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AS CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO NOTURNO PARA O ENFERMEIRO, Trabalhos de Enfermagem

Tem a finalidade de identificar as di¬ficuldades de recuperação do sono de uma equipe de enfermagem que trabalha no período noturno e as consequências biopsicossociais e familiares causadas pela privação do sono.

Tipologia: Trabalhos

2013

Compartilhado em 24/01/2013

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AS CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO NOTURNO PARA O ENFERMEIRO
Jairo Falcucci Beraldo¹
RESUMO
O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de identificar as
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di ficuldades de recuperação do sono de uma equipe de enfermagem que trabalha no período
noturno e as consequências biopsicossociais e familiares causadas pela privação do sono.
Foram definidas seis categorias temáticas: opção pela jornada noturna, rodízio de turnos,
repouso na instituição, qualidade de sono diurno, interferência na saúde, interferência na vida
familiar, social e extra profissional. Constatou-se na pesquisa que os trabalhadores têm na
privação do sono sofrimento físico e psicológico, comprometendo a saúde e a vida desses
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trabalhadores. Além de prejuízos no convívio familiar e social, ficou evi denciada a
sobrecarga de trabalho e instalação de doenças psicossociais.
Palavras-chave: Enfermagem, Saúde do Trabalhador, Trabalho Noturno.
ABSTRACT
This study deals with a literature search in order to identify the dificulties recovery sleep of a
nursing staff that works at night and the biopsychosocial and family consequences caused by
sleep deprivation. We have defined six thematic categories: choice of the night journey,
rotation of shifts, rest in the institution, quality of daytime sleep, health interference,
interference in family life, social and extra work. It was found that workers in the research on
sleep deprivation have physical and psychological suffering, compromising the health and
lives of these workers. In addition to losses in the family and social life, it became evi ¬
tendency towards workload and psychosocial onset of the disease.
Keywords: Nursing, Occupational Health, Night Work.
1 – Bacharel em Enfermagem pela FESGO –Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Discente do Curso de Pós –
Graduação em Enfermagem do Trabalho no Centro Goiano de Ensino, Pesquisa e Pós - Graduação - CEGESP/
FACUNICAMPS.
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AS CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO NOTURNO PARA O ENFERMEIRO

Jairo Falcucci Beraldo¹

RESUMO

O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de identificar as 0 0 di1 F ficuldades de recuperação do sono de uma equipe de enfermagem que trabalha no período noturno e as consequências biopsicossociais e familiares causadas pela privação do sono. Foram definidas seis categorias temáticas: opção pela jornada noturna, rodízio de turnos, repouso na instituição, qualidade de sono diurno, interferência na saúde, interferência na vida familiar, social e extra profissional. Constatou-se na pesquisa que os trabalhadores têm na privação do sono sofrimento físico e psicológico, comprometendo a saúde e a vida desses 0 0 trabalhadores. Além de prejuízos no convívio familiar e social, ficou evi1 F denciada a sobrecarga de trabalho e instalação de doenças psicossociais. Palavras-chave : Enfermagem, Saúde do Trabalhador, Trabalho Noturno.

ABSTRACT

This study deals with a literature search in order to identify the dificulties recovery sleep of a nursing staff that works at night and the biopsychosocial and family consequences caused by sleep deprivation. We have defined six thematic categories: choice of the night journey, rotation of shifts, rest in the institution, quality of daytime sleep, health interference, interference in family life, social and extra work. It was found that workers in the research on sleep deprivation have physical and psychological suffering, compromising the health and lives of these workers. In addition to losses in the family and social life, it became evi ¬ tendency towards workload and psychosocial onset of the disease.

Keywords: Nursing, Occupational Health, Night Work.

1 – Bacharel em Enfermagem pela FESGO –Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Discente do Curso de Pós – Graduação em Enfermagem do Trabalho no Centro Goiano de Ensino, Pesquisa e Pós - Graduação - CEGESP/ FACUNICAMPS.

INTRODUÇÃO

O profissional de enfermagem, que tem seu trabalho voltado essencialmente para o cuidado com o outro, vê no seu ambiente de trabalho mais comum, o hospital, um local cheio de riscos que quase sempre os atinge. Pode^ 0 01 F mos destacar entre esses, os riscos biológicos, psicológi^ 0 01 F cos, físicos, sociais, químicos, econômicos e mecânicos.

