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Adestramento Inteligente - Alexandre Rossi. zootecnia
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Transmitir informações para tomar o convívio com seu cão muito mais prazeroso é a intenção deste livro. As técnicas sugeridas permitem adestrar cães de qualquer raça, em qualquer idade, e de uma maneira agradável, sempre com respeito e carinho. Dicas práticas são apresentadas para que você encontre soluções para problemas que podem estar atrapalhando sua relação com seu melhor amigo, como agressividade, xixi fora do lugar, compulsão para roer móveis, e muitos outros. Você compreenderá melhor o comportamento do cão e assim será capaz de treiná-lo com muito mais rapidez e eficiência.
"Alexandre Rossi, em seu livro, conduz o leitor pelos caminhos do adestramento por reforço positivo, que
é um modo suave, inteligente e afetuoso de promover a boa relação entre o Homem e seu cão. Com uma linguagem coloquial e de fácil compreensão, serve também para consultas rápidas para prevenção e resolução de distúrbios de comportamento." Mauro Lantzman Médico-Veterinário Clínico de Comportamento Animal Aplicado
"De um modo direto e interessante, Alexandre Rossi põe à nossa disposição os conhecimentos que sempre quisemos ter para interagir com o nosso cão. Seu livro é um convite para um melhor encontro do homem com o cão." Cesar Ades Professor Titular do Instituto de Psicologia (USP) e Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Etologia (Comportamento Animal)
AMOR, HUMOR E BOM SENSO são os princípios adotados pelo autor no adestramento de animais que vivem numa sociedade de homens. Aspectos técnicos de treinamento são apresentados sem perder de vista o relacionamento afetivo entre o cão e seu dono. Neste livro você vai aprender: ¾ sobre a natureza do cão: um animal que vive em matilhas; ¾ seu cão pode ser adestrado desde filhote; ¾ quais os equipamentos que melhor contribuem para o adestramento; ¾ que treinamento inteligente inclui paciência e técnicas de comunicação atuais; ¾ quais são os problemas de comportamento (desde "roer o pé da mesa" até "atacar o carteiro") e como resolvê-los; ¾ que certos comportamentos estranhos dos cães são fáceis de explicar, e que outros não passam de mitos.
Alexandre Rossi , formado pela Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, observa e adestra animais desde seus 6 anos de idade. Ampliou seus horizontes participando de pesquisas no Kruger Park, na África do Sul, integrando-se a projetos de reabilitação de animais selvagens — muitos dos quais à beira da extinção — para lhes dar condições de retomar à natureza. Também trabalhou na Austrália, sociabilizando cangurus e outros animais que viviam em parques e apresentavam comportamento agressivo com relação a humanos. Foi lá que seu método de adestramento começou a ser desenvolvido, ao treinar cães pastores de ovelhas que, além de cuidar do rebanho, exerciam diversas atividades longe de seus donos durante jornadas exaustivas de trabalho. Hoje, Rossi leciona técnicas contemporâneas de adestramento, dá assistência ao animal com problemas de comportamento e orienta seu dono.
À Tamara Pall Mall, minha Weimaraner, com quem aprendi muitas coisas.
Conceitos Fundamentais................................................................................................................. 19
A Matilha................................................................................................................................................... 21 O cão faz parte de uma matilha....................................................................................................... 22 Desentendimentos........................................................................................................................... 22 Papel do líder................................................................................................................................... 23 A hierarquia é obrigatória............................................................................................................... 24 Linguagem canina........................................................................................................................... 25
Bibliografia.............................................................................................................................................. 255
Dra. Hannelore Fuchs Médica-veterinária e psicóloga Especialista em comportamento animal
Ah, se eu soubesse - lá em 1955, quando me formei como médica-veterinária, e acredito que todo veterinário deveria saber quando se forma - que exercera medicina veterinária sem sólidos conhecimentos de comportamento animal não é viável. O caminho para adentrar a área de comportamento e distúrbios comportamentais caninos até agora requeria do estudioso pelo menos influência no inglês e poder aquisitivo para perquirição dos inúmeros livros técnicos, todos em língua estrangeira. Eis que, para minha surpresa, me foi apresentada esta simpática obra, uma ilha em português, no meio de tantos livros em inglês, francês e alemão, calcada em leituras e experiências do autor "buscadas, com muito mérito, lá fora". De utilidade prática e surgido da prática, o livro leva o leitor, técnico ou leigo, a compreender fundamentos da estrutura social, desenvolvimento e psicologia canina e se tornar "o melhor amigo do cão", sem perder a liderança. A comunicação ser humano-animal, que apresenta vieses quando nós seres humanos queremos interpretar a linguagem canina, será facilitada, e muito, se forem seguidas as regras e dicas apresentadas. Com clareza e bom humor ensinam-se técnicas básicas e vitais de educação canina, apresentando princípios de reforço indispensáveis para um convívio harmonioso. As idéias que o autor, baseado em sua prática e estudos, divide com outros profissionais e pessoas interessadas no assunto dão a oportunidade de pensar e repensar o cão e todos os seus momentos evolutivos, a fim de abrir novas propostas educacionais. Merece louvor a parte dedicada aos problemas comportamentais. De forma simples, ela oferece subsídios iniciais para lidar com esse assunto e desfaz muito das crenças antigas de como e quando intervir. A partir deste trabalho muito poderá ser feito: haverá um entendimento melhor do porquê de determinados comportamentos, haverá a possibilidade do veterinário, do criador, do adestrador e do proprietário se unirem para construir uma ponte que integre o cão de maneira satisfatória na matilha humana. O esforço e o ideal que nortearam esta obra serão de serventia a todos nós.
