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Aplicação de Indicadores de Eficiência Operacional na Ferrovia: O Caso da MRS Logística, Manuais, Projetos, Pesquisas de Eletrotécnica

Este artigo discute a aplicação de indicadores de eficiência operacional na leitura dos cenários atuais e futuros da ferrovia, com foco na mrs logística. Foi realizada uma pesquisa delphi entre especialistas da mrs logística para selecionar indicadores relevantes, destacando a velocidade, a distância média percorrida e a produtividade dos vagões. O estudo analisa a evolução desses indicadores e as perspectivas futuras.

O que você vai aprender

  • Como evoluíram os indicadores de eficiência operacional na MRS Logística?
  • Como são selecionados os indicadores relevantes para a leitura dos cenários atuais e futuros da ferrovia?
  • Quais são as perspectivas futuras para a eficiência operacional na MRS Logística?
  • Quais são os indicadores de eficiência operacional mais relevantes para a MRS Logística?

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020

Compartilhado em 15/06/2020

rapersantos
rapersantos 🇧🇷

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A EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE EFICIÊNCIA OPERACIONAL DA
FERROVIA BRASILEIRA: CONTEXTO ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS DE
UMA EMPRESA DO SETOR
Reinaldo Ramos Silva
Ilton Curty Leal Junior
Universidade Federal Fluminense
Departamento de Administração
RESUMO
Este artigo foi desenvolvido sobre a temática de aplicação de indicadores de eficiência operacional para a
orientação da leitura dos cenários atual e futuro da ferrovia. Primeiramente, desenvolveram-se as pesquisas
bibliográfica e documental visando catalogar os indicadores utilizados pelas ferrovias brasileiras e o
benchmarking norte americano. Em seguida foi aplicada a pesquisa Delphi entre os especialistas da MRS
Logística para que os mesmos escolhessem os indicadores mais relevantes. No desenvolvimento explorou-se a
evolução e perspectivas futuras dos indicadores apontados pela técnica empregada, sob a luz da revisão teórica,
do planejamento estratégico e dos investimentos realizados pela empresa estudada. Os resultados mostram que
para o cenário futuro, alguns indicadores não utilizados atualmente, devem receber maior atenção por parte das
empresas.
ABSTRACT
This paper was developed based on the application of operational efficiency indicators to guide the reading of
current and future scenarios of the railroad. First, was developed a bibliographic and documental research
to categorize the indicators used by the brazilian's railroads and the american benchmark. After this, was
applied a Delphi's search among the MRS Logística's experts to discover which indicators are more relevant. In
the development of the article, was explored the evolution and the future prospects of the indicators identified
by the technique, based on the theoretical review, strategic planning and investments made by the studied
company. The results show that, for a future scenario, some indicators that are not being used, should receive
more attention from companies.
1. INTRODUÇÃO
Em 1996 o Ministério de Orçamento e Planejamento encomendou ao Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicada IPEA, a avaliação da Rede Ferroviária Federal - RFFSA. Este
documento orientou a concessão da ferrovia pela grave deficiência econômico-financeira e
pela retrógrada situação técnico-operacional. Como estava incluída no Programa Nacional
de Desestatização – PND, a RFFSA foi leiloada em sete malhas regionais no mesmo ano.
Após 10 anos de concessão Fleury (2006) avaliou o desempenho das ferrovias, chegando a
conclusão que houve aumento significativo no volume transportado, no faturamento, na oferta
de serviço e no investimento. Por outro lado, o autor chama atenção para alguns pontos que
se mantiveram em níveis críticos como a velocidade e a distância média percorrida que
ficaram praticamente inalteradas e a queda na produtividade dos vagões, o que sugere uma
queda na eficiência operacional, que houve aumento expressivo dos recursos
disponibilizados e os resultados alcançados decaíram de patamares.
A ferrovia brasileira tem um panorama futuro agressivo para 2015, traçado pela ANTF
(2008). O transporte alcançará 972,75 milhões de toneladas úteis transportadas (TU), ou seja,
duas vezes e meia o transporte de 2006 que foi de 389,1 milhões de TU. Sendo que não
haverá incrementos significativos de linha e ramais.
Diante deste cenário, em conjunto com a pouca condensação de dados existentes sobre o
setor, o que acarreta na falta de informação sobre quais as variáveis de desempenho devem ser
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A EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE EFICIÊNCIA OPERACIONAL DA

