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Um estudo sobre a aplicabilidade e efeitos da cinesioterapia na reabilitação de pacientes com trauma raquimedular durante o período hospitalar. O artigo discute as complicações comuns após o trauma, a importância da equipe multidisciplinar e da intervenção precoce da fisioterapia, e os benefícios da cinesioterapia para a aptidão física e a independência funcional dos pacientes. Além disso, são discutidos os exercícios passivos, ativos, ativos-assistidos e resistidos, e seus efeitos benéficos no sistema cardiovascular, respiratório e psicológico.
Tipologia: Notas de estudo
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Resumo
Palavras-chave
Abstract
Keywords
Simone Cavenaghi¹; Dayane Gama¹; Nelson I. Valério²; Laís H.C. Marino³; Clarissa Ramirez 4** ¹Aluna do curso de pós-graduação Lato Sensu em fisioterapia hospitalar; ²Pisicólogo, doutor em Psicologia/PUC Campinas, Professor Adjunto; ³especialista em fisioterapia hospitalar**, supervisora do aprimoramento em fisioterapia do Hospital de Base de São José do Rio Preto; 4 especialista em fisioterapia neurológica, mestre em Ciências/USP.
Trauma Raquimedular é um gerador de incapacidade grave, com maior prevalência na população jovem, provocando alterações das funções motora, sensitiva e fisiológica. A cinesioterapia é efetiva na reabilitação do paciente lesado raquimedular em todas as fases da lesão; proporciona maior independência funcional e melhora da qualidade de vida. Desta forma, o presente estudo aborda a aplicabilidade e os efeitos da cinesio- terapia na reabilitação desses pacientes durante a permanência hospitalar.
Traumatismo da Medula Espinhal; Cinesiologia Aplicada; Hospitalização; Modalidades de Fisioterapia; Ser- viço Hospitalar de Fisioterapia.
Spinal cord trauma is the leading cause of severe incapacity, particularly with high prevalence among the young population, causing motor function, sensorial, and physiological changes. Kinesitherapy has been showing effective in the functional rehabilitation of the patient with injuries to the spinal cord in all phases of the injury. This effectively allows more functional independence and improvement of life quality. In this case, the present study shows the kinesitherapy effects and applicability during the patients’ hospital phase.
Spinal Cord Injuries; Applied Kinesiology; Hospitalization; Physical Therapy Modalities; Hospital Physical Therapy.
Recebido em: 15.08. Aceito em: 02.08.2006 Não há conflito de interesse
Introdução Trauma Raquimedular (TRM) é uma lesão medular traumática, definida como um conjunto de situações que comprometem a função da medula espinal em graus variados de extensão 1. Den- tre as causas freqüentes estão os acidentes automobilísticos, as quedas, os mergulhos e os ferimentos com arma de fogo 2. A incidência anual de TRM é de 40 casos por milhão na população norte-americana, sendo 54% de indivíduos tetraplégicos e 46% de paraplégicos^1. Há maior prevalência de TRM em adultos jovens, entre os 16 e 30 anos de idade, do sexo masculino, sendo a região cervical e a transição toracolombar os seguimentos mais atingidos. Estudo epidemiológico realizado na cidade de São Paulo apontou como causa predominante de TRM as quedas ao solo e a média de idade de 35 anos, sendo que, 60% dos pacientes com traumatis- mo no seguimento de C3/C7 apresentaram complicações funcio- nais como perda da motricidade voluntária 3. Cunha, Meneze e Guimarães^4 pesquisaram as lesões traumáti- cas nas partes torácica e lombar da coluna vertebral em 76 indi-
víduos, e verificaram que a média de idade foi de 39,8 anos, com predomínio do sexo masculino (3:1) e sendo a queda em altura a causa mais comum. Os sintomas ocorrem de acordo com o nível da lesão, a extensão e o tempo do acometimento, sendo esta classificada como com- pleta, quando as funções motora e sensitiva encontram-se inter- rompidas abaixo do nível do trauma, e incompleta quando existe função motora e/ou sensitiva preservada abaixo da lesão 5. O paciente pode apresentar ainda mudanças nas funções fisioló- gicas representadas por alterações respiratórias, vasculares, urinárias, intestinais, e músculoesqueléticas^6. Coelho, Brasil e Ferreira 7 , avaliaram o risco de lesão neurológica em 89 pacientes com fratura ou luxação da parte cervical inferior da coluna vertebral, entre 1980 e 1995, e concluíram que luxa- ções bilaterais de faces articulares e fraturas em explosão são fatores de risco na lesão da medula espinal. Não identificaram diferenças significativas para idade, nível da fratura ou luxação entre os pacientes intactos e naqueles com lesões radicular, medular incompleta e completa.
Para o sucesso do tratamento cirúrgico, Lopes Júnior, Arruda e Melo 8 recomendam o conhecimento do trauma, a imobilização e o alinhamento da coluna, a descompressão, a reconstituição anatômica e a fixação da mesma. É imprescindível para reabilitação desses pacientes, o acompa- nhamento de uma equipe multidisciplinar e com intervenção fisi- oterapêutica precoce, assim que o paciente chega ao Hospital, seja no pronto-atendimento, na enfermaria ou na unidade de terapia intensiva^9. Neste contexto, Scivoleto, Morganti e Moli- nari^10 , analisaram 150 pacientes, com lesão medular, submetidos a tratamento fisioterapêutico diário, incluindo a cinesioterapia, e iniciado em até 24 horas da admissão, afirmaram que a reabilita- ção precoce desses pacientes foi um fator relevante para o bom prognostico funcional. Neste contexto, busca-se enfatizar os efeitos e a aplicabilidade dos procedimentos cinesioterapêuti- cos na fase hospitalar dos pacientes com TRM.