Aliado a isso, as intensas transformações econômi^ 0 01 F cas e sociais advindas do processo de globalização, têm alterado a relação do homem com seu trabalho. A busca incessante do aumento da produção associado ao baixo custo causa o aumento dos ritmos e cargas de trabalho, podendo interferir na qualidade de vida do trabalhador.

Na tentativa de melhorar os seus rendimentos, os pro^ 0 01 F fissionais, em especial de enfermagem, se submetem a diferentes turnos de trabalho, aumentando a sua jornada de trabalho e levando a diminuição do seu período de descanso e lazer, fazendo com que a jornada noturna seja uma opção de trabalho.

A jornada noturna altera os ritmos biológicos e sociais de forma que o organismo deve se adaptar às condições oferecidas pelo trabalho. O trabalhador en^ 0 01 F tão passa a ter privação e perturbações do seu sono que podem gerar estresses físicos e mentais. A vida social e familiar desse trabalhador também se altera, diminuindo o tempo de interação com seus familiares, aumentando a probabilidade de conflitos os membros da família. A enfermagem é uma atividade basicamente huma^ 0 01 F na, desempenhada por enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem, sendo sua ação direcionada à assistência à pessoa, à família ou à comunidade.

Formado por pessoas do sexo feminino, na sua maioria, o trabalho de enfermagem é ininterrupto du^ 0 01 F rante as 24 horas do dia e um grande número de pro^ 0 01 F fissionais exerce suas atividades em turnos diurnos e noturnos.

O trabalho em turnos altera os períodos de sono e vigília, transgredindo as regras do funcionamento fi^ 0 01 F siológico humano. Além disso, também desencadeiam as sensações de mal estar, fadiga, flutuações no humor, reduções no desempenho devido ao déficit de atenção e concentração e pode ainda, provocar distúrbios gas^ 0 01 F trointestinais, cardiovasculares entre outros. O sono é um fenômeno biológico que influencia os processos fisiológicos do organismo, uma necessidade fisiológica do ser humano que precisa ser atendida. Pes^ 0 01 F quisas

O referencial teórico, que orientou a presente pesquisa, discute as concepções sobre trabalho, turno noturno, possibilitando uma análise mais consistente sobre o olhar dos trabalhadores de nível superior de Enfermagem em que exercem suas atividades laborais em turno noturno, quanto às suas vivências de trabalho no contexto de suas vidas.

TRABALHO

A palavra trabalho tem muitos significados, podendo lembrar dor, tortura, fadiga. Denomina também a atividade humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura. A palavra trabalho na língua portuguesa se origina do latim tripalium, instrumento feito de três paus aguçados utilizado na agricultura; porém, alguns dicionários registram tripalium como instrumento de tortura. Como operação humana, na sua origem, o trabalho foi percebido como um castigo e significou, por muito tempo, algo como sofrimento e escravidão (ALBORNOZ, 2002).

O trabalho surge juntamente com a história da humanidade, tendo, na sua origem, a finalidade de satisfazer as necessidades e a sobrevivência dos seres humanos.

Para Marx (1996, p. 202), trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza.

Trabalho indica o processo de transformação da matéria natural em objeto de cultura para o homem; é a atividade que muda o estado das coisas com o intuito de satisfazer as necessidades dos homens. Trabalho é, portanto, esforço e resultado. Nas sociedades capitalistas, o empregador, que possui a unidade de capital, transforma parte desse capital em salários, fazendo com que o trabalhador tenha como única alternativa a venda de sua força de trabalho para manutenção da sua vida (MARX, 1996).

Assim, trabalho é qualquer atividade que modifica o estado das coisas para melhorar sua utilidade, buscando, dessa forma, satisfazer as necessidades das pessoas; é esforço, enquanto processo e ação, e resultado, enquanto a obra terminada (LUNARDI FILHO; LEOPARDI, 1999).

Frigotto (2002, p. 12) refere que o trabalho, como criador de valores de uso ou produtor de bens úteis materiais e simbólicos, é situação essencial à vida dos seres humanos, necessário às pessoas, e, apesar de sua importância, nem todos o alcançam. Para este autor, “a história humana, infelizmente, até hoje, reitera a exploração de seres humanos por seres humanos e de classes sobre classes”.