FERROVIA BRASILEIRA: CONTEXTO ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS DE

UMA EMPRESA DO SETOR

Reinaldo Ramos Silva

Ilton Curty Leal Junior

Universidade Federal Fluminense Departamento de Administração

RESUMO Este artigo foi desenvolvido sobre a temática de aplicação de indicadores de eficiência operacional para a orientação da leitura dos cenários atual e futuro da ferrovia. Primeiramente, desenvolveram-se as pesquisas bibliográfica e documental visando catalogar os indicadores utilizados pelas ferrovias brasileiras e o benchmarking norte americano. Em seguida foi aplicada a pesquisa D elphi entre os especialistas da MRS Logística para que os mesmos escolhessem os indicadores mais relevantes. No desenvolvimento explorou-se a evolução e perspectivas futuras dos indicadores apontados pela técnica empregada, sob a luz da revisão teórica, do planejamento estratégico e dos investimentos realizados pela empresa estudada. Os resultados mostram que para o cenário futuro, alguns indicadores não utilizados atualmente, devem receber maior atenção por parte das empresas.

ABSTRACT

This paper was developed based on the application of operational efficiency indicators to guide the reading of current and future scenarios of the railroad. First, was developed a bibliographic and documental research to categorize the indicators used by the brazilian's railroads and the american benchmark. After this, was applied a Delphi's search among the MRS Logística's experts to discover which indicators are more relevant. In the development of the article, was explored the evolution and the future prospects of the indicators identified by the technique, based on the theoretical review, strategic planning and investments made by the studied company. The results show that, for a future scenario, some indicators that are not being used, should receive more attention from companies.

1. INTRODUÇÃO

Em 1996 o Ministério de Orçamento e Planejamento encomendou ao Instituto de Pesquisas

Econômicas Aplicada – IPEA, a avaliação da Rede Ferroviária Federal - RFFSA. Este

documento orientou a concessão da ferrovia pela grave deficiência econômico-financeira e

pela retrógrada situação técnico-operacional. Como já estava incluída no Programa Nacional

de Desestatização – PND, a RFFSA foi leiloada em sete malhas regionais no mesmo ano.

Após 10 anos de concessão Fleury (2006) avaliou o desempenho das ferrovias, chegando a

conclusão que houve aumento significativo no volume transportado, no faturamento, na oferta

de serviço e no investimento. Por outro lado, o autor chama atenção para alguns pontos que

se mantiveram em níveis críticos como a velocidade e a distância média percorrida que

ficaram praticamente inalteradas e a queda na produtividade dos vagões, o que sugere uma

queda na eficiência operacional, já que houve aumento expressivo dos recursos

disponibilizados e os resultados alcançados decaíram de patamares.

A ferrovia brasileira tem um panorama futuro agressivo para 2015, traçado pela ANTF

(2008). O transporte alcançará 972,75 milhões de toneladas úteis transportadas (TU), ou seja,

duas vezes e meia o transporte de 2006 que foi de 389,1 milhões de TU. Sendo que não

haverá incrementos significativos de linha e ramais.

Diante deste cenário, em conjunto com a pouca condensação de dados existentes sobre o

setor, o que acarreta na falta de informação sobre quais as variáveis de desempenho devem ser

analisadas, o presente artigo visa avaliar o desempenho operacional da ferrovia antes e depois

da concessão e apresentar as perspectivas futuras. Outros objetivos específicos são: (1)

determinar quais indicadores devem ser aplicados para a leitura do quadro atual e futuro; (2)

analisar a evolução dos indicadores apontados na pesquisa e (3) demonstrar a perspectivas

futuras partindo dos parâmetros apontados.