Alterações Decorrentes da Imobilidade nas Fases Aguda e Crônica Nos primeiros minutos do TRM são comuns complicações como a hipertensão arterial e disritmias cardíacas, seguidas da fase de choque, resultante da diminuição do tônus simpático e perda das respostas motora e sensitiva, com duração de três a seis semanas, caracterizada por manifestações cardiovasculares e neurológicas importantes, destacando-se a diminuição do retor- no venoso pela vasodilatação periférica; a diminuição do volu- me sistólico e débito cardíaco; a bradicardia e a diminuição da tolerância ao exercício; a alteração da termorregulação; a dimi- nuição do fluxo sanguíneo para os músculos em atividade e a paralisia flácida2,11. Em um inquérito com 85 profissionais de enfermagem, foi evi- denciado que o paciente com TRM apresenta diminuição ou perda da mobilidade e da sensibilidade, tornando-se dependen- te para realizar atividades de transferências, estando sujeitos a úlceras de pressão, por longos períodos na mesma posição^12. Sartori e Melo^6 em um estudo retrospectivo de pacientes com TRM, no período de 1997 a 2000, identificaram complicações comuns como bexiga neurogênica, infecções e trombose ve- nosa profunda. Meyer et al. 1 avaliaram as alterações histo- patológicas na bexiga urinária de ratos submetidos à lesão medular contusa experimental e mostraram a existência do sofrimento tecidual e da resposta inflamatória importante na bexiga durante a fase aguda da lesão nestes animais. As infecções do trato urinário, a calculose renal, e a constipa- ção intestinal crônica são frequentes 5. Alterações motoras e sensitivas podem desencadear problemas graves da ventilação, infecções pulmonares crônicas, anemia, alterações da termorregulação, embolia pulmonar, atrofia mus- cular e alterações ósseas 2,13^. As modificações do metabolismo ósseo, ocasionando desmineralização, podem resultar em defor- midades estruturais e fraturas, com limitações da reabilitação desses pacientes, no entanto, a causa da perda da densidade mineral óssea não está bem esclarecida 14. A imobilização prolongada diminui a resistência muscu- lar pela redução da força, da atividade metabólica e circu- latória. Um músculo normal pode perder metade de seu volume em dois meses de inatividade, e cerca de 10% a 15% de sua força a cada semana 15. Simoni et al^2 verificaram em relato de caso de uma gestante tetra- plégica que, a lesão espinal provoca diminuição da reserva res- piratória, da capacidade vital, da capacidade residual funcional e do volume corrente, favorecendo a ocorrência de pneumonias
e de atelectasias pelo mau funcionamento da musculatura da caixa torácica.
Efeitos e Aplicabilidade da Cinesioterapia no Trauma Raquimedular A cinesioterapia, que se faz por meio de exercícios passivos, ativos, ativos-assistidos e resistidos, torna-se relevante para o lesado raquimedular desde a fase de hospitalização^16 , com se- guimento após a alta hospitalar, para melhorar a aptidão física e promover a independência funcional dos pacientes. Antes da realização de uma cirurgia, a atividade física aumenta as condi- ções cirúrgicas e as de recuperação no pós-operatório, sendo necessário respeitar os seguimentos afetados de modo que per- maneçam imóveis^11. O exercício físico promove efeitos fisiológicos benéficos com o aumento do fluxo sangüíneo, a melhor distribuição do oxigênio na interface célula-capilar e gera mudanças significativas no sis- tema cardiovascular pelo aprimoramento do sistema de trans- porte, da extração e da utilização do oxigênio 17 , enquanto que no sistema respiratório melhora a função pulmonar com o aumento do volume corrente, da capacidade pulmonar e da capacidade de difusão. Benefícios psicológicos também ocor- rem e promovem sensação de bem-estar, melhoram a auto- estima e a qualidade de vida 11. Peixoto^18 , em um estudo analítico, comparou o tratamento ele- troterapêutico e cinesioterapêutico na reabilitação de 19 pacien- tes com lesão medular, e observou que em ambos os métodos mostraram redução de edemas, de úlceras de pressão, de blo- queio articular e do tônus muscular desses indivíduos. Para o tratamento cinesioterapêutico foram aplicados exercícios de for- talecimento muscular, de manutenção da amplitude de movimento, de facilitação de movimentos ativos na musculatura disponível, de alongamentos e de transferências. A amplitude de movimento por meio da cinesioterapia passiva deve ser administrada para manutenção da mobilidade, da flexi- bilidade dos tecidos moles que circundam a articulação e para tentar reverter o estado de contratura existente, para oferecer à articulação, sua amplitude normal de movimento17,^. Stiller 20 revisando a literatura constatou que os exercícios passi- vos melhoram a função muscular, diminuem o risco de trombo- embolismo em pacientes internados em unidades de terapia in- tensiva e contribuem para o aumento significativo do metabolis- mo, elevando em 15% o consumo de oxigênio. Métodos fisioterapêuticos como a facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e o método estático são compostos de recursos para aumentar o comprimento do tecido muscular e proporcionar ganho da amplitude de movimento por meio de mudanças nas propriedades mecânicas do músculo. O método estático é amplamente utilizado por apresentar facilidade de apren- dizado e de aplicação 21. Exercícios de resistência muscular são indicados em grupos musculares não afetados pela lesão medular, para contribuir com a independência funcional e para aumentar a circulação sangü- ínea colateral 11,^. Segundo o American College of Sports Medicine o treinamento da força e da potência muscular mostram-se efetivos na melhora das capacidades funcionais, tornando-se imprescindíveis às populações distintas^22.
Considerações Finais Considera-se que o Trauma Raquimedular, em sua maioria, está associado com grandes incapacidades nos “sistemas músculo-