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Guias e Dicas
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Agilidade emocional, lidar com as dificuldades da vida de forma ágil, Esquemas de Psicologia

roteiro agilidade emocional. Como lidar com as dificuldades.

Tipologia: Esquemas

2019

Compartilhado em 10/11/2019

elisa-frana
elisa-frana 🇧🇷

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Sumário
1. Da rigidez à agilidade
Enquanto navegamos pela vida, temos poucas maneiras de saber que rumo tomar ou o que
vem pela frente. Não temos faróis ou vigias que nos informem de ameaças que podem afundar
nossos planos. Em vez disso, temos emoções – medo, ansiedade, alegria, euforia – um sistema
neuroquímico que evolui para nos ajudar a navegar pelas complexas correntes da vida.
Minha meta com este livro é ajudá-lo a se tornar mais consciente das suas emoções, a
aprender a aceitá-las e a fazer as pazes com elas e então prosperar, aumentando a sua
agilidade emocional. Espero ajudá-lo a aceitar até mesmo suas emoções mais difíceis, au-
mentar a sua capacidade de desfrutar os seus relacionamentos, alcançar suas metas e viver
da forma mais plena possível.
Esta é a parte “emocional” da agilidade emocional. A parte da “agilidade” lida com os seus
processos de pensamento e comportamento – os hábitos mentais e corporais que também
podem impedi-lo de prosperar, especialmente quando você reage da mesma velha maneira
obstinada diante de situações novas ou diferentes.
2. Enredado
Em cada minuto de cada dia estamos redigindo os roteiros que são exibidos na sala de ci-
nema que fica dentro da nossa cabeça. Na história da nossa vida, ficar enredado não indica
a emoção de estar em suspense sentado no cinema, e sim ser capturado por uma emoção,
um pensamento ou comportamento autodestrutivo.
Não queremos por fim aos nossos pensamentos e às nossas emoções. Isso representaria
o nosso fim. Porém, a pergunta é: Quem está no controle – o pensador ou o pensamento?
Quando não estamos no controle da nossa vida, agindo de acordo com a nossa escolha pon-
derada ou a partir de um leque de opções que uma inteligência perceptiva consegue evocar,
ficamos enredados.
No livro “Pensando Rápido e Devagar”, Daniel Kahneman descreve a mente humana ope-
rando em dois modos. Os pensamentos do Sistema 1 são geralmente rápidos, naturais, as-
sociativos e implícitos, o que significa que não estão disponíveis para introspecção imediata.
Carregam muito peso emocional e são regidos pelo hábito. Por isso, são excelentes para nos
deixar enredados. Os pensamentos do Sistema 2 são mais lentos e deliberativos. Requerem
mais esforço e níveis mais profundos de atenção. São também mais flexíveis e receptivos
Susan David
Editora Cultrix, 2018
AGILIDADE EMOCIONAL
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Baixe Agilidade emocional, lidar com as dificuldades da vida de forma ágil e outras Esquemas em PDF para Psicologia, somente na Docsity!

Sumário

1. Da rigidez à agilidade

Enquanto navegamos pela vida, temos poucas maneiras de saber que rumo tomar ou o que vem pela frente. Não temos faróis ou vigias que nos informem de ameaças que podem afundar nossos planos. Em vez disso, temos emoções – medo, ansiedade, alegria, euforia – um sistema neuroquímico que evolui para nos ajudar a navegar pelas complexas correntes da vida.

Minha meta com este livro é ajudá-lo a se tornar mais consciente das suas emoções, a aprender a aceitá-las e a fazer as pazes com elas e então prosperar, aumentando a sua agilidade emocional. Espero ajudá-lo a aceitar até mesmo suas emoções mais difíceis, au- mentar a sua capacidade de desfrutar os seus relacionamentos, alcançar suas metas e viver da forma mais plena possível.

Esta é a parte “emocional” da agilidade emocional. A parte da “agilidade” lida com os seus processos de pensamento e comportamento – os hábitos mentais e corporais que também podem impedi-lo de prosperar, especialmente quando você reage da mesma velha maneira obstinada diante de situações novas ou diferentes.

2. Enredado

Em cada minuto de cada dia estamos redigindo os roteiros que são exibidos na sala de ci- nema que fica dentro da nossa cabeça. Na história da nossa vida, ficar enredado não indica a emoção de estar em suspense sentado no cinema, e sim ser capturado por uma emoção, um pensamento ou comportamento autodestrutivo.

