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este texto tem como finalidade facilitar o entendimento da condiçao do paciente terminal e como este lida com a morte
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
A morte e o paciente terminal O Eu diante da Morte De um modo geral, a idéia da morte nos remete aos sentimentos de perda, portanto, em tese, nos desperta sentimentos dolorosos. Essa é uma dor psíquica, naturalmente movida por sentimentos de tristeza, de finitude, de medo, de abandono, de fragilidade e insegurança. Na espécie humana a dor psíquica diante da morte pode ser considerada fisiológica, mas sua duração, intensidade e resolução vão depender, muito provavelmente, de como a pessoa experimentou a vida. Diz um ditado: “teme mais a morte quem mais temeu a vida”. Durante a fase de enfrentamento da morte, o paciente é estimulado a profundas reflexões sobre a própria vida; se lhe foi satisfatória sua trajetória de vida, se houve algum desenvolvimento emocional, se pode criar vínculos afetivos fortes e permanentes, se ele pode auxiliar a outros seres humanos. Orientado psicologicamente (cognitivamente) poderá ser possível que, apesar de doloroso, esse momento possa ter um importante e saudável balanço emocional.
Os 5 Estágios da Dor da Morte A reação psíquica determinada pela experiência com a morte foi descrita por Elisabeth Kubler-Ross como tendo cinco estágios.
Nesse estágio o paciente já não experimenta o desespero e nem nega sua realidade. Esse é um momento de repouso e serenidade antes da longa viagem. A psiquiatria e a medicina procuram melhorar a qualidade da morte, fazendo assim com que o paciente alcance esse estágio de aceitação em paz, com dignidade e bem estar emocional.
Paciente Terminal A conceituação de paciente terminal não é algo simples de ser estabelecido, embora freqüentemente nos deparemos com avaliações consensuais de diferentes profissionais. Talvez, a dificuldade maior esteja em objetivar este momento, não em reconhecê-lo. A terminalidade parece ser o eixo central do conceito em torno da qual se situam as conseqüências. É quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde do paciente e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível. O paciente se torna "irrecuperável."
Consciência da Morte Uma pessoa ao tornar-se consciente da doença terminal significa que agora a vida é limitada. Assim, a vida destes doentes tem que ser reorientada, tal como os seus valores, objectivos e crenças que devem ser acomodadas na sua realização súbita. Apesar da sua infância tardia, quase toda a gente tem consciência cognitiva que a morte é universal e que um dia cada um de nós vai morrer, e a notícia de ser um doente terminal muda radicalmente a perspectiva do paciente. Anteriormente o facto da própria morte podia ser negada. Era um acontecimento que no futuro podia ser representado e sublimado. Mas actualmente a morte é conhecida como iminente, o paciente percepciona a morte com maus olhos e tem um significado pessoal. Não pode ser evitada mais tempo. Um paciente pode tornar-se consciente que vai falecer de muitas maneiras:
O processo de luto dos pais inicia-se quando o médico comunica o diagnóstico de doença terminal. Eles vivenciam uma espécie de torpor alternado por explosões de ira direcionada aos profissionais de saúde e, principalmente, ao médico que transmitiu o diagnóstico. Os pais sentem-se confusos e por vezes referem-se à situação como se fosse um sonho ruim do qual irão posteriormente despertar. Até que consigam assimilar a notícia, tendem a comportar-se de modo distante, como se tudo aquilo dissesse respeito à outra família. Após o choque do primeiro momento, surge a fase da descrença na exatidão do diagnóstico e a tentativa de reversão do quadro. Os pais iniciam uma busca de informações médicas, geralmente com a finalidade de ouvir aquilo que gostariam, ou seja, que seu filho não está gravemente doente e não para saber mais sobre a doença, seu curso e prognóstico. Neste momento entra em funcionamento o mecanismo de defesa da negação. Quando os pais surpreendem-se desejando que a criança morra em breve a fim de minimizar seu sofrimento emocional e financeiro, surge um sentimento de culpa, que gera a mobilização do mecanismo de defesa da formação reativa. A angústia dos pais pode ser dirigida à criança através de cuidados excessivos com o objetivo de compensá-la pelo sofrimento. Nesse caso, os pais tornam-se superprotetores com relação à criança doente, tentando preservá-la de tudo e de todos que possam a vir causar-lhe algum mal. Alguns pais, ao perceberem que têm raiva de seu filho pelo fato de ele estar morrendo, sentem-se culpados e podem deslocar esta raiva para outras pessoas, como o cônjuge e os profissionais que tratam da criança, por exemplo. Após alguns meses de expectativas desfeitas com relação à reversão do quadro, os pais passam a admitir a exatidão do diagnóstico médico e iniciam um processo de luto antecipado, com um gradativo desengajamento emocional. Quando a criança falece, os pais geralmente já se encontram preparados e até mesmo aliviados.