No contexto das transformações do mundo do trabalho atual, as concepções e práticas de trabalho vêm mudando. A partir de meados da década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou uma crise, proporcionando que o capital implementasse um processo de reestruturação ampliado visando à recuperação do seu ciclo de reprodução, atingindo, assim, o mundo do trabalho. No final desta década houve um retrocesso da socialdemocracia; o neoliberalismo expandiu-se e determinava o ideário e o programa a serem implementados pelos países capitalistas, levando à reestruturação produtiva, privatização, enxugamento do Estado, políticas fiscais e monetárias ajustadas com os organismos mundiais de hegemonia do capital (ANTUNES, 2000).

Neste contexto, Frigotto (2002b) afirma que a hegemonia do capital especulativo e as políticas neoliberais de um lado e, de outro, o desenvolvimento produtivo centrado sobre o aumento excessivo do capital morto — ciência e tecnologia, informação como forças de produção — têm como conseqüência a realidade ora apresentada: uma permanente ameaça de perda de emprego; a flexibilização do trabalho, trabalho temporário, terceirização, ou seja, a instalação da precariedade do emprego; aumento crescente de pessoas não integradas e não integráveis ao mundo da produção, denominados pelo autor como aqueles que são sobrantes do processo produtivo.

O trabalho adquire características que o diferenciam, considerando o contexto histórico do processo de produção em que está inserido. Os modos de produção geram as diversas formas de relações de trabalho, como as escravagistas, as da servidão medieval, as das corporações, as dos assalariados, que se seguiram na história. Pode-se afirmar que, nos dias atuais, existem, na nossa realidade, situações em que se misturam culturalmente escravidão, servidão medieval e emprego (OLIVEIRA, 1998).

Oliveira (2003) afirma que, de certa forma, as pessoas estão correndo perigo de vida, subordinadas às imposições de uma sociedade desorganizada, que inverteu o sentido do trabalho, já que, antes, por meio do trabalho as pessoas ganhavam a vida; hoje, o trabalho é que ganha a vida das pessoas.

Como diz Carmo (1992), sujeitar-se à oferta do mercado em algumas épocas é se expor, indiretamente, ao trabalho servil, e a expectativa de perda de emprego é um acontecimento que compromete todas as pessoas e o fato de encontrar-se sem trabalho constitui sentimento grave de derrota.

introduzindo e se desenvolvendo nas relações de trabalho e de produção de capital. O fordismo e o taylorismo não são mais os únicos e se misturam com outros processos produtivos, como o neotaylorismo, neofordismo, pós-fordismo (ANTUNES, 2000).

Originado nos Estados Unidos, no início do século XX, o taylorismo tem em vista a racionalização da produção, o aumento da produtividade no trabalho, a não perda de tempo, e ainda economizar mão-de-obra, e eliminar gastos dentro do processo produtivo. As indústrias de todo o mundo foram atingidas, tendo esse processo extrapolado os muros das fábricas, adentrando-se nos escritórios. O fordismo, que seguiu o taylorismo, aumentou o nível de mecanização do trabalho e diminuiu a iniciativa e a autonomia dos operários (CARMO, 1992).

Entretanto, vale lembrar que, segundo Hirata (2002), o taylorismo, sendo uma das técnicas de divisão capitalista do trabalho e de controle operário, difundiu-se e foi assimilado de formas desiguais em diferentes lugares, submetendo-se a processos de deformação diferentes de acordo com as características históricas e socioculturais de cada país.

As questões referentes ao trabalho no Brasil, na década de 1980, não podem ser separadas da situação mundial, uma vez que se encontra como um país capitalista periférico, com um processo de industrialização tardio e acelerado, com a incorporação de novas tecnologias, sujeito à lógica da divisão internacional do trabalho estabelecida pelos países capitalistas centrais (DIAS, 1994).

Para Santos (2002), os países periféricos e semiperiféricos são os que mais se submetem às determinações do receituário neoliberal, haja vista que este é transformado pelas agências financeiras multilaterais em condições para a renegociação da dívida externa, por meio de programas de ajustamento estrutural.

