulmão e coluna, porém a urocultura foi positiva para BK. Foi feita a imagem de todo o neuroeixo sem alterações. Como o resultado da urocultura para micobactérias é demorado, foi optado por, diante da correlação clínico-radiológica e epidemiológica, iniciar o tratamento empírico para tuberculose miliar, antes do resultado da urocultura. Inicialmente fizemos o esquema alternativo devido ao risco de elevação das en- zimas hepáticas, bem como da concomitância do uso de azatioprina que é sa- bidamente hepatotóxica. No entanto, ela permaneceu febril após 2 semanas do esquema, sendo então optado por iniciarmos o esquema clássico com rifampici- na, isoniazida, pirazinamida e etambutol (RIPE) e dosagem seriada das enzimas hepáticas. A paciente evoluiu satisfatoriamente e permanece assintomática em acompanhamento com a equipe de hepatologia.

Diagnóstico final

TUBERCULOSE MILIAR

Raciocínio Cliníco | 33

— DR. CG: Qual foi a interpretação do médico assistente sobre o padrão de elevação das enzimas hepáticas e canaliculares?

— DR. CAM: Um dado que percebemos na enfermaria era a elevação predo- minante de FA e γGT (Tabela 3) em detrimento de elevações discretas de AST e ALT. Entramos em contato com a equipe de hepatologia que fazia o tratamento da doença de base e fomos informados que a paciente sempre apresentou alte- rações marcantes de transaminases; foi negado histórico de elevação de FA e γGT prévias. Apesar de ponderarmos a possibilidade de colangite biliar primária asso- ciada com hepatite autoimune, diante do quadro clínico sugestivo de tuberculose miliar, associado com este padrão de elevação enzimática compatível com doen- ças infiltrativas, suspeitamos que se tratava de tuberculose hepática. A curva de melhora enzimática após instituição do esquema RIPE corroborou nossa hipótese.

Pitfalls de Dr. CG

  • Saber escolher por qual sintoma iniciar o raciocínio: em regra escolha o que apresenta mais dados objetivos. No caso, a lombalgia era o dado mais objetivo em vista da presença do 'sinal da campanhia' no exame físico.
  • A abordagem acerca das lombalgias deve se dar de forma anatômica e não restrita à coluna vertebral.
  • Saber identificar os 'red flags' que irão nortear a necessidade ou não de realizar uma exame de imagem como a RNM.
  • Cuidado com o que chamam de infecção urinária. Piúria pode acontecer em diversas ocasiões, e não apenas em infecções urinárias.
  • Infecções por tuberculose podem ser mascaradas após uso de alguns an- tibióticos, especialmente quinolônicos.
  • A presença de elevação de FA e γGT isoladas sempre devem ter dentre os diagnósticos diferenciais hepatot oxicidade por drogas (especialmente quando a γGT se eleva mais pronunciadamente) e doenças infiltrativas hepáticas (ex. tuberculose, sarcoidose, amiloidose, linfoma, etc.).

Referências

  1. Sciatica Allan H. Ropper, M.D., and Ross D. Zafonte, N Engl J Med 2015; 372:1240-1248.