O Luto dos Irmãos As perturbações ocorridas com irmãos de pacientes terminais resultam mais das modificações dos comportamentos dos pais com relação a eles do que dos efeitos da doença e da morte propriamente ditas. O distanciamento dos pais em função dos cuidados com o irmão doente e as explicações de que "Deus levou o irmão" podem resultar em raiva, medo e recusa do afastamento de casa. A imputação de culpa pela morte do irmão sugerida pelos pais não é incomum, o que pode ser extremamente prejudicial à criança. Os irmãos da criança doente experimentam sentimentos de culpa e responsabilidade, provavelmente resultantes do desejo de morte ou de agressividade direcionado ao irmão doente. Quando o sentimento consciente de culpa relacionado ao desejo de morte ou agressividade associa-se a uma corrente de agressividade inconsciente, podem ocorrer atitudes de ensimesmamento e inibição. O sentimento de culpa também pode vir a gerar auto-agressividade, que faz com que as crianças, passem a achar que merecem morrer. Surge então a idéia de equivalência entre doença e morte. Assim, diante de quaisquer sintomas, tais como cefaléia, tosse ou dor de barriga, a criança poderá entrar em pânico por achar que vai morrer. É possível que este temor se estenda a situações em que a criança tenha que ir ao médico, hospital etc.
O luto das crianças está fortemente vinculado ao luto dos pais, de modo que se estes não tiverem condições de elaborá-lo, elas também não o conseguirão, pois além de lidar com a perda do irmão, elas também terão de haver-se com a perda de seus "pais de antigamente".
O Médico perante a morte e o Paciente Terminal A própria formação acadêmica médica contribui para a exacerbação da negação sob a alegação de que as emoções atrapalham a objetividade e a audácia do profissional. O "médico ideal" é frio, calculista e absolutamente técnico e desta forma torna-se muito mais fácil lidar com a morte enquanto falência de um mecanismo. Assumir uma postura meramente tecnicista é uma das formas de afastar-se da morte no contexto hospitalar. Tal postura caracteriza-se pelo enfoque no "órgão com defeito"; assim, os profissionais executam suas tarefas mecanicamente, como se o órgão não fizesse parte do indivíduo. Desde que o indivíduo opta pela Medicina, observa-se um desejo de desvendar os mistérios da vida e da morte, havendo uma expectativa de que pelo fato de ser médico, o sujeito estaria imune à morte. É bastante difícil para o médico ter que desviar o foco de sua atenção da cura para a perspectiva da morte. Ele é um profissional que está comprometido com a cura e, a incapacidade de alcançar tal objetivo corresponde a um fracasso de sua parte. Daí surgem sentimentos tais como a raiva e a tristeza, que vêm acompanhados de dúvidas acerca de sua competência e autodepreciação. A partir do momento em que ouvimos o paciente e partilhamos suas angústias, lembramos que, assim como ele, somos mortais. Portanto, quem não consegue lidar com suas próprias questões de morte, não será capaz de lidar com a morte do outro e buscará afastá-la de si, fragmentando a pessoa em órgãos ou referindo-se a ela através de suas patologias. Os membros das equipes do hospital também sentem-se ansiosos diante de uma criança com doença terminal e tendem a lidar com isso através de um distanciamento do paciente, criando um ambiente de conspiração de silêncio. A incapacidade de ouvir esses pacientes acaba fazendo com que eles se calem em sua própria dor. Cria-se uma aura de negação e falsidade, onde o profissional finge que o paciente vai ficar bom e este finge estar bem, pois se deixar transparecer sua angústia, as pessoas poderão, afastar-se dele. O médico passa a sentir seu controle ameaçado não só pela morte, mas também pela entrada de outros profissionais em cena, tais como psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, etc. Muitos médicos procuram "preservar" seus pacientes de uma possível iatrogenia que uma entrevista psicológica, por exemplo, poderia causar. O doente acaba permanecendo isolado em sua patologia, não tendo com quem compartilhar seus medos e angústias e agindo como se estivesse tudo sob controle, encenando, portanto, um jogo de aparências.
Reação da Equipe e Condutas Éticas A ética é construída com base em princípios fundamentais:
morte. É comum vermos em livros-texto uma perfeita descrição de determinado quadro clínico, reconhecidamente irreversível e com desfecho fatal, mas nada se fala dos cuidados finais, da atenção familiar e afetiva que o paciente deveria receber nesse momento. Não, fala-se muito em deixá-lo nos centros de terapia intensiva. A Medicina Paliativa é a preocupação com a desinstitucionalização da morte, dando ao paciente a possibilidade de escolher permanecer em casa durante sua agonia Nessas circunstâncias a medicina interfere na fase terminal como se travasse uma luta a todo custo contra a morte e não, como seria preferível, numa luta em defesa do paciente. A maneira de morrer, portanto, não pode ser excluída, absolutamente, do projeto de vida da pessoa. A maneira de morrer também é uma forma de humanizar a vida no seu ocaso, devolvendo-lhe a dignidade perdida.
BALLONE GJ - Lidando com a Morte - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral , Internet, 2002 - disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/voce/postrauma.html
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