









Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Um estudo sobre a adoção da construção enxuta em construtoras verticais na região metropolitana de são paulo. O texto discute os princípios da construção enxuta, sua origem e como ela está sendo aplicada na indústria da construção civil. Além disso, o documento identifica as desafios enfrentados na implantação dessas práticas e sugestiona recomendações para trabalhos futuros.
Tipologia: Trabalhos
1 / 16
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Autoria: Luiz Celso Peretti, Ana Cristina de Faria, Isabel Cristina dos Santos
RESUMO O objetivo principal deste estudo é verificar como são adotadas as ferramentas e os princípios da Construção Enxuta, em construtoras verticais da Região Metropolitana de São Paulo. Esta pesquisa qualitativa é de natureza exploratória e foi desenvolvida por meio de estudo de casos múltiplos em três empresas de diferentes portes. Quanto à filosofia da Construção Enxuta, seus gestores alegaram certo desconhecimento, mas verificou-se a prática dos princípios, mesmo desconhecendo o conceito. Das empresas observadas, a de porte médio atua pratica a filosofia de modo integral, por ter certificações de qualidade; a de pequeno porte não é certificada e tende a adequar-se às normas e a de grande porte é certificada e possui sistemas próprios. A Construção Enxuta, ainda está em fase de maturação, necessitando que mais profissionais dediquem-se à sua implantação, visando à minimização dos desperdícios.
Palavras-chave : Construção Enxuta; Construtoras Verticais; Pensamento Enxuto.
1. INTRODUÇÃO A indústria da Construção Civil vem passando por sucessivas mudanças ao longo dos últimos anos, o que tem exigido deste setor uma maior mobilidade em busca do aumento da eficiência dos seus processos, para atender às necessidades de clientes cada vez mais exigentes (LEWIS, 2000). A produção em larga escala que existe na Construção Civil, em seus empreendimentos, assim como na Indústria Automobilística, implica que sejam adotados princípios científicos para a gestão dos processos envolvidos (ALVES; MILBERG; WALSH, 2012). Com o desenvolvimento da Manufatura Enxuta na indústria produtiva, também conhecida como Sistema Toyota de Produção (STP), ocorreu mudança no ambiente de competitividade (SPEAR; BOWEN, 1999). De forma semelhante, a Construção Civil vem em busca de novas formas de gerenciar sua produção, tendo em vista as crescentes exigências para redução do ciclo dos empreendimentos e, também dos custos associados aos mesmos, além da melhoria da qualidade e produtividade (ALARCÓN, 1997; HOWELL; BALLARD, 1997). A necessidade de uma teoria que explicasse de forma mais adequada às práticas da Construção Civil, foi abordada por Ahlstron; Karlsson (1996). O desenvolvimento de conceitos de gestão da produção aplicados à Construção Civil vem se adequando às necessidades com o paradigma da Manufatura Enxuta. Dessa forma, Koskela (1992) apresentou ao setor da Construção Civil, a possibilidade da utilização de uma nova filosofia de produção, denominada Construção Enxuta ( Lean Construction). Pode-se considerar que a Construção Enxuta é uma generalização de diferentes modelos sugeridos em outras áreas de aplicação, tais como JIT ( Just in Time ), da automação (Jidoca) e o TQC ( Total Quality Control ), caracterizada na filosofia da Manufatura Enxuta do STP, visando à eliminação dos desperdícios (OHNO, 1997; WHITE; PRYBUTOK, 2001). Esta filosofia pode ser entendida pela integração entre o produto e o planejamento de resultados, por meio da integração de todos os envolvidos. Caracteriza a Construção Civil como uma indústria que possui um sistema de produção temporário, visando a entregar o produto de forma que os valores sejam maximizados e os desperdícios sejam minimizados (BALLARD; HOWELL, 2004).