Nesses países, as políticas de ajustamento estrutural e de estabilização macroeconômica provocaram enorme turbulência no contrato social, nos quadros legais e nas molduras institucionais: a liberalização dos mercados; a privatização das indústrias e serviços; a desativação das agências regulatórias e de licenciamento; a desregulação do mercado de trabalho e a “flexibilização” da relação salarial; a redução e a privatização, pelo menos parcial, dos serviços de bem-estar social; uma menor preocupação com temas ambientais; as reformas educacionais dirigidas para a formação profissional mais do que para a construção de cidadania; etc. (SANTOS, 2002, p. 38). Com o surgimento do modo de produção capitalista, e no sentido de controlar o trabalho, alternativas tecnológicas/organizacionais têm sido desenvolvidas pelo capital, objetivando aumentar o lucro e com o intuito de estar preparado para os períodos de crise. Para tanto, podem ser introduzidas inovações tecnológicas, por meio de equipamentos ou

alternativas de organização do trabalho, ampliação da jornada de trabalho ou diminuição da remuneração do trabalho (PIRES, 1998).

No mundo do trabalho, no capitalismo contemporâneo, ocorreu uma redução da classe operária industrial tradicional, ao mesmo tempo em que houve um aumento do trabalho

assalariado, com a ampliação do assalariamento no setor de serviços. Notou-se uma expressiva heterogeneização do trabalho e evidenciou-se um aumento das formas de subproletarização, presentes nas formas de trabalho precário, parcial, temporário, subcontratado, terceirizado, atrelado à economia informal, entre outras. Destaca-se, ainda, a expansão do desemprego estrutural, que alcança todo o mundo (ANTUNES, 2000).

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001a), na precarização do trabalho ocorre: legalização dos trabalhadores temporários, perda e desregulamentação dos direitos trabalhistas e sociais, e informalização do trabalho. Em decorrência disso, percebe-se o crescimento da quantidade de trabalhadores subempregados e autônomos, enquanto as organizações sindicais se tornam mais frágeis. No contexto da precarização, a terceirização tem tido por conseqüência o aumento da jornada de trabalho e/ou intensificação do trabalho, o exercício de várias funções simultaneamente; acentua-se ainda a exposição a fatores de riscos para a saúde, os regulamentos de proteção à saúde e segurança não são cumpridos, os níveis salariais são rebaixados e o emprego torna-se cada vez mais instável.

TRABALHO EM SAÚDE E EM ENFERMAGEM

As transformações ocorridas no mundo do trabalho têm repercutido na saúde dos trabalhadores de forma incisiva. A incorporação de novas tecnologias, adicionadas a um complexo conjunto de inovações organizacionais tem interferido nas condições e as relações de trabalho. A intensificação laboral é elemento característico da atual fase do capitalismo o que implica em consumo de energias físicas e espirituais dos trabalhadores.

Essas transformações podem desencadear uma desarmonia na relação homem- trabalho, o que possibilita a ocorrência de alterações na saúde do trabalhador em decorrência do processo de trabalho que precisa ser reorganizado, de forma a atender as necessidades de cada profissão.

Na área da saúde, em especial na enfermagem, uma das formas de organizar o trabalho foi implantar o trabalho noturno com o intuito de prestar cuidado ininterrupto e

contribuir com a eleição de medidas preventivas que poderão auxiliar no desempenho das atividades, na qualidade de vida e na assistência prestada.

Trabalhar no período noturno exige que o trabalhador conheça os limites físicos do seu corpo para que a realização da atividade não interfira no processo saúde-doença e, ao mesmo tempo, não comprometa a qualidade da assistência prestada. Nesse contexto, entende- se necessário adotar medidas para reduzir o impacto na saúde e melhorar a segurança no trabalho dos trabalhadores do período noturno. Essas medidas constituem estratégias individuais e coletivas a serem instituídas a nível organizacional, como investir na melhoria das condições de trabalho, incluindo a boa iluminação, a orientação aos trabalhadores sobre as repercussões da realização do trabalho noturno em suas vidas e a implantação e incentivo aos trabalhadores da prática da ginástica laboral no ambiente de trabalho no intuito de colaborar com a saúde desses profissionais (METZNER et.al, 2007).

Também se sugere que os trabalhadores consumam alimentos mais leves nos plantões noturnos, evitem o açúcar em excesso e o consumo de alimentos fritos, restrinja o consumo de café e realizem atividades físicas de maneira sistemática, no intuito de minimizar as repercussões do trabalho em sua saúde METZNER et.al, 2007).