Não queremos por fim aos nossos pensamentos e às nossas emoções. Isso representaria o nosso fim. Porém, a pergunta é: Quem está no controle – o pensador ou o pensamento? Quando não estamos no controle da nossa vida, agindo de acordo com a nossa escolha pon- derada ou a partir de um leque de opções que uma inteligência perceptiva consegue evocar, ficamos enredados.

No livro “Pensando Rápido e Devagar”, Daniel Kahneman descreve a mente humana ope- rando em dois modos. Os pensamentos do Sistema 1 são geralmente rápidos, naturais, as- sociativos e implícitos, o que significa que não estão disponíveis para introspecção imediata. Carregam muito peso emocional e são regidos pelo hábito. Por isso, são excelentes para nos deixar enredados. Os pensamentos do Sistema 2 são mais lentos e deliberativos. Requerem mais esforço e níveis mais profundos de atenção. São também mais flexíveis e receptivos

Susan David Editora Cultrix, 2018

AGILIDADE EMOCIONAL

a regras que estabelecemos conscientemente. Por isso nos permitem criar o espaço que torna possível a expressão plena da nossa condição humana e possibilita que prosperemos.

Algumas reações intuitivas têm origem na prática e na habilidade. Mas as reações do Sis- tema 1 têm um lado sombrio. Quando as “aproximações progressivas” começam a dominar como processamos as informações e nos comportamos, nos tornamos menos capazes de detectar características distintivas pouco comuns ou novas oportunidades. Ficamos caren- tes de agilidade. É por isso que os especialistas são, com frequência, os últimos a perceber as relações mais sensatas para problemas simples.

Ter agilidade emocional é estar consciente de todas as suas emoções, aceitá-las e aprender com as mais difíceis. Ir além das reações cognitivas e emocionais condicionadas ou pré-pro- gramadas para viver no momento e reagir de modo apropriado e em harmonia com seus valores mais profundos.

3. Tentando desenredar

Quase todos nós adotamos comportamentos padronizados que esperamos que possam re- chaçar ou disfarçar nossos sentimentos negativos para que não tenhamos que enfrentá-los. Quando tentamos “nos desenredar” aniquilando nossos sentimentos, a verdadeira vítima é o nosso bem-estar.

Se você é uma pessoa reprimida, que detesta o trabalho, pode tentar afastar seus senti- mentos negativos dizendo para si mesmo: “Pelo menos tenho um emprego”. Se você está se perdendo na correria de cuidar dos outros, você pode por de lado a tristeza ou o estresse lembrando a si mesmo que “seu dia chegará”. Se está liderando uma equipe muito ansiosa a respeito de cortes no orçamento e uma proposta de reestruturação, você talvez pise em ovos ao redor dessas pessoas por ter medo de abrir um balaio de gatos.

Pesquisas mostram que tentar minimizar ou desconsiderar pensamentos e emoções serve apenas para ampliá-los.

Angústia crescente

A ruminação é prima da preocupação. Enquanto a preocupação olha para a frente, a rumi- nação olha para trás, um exercício ainda mais inútil.

Assim como os reprimidos, os ruminadores agem com a melhor das intenções. Ruminar oferece a ilusão reconfortante do esforço consciencioso. Nós queremos lidar com a nossa infelicidade ou aprender a enfrentar uma situação difícil. No final não estamos nem um pou- co mais perto de resolver a questão que está no âmago da nossa angústia.

Enredados na felicidade

A ruminação e a repressão não são as únicas maneiras improdutivas de lidar com os es- tresses da vida. Outra estratégia comum é a crença de que, de uma forma ou de outra, tudo ficará bem se pudermos simplesmente “continuar a sorrir”.

Quando a vida é boa e nos sentimos extraordinariamente bem, e quando o ambiente é segu-

lidar com a situação. Porque não podemos ser esse tipo de amigo carinhoso para nós mes- mos, voltando esse tipo de compaixão para dentro?

Escolhendo a disposição

Um dos maiores triunfos humanos é escolher abrir espaço no nosso coração tanto para a alegria quanto para a dor e nos sentirmos à vontade com a ideia de não nos sentirmos à vontade. Isso sig- nifica encarar os sentimentos não como sendo “bons” ou “maus”, mas apenas como “existindo”.

Qual é a função?

Ao lado da importância de nomear com precisão nossas emoções está a premissa de que, uma vez que atribuímos um nome a elas, nossos sentimentos podem oferecer informações úteis. Também podem nos dizer em quais situações devemos nos envolver e quais devemos evitar. Podem servir de orientação, em vez de serem obstáculos, ajudando-nos a identificar aquilo que mais apreciamos e motivando-nos a fazer mudanças positivas.