Conforme Lorenzon (2008), a baixa produtividade e o desperdício na Construção Civil são históricos, e a situação atual de escassez de recursos obriga as empresas a realizarem modificações para poderem subsistir. Assim sendo, esse segmento deve realizar algumas mudanças para ajustar-se às tendências atuais de mercado (BARROS NETO, 1999). Na busca por melhores produtos e processos construtivos, resulta na demanda por qualidade e competitividade, levando a necessidade de maior capacitação da mão-de-obra envolvida no processo produtivo, à procura de novas tecnologias construtivas e inovadoras, na formulação de empreendimentos econômicos com uso de ferramentas modernas de gestão da Construção Enxuta (AMARAL, 2004). Esta pesquisa está focada na verificação da prática dos onze princípios da filosofia da Construção Enxuta criada por Koskela (1992). Embora a gestão da Construção Civil demonstre ser ampla, necessitando aprofundar os estudos da pesquisa, entende-se que a verificação da utilização desses princípios na indústria da Construção Civil exerce o papel fundamental na condução do processo construtivo, sendo este o alvo do estudo em questão. A questão que norteia esta pesquisa é: Como são adotadas as ferramentas e os princípios da Construção Enxuta em construtoras verticais na Região Metropolitana de São Paulo? Para responder a esta questão, o objetivo geral da pesquisa é: Verificar como são adotadas as ferramentas e os princípios da Construção Enxuta, em construtoras verticais da Região Metropolitana de São Paulo. Na sequência, será desenvolvida a fundamentação teórica desta pesquisa.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O termo “Pensamento Enxuto” ( Lean Thinking ) não se restringe a um sistema de produção, sendo na verdade um sistema de negócios, abrangendo a empresa como um todo (ANTUNES JUNIOR, 1995). Dessa maneira, pode ser aplicado a qualquer segmento da Economia, tal como a Construção Civil, foco deste estudo. Esse termo está relacionado à utilização de menores quantidades de tudo em comparação com a produção em massa: metade do esforço dos operários, metade do espaço para fabricação, metade do investimento em ferramentas, metade das horas de planejamento para desenvolver novos produtos em metade do tempo. Requer menos de metade dos estoques no local de fabricação, além de resultar em bem menos defeitos e produzir uma maior variedade de produtos (WOMACK; JONES; ROOS, 1992; ROTHER; SHOOK, 2003).
2.1 A Construção Enxuta A Construção Enxuta teve seu início na percepção da reprodutibilidade dos conceitos desenvolvidos na indústria automobilística, para o ambiente da Construção Civil (BALLARD; HOWELL, 1998). Teve como marco principal a publicação do trabalho do pesquisador finlandês Lauri Koskela (1992), no seu Relatório Técnico n° 72 - “Application of the new production philosophy in the constructos industry” , publicado pelo CIFE ( Center for Integrated Facility Engineering ) ligada à Universidade de Stanford nos Estados Unidos da América - EUA. Howell (1999) define a Construção Enxuta como “um novo caminho para o gerenciamento na indústria da Construção Civil, com implicações nas relações comerciais e na concepção dos projetos, planejar e controlar técnicas que reduzam o desperdício, melhorando a confiabilidade dos fluxos produtivos”. Conforme Formoso (2002), nesse relatório, Koskela (1992) desafia os profissionais de Construção Civil a quebrar seus paradigmas de gestão e adaptar as técnicas e ferramentas desenvolvidas com sucesso no STP. Em seguida, foi criado o Internacional Group for Lean Construction - IGLC, uma organização mundial sem fins lucrativos, fundada em 1994 por Glenn Ballard e Gregory A. Howell.