Este livro é destinado às pessoas que gostam de animais e estão procurando melhorar o relacionamento com seu cachorro. Trata-se de uma ferramenta valiosa para que você se aproxime do universo canino e possa se comunicar com seu cão de uma maneira que ele entenda. Obediência e respeito são obtidos através de consideração e dignidade, mas somente boas intenções não bastam, portanto aprenda a falar a língua dele! O convívio com um cão adestrado é, sem dúvida nenhuma, mais prazeroso, fazendo com que o animal e seu dono se sintam muito mais felizes. Uma das grandes motivações que me levaram a escrever este livro foi a experiência que adquiri atendendo proprietários que me traziam seus animais "problemáticos". Nessas consultorias, notei que raramente os animais apresentavam verdadeiros desvios de comportamento: o que havia, realmente, era uma grande falha de comunicação entre as duas espécies, e a minha tarefa prioritária era "apresentar" o cão ao seu proprietário. Para estender a um número bem maior de lares a ajuda que presto pessoalmente, decidi passar para o papel os conhecimentos que fui acumulando em anos de prática, sem deixar de lado a base teórica que procuro manter sempre atualizada. A intenção deste livro é mostrar como o cão "raciocina", sente e reage diante das diversas situações que se apresentam no seu dia-a-dia em contato com os homens, e de que maneira o dono deve agir para ser compreendido por seu cão a fim de tornar a convivência entre pessoas e animais ainda mais agradável. As técnicas descritas neste livro são o que há de mais eficiente para o condicionamento de animais, podendo ser aplicadas a praticamente qualquer espécie domesticável, embora estejam direcionadas para cães. São técnicas que, por tratar o animal com respeito, já formaram, e estão formando,
instintos de sobrevivência, proteção e afeto de que seus antepassados necessitaram para sobreviver como espécie.
DESENTENDIMENTOS Sem a consciência de que somos diferentes, entramos em disputa com os cães e acabamos ficando nervosos ou frustrados com suas reações. Esperamos que os cães queiram o que queremos, que sintam como nós sentimos e, ainda pior, que pensem como nós pensamos. Suponha que, ao alimentar seu cão, ele comece a rosnar para você. Isso imediatamente o deixa transtornado, pois você interpreta isso como ingratidão e, além de não se sentir amado, sente-se ameaçado. Nós nos comportamos e reagimos de maneira diferente da dos cães quando amamos. Se esperarmos que os cães se comportem como humanos, seremos vítimas de sérios mal-entendidos. Ficaremos muito frustrados e não usaremos nosso tempo para entender pacificamente as diferenças que existem entre homens e cães. Entender como funciona uma matilha não lhe dá apenas uma nova e crucial compreensão sobre o cachorro, mas também uma visão diferente de como ele deve ser treinado. Os valores dos cães são diferentes dos nossos, e é pelo conhecimento deles que percebemos os erros mais comuns ao educar e adestrar os cães. 22
PAPEL DO LÍDER Os cães, na matilha, necessitam de um líder, um cão que graças às suas, habilidades conduza os demais. Inúmeras regras são impostas por ele ao grupo. A marcação do território, por exemplo, geralmente cabe ao líder da matilha; portanto, quando o nosso cãozinho sair pela casa urinando, provavelmente estará disputando a liderança ou acreditando que é o líder da matilha. O líder da matilha, felizmente, impõe respeito por sinais e atitudes, e a briga só em último caso é a forma de disputa pela liderança. Isso ocorre por uma razão muito importante: quando os cães brigam realmente, eles se machucam, e qualquer membro da matilha debilitado diminui as chances de sobrevivência do grupo. O tempo todo os animais recebem e passam informações uns aos outros a respeito de quem é o líder e de quem é o subordinado. Se eles, por milênios, agem assim para estabelecer a ordem, teremos mais sucesso se fizermos a mesma coisa. Como conseguir isso? Neste capítulo explica- remos como se tornar o líder da matilha sem empregar a violência ou machucar seu cão. 23