Se você conseguir confrontar seus sentimentos internos com as suas opções externas – en- quanto mantém a distinção entre eles – terá uma chance muito maior de ter um dia favorá- vel e uma vida mais significativa.

5. Afaste-se

Escrever ajuda as pessoas a processarem suas experiências, a se afastarem da inércia e a tomarem medidas significativas. Depois de muitos estudos podemos afirmar com seguran- ça que encarar e dar nomes às emoções é uma maneira extremamente útil de lidar com o estresse, a ansiedade e a perda. (No caso de pessoas que não gostam de escrever, falar em um gravador pode produzir os mesmos resultados.)

Depois de “olhar de frente”, outro aspecto fundamental da agilidade emocional é o afasta- mento. Diferentemente dos ruminadores ou reprimidos, as pessoas que escrevem sobre seus sentimentos e prosperam, começam a desenvolver uma perspectiva usando frases como “eu aprendi”, “ocorreu-me que”, “a razão pela qual”, “agora percebo” e “eu com- preendo”. No processo de escrever elas são capazes de criar a distância entre o pensador e o pensamento, entre aquele que sente e o sentimento, o que lhes possibilita adquirir uma nova perspectiva, se desenredem e sigam em frente.

A vida secreta do que você vê

Todos nós já vivenciamos a capacidade de nos separarmos da nossa experiência e obser- vá-la de uma perspectiva diferente. Esse é o ponto a partir do qual você pode escolher comportamentos baseados nos seus valores em vez de ceder ao que seus pensamentos, emoções e histórias insistem que você faça. Esse novo espaço recém-criado possibilita que você seja sensível ao contexto, mude suas atitudes para algo que irá funcionar no aqui e agora em vez de se deixar levar por impulsos descontrolados. Quando você se afasta, você consegue ver as coisas que não tinha enxergado antes.

Criando o espaço intermediário

Tente um experimento com o aspecto seu que você mais detesta. Algo como “sou gordo”, “ninguém gosta de mim” ou “vou me atrapalhar na apresentação”. Repita a frase dez vezes. Depois, diga de trás para a frente ou misture a ordem das palavras. Os sons deixam de ser algo significativo e evocativo, que pode exercer grande influência sobre você. Passam a ser algo remoto, desprovido de poder e levemente ridículo. Você não está mais emaranhado e olhando para o mundo sob a perspectiva do pensamento negativo. Você está olhando para ele. Você criou um espaço entre o pensador e o pensamento. Você começa a vivenciar os pensamentos apenas como pensamentos – que é tudo o que eles são.

Deixe para lá

Com base em uma perspectiva receptiva, aberta e mais ampla, podemos tratar com leveza nossos pensamentos e nossas emoções, não ficar enredados em velhas histórias e não jul- gar de antemão as novas experiências que vão chegando.

Às vezes, deixar para lá é abandonar uma experiência passada. Outras vezes significa li- berar uma expectativa ou um relacionamento. Outras vezes significa perdoar os outros. Às vezes significa perdoar a si mesmo.

6. Seja coerente com seus motivos

Ser coerente com seus motivos é a arte de viver de acordo com o seu conjunto de valores pessoais – as crenças e os comportamentos que você preza e que lhe conferem significado e satisfação. Identificar os valores que são verdadeiramente seus e agir movidos por eles – e não por aqueles que os outros impõem a você; não pelo que você acha que deveria se inte- ressar, mas pelo que você de fato se interessa – é o próximo passo crucial para promover a agilidade emocional.

Nós tomamos decisões que não são nossas

Quando precisamos de orientação, olhamos em volta para verificar o que as outras pessoas estão fazendo, negligentemente escolhendo todos os tipos de coisas que nos disseram se- rem segredos universais para a satisfação, como ter um diploma de nível superior, ser pro- prietário de um imóvel ou ter filhos. Na realidade, essas coisas não são para todo mundo. Mas é simplesmente muito mais rápido e mais fácil seguir o que vemos em vez de descobrir por nós mesmos.

Como eu quero que seja a minha vida?

Pense em como ou quem você será dentro de 20 anos. Crie a “continuidade do seu eu”. Ao se conectar com seu eu distante e seus valores, você será capaz de perceber a si mesmo como uma pessoa com convicções essenciais e uma base moral que permanecerá estável, embora outros elementos e situações na sua vida possam mudar.