Entre outros autores pesquisados, destacam-se Isatto; Formoso (1998) que consideram que a visão de Shingo (1996) e Koskela (1992) são complementares. Destacando-se que Shingo (1996) enfatiza a melhoria dos processos sobre as melhorias das operações, enquanto Koskela (1992), por sua vez, propõe um foco destacando um balanceamento entre as melhorias nas atividades de fluxo com as atividades de conversão. O modelo de conversão é adotado, normalmente, nos processos de elaboração de orçamentos convencionais e de planos de obra, na medida em que são representadas, nesses documentos, apenas atividades de conversão, sendo assim, explicitadas unicamente as atividades que agregam valor ao produto. O interesse na adoção da prática da Construção Enxuta é baseado, principalmente, nas evidências empíricas, que indicam na competitividade das empresas, nas formas de redução dos prazos, custos e aumento da qualidade, dentre outras (SANCHEZ; PÉRES, 2001). No entanto, embora a implantação dos conceitos da Construção Enxuta tenha como objetivo o aumento da competitividade das empresas, isto pode não ocorrer imediatamente, mas fatores como do tipo de empresa, do produto e do método empregado podem influenciar os resultados (LORENZON, 2008). As principais deficiências da Construção Enxuta são detectadas pelo próprio Koskela (1992): Os fluxos físicos entre as atividades não são considerados, sendo a maior parte dos custos oriunda desses fluxos; O controle da produção tende a ser concentrado nos sub- processos individuais em detrimento do processo global, tendo um impacto relativamente limitado na eficiência global; A não consideração dos requisitos dos clientes pode resultar em produtos inadequados ao mercado, visto que por meio do modelo de conversão assume-se que o valor de um produto pode ser melhorado somente por meio da utilização de insumos de melhor qualidade. Uma particularidade dessa filosofia é a relativa fase de maturação e adaptação que essa filosofia se encontra (KOSKELA, 2000). No entanto, Alarcón e Diethelm (2001) argumentam que a implantação dos conceitos da Construção Enxuta é possível, independentemente, da tecnologia empregada pela empresa. O planejamento da produção deve-se manter equilibrado, evitando-se os picos de produtividade que ocasionam melhoria em determinada atividade, mas não em todo projeto (BARROS NETO, 1999). Em seu trabalho principal, Koskela (1992) apresenta onze princípios heurísticos para projeto e melhoria de fluxo de processo, que são a base da Construção Enxuta:
Na visão de Bertelsen e Koskela (2004), há uma diferença na percepção do cliente, entre a Construção Enxuta e a Manufatura Enxuta. Nesta filosofia, é possível determinar os parâmetros de valor do mercado e desenvolver os produtos de acordo com eles; porém, na Construção Enxuta, não há um cliente específico, já que seus produtos têm importância para várias partes. O cliente pode ser representado por um grande número de interesses, de diferentes perspectivas de tempo, como por exemplo, o dono, os usuários e o restante da comunidade que têm que conviver com o produto, a avenida, a rua e outras construções públicas (BERTELSEN; KOSKELA, 2004). Picchi (2003) enfoca que os onze princípios de Koskela (1992) foram propostos com base no trabalho de Womack; Jones; Roos (1998), que propuseram cinco princípios largamente disseminados e adotados em diversos setores: Cinco princípios da Manufatura Enxuta
Elementos fundamentais
Onze princípios para Desenho de processo (KOSKELA, 1992) Nível 1 Nível 2
VALOR
1-Pacote Produto/serviço valor ampliado
1- Aumentar o valor do produto por meio dos requisitos dos clientes
2-Redução de lead time 2-Reduzir o tempo de ciclodo produto
FLUXO DE VALOR
3-Alta agregação de valor na empresa estendida
3-Reduzir parcelas que não agregam valor
4- Simplificar por meio da redução de passos 5- Focar no controle de processo 6- Manter equilíbrio de fluxo e conversões
FLUXO
4-Produção em fluxo 7- Reduzir a variabilidade 5-Trabalho padronizado
8- Aumentar a transparência do processo
PUXAR
6-Produção e entrega Just-in-time 7-Recursos flexíveis 9-Aumentar a flexibilidadede saída
PERFEIÇÃO
8-Aprendizado rápido e sistematizado
10-Introduzir melhoria contínua no processo 11- Fazer^ Benchmarking 9-Foco comum Quadro 2 - Comparação da Manufatura Enxuta e Construção Enxuta. Fonte: Adaptado de Picchi (2003)
O Quadro 2 aborda o princípio da Manufatura Enxuta versus a Construção Enxuta, considerando à redução da variabilidade e o aumento da transparência nos processos, na visão
desvantagens distintas em comparação aos projetos de caso único. As provas resultantes de casos múltiplos são consideradas mais convenientes, e o estudo global é visto, por conseguinte, como sendo mais robusto (MEREDITH, 1998; SHAH, WARD, 2002). O Estudo de Caso constitui uma das muitas modalidades de delineamento da pesquisa. Envolve a coleta de dados, por meio de observação direta e participante em visitas de campo (canteiros de obras), pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas em três empresas de construções verticais. O motivo da escolha de construções verticais foi por indicação das representações de classe deste setor: Sindicato das Empresas de Compra e Vendas de Imóveis de São Paulo - SECOVI e Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo - SINDUSCON. A amostragem ocorreu intencionalmente e por conveniência. No que diz respeito à sua estruturação, esta pesquisa exploratória baseou-se na lógica do trabalho realizado por Ferreira Neto (2012), que mostra as etapas da pesquisa desenvolvida:
duas visitas, sendo a primeira em sua sede matriz na cidade de São Paulo no Bairro do Jabaquara, em que sua sede mantém-se há 30 anos e ficam as instalações da Diretoria e seus Departamentos Administrativo e Financeiro, Planejamento, Compras, Comercial, Projeto, Pesquisa e Recursos Humanos. Na Empresa C, foram realizadas 3 visitas em obras em execução, de uma amostragem de 12 contratos ativos,escolhidas por facilidade de acesso, permissão de visita e estar em fase conclusiva da obra. Foram entrevistados os gestores dos Departamentos de Qualidade, Gerência de Negócios, Engenharia de obras, do Planejamento e Recursos Humanos. Cabe ressaltar que, as entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas, mas não foram realizadas análises de conteúdo com softwares específicos. Prossegue a descrição e análise dos resultados da pesquisa.