A HIERARQUIA É OBRIGATÓRIA Muitas vezes, passamos inconscientemente ao cão a informação de que ele é o líder da matilha, e quando ele age como tal ficamos transtornados e aborrecidos. Não é justo não gostarmos do nosso cão por ele ter agido de acordo com a educação que recebeu de nós mesmos. Há um ditado que diz: "Cada pessoa tem o cachorro que merece". É uma verdade expressa pela sabedoria popular, pois nós influenciamos de tal maneira o meio ambiente e as atitudes de nossos cães, que praticamente tudo que eles aprendem é resultado direto ou indireto de nossa maneira de tratá-los. Se quiser ser respeitado por seu cão, você pode escolher um método que lhe pareça interessante e tentar impor isso ao animal, ou pode utilizar um método que faça sentido para ele. É claro que o segundo método é bem mais eficaz, mas depende de um conhecimento muito maior sobre cães. Por exemplo, um método bastante popular é bater no cão quando ele faz algo errado. Acontece que, para ele, uma pancada significa ataque ou convite para brincar, e nenhuma das alternativas corresponde ao que você gostaria de lhe comunicar. Para os cães a hierarquia é obrigatória, todos os cães sabem exatamente o lugar que ocupam na ordem dentro do grupo. Cada posição e cada atitude têm significado para os outros cães. Essa linguagem canina é natural e importante para eles. Se o filhote for separado da mãe e dos irmãos muito cedo (antes de sete semanas), a linguagem não se tornará natural, o que vai criar problemas para o animal no convívio com outros, além de fazer dele um cão mais difícil de ser treinado. 24
LINGUAGEM CANINA Os cães se testam continuamente para saber quem é o líder. Como dissemos antes, não é necessário que briguem para estabelecer o domínio. A liderança é assegurada por atitudes e posições que
formam a linguagem canina. A seguir daremos alguns exemplos da linguagem usada pelos cães e seus significados.
posição que queira dizer "ok, você é o chefe". Esse é o sentido que têm as posições vulneráveis que permitem ao vencedor fazer o que quiser, inclusive tirar a vida do subordinado. Existem duas posições clássicas: ou o animal vencido se deita com a barriga virada para cima (expondo a parte frágil da barriga) ou se curva mostrando a nuca (que também é frágil). Em ambas as posições as orelhas ficam coladas à cabeça (ou para trás) e a ponta da língua permanece fora da boca.
significa: "Sou líder!" Se o outro aceitar o domínio, irá assumir uma posição de submissão; se não aceitar a hierarquia proposta, irá partir para a briga até que haja um vencedor que submeterá o outro. 25
COMO FAZER USO DA LINGUAGEM CANINA Às vezes, ladrões são encontrados vivos em casas protegidas por cães ferozes que deixaram de atacar os invasores assim que esses se curvaram ou deitaram no chão e não se mexeram mais. Por sorte, os ladrões ficaram numa posição de submissão diante dos cachorros, para quem a disputa perdeu o sentido. Se esses ladrões tivessem tomado outra atitude poderiam ter morrido na ocasião. É claro que este não é um manual para ladrões, com truques de como assaltar uma casa, mas todas essas reações e comportamentos se mostram importantes para transmitir um sentimento de domínio e confiança ao animal. Por exemplo, quando o seu cachorro estiver aterrorizado com raios e trovões em meio a uma tempestade, estufar o peito e andar firmemente significa que você tomará conta da situação. Isto o acalmará. Se você, em vez disso, se abaixar e acariciar o cachorro, poderá amedrontá-lo ainda mais, pois na linguagem canina estará passando o comando para ele e mostrando que também está com medo. Entender a matilha e o comportamento de seus membros também auxilia o treinador a aumentar a confiança de cães excessivamente submissos e corrigir comportamentos decorrentes disso. Um cão excessivamente submisso costuma urinar e virar de barriga para cima toda vez que seu dono chega em casa ou fala com ele. 26 Nessas circunstâncias, a pior maneira de lidar com o problema é gritar com esse cão ou dar uma surra nele por urinar. Ele já está mostrando sinais de submissão e, se você gritar, isso significará que a mensagem que ele transmitiu ainda não está clara. Isso o levará a urinar mais ainda ou sair correndo... O conhecimento de cada expressão corporal do seu cão auxilia incrivelmente a determinar a eficiência da punição, da recompensa e a prevenir ataques.