Compete ao enfermeiro opinar, participar, decidir e intervir sobre a dimensão política, estabelecida pela capacidade de mobilizar grupos sociais de acordo com as demandas, necessidades e interesses da equipe. E para uma atuação mais efetiva é necessário reivindicar junto aos sindicatos melhorias nas condições de trabalho para a categoria da enfermagem no intuito de proporcionar saúde e qualidade de vida aos trabalhadores.

Por meio dos relatos, foi possível identificar que, apesar da percepção das alterações na saúde decorrente da realização do serviço no noturno, poucos enfermeiros expressam o desejo de trocar de turno de trabalho. E esse fator está diretamente relacionado ao desejo de continuar seus estudos, terem outro emprego ou mesmo o deslocamento para o trabalho.

O trabalho noturno é considerado primordial para a continuidade da assistência de enfermagem. Nesse contexto, algumas reflexões sobre os dados encontrados neste estudo dizem respeito ao estudante da área da saúde, em especial ao graduando de enfermagem.

Esse futuro profissional muitas vezes realiza plantões noturnos, no período letivo, no intuito de qualificar o aprendizado e adquirir experiência. É necessário conscientizá-lo sobre as repercussões da fadiga em associação à alternância do ciclo vigília-sono como a redução do estado de alerta, a dificuldade de concentração, a vulnerabilidade para a

ocorrência de erros e acidentes de trabalho, entre outras repercussões (MONTANHOLI et.al,

A OPÇÃO PELA JORNADA NOTURNA

A dupla jornada de trabalho faz-se necessária aos tra^ 0 01 F balhadores de enfermagem, porque a situação econômi^ 0 01 F ca da área da saúde, e os baixos salários são insuficien0 01 F tes para o sustento da família, o que os leva a procurar novas fontes de renda. Na realidade, esses profissionais necessitam enfrentar dupla atividade, o que pode inter^ 0 01 F ferir em alguns aspectos referentes à qualidade de vida do trabalhador (PAFARO; MARTINO, 2004).

O ambiente hospitalar por si próprio apresenta as^ 0 01 F pectos muito específicos, como a excessiva carga de trabalho, contato direto com situações limite, o elevado nível de tensão e os altos riscos para si e para os outros. A necessidade de funcionamento diuturno, que implica na existência de regime de turnos e plantões, permite a ocorrência de duplos empregos e longas jornadas de trabalho, comuns entre os trabalhadores da saúde, es^ 0 01 F pecialmente quando os salários são insuficientes para a manutenção de uma vida digna. Tal prática potencializa a ação daqueles fatores que, por si só, danificam suas in^ 0 01 F tegridades física e psíquica (ELIAS; NAVARRO, 2006).

Os múltiplos papéis assumidos pela maioria dos profissionais que exercem uma atividade profissional tendem a remetê-las a determinadas situações em que podem se sentir impotentes e frustrados por não conseguirem conciliar seus inúmeros afazeres. A sobrecarga de traba^ 0 01 F lho, com jornadas duplas ou triplas pode conduzir ao stress emocional, considerando que a inserção no mercado de trabalho não desvinculou das tarefas domésticas e da educação dos filhos, no caso as mulheres, resultando num acúmulo de atribuições (PAFARO; MARTINO, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitas vezes as pesquisas apresentam o resultado final com gráficos, tabelas, quadros com análises estatísticas. Neste estudo, foi pensado uma forma de olhar o mundo desses trabalhadores.

trabalhadores de enfermagem que trabalham durante a noite, pois percebe-se que esses profissionais merecem um olhar minucioso frente a suas características singulares. Também podemos inferir, depois da análise dos artigos, que somente o fato de trabalhar à noite não altera significativamente a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, pois apesar de terem uma modificação no seu ritmo físico, psicológico, biológico, social e até mesmo no ambiente em que vivem para eles há algumas vantagens, as quais foram citadas anteriormente. No entanto, deve-se atentar para o fato de que o trabalhador que experimenta uma redução na sua fração de sono diário tem comprometido sua capacidade de raciocínio e alerta, o que pode comprometer a assistência ao paciente.

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