4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Estudo de Caso na Empresa A A empresa A, de pequeno porte, atua no mercado de Construção Civil há mais de 20 anos, com sede no município de Guarulhos. Sua principal atividade está voltada às construções industriais. Possui um quadro de funcionários em torno de 250 colaboradores diretos e, ainda mais de 500 colaboradores indiretos subcontratados por meio do processo de terceirização de mão-de-obra, que se justifica em função da localização da obra, uma vez que a empresa analisada possui empreendimentos em todo o território nacional, o que torna mais econômica a contratação da mão-de-obra na região do empreendimento. Observou-se em seu portfolio extensa experiência adquirida por meio de centenas de obras diversificadas como fábricas, pontes, instalações de infraestruturas na Petrobrás, casas de alto padrão, construções verticais e serviços de obras públicas para prefeituras, além de obras voltadas ao saneamento básico, rede de drenagens e pavimentação. Além disso, observam-se obras fora do Brasil, especificamente na África em Angola, com parceria com a Camargo Correia. Na abertura da conversa, iniciou-se com a seguinte pergunta: “A empresa pratica a filosofia da Construção Enxuta, conhecida também como “ Lean Construction” ?” Os respondentes foram unânimes ao afirmarem que não conhecem esta filosofia da Construção Enxuta e que, ainda não ouviram falar dela. Informaram desconhecer o termo, apesar de ter em seu quadro engenheiros civis e técnicos com longa experiência no segmento de Construção Civil. No entanto, pôde-se aferir neste estudo de caso e nas visitas realizadas de campo, que a Empresa A tem adotada uma postura voltada à produtividade. Possui como vantagem competitiva, a experiência de controle de obras, por meio do diário em que são apontadas as medições e ocorrências do cotidiano. São registradas nas atividades, medições de avanço e paradas por ocorrências, chuva ou falta de material ou mesmo por outras atividades inerentes para as quais há uma classificação em códigos para serem analisadas. Os dados evidenciam que o diário de obra é o documento básico de análise e o principal guia para procedimentos de composição dos relatórios de medição econômico-financeira e indicadores de produtividade. A razão deste documento é visualizar o mapa da obra. Constatou-se que a Empresa A, por não ter certificação, tende a seguir os procedimentos exigidos por seus clientes, aplicando-os e agregando-os às suas práticas. Seu desenvolvimento sustenta-se mais na observação das empresas que são Benchmarking , razão de sua permanência neste mercado competitivo. Possui grande potencial de desenvolvimento da filosofia da Construção Enxuta, visto que na sua conduta parte destes princípios foram observados. Verificou-se, também o interesse na implementação das ferramentas. Não
Possui um sistema integrado de gestão, o MS ( Management System ), o qual assegura que tanto os requisitos contratuais dos clientes quanto os objetivos da organização sejam atingidos. Este sistema contém todas as orientações necessárias para as operações da empresa, como a filosofia empresarial, o modelo de organização e os processos das atividades requeridas pelo modelo de negócio, em consonância com os requisitos das normas internacionais de qualidade, saúde, segurança e meio ambiente. Na Gestão da qualidade, possui um SIG (Sistema Integrado de Gestão). Assim, as orientações para o atendimento do SIG são apresentadas no Management Book que atende aos requisitos da norma brasileira NBR ISO 9001, garantindo assim, a satisfação dos clientes e as melhorias necessárias para o crescimento da empresa. A empresa assegura que todas as atividades são desenvolvidas; visando, fundamentalmente, à proteção do ser humano e a preservação de seus ativos. Por atuar em mercado diversificado na Construção Civil, a empresa possui uma gestão Green Building, que tem como foco principal o