LIDERANÇA Desde filhotes, os cães já demonstram disposição para disputar a liderança do grupo, e as brincadeiras são fundamentais. É através delas que o cãozinho desde logo percebe como controlar a força de suas mordidas, aprende a se comportar, a brincar e a disputar. Os líderes das matilhas geralmente indicam o rumo aos demais caminhando à frente. É possível distinguir logo cedo o cãozinho com maiores chances de ser líder pois, para onde ele vai, os outros o seguem.
QUEM É O LÍDER DA MATILHA Ser o líder da matilha significa estabelecer as regras. Qualquer pessoa que tenha um cão e queira morar numa casa que não funcione de acordo com padrões caninos, terá todo o interesse em estabelecer as regras. Para isso, paradoxalmente, precisará se comportar como se fosse o líder da matilha. Ao contrário do que muita gente pensa, o líder da matilha costuma ser o membro mais querido do grupo. É impressionante o carinho e a alegria demonstrados pelos cães quando o líder os agrada, ou quando volta de uma caçada ou de algum passeio. Se você conseguir ser o líder do seu cão, ele o respeitará mais e gostará mais de você. 27
surpreendentes podem ser obtidos com essa técnica. Mas é importantíssimo que não haja nenhum tipo de correção ou castigo caso o cachorro não o obedeça. Lembre-se de que o tom de voz ao dar o comando deve ser normal; não é necessário falar alto. A audição dos cães é muito superior à nossa e seu cachorro terá todo o interesse em obedecê-lo, caso contrário, além de não conseguir o que quer, será ignorado por seu querido dono. Alguns cães recusam-se a executar comandos, abrindo mão até de alimento como forma de testar a liderança. Mais cedo ou mais tarde, porém, eles se convencem de que você é o líder e de que a sobrevivência deles depende de você. 30
GANHE RESPEITO E DÊ BONS EXEMPLOS A questão da liderança é importantíssima para o treinamento. Ser um líder não é ;tão difícil, mas ser um ótimo líder demanda treinamento, conhecimento e atenção. Quanto mais respeito e mais carinho o seu cão sentir por você, mais fácil e mais prazeroso será o adestramento. Ele terá todos os motivos do mundo para querer obedecê-lo. Um líder perfeito só passa bons exemplos aos seus subordinados e não exige respeito - ganha-o. Infelizmente, boas intenções não bastam, portanto não aconselho que se brinque com a boca do cachorro ou se permita que ele a use para disputar algum objeto com você, fazendo cabo-de-guerra. Se você ou qualquer pessoa estiver do outro lado do brinquedo, embora o que se tenha em mente seja um divertimento, poderá estar incentivando o cão a utilizar a boca e a disputar fisicamente com quem estiver na outra extremidade. Quando o cachorro brinca de mordê-lo, adquire confiança e aprende a usar sua arma (boca) contra você. Quando brincamos de puxa-puxa, para o cachorro isso pode ser uma disputa de liderança, e ele a ganha cada vez que sai com o objeto na boca. Pode parecer inofensivo, mas, se ocorrer algum problema ou disputa na hierarquia, alguém poderá sair machucado. Se não estiver disposto a parar ou evitar essas brincadeiras, pelo menos tenha certeza de que será você quem sairá vencedor e não seu ca- chorro. Devemos ganhar, sempre, qualquer disputa física. E por último, quando seu cão se comportar ou mostrar submissão, elogie-o. Assim, além de mostrar que você é o líder, dará a ele o prêmio de receber atenção ao deixar que você ocupe essa posição. 31
APLICAÇÃO DA LEI DA MATILHA:
"A inteligência da natureza opera pela lei do mínimo esforço, sem ansiedade, com harmonia e amor." Deepak Chopra
Quando utilizamos a força da harmonia, da alegria e do amor atingimos resultados surpreendentes.