Identificando seus valores

Valores não são regras que devem nos governar, são qualidades de uma ação propositada

e nossa confiança aumenta. Ao procurar os lugares certos para fazer pequenas mudanças, você identifica três áreas gerais de oportunidade – ajustar suas convicções (seu mindset ), ajustar suas motivações e ajustar seus hábitos.

Uma nova perspectiva: ajustando nosso mindset

Estudos mostram que convicções a respeito da mudança podem ter um profundo efeito no comportamento. Crianças que acreditam que sua inteligência é fixa têm desempenho fraco nas matérias em que têm dificuldade em comparação com aquelas que acreditam que po- dem melhorar sua inteligência efetiva caso se esforcem bastante. Os reveses ou fracassos não as oprimem e elas perseveram mesmo quando estão frustradas.

Embora as teorias de mindset estejam na maioria das vezes associadas à inteligência a ao sucesso acadêmico, o alcance delas situa-se bem além dessas áreas. Elas estão no âmago de como nos posicionamos no mundo como um todo.

Um dedo apontado na nossa direção ou um coração disposto: ajustando nossas motivações.

Mobilizar nossa autonomia – o poder de querer em vez de ter que – é o segundo pré-requisito para ajustar seu caminho para uma mudança significativa.

Ao tentar colocar nossas ações mais em sincronia com o que é realmente importante para nós, podemos intensificar nossa disciplina e força de vontade, mas isso raramente conduz aos melhores resultados. Quando envolvemos com alguma coisa compelidos por um dedo apontando para nós, acabamos em um cabo de guerra entre as boas intenções e uma exe- cução menos do que exemplar, mesmo que os objetivos finais estejam supostamente em sincronia com nossos valores. Se você não encontrar um “quero fazer” em alguma faceta da sua vida, isso pode ser um sinal de que uma mudança é necessária.

Construindo para durar: ajustando nossos hábitos

Mesmo que tenhamos adotado um mindset de crescimento e estejamos em sintonia com nossas motivações tipo “quero fazer”, existe a chance de que nossos esforços acabem indo parar no porão das boas intenções. A única maneira pela qual podemos realmente tornar as mudanças que fazemos duradouras é transformar o comportamento intencional que esco- lhemos conscientemente naquele velho bicho-papão: um hábito.

O hábito é definido como uma reação automática desencadeada externamente diante de um contexto frequentemente encontrado. Encontramos todos os dias dezenas, ou até mesmo centenas, de contextos familiares. E geralmente reagimos de forma automática e incons- ciente. Mas quando encaramos intencionalmente essas situações, podemos usá-las para ativar hábitos melhores.

Ajustar o mindset , a motivação e os hábitos envolvem voltar o coração para a fluidez do mundo em vez de fincar os pés na estabilidade dele. Significa adotar um divertido senso de curiosidade, experimentação e suposições a respeito da vida. É colocar de lado ideias a respeito “do que você irá se tornar” (resultados, metas e consequências) e se envolver livre- mente com o processo e a jornada, aceitando a vida de momento em momento, de hábito em hábito e um passo de cada vez.

8. Siga em frente

O princípio da gangorra

Quando transformamos tarefas que um dia foram novas para nós em hábitos, liberamos energia mental. Como vimos, transformar em hábitos comportamentos que deliberada- mente escolhemos e que estão associados aos nossos valores é um aspecto importante da agilidade emocional

Em certas áreas da vida, no entanto, existe algo que pode ser definido como ser “competen- te demais”. Quando passamos a fazer bem demais uma determinada coisa, podemos voltar para o piloto automático, reforçando o comportamento rígido, o desligamento, a ausência de crescimento e o tédio. Paramos de prosperar.

Da mesma forma, tampouco é bom o oposto da competência excessiva, o desafio excessivo. Quando lidamos ao mesmo tempo com tantas complexidades que nem mesmo o Super- -Homem e a Mulher-Maravilha conseguiriam dar conta, mesmo que trabalhassem em tur- nos dobrados, podemos ficar estressados e inibimos nossa capacidade de sermos criativos, apropriadamente responsivos e de prosperar.

Para permanecermos emocionalmente ágeis precisamos encontrar o equilíbrio entre a competência excessiva e o desafio excessivo. Este é o princípio da gangorra.

A maldição do conforto

Porque ficamos tantas vezes imobilizados, com um dos lados da gangorra lá em cima e o outro enterrado na lama? A maior razão é o medo.