levantamento, em cada empreendimento, de todos os aspectos ambientais envolvidos e respectivos impactos, além de toda a legislação em função da natureza das atividades que serão desenvolvidas. Com base nessas informações, medidas de controle são definidas e implementadas para garantir que, tanto a política ambiental da empresa quanto seus objetivos e indicadores sejam plenamente atingidos. Se, mesmo assim, algum impacto indesejado vier a ocorrer, o MS possui rotinas para implementação de ações corretivas abrangentes, capazes de eliminá- los e, mais do que isso, prevenir sua reincidência. O Benchmarking da Empresa C é ser possuidora de Gestão Estratégica preparada para atuar em todo o ciclo de vida do empreendimento. Dessa forma, a empresa tem como estratégia, atuar em todo o ciclo de vida de um empreendimento. Por meio do desenvolvimento de parcerias com clientes e fornecedores, buscando os melhores prazos, qualidade e preços, que atendem às exigências do mercado atual e na inovação de tecnologias emergentes. Foram discutidos os itens do conteúdo da filosofia da Construção Enxuta junto com a equipe do Project Team e gestores envolvidos no processo. Foram discutidos,também o uso das ferramentas do STP na Construção Civil e sua aplicabilidade; porém percebeu-se a resistência quanto sua aplicação, devido à cultura da empresa ter desenvolvido seu próprio sistema em detrimento a outras ferramentas, mesmo que isoladas. Assim sendo, observou-se na visitação que a Empresa C tem uma conduta fixada na execução de seus procedimentos da ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, que desde 2006 conquistou sua certificação. O fato de a Empresa C ser um Benchmarking para outras construtoras, deixou evidente o comprometimento da equipe dentro do processo. Nas respostas obtidas, nota-se que Construção Enxuta não é um nome familiar, mesmo aos engenheiros mais experientes. Ao comentar-se sobre os princípios da Construção Enxuta e seu relacionamento nas normas aplicadas na empresa, constatou-se que o entendimento é o mesmo noutra forma de abordagem. Verifica-se que esta empresa não utiliza os princípios da Construção Enxuta como filosofia, e seus colaboradores ao serem indagados, também desconhecem o termo academicamente, mesmo os mais antigos colaboradores com mais de 20 anos de atuação na função de gerentes de contratos. Este trabalho permitiu concluir que, o resultado da pesquisa na Empresa C é válido, pois apesar de essa Construtora não praticar totalmente a filosofia da Construção Enxuta, sua conduta direciona às suas próprias normas e os procedimentos da norma ISO 9001. Para concluir este artigo, segue-se um comparativo demonstrando a relação entre as três empresas, tornando evidente sua conclusão.
4.4. Comparativo entre as Empresas A, B e C No intuito de atingir o objetivo desta pesquisa, o Quadro 3 evidencia um comparativo da aplicação dos 11 princípios da Construção Enxuta nas três empresas pesquisadas: 1- Redução de atividade que não agregam valor ao cliente. Empresa A Empresa B Empresa C Desconhece este princípio. Aplicam o RDV (relatório de diário de campo) para seu controle de atividades e visualiza o controle da operação. Concluem que esta ferramenta agrega valor ao cliente no cumprimento das metas.
Os respondentes informaram que têm conhecimento deste princípio. São dados cursos e treinamentos direcionados para seus mestres e engenheiros de obra. A direção da empresa investe pesado neste processo.
A empresa busca agregar valor na redução de perdas de tempo e ajustar as interfaces entre cada área envolvida nos vários processos, com base e apoios dos procedimentos internos.
2- Aumento de valor ao produto final considerando os requisitos do cliente. Entendem que aplicar os produtos de qualidade aprovados no contrato, pode oferecem valores aos clientes. Alegam que o fator decisivo é aplicar o que foi aprovado no contrato; com isso, oferecem sempre os melhores materiais.