Neste capítulo você vai aprender:
¾ Que o amor e o adestramento caminham juntos. ¾ Que o comportamento do cão depende da coerência do adestramento. ¾ Que se deve punir a atitude errada e não o cão. ¾ A não deixar o cão associar a punição à pessoa. 33
AMOR E ENTENDIMENTO Se realmente amamos nossos cães, devemos procurar entendê-los. Se nós não tivermos essa capacidade, como esperar que eles nos entendam se possuem apenas uma fração de nossa inteligência? Muitos conflitos ocorrem entre humanos e cachorros por simples desentendimento. Quanto mais estudarmos os cães e seu meio de comunicação, melhor será nosso entendimento e maior o nosso amor por eles. Quanto melhor for nossa comunicação, maior será a harmonia e menor o estresse dessa relação. Nós devemos evitar a qualquer custo decepcionar o nosso cão afetivamente. Estudos mostraram que, quanto mais o seu cão amá-lo, melhor e mais rápido será seu condicionamento. Quanto maior a confiança e o amor pelo seu dono, menor será a sua ansiedade e maior será a vontade de fazer certo!
COMPORTAMENTO Quem já teve a oportunidade de observar o comportamento do cão em relação a alguém que utilizou essas técnicas fica impressionado com a disposição que esses animais apresentam para obedecer. Quando as coisas fazem sentido para o seu cão, a vontade dele de pensar e de vencer desafios vai crescendo, e é a partir daí que o adestramento deslancha e o cão passa a realmente a adorar o treinamento. Os cães se sentem muito confusos quando são reprimidos ao agir de acordo com um tipo de informação que receberam antes. Se levam broncas sem realmente entender a razão disso, tornam-se cães ansiosos e sem vontade de enfrentar o desafio que representa acertar. Devemos ter um cuidado enorme para não ensinarmos ao filhote coisas que não queremos que faça quando crescer (ficar adulto). Para o cão é muito confuso e estressante ser reprimido por apresentar um comportamento que lhe foi ensinado, durante meses, pelo 34 próprio dono. Ao levantarmos um filhote, colocando-o no sofá e acariciando-o, nós o estamos treinando para subir no sofá e, quando ele ficar maior, talvez não queiramos mais que ele faça isso. Essa mudança brusca poderá atrapalhar a relação que temos com nosso cão.
PUNIÇÃO Você deve estar questionando agora esse tal de amor incondicional, talvez esteja dizendo que é bonito na teoria, mas na prática é necessário reprimir o cão. É muito complicado para nós imaginar que seja possível deixar de lado as broncas durante o treinamento do cão ou que elas sejam negativas para seu adestramento. De fato, não podemos deixar de controlar e reprimir todas as atitudes negativas dos cães. A diferença é que faremos isto inteligentemente, levando em conta a psicologia canina. Para cada comando e para cada problema de comportamento indicaremos a melhor forma de correção sem que a relação com seu cachorro corra risco de se deteriorar, o que poderia acontecer com reprimendas desnecessárias. Devemos reprimir a atitude e não o cão. Isto significa que, assim que o cachorro desistir da atitude indesejável, 35 mesmo quando provocado, o amor e o carinho devem ser os mesmos de antes, como se o erro nunca tivesse acontecido. Independentemente do que ele faça, você deverá mostrar que o ama. Como dissemos anteriormente, quanto mais o cachorro amá-Io, mais fácil será seu treinamento, e não ganhamos pontos brigando ou repreendendo nosso cão. Muitas punições necessárias podem ser disfarçadas, para que o cão não as relacione com você. Ele
condicionador. Devemos desenvolver a capacidade de observar o que é realmente para o nosso cão uma troca positiva e o que não é, em cada situação. Só assim poderemos condicioná-lo eficazmente. Neste capítulo você vai aprender: ¾ Que a recompensa é fundamental para o sucesso do treinamento. ¾ A escolher os objetos de troca. ¾ A valorizar as recompensas. ¾ Quais as alternativas quando não tiver nada a oferecer ¾ A não alternar recompensas em retribuições negativas diante de situações semelhantes. 39
TIPOS DE TROCA Devemos ter em mente que, se quisermos modificar ou controlar o comportamento do animal através do treino, será sempre necessário haver uma troca interessante para o cão. Quando digo interessante, é algo que valha a pena para o seu cão, justificando a mudança de atitude pelo prêmio ou re- compensa. Você deve estar se perguntando se, criado o hábito de receber algo em troca, o seu cão só obedecerá quando você tiver algo para lhe dar. É mais ou menos a esse ponto que quero chegar: um con- dicionamento não é possível se não houver um estímulo significativo - positivo ou negativo -, isto significa que o cão aprenderá na base de troca e se comportará de acordo com o esperado na expectativa da troca, mesmo que às vezes ela não se dê. Muitas pessoas acreditam que seu cachorro as obedecerá simplesmente em troca de um afago, ou mesmo de uma palavra carinhosa. Há cães para quem esse tipo de recompensa é suficiente, seja por valorizarem muito seu dono ou por sua própria índole, mas a verdade é que são muito mais freqüentes as situações de donos que imaginam que um carinho será suficiente, quando isso, naquele caso, não é verdade.