Estudos mostram que quando fazemos avaliações de risco (compelidos pelo medo) de- monstramos uma inclinação pelo que é familiar, corriqueiro. Por exemplo, as pessoas par- tem do princípio de que as tecnologias, os investimentos e as atividades de lazer são menos arriscadas ou difíceis quanto mais familiares elas parecem, mesmo quando os fatos levam a acreditar no oposto.

A acessibilidade – o grau em que uma coisa é fácil de ser compreendida – é outro substituto no nosso cérebro para a segurança e conforto.

A nossa predisposição para o familiar e acessível pode até mesmo influenciar o que aceita- mos como verdade. Atribuímos mais credibilidade a opiniões que parecem ser mais ampla- mente aceitas.

A coerência das más decisões

Preciso da coerência proporcionada pelo meu cérebro cognitivo para me lembrar de que hoje sou a mesma pessoa que era ontem. A coerência, assim como a familiaridade e a acessibilidade, é um substituto grosseiro do nosso cérebro para o que é seguro, mesmo quando o desejo de coerência nos leva a agir contra nosso interesse. Por exemplo, pessoas com baixa autoestima tendem a largar o emprego com mais frequência quando seu salário aumenta com o tempo. Na cabeça delas, o fato de serem apreciadas e recompensadas não parece coerente.

A agilidade emocional consiste em dar prosseguimento à vida

Envolve avançar em direção a metas claras, desafiantes porém alcançáveis, que você perse- gue não porque ache que tem de persegui-las ou porque alguém lhe disse para fazer isso. Mas porque é o que você quer. Porque elas são importantes para você.

9. A Agilidade Emocional no Trabalho

A realização e o florescimento na sua vida pessoal resultam de você sintonizar mais o que faz a cada minuto com os seus valores mais profundos.

O mesmo é verdade com relação ao trabalho. Embora seja comum aceitar certas restrições em troca de salário, com a prática você pode usar as técnicas da agilidade emocional para moldar sua vida profissional em vez de ser moldado por ela.

Enredado no trabalho

Por mais competentes que sejam no que fazem, todos os seres humanos saudáveis têm um fluxo interior de pensamentos e sentimentos que abarca a crítica, a dúvida e o medo. Isso é o cérebro humano fazendo seu trabalho, tentando encontrar significado no mundo, resolver problemas e evitar possíveis armadilhas.

O trabalho aproveita e integra as nossas convicções ocultas, nosso conceito de eu, nosso senso de cooperação e competição e todas as experiências de vida que precederam aquele primeiro dia no emprego. Até mesmo quando o foco externo é em indicadores e análise, em planilhas e decisões frias e racionais, o escritório é na verdade um palco em que todas as questões emocionais são representadas – estejamos ou não conscientes delas. No trabalho, recorremos com frequência às nossas velhas histórias a respeito de quem acreditamos ser. Essas histórias podem nos enredar em momentos decisivos: quando recebemos ou damos um feedback negativo, quando nos sentimos pressionados, quando precisamos lidar com superiores ou colegas que têm personalidades fortes, quando não nos sentimos valoriza- dos, quando o equilíbrio entre o trabalho e a vida está inadequado.

Ganchos individuais

Nossas histórias de vida pessoais podem se tornar ganchos para que interpretemos situa- ções críticas de forma negativa e nos enredemos em interpretações paranoicas sobre o que está de fato acontecendo. Precisamos de agilidade emocional para rolar com as ondas de choque. Essa agilidade começa com a decisão de nos desenredarmos dos pensamentos, sentimentos e padrões que não nos servem e de sintonizarmos nossas ações do dia a dia com nossos valores e aspirações de longo prazo.

Ganchos em grupos

A maioria de nós trabalha em equipes, o que significa que nossos ganchos podem facil- mente incluir narrativas a respeito de nossos colegas. A simples verdade é que é muito fácil entender as pessoas de uma maneira errada. Para piorar as coisas, os seres humanos são tendenciosos com relação à sua própria objetividade. E frequentemente não temos a menor ideia de que somos tendenciosos.

É fácil demais ficarmos enredados na ideia de que o comportamento de outra pessoa pode ser atribuído a características fixas de personalidade. E geralmente minimizamos nosso mau comportamento explicando-o como uma reação às circunstâncias.

Grupos enredados

Às vezes não é apenas uma pessoa que está enredada – é a equipe toda. Você sem dúvida já participou de uma reunião na qual reprimiu sua dúvida ou discordância porque não estava disposto a apresentar uma perspectiva diferente ou por sentir que não poderia fazer isso. É arriscado e assustador ser a única pessoa a expressar uma opinião divergente ou impopu- lar. Mas se você não estiver disposto a encarar o difícil sentimento de pertencer à minoria, você nunca será ouvido.