Segundo a direção da empresa, seu produto final é específico e direcionado a um mercado exigente em Qualidade. Por ser reconhecido por seus clientes, aplicam esta filosofia como Benchmarking.
Busca aumentar o valor do seu produto entregando ao cliente, seguindo seu Management Book, os 4 princípios: serviços orientados ao cliente, tendo seus colaboradores como fator de sucesso, sustentabilidade e estratégia na geração de valor. 3- Redução da variabilidade do processo. Entende que cada contrato tem um tipo de acabamento. Um processo industrial difere de um processo de acabamento em uma casa de alto padrão. Procuram diversificar seus colaboradores de acordo com a obra.
Argumentou que o uso rigoroso e aplicações das normas e procedimentos da Qualidade influenciaram a variabilidade do processo. Considera a rigorosa especificação de seus clientes.
A empresa é certificada na ISO 9001, 14001 e OHSAS 18001; com isso, consegue perceber de uma forma melhor onde estão suas perdas e desperdícios, Buscando melhorias contínuas nas reduções de suas variabilidades. 4- Redução do tempo de ciclo das atividades. Seus gestores desconhecem este princípio. Fazem o RDV controlando as medições diárias, visualizando eliminar desvios e perdas. Não possuem padrões por não terem procedimento e reconhecem sua deficiência.
Sendo especialista em construções verticais, pratica, por meio de sua experiência, sistema de trabalhos padronizados. Utilizam métodos e procedimentos e informam que desenvolvem dispositivos facilitadores.
Argumentaram que a busca da melhoria contínua dos processos ajuda na redução do tempo gasto. O sistema detecta os principais desvios minimizando estes problemas. Informaram que seus computadores registram ocorrências na memória eletrônica. 5- Simplificação do processo eliminando etapas e atividades. A empresa não aplica este princípio, utiliza métodos empíricos, desconhece formas de simplificação de atividades e passos na execução de uma tarefa. Detectaram que este conhecimento será um diferencial para melhorias internas.
Informaram que na simplificação de processos e minimização de partes, utilizam produtos de inovação tais como: Dry wall , eliminando paredes de alvenaria e acabamentos com gessos e novos produtos de pesquisas.
Respondeu que tem os seus principais processos desenhados em fluxogramas, em que é possível verificar cada etapa do processo, revendo cada um desses fluxos com o propósito de analisar o real em cada etapa definida.
6- Aumentar a flexibilidade de entrega de produtos diferenciados. Os respondentes entendem que a entrega final, segue de acordo com a finalidade da obra. Assim, uma construção fabril tem que ser diferenciada de uma casa de alto padrão; tanto que seus principais colaboradores são treinados de acordo com este fim.
A direção desta empresa disse que, reconhecendo que seus clientes têm dificuldades de interpretação de desenhos, antes do lançamento de um prédio, constroem um módulo idêntico ao planejado, facilitando a visão real do produto desejado.
Os respondentes enfatizaram que a empresa tem como conceito de produto, atender de forma específica cada projeto, como sendo exclusivo e único. Com isso, trata cada cliente com seu produto de forma diferenciada.
