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Ciência Moderna - Apostilas - Filosofia, Notas de estudo de Filosofia

Apostilas de Filosofia sobre o estudo da Ciência da Idade Moderna, posições à respeito da ciência, alfabeto do universo.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 10/04/2013

PorDoSol
PorDoSol 🇧🇷

4.5

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A CIÊNCIA DA IDADE MODERNA
Caros colegas, resolvi escrever este pequeno texto para auxiliar quem esteja com
dificuldades de se situar temporalmente, historicamente, as filosofias de Maquiavel, Bacon e
Descartes para a prova do Prof. Douglas. Esse texto foi escrito baseado nos meus estudos em obras
de história da filosofia.
Pois bem, para entender as críticas e as posições maquiavélicas, baconianas e cartesianas à
respeito da filosofia é necessário pintar um quadro sobre a ciência na idade moderna. Tal quadro é
melhor representado pela figura de Galileu Galilei.
A ciência de Galileu é a ciência da explicitação de pressupostos, da delimitação de sua
autonomia e na identificação das normas do método. G. tinha algumas posições à respeito da
ciência, vamos colocá-las:
1. O saber não está mais a serviço da Não é função das Escrituras determinarem a
constituição dos céus. As Escrituras mostram “como se vai ao céu” e não “como vai o céu”.
Fé e ciência têm objetos diferentes, por tanto, não coincidem nem dizem respeito ao mesmo
panorama.
2. A ciência não deve, além de não se vincular com a fé, não se vincular com dogmatismos
humanos → G. sustenta que o apego dogmático aos escritos aristotélicos são impedimentos
para o conhecimento da verdade; além disso, sustenta que se Aristóteles vivesse “hoje”, e
tivesse acesso aos instrumentos (referia-se a luneta) não hesitaria em mudar de opinião
acerca dos astros, pois, o próprio Aristóteles colocava a experiência antes da teoria. Sendo
assim, estaria ele, Galileu, agindo mais aristotélicamente do que os que defendiam
cegamente “os papéis”.
Galileu, desta forma, elimina uma dificuldade epistemológica da ciência: (REALE; 280 §1)
“o autoritarismo de uma tradição sufocante que bloqueia a ciência”.
3. A ciência galileana é REALISTA → Realista era Copérnico, realista é Galileu. Galileu
raciocinava mais como físico do que como matemático. Galileu tinha a pretensão de
descrever a realidade tal como ela é, e não somente propor esquemas para o
aperfeiçoamento dos cálculos como os matemáticos. Quando Galileu começa a publicar suas
obras, várias autoridades do clero “esclarecem” que as teorias de Galileu são representações
para calcular melhor, e que não necessariamente descrevem a realidade. Porém, G. refuta
esta interpretação de sua teoria. Nas cartas que escrevia a seus amigos ele refuta cabalmente
esta interpretação e sustenta que o que pretende com sua ciência é descrever a realidade.
4. A ciência é OBJETIVA → Fator fundamental se excluir o homem como objeto, pois fonte de
inúmeros fatores subjetivos, o homem escapa a alçada da ciência, que é por excelência
objetiva. Em suma: odores, sabores, cores, etc são qualidades subjetivas das coisas
sustenta Galileu – e que pertencem não ao objeto, mais a cada homem em particular. Não
cabe portanto a ciência se ocupar de tais “qualidades”, mas sim daquilo que é
QUANTIFICÁVEL e MENSURÁVEL nos corpos.
5. A QUESTÃO DA ESSÊNCIA: A RUPTURA DEFINITIVA ENTRE GALILEU E
ARISTÓTELES
Recordem-se, digníssimos colegas, que ciência para o magnânimo Aristóteles era conhecer
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Caros colegas, resolvi escrever este pequeno texto para auxiliar quem esteja com dificuldades de se situar temporalmente, historicamente, as filosofias de Maquiavel, Bacon e Descartes para a prova do Prof. Douglas. Esse texto foi escrito baseado nos meus estudos em obras de história da filosofia. Pois bem, para entender as críticas e as posições maquiavélicas, baconianas e cartesianas à respeito da filosofia é necessário pintar um quadro sobre a ciência na idade moderna. Tal quadro é melhor representado pela figura de Galileu Galilei. A ciência de Galileu é a ciência da explicitação de pressupostos, da delimitação de sua autonomia e na identificação das normas do método. G. tinha algumas posições à respeito da ciência, vamos colocá-las:

  1. O saber não está mais a serviço da fé → Não é função das Escrituras determinarem a constituição dos céus. As Escrituras mostram “como se vai ao céu” e não “como vai o céu”. Fé e ciência têm objetos diferentes, por tanto, não coincidem nem dizem respeito ao mesmo panorama.
  2. A ciência não deve, além de não se vincular com a fé, não se vincular com dogmatismos humanos → G. sustenta que o apego dogmático aos escritos aristotélicos são impedimentos para o conhecimento da verdade; além disso, sustenta que se Aristóteles vivesse “hoje”, e tivesse acesso aos instrumentos (referia-se a luneta) não hesitaria em mudar de opinião acerca dos astros, pois, o próprio Aristóteles colocava a experiência antes da teoria. Sendo assim, estaria ele, Galileu, agindo mais aristotélicamente do que os que defendiam cegamente “os papéis”.