Olhar de frente o trabalho

Olhar de frente significa abrir espaço para seus pensamentos e suas emoções, nomeá-los e enxergá-los pelo que são: informações e não fatos ou diretivas. É isso que possibilita que nos afastemos para criar uma distância entre nós e nossos processos mentais e obter pers- pectiva em relação a eles, o que então enfraquece seu poder sobre nós.

O porquê do trabalho

O trabalho oferece bem mais que um vale-refeição. Ele pode nos conferir um sentimento de identidade e propósito, bem como uma estrutura ao redor da qual organizamos nossas ou- tras atividades e interesses. O trabalho também pode proporcionar substanciais benefícios para a saúde mental. A menos que substituam o emprego por novas atividades envolventes, os aposentados correm o risco de sofrer um acelerado declínio cognitivo.

O trabalho emocional

Todo emprego envolve o que os psicólogos chamam de trabalho emocional, a energia em- pregada em manter a fachada pública exigida em qualquer emprego e, na verdade, em pra- ticamente toda interação humana. Você sem dúvida já riu educadamente de uma piada que não achou nem um pouco engraçada porque foi seu chefe quem a contou. Geralmente isto é inofensivo. Entretanto, no trabalho, quanto mais você falsifica suas emoções ou representa superficialmente, mais a situação piora. Uma incongruência grande demais entre a maneira como você realmente se sente e a maneira como finge estar se sentindo se torna um fardo tão grande que conduz ao esgotamento.

Pegue este emprego e ajuste-o

O que você faz quando sabe que o emprego dos seus sonhos está em algum lugar no alto da escada ou lá fora no horizonte longínquo, mas que por uma série de razões – dinheiro, o mo- mento adequado, localização, economia – você ainda precisa manter o emprego que tem no momento? Você olha de frente para o que está sentindo (“estou entediado”), se afasta e cria uma distância entre você e seus ganchos (“não posso fazer melhor do que isto”), examina o que é importante para você e suas motivações (“eu quero fazer porque”) e depois começa a ajustar a situação. Você toma as medidas viáveis e que lhe serão úteis a longo prazo por aproximá-lo de uma vida dinâmica e interessante. Ao sermos emocionalmente ágeis, pode- mos usar o emprego errado para obter a perspectiva, as habilidades e as conexões neces- sárias para chegar ao emprego certo.

Criando crianças que se importam

Criar crianças com agilidade emocional não consiste apenas em expressar empatia por elas no momento em que passam por dificuldades. Envolve exibir regularmente um comporta- mento empático para que seus filhos possam aprender a fazer o mesmo. Este é o processo que produz crianças que, à medida que amadurecem, reparam no colega de turma que precisa de ajuda e se oferece para ajudar. Mais tarde, provavelmente, elas se sintonizarão com questões mais amplas de justiça e inclusão social na comunidade local e na sociedade como um todo.

Coaching emocional

Para criar crianças emocionalmente ágeis, começamos por ajuda-las a olhar de frente to- dos os seus sentimentos, inclusive os complicados. Embora grande parte de olhar de frente consista em “ir para” a emoção (“como você está se sentindo?”), há também o importante elemento da agilidade emocional que envolve seguir em frente, ou “passar por” (quais são algumas das opções para lidar com isto?”). Quando você os ajuda a encontrar soluções so- zinhas – que sejam significativas para elas – elas desenvolvem a autonomia que as ajudará a lidar com seu próprio mundo, bem como o senso de responsabilidade que a acompanha.

11. Conclusão: Torne-se Real

Vivemos no mundo “real” e talvez não sejamos capazes de dar pancadinhas em nós mes- mos com uma varinha mágica e nos transformarmos, instantaneamente, nas pessoas que ansiamos por ser. No entanto, se praticarmos a agilidade emocional não precisaremos de mágica; porque a agilidade emocional possibilita que sejamos nosso eu autêntico para todo mundo, todos os dias.

A agilidade emocional é a ausência de fingimento e representação, o que confere às nossas ações um poder maior porque elas emanam dos nossos valores básicos e da nossa força essencial, uma coisa sólida, genuína e real. Não alcançamos esse nível REAL, esse nível de agilidade emocional, por meio de magia, mas sim por meio de uma série de minúsculos passos nos momentos do dia a dia ao longo da vida inteira.