porém, o conteúdo de seus respondentes ficou claro que possuem grande potencial e desejo de melhoria. Demonstrou grande interesse de implementação, apesar de não terem profissional qualificado para esta tarefa. Na Empresa B, quando da apresentação da filosofia, seu principal respondente declarou que é um conhecedor da filosofia e pratica os princípios na empresa, promovendo palestras e incentivando seus gestores aos cursos de aperfeiçoamento. Na Empresa C, os gestores responderam ser conhecedores da filosofia da Construção Enxuta, mas ao serem abordados quanto à aplicação dos princípios foi respondida que, por política da empresa, possui um sistema único e corporativo, tanto aplicado no Brasil quanto em sua matriz. Na Empresa C, as respostas do questionário apontam para um fato conclusivo para esta pesquisa: os gestores não conhecem a filosofia da Construção Enxuta e pouco se ouviu falar, mesmo os mais experientes. Apenas o gestor da Qualidade pareceu ser o mais atualizado, tanto no conhecimento quanto na sua aplicação. No contexto,a Empresa C mostrou que, apesar da não aplicação da filosofia, seu método, o Management Book configura o sucesso desta empresa como um todo. Com isso, conclui-se que empresas de grande porte possuem sua própria filosofia que, de certa forma,leva ao mesmo objetivo.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Na pesquisa bibliográfica desenvolvida, além de comentar-se sobre pensamento enxuto, explorou-se a lógica da Construção Enxuta, para agregar conhecimentos e responder a questão de pesquisa e atingir ao objetivo proposto. A pesquisa qualitativa realizada por meio de Estudo de Caso Múltiplo, verifica as práticas da Construção Enxuta em Construtoras Verticais na Região Metropolitana de São Paulo. Foram discutidos os itens da filosofia da Construção Enxuta e os princípios que os entrevistados, gestores das empresas pesquisadas, consideram relevantes na aplicação dos processos internos das empresas analisadas. Comentaram-se os princípios desenvolvidos por Koskela (1992), objetivando a melhoria do processo de transformação e movimentação no arranjo de canteiros de obras, nas aplicações do kanban e no JIT ( Just in Time ). Em relação ao contato com a temática explorada na entrevista, os respondentes demonstraram-se receptivos quanto à filosofia e ferramentas da Construção Enxuta, asseverando o desejo de obter maiores informações a respeito, até mesmo para possível implementação deste conhecimento. Discutidos os itens do conteúdo da filosofia da Construção Enxuta junto com a sua direção e gestores envolvidos no processo, foram, também argumentados o uso e conhecimento das ferramentas da Manufatura Enxuta na Construção Civil. Percebeu-se que, na Empresa B, o objetivo foi alcançado integralmente, devido haver comprometimento na aplicação da filosofia da Construção Enxuta. Dessa forma, a Empresa B tornou-se considerada Benchmarking neste mercado de Construção Vertical, como referencia para seus principais concorrentes. Foram verificadas nas Empresas A e C analisadas por meio de seus principais respondentes, que a filosofia da Construção Enxuta é de desconhecimento do tema. Porém, ao abordar, detalhadamente, por meio de apresentação os princípios básicos dessa filosofia, observou-se que seus respondentes aplicam em partes, de forma não estruturada e adaptada, conforme a política de qualidade de cada empresa. A verificação da aplicação de ferramentas da Construção Enxuta em construtoras verticais na Região Metropolitana de São Paulo foi atendida. Para tanto, pesquisou-se, se a aplicação das ferramentas da Construção Enxuta nas construtoras verticais pesquisadas busca um padrão de aplicação que proporcione economia com a redução de tempo, o que contribuiria para o incremento dos índices de produtividade, bem como na geração de valores aos clientes no recebimento da obra no tempo certo e na qualidade desejada.
Como recomendações para trabalhos futuros a serem realizados dentro da aplicação da filosofia da Construção Enxuta e boas práticas em canteiros de obras, sugere-se: 1) Desenvolver sistema e modelos padronizados para gestão de Canteiros de obras; 2) Realizar estudos e modelagem de informações integradas para execução de serviço de campo; e desenvolvimento de sistema logístico para movimentação de materiais, para recebimento de insumos em canteiros de obras na cidade de São Paulo em locais de grande fluxo de trânsito;
REFERÊNCIAS