Galileu, desta forma, elimina uma dificuldade epistemológica da ciência: (REALE; 280 §1) “o autoritarismo de uma tradição sufocante que bloqueia a ciência”.

  1. A ciência galileana é REALISTA → Realista era Copérnico, realista é Galileu. Galileu raciocinava mais como físico do que como matemático. Galileu tinha a pretensão de descrever a realidade tal como ela é, e não somente propor esquemas para o aperfeiçoamento dos cálculos como os matemáticos. Quando Galileu começa a publicar suas obras, várias autoridades do clero “esclarecem” que as teorias de Galileu são representações para calcular melhor, e que não necessariamente descrevem a realidade. Porém, G. refuta esta interpretação de sua teoria. Nas cartas que escrevia a seus amigos ele refuta cabalmente esta interpretação e sustenta que o que pretende com sua ciência é descrever a realidade.
  2. A ciência é OBJETIVA → Fator fundamental se excluir o homem como objeto, pois fonte de inúmeros fatores subjetivos, o homem escapa a alçada da ciência, que é por excelência objetiva. Em suma: odores, sabores, cores, etc são qualidades subjetivas das coisas – sustenta Galileu – e que pertencem não ao objeto, mais a cada homem em particular. Não cabe portanto a ciência se ocupar de tais “qualidades”, mas sim daquilo que é QUANTIFICÁVEL e MENSURÁVEL nos corpos.
  3. A QUESTÃO DA ESSÊNCIA: A RUPTURA DEFINITIVA ENTRE GALILEU E ARISTÓTELES

Recordem-se, digníssimos colegas, que ciência para o magnânimo Aristóteles era conhecer

aquilo que está além. A ciência aristotélica é profundamente metafísica. “Tomar ciência” no sentido aristotélico é saber os POR QUÊ. Para o sapientíssimo Galileu “tomar ciência” não é mais saber o POR QUE, mas saber COMO. Para Aristóteles, todos nós sabemos que o sol nasce e se põe, o cientista sabe que o sol nasce e se põe porque se mova ao redor da terra. Para G., cientista é o que sabe, que é a Terra que se move ao redor do sol, e que não obstante, sabe como esse movimento se dá: de forma elíptica e orbital. Aristotélicamente falando, a experiência é substancialmente observação, para G. a “experiência é experimento”. Não só a observação do que já está dado, mas a construção do experimento é o que procede à experiência. Parece a G., que a investigação das essências é ingrata e impossível, pois o máximo que se poderá conhecer além das qualidades objetivas – explicadas pela ciência – são as qualidades objetivas, e como estas podem mudar e mudam frequentemente de pessoa para pessoa, não há como estabelecer conhecimento seguro acerca da “essência” de algo. Não há como, para Galileu, o estudo de qualidades metafísicas (no sentido clássico) dos corpos, embora em nenhum momento o sapientíssimo cientista afirme que estas características não existem.

Talvez tenha sido FRANCIS BACON inspirado pela convicção galileana sobre o papel da experiência no conhecimento do mundo que o fez pousar toda sua filosofia sobre as bases empíricas.

  1. O ALFABETO DO UNIVERSO → Para galileu, o universo é um livro aberto e seu alfabeto são as leis matemáticas, através das quais pode-se ler a física. Diz Reale (id p. 144, §4):

Ora, se os conhecimentos geométricos e matemáticos são definitivos, necessários e seguros, se a natureza está escrita em linguagem geométrica e matemática e se o conhecimento é a redescoberta da linguagem da natureza, então qualquer um pode ver o grau de confiança que Galileu alimentava na razão e no conhecimento científico. Assim, o conhecimento científico é muito mais do que um conjunto de instrumentos mais ou menos úteis.

Da explicação supracitada pode-se entender a confiança em Descartes nas leis matemáticas, uma vez que sendo contemporâneo de Galileu e ao saber das punições do Santo Ofício ao cientista, decidiu não publicar suas obras, sabendo que inevitavelmente iriam associar – e corretamente – sua filosofia com a física de Galileu, essencialmente copernicana.

  1. As consequências da postura filosófica de Galileu → Basear-se nas qualidades objetivas ou primária dos corpos e nas qualidades geométricas mensuráveis dos corpos comporta uma série de consequências. Utilizando o esquema de Reale (Ibid, p.144 §5):

a) Excluí o homem do universo da investigação da física

b)Excluindo o homem; excluí-se um cosmos inteiro de coisas e objetos ordenados e hierarquizados em função do homem

c)Excluí a investigação qualitativa (cor, cheiro, sabor) em benefício da quantitativa (tamanho, peso,

Bom colegas, espero ter ajudado a esclarecer as dúvidas à respeito de como se deu a filosofia moderna no campo da revolução científica. A bibliografia que usei foi: REALE, ARISTERI; História da Filosofia, V.II, 2ªEd. 1990; São Paulo; Ed. Paulus.

FIM

Campinas, 1º de Maio de 2009