OBJETOS de TROCA Podemos utilizar como reforço inúmeros artifícios; geralmente os melhores são os que já são 40 considerados distração para o seu cão, como brinquedos, passeios, andar de carro, etc. Uma boa troca para um cachorro que puxa a coleira para ir passear de carro seria, quando ele obe- decesse o comando de deitar e esperar, dar-lhe a recompensa do passeio de carro. Alguns reforços funcionam bem em certas condições, como, por exemplo, no espaço do seu quintal, mas não funcionam tão bem quando o seu cão está solto no parque. Nesse caso, temos duas opções: uma, a troca do reforço por alguma coisa ainda mais interessante para o cão; outra, não soltá-lo durante as primeiras aulas do treinamento para diminuir tanto a ansiedade do cachorro quanto a possibilidade de ele se distrair. Petiscos costumam ser o reforço universal, já que são poucos os cães que não adoram esse tipo de recompensa. Muitas pessoas são contra os petiscos como reforço para o treino, assim como qualquer outro tipo de comida, pois apresentam algumas desvantagens:
¾ Só funcionam bem quando o cão está com fome. ¾ Você será obrigado a carregar petiscos grande parte do tempo. ¾ Deve-se tomar cuidado para não desbalancear a dieta do animal.
Eu prefiro não utilizar petiscos mas, nos casos de cães que não adoram algum objeto em especial ou não se satisfazem somente com um afago, petiscos são sempre uma boa saída. Os objetos, como recompensa, possuem várias vantagens sobre a comida, já que não desbalanceiam a dieta e não nos obrigam a estar sempre carregando um saquinho de petiscos, mas, por outro lado, assim que damos o objeto para o cão, temos que pegá-lo de volta, e isso às vezes é complicado, pois o cão pode começar 41 brincar de cabo-de-guerra ou, ainda, sair correndo para atrair sua atenção. cabo-de-guerra. Se o objeto for a recompensa, como poderemos condicionar o cachorro a largá-lo? Primeiramente devemos ter certeza de
que o cão ficará próximo o bastante para conseguirmos recuperar o objeto. Caso haja a possibilidade de o cão fugir (brincar de pega-pega), amarre-o antes de dar-lhe o objeto e puxe a corda em sua direção depois da entrega, até que o objeto fique ao alcance de sua mão. Agarre então o objeto e rapidamente ordene ao cão que o solte, enquanto abre a boca dele. Jamais corra atrás do seu cão se ele estiver fugindo com o objeto, pois é exatamente o que ele quer, e assim o estaremos recompensando pela desobediência! Fica assim evidente que cada recompensa tem seus defeitos e qualidades, mas o importante é utilizar um reforço que valha bastante para seu cão, e aí a própria vontade de aprender valorizará cada vez mais sua atenção e seu carinho.
DESAFIOS E RECOMPENSAS Conforme o adestramento for evoluindo, o cão começará a encarar como um desafio conseguir a recompensa e, a partir daí, o prêmio não terá tanto valor em si mesmo, passando a significar para seu cão que ele agiu corretamente. Quando se atinge esse ponto, qualquer objeto ou mesmo um afago têm um enorme valor. É interessantíssimo observar um cão se esfalfando para ganhar uma bola e, assim que a ganha, ele a devolve ao treinador de livre e, espontânea vontade e se prepara com todo o entusiasmo para efetuar um novo comando. Existem vários truques e dicas para se atingir esse ponto, e falarei mais sobre a vontade de vencer o desafio na parte que trata de técnicas de adestramento. Conforme o treinamento feito na base da troca 42 for evoluindo, mais tempo o seu cão será capaz de esperar para receber o reforço e executará os comandos mais rápida e eficientemente.