AHLSTRON, P.; KARLSSON C. Change processes towards lean production the role of the management accounting system. International Journal of Operation & Production Management , v. 16, n. 11, p. 42-56, 1996. ALARCÓN, L. F. Tools for the identification and reduction of waste in construction projects. In: ALARCÓN, L. (Ed.). Lean construction , Rotterdam, A. A. Balkema. p. 365-377, 1997. ALARCÓN, L. F.; DIETHELM, S. Organizing to Introduce Lean Practices in Construction Companies. Proceedings… In: 9th^ International Workshop on Lean Construction, National University of Singapore. Singapore, 2001. ALVES, T. C. L.; MILBERG, C.; WALSH, K. D. Exploring lean construction practice, research and education. Journal of Engineering Construction and Architectural Management , v. 19, n. 5, p. 512-525, 2012. AMARAL. T. G. Metodologia de qualificação para trabalhadores da construção civil com base nos conhecimentos gerenciais da construção enxuta. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia Civil). UFSC. Florianópolis, 2004. ANTUNES JUNIOR, J. A.V. A lógica das perdas nos sistemas produtivos: uma revisão crítica. Anais... In: XIX Encontro Nacional da ANPAD, João Pessoa. 1995. BALLARD, G.; HOWELL, G. Shielding production: an essential step in production control. Journal of Construction Engineering and Management , v. 124, n 1, p. 11-17, 1998. BALLARD, G.; HOWELL, G. An Update on Last Planner. Proceedings… In: 12th Annual Conference of Lean Construction. Elsinore, 2004. BARROS NETO, J. P. Proposta de um modelo de formulação de estratégias de produção para pequenas empresas de construção habitacional. Tese (Doutorado em Administração). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999. BERNARDES, M. M. S. Planejamento e controle da produção para empresas de construção civil. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
construtoras: o Rapid Lean Construction – Quality Rating Model (LCR). IBEROAMERICA de Engenharia Industrial , v. 2, n. 2, p. 156. 2011. PICCHI, F. A. Oportunidades da aplicação do Lean Thinking na construção. Revista Ambiente Construído , Porto Alegre: v. 3, n. 1, p. 7-23, 2003. PICCHI, F. A.; GRANJA, A. D. Construction sites: using lean principles to seek broader implementations. Proceedings… In. 12th Annual Conference on Lean Construction, 2004, Elsinore. 2004. REZENDE, J. S.; DOMINGUES, S. M. P. ; MANO, A. P. Identificação das práticas da filosofia Lean Construction em Construtoras de médio porte na cidade de Itabuna (BA). ENGEVISTA , v. 14, n. 3, p. 281-292, dez, 2012. ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a Enxergar : Mapeando o Fluxo de Valor para Agregar Valor e Eliminar Desperdício. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2003. SALEM, O.; SOLOMON, J.; GENAIDY, A.; MINKARAH, I. Lean construction: from theory to implementation. Journal of Management in Engineering , v. 22, n. 4, p. 168-176,
SÁNCHES, A. M.; PÉREZ, M.P. Lean Indicators and Manufacturing Strategies. International Journal of Operations & Production Management, v. 21, n. 11, p. 1433-1451. 2001. SANTOS, A. Application of flow principles in the production management of construction sites. 1999. 513 f. Thesis (Engineering Doctoral Thesis). University of Salford. Salford, U.K, 1999. SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Lean Construction: diretrizes e ferramentas para o controle de perdas na construção civil. Porto Alegre: SEBRAE, v. 5,
SHAH, R.; WARD, P. T. Lean manufacturing: context, practice bundles and performance. Journal of Operations Management , v. 335, p. 1-21, 2002. SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção : do ponto de vista da engenharia de produção. v.2, 2ª Ed. Porto Alegre: Bookman. 1996. SOLOMON, J. A. Application of the principle of Lean Production to construction. 2004. 140 p. Dissertation ( Engineering of Civil and Environmental Master) University of Cincinnati, Cincinnati. EUA, 2004. SPEAR, S.; BOWEN, H. K. Decoding the DNA of the Toyota Production System. Harvard Business Review , 1999. TEIXEIRA, M. C.; KEMMER, S. L.; SILVA, M. F. S.; HEINECK, L. F. M. Melhorias gerenciais e tecnológicas: princípios da construção enxuta contemplados. Anais... IN: XXIV ENEGEP, Florianópolis, 2004. TOMMELEIN, I. D.; BALLARD, G. Look head planning: screening and pulling. Anais… In: Seminário Internacional Sobre Lean Construction, São Paulo: Instituto de Engenharia de São Paulo. 1997. WHITE, R. E.; PRYBUTOK, V. The relationship between JIT practices and type of production system. The International Journal of Management Science , v. 29, p. 113-124,
WIGINESCKI, B. B. Aplicação dos princípios da construção enxuta em obras pequenas e de curto prazo: um estudo de caso. 2009. 155 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). UFPR, Curitiba. 2009. WOMACK, J. P.; JONES, D.T.; ROOS, D. A mentalidade enxuta nas empresas: elimine o desperdício e crie riqueza. 5a. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. YIN, R. K. Estudo de Caso : Planejamento e Métodos. 3ª. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.