O VALOR DA TROCA Não devemos insistir ou obrigar nosso cachorro a obedecer em troca de qualquer coisa. Assim que nos dermos conta de que num determinado momento aquela troca não vale a pena para o cão, não devemos insistir e, sim, procurar uma outra estratégia. Se insistirmos, estaremos diminuindo o valor do objeto no conceito do cão e retardando o treinamento. Por exemplo, um cão que esteja brincando com outros na maior excitação pára e responde ao seu chamado imediatamente; quando chega junto de você ganha apenas um biscoitinho de que ele nem gosta muito - o cachorro acaba de aprender uma lição: cometeu um erro, não deveria ter vindo dessa vez, pois perdeu vinte segundos de uma superbrincadeira em troca de um biscoitinho sem graça! É esse o ponto que deve sempre ter em mente: eles estão sempre aprendendo, lembra-se? Portanto, às vezes, o resultado de uma troca não-satisfatória pode ser um aprendizado negativo.
COMO VALORIZAR UM OBJETO DE TROCA Existem técnicas para aumentar o valor do objeto/recompensa para o cão. O ideal seria ter uma recompensa tão valiosa para o animal que qualquer outro estímulo não o motivaria mais do que a possibilidade de ganhar o objeto. É possível atingir esse ponto, e nem é tão difícil assim! Uma bola, por exemplo, já costuma ter um determinado valor para seu cão, mas, se tiver a capacidade de tornar a pessoa ou o cachorro que estiver com ela o centro das atenções, terá ainda mais valor. Para isso, guarde uma bola (ou um determinado objeto) e, sempre que achar adequado, ofereça-a para o cachorro 43 com o maior entusiasmo; se ele a apanhar, faça carinho nele e demonstre atenção, brincando com o cão até que ele solte a bola; assim que isso acontecer, apanhe-a rapidamente e brinque você com ela. Caso haja outros cachorros que gostem da bola (objeto), ela se tornará mais atraente para seu cão, caso contrário, brinque você com ela, dizendo-lhe coisas, como se estivesse conversando com ela, de certa ma- neira ignorando seu cão até que ele comece a prestar atenção à bola. Após essa brincadeira, guarde o objeto para que ele não perca a graça, já que ele deve significar sempre alegria e divertimento. Se a téc- nica for feita corretamente, logo a bola (objeto) terá um grande valor para seu cão, e ele vai obedecê-lo com o maior prazer para poder recebê-la.
ALTERNATIVAS PARA A TROCA E o que se pode fazer quando quisermos que o cachorro venha até nós mas não tivermos nenhuma troca a altura para oferecer? É simples. Durante o começo do aprendizado evite desapontar o seu cachorro e aja inteligentemente. Atraia a atenção dele sem que ele perceba que você está querendo fazer isso. Uma das melhores maneiras é sair correndo em uma direção e fingir que não está ligando a mínima para o seu
Neste capítulo você vai aprender: ¾ Que o grau de atenção depende das técnicas de aprendizado. ¾ Como reforçar a atenção para você ou para um objeto. ¾ A ignorar seu cão como forma de adestramento. ¾ A usar a atenção como um estímulo. 49
A ATENÇÃO: CONSEQÜÊNCIA E CAUSA A atenção que seu cão prestará a você será resultado das outras técnicas descritas anteriormente. Ao mesmo tempo que é uma conseqüência e um indicativo da boa aplicação das demais técnicas, a atenção também é causa, provocando um aproveitamento melhor das atividades. Como acontece com nós mesmos, quanto mais prestarmos atenção, maiores nossas chances de obter sucesso na comunicação. Um bom exemplo disso são os cães que participam de provas: eles prestam tanta atenção em seus condutores que nos dão a impressão de que aprenderam a ler em seus lábios. Imagine por um instante que você é um cão cujo dono, um humano justo, além de entendê-lo, ama-o independentemente do que você faça e, toda vez em que lhe pede alguma coisa, desde que você a execute, existe sempre a chance de ele lhe dar em troca o que mais estava desejando. Dá para não prestar atenção em alguém com essas qualidades? E se essa pessoa, além disso tudo, ainda tiver a mania de falar baixo, será ainda mais importante prestar o máximo de atenção para não perder nada! Os cães provavelmente pensam dessa forma em relação aos seus donos.
REFORCE A ATENÇÃO Existem vários truques para aumentar o grau de atenção do seu cão. De vez em quando falar baixo é uma delas, outra maneira é ter um comportamento imprevisível; por exemplo, ao passear ou andar pela casa, mude de direção subitamente, procurando enganar o cão - aqueles que gostam de ir à frente logo vão começar a prestar mais atenção, já que podem ser enganados quanto ao rumo que seu mestre irá seguir. Também podemos elogiar o nosso cão quando ele estiver prestando atenção em nós, ou ignorá-lo quando não estiver. Uma das maneiras para aumentar o grau de atenção do cão é, ao fornecer o reforço (comida, bola ou 50 carinho), fazê-lo de maneira entusiástica e rápida. Por exemplo, se a intenção era fazer o cão sentar e ele fizer isso, deve-se imediatamente jogar a bola para ele, porque, caso o cachorro não esteja prestando atenção, é provável que leve um susto ou não consiga pegá-la, o que fará com que fique mais atento da próxima vez.
O CACHORRO COMO FOCO DA ATENÇÃO Como nós, os cães também querem que prestemos atenção neles. Quase todos os cães adoram chamar a atenção, principalmente das pessoas de sua matilha, por isso repetem as coisas que provocam seu dono. Mesmo a atenção negativa (bronca) muitas vezes aumenta a freqüência com que o cão realiza um determinado ato. Os cães interpretam nossa disciplina (broncas) como interação, e provavelmente irão repetir o ato para poder interagir novamente. Animais que vivem em grupos dependem um do outro, portanto a interação é algo indispensável, fundamental. Ao evitar chamar a atenção ("dar atenção") do seu cachorro quando ele estiver fazendo algo de errado, você estará aumentando o amor dele por você, além e estar empregando uma ótima técnica que produz resultados muito mais eficientes. Neste livro daremos várias dicas de como corrigir manias desagradáveis de nossos cães sem a necessidade de broncas ou de violência.
O AVISO DA ATENÇÃO Sei que é difícil imaginar que o cachorro valoriza tanto a nossa atenção, mas pode acreditar que uma das piores coisas para o, seu cão é ser ignorado. Essa é uma 51 técnica valiosa, e, quanto mais prática tivermos em utilizá-la para o adestramento, melhor será o resultado. Saber ignorar o nosso cão é uma arte, principalmente devido às suas habilidades naturais para chamar a nossa atenção. Alguns começam a fazer gracinhas, e é quase impossível não cair na gargalhada;
outros fazem caras desoladas, que quebram nosso coração. Independentemente da técnica utilizada pelo seu cão, é importante não cair no truque, pois o condicionamento irá por água abaixo, a não ser que o objetivo seja treinar o seu cão a fazer gracinhas ou cara de coitado.
A ATENÇÃO: ESTÍMULO E NÃO LIMITAÇÃO A atenção tem o poder de estimular determinadas partes do cérebro e inibir outras. Quando um gato passa na frente do seu cachorro, ele fica tão interessado no gato (prestando atenção) que talvez não o obedeça. Isto não deve deixá-lo desanimado, pelo contrário. Num estágio avançado da atenção a você, ele irá valorizar muito a troca que lhe oferecer, seja ela qual for, pois o universo do cão estará girando em torno de você. A atenção é tanta, que as coisas em volta perdem espaço nos sentidos do seu cão e conseqüentemente perdem valor. Nessa fase o cão gosta tanto de brincar (adivinhar o que o dono quer), que impressiona quem estiver assistindo o adestramento. Adestrar um cão dessa forma não significa que ele vai se tornar um robô e que perderá toda a naturalidade, mas sim que aprenderá a se comunicar de forma muito mais eficiente com você e terá prazer em aprender. Quando você não exigir sua atenção, ele será um cão normal, tão natural quanto os outros, com uma exceção: terá um superdono! 53
APLICAÇÃO DA LEI DA ATENÇÃO
Nesta parte você vai aprender:
¾ O que se deve fazer para auxiliar no desenvolvimento dos sentidos do filhote. ¾ Qual é a melhor idade para socializar seu cão. ¾ Aquilo que pode torná-lo agressivo. ¾ A idade com que o cão pode começar a receber educação e adestramento. ¾ O que pode ser feito para que o cão se torne um animal equilibrado. 55
PERÍODO INICIAL - DO NASCIMENTO ATÉ O 50ª DIA Os filhotes devem ficar com a mãe e os irmãos neste período, pois, a partir do 21° dia até o 50Q dia, eles aprendem a lidar com outros cães, seja brincando ou brigando, e a aceitar a disciplina imposta pela mãe. Os animais que são removidos da ninhada antes do fim deste estágio têm mais dificuldade para se relacionar com outros cães, são mais agressivos, apresentam problemas para cruzar e respondem pouco ao treinamento. Nesta fase podemos auxiliar no desenvolvimento dos órgãos sensoriais. Massageá-los, deixar o rádio ligado em baixo volume ou, ainda, não deixá-los totalmente no escuro, são providências que estimulam o desenvolvimento do sistema nervoso e intensificam a relação entre as funções cerebrais e as atividades sensoriais. Quando não são garantidas as condições necessárias para o desenvolvimento cerebral, pode