A justificativa para este trabalho está baseada na importância do modo ferroviário para o

desenvolvimento do país, tendo em vista as dimensões continentais do Brasil e sua economia

lastreada em diversas commodities. Para melhor conhecimento do setor ferroviário, torna-se

necessário identificar quais variáveis examinar, tanto para avaliar qual foi a evolução desde a

concessão até o estágio atual, como para apreciar o quadro futuro.

O estudo foi desenvolvido com foco na concessionária MRS Logística S/A, empresa que

sucede a RFFSA, nas Superintendências Regionais, que se localizam nas três maiores capitais

do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte compõem a região que é responsável por

58,3% do PIB (FIPE, 2008).

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Devido as suas proporções e dimensões territoriais o Brasil tem na ferrovia um modo

adequado de transporte, sejam pelas distâncias, características das cargas de exportação

brasileira, ou ainda pela eficiência energética e pelo baixo índice de acidente e furtos (Brito,

1961). Por isso, o desempenho deste modo de transporte deve ser constantemente avaliado,

visando melhorias que acompanhem a necessidade de sua utilização.

A avaliação de desempenho quantifica e direciona as habilidades da organização na obtenção

de suas metas, utilizando seus recursos de um modo eficiente e eficaz. (Marcic 2004 apud

Hourneaux, 2005). Nos métodos de avaliação de desempenho utilizados, nota-se que a

perspectiva financeira sempre esteve presente, o que influencia numa maior exigência por

eficiência no desempenho operacional (Hourneaux, 2005).

Esta perspectiva é fundamental para a viabilidade econômica e financeira ferroviária já que a

produção de serviços de transporte ferroviário exige mais do que simplesmente capacidade

instalada em termos de via, mas também quantidades mínimas e indivisíveis de equipagem,

material rodante e manutenção (Castro, 2002).

2.1 Perspectiva de eficiência operacional

O transporte ferroviário obtém 99,9 % de sua receita total diretamente da operação (Castro,

2002). Segundo Bellen (2005) o indicador de desempenho operacional é a entidade que reflete

as características mensuráveis do produto, serviços, processos e operações utilizadas pela

organização e serve para avaliar e melhorar o desempenho.

Analisando sob esta perspectiva, além de quão sólida é uma organização financeiramente,

pode-se analisar quão eficiente se apresenta e se os recursos físicos disponíveis estão sendo

utilizados em plena capacidade, em suma, verificar se os resultados obtidos são sustentáveis e

em qual rumo estão se dirigindo

Kayo e Securato (1997) e Wright e Giovinazzo (2000) levantam os seguintes riscos na

aplicação da técnica: domínio psicológico por parte de um especialista, a escolha de

especialistas com os mesmos ângulos de visão, heurística da representatividade – pela qual o

indivíduo avalia a probabilidade da ocorrência de um evento pela similaridade com outros

eventos parecidos.

Como a técnica é de opiniões de especialista, foram utilizados dois métodos estatísticos para

verificar a ocorrência da convergência a fim de validar o método. Primeiro a equação 1, que

se constitui na relação entre o desvio padrão e a média que deve atingir valores inferiores a

30% (Wright e Giovinazzo, 2000) e a equação 2, relação entre diferença do terceiro e

primeiro quartil pela quantidade de respondentes menos um que deve atingir valores

inferiores a 25% segundo Cardoso et al (2005).

Para que cada opinião seja considerada convergente deve-se calcular os coeficientes de

variação das equações 1 e 2 de forma que CV 1 < 30 % I CV 2 < 25 %

K

CV

σ

Onde δ é o desvio padrão e K a média aritmética dos resultados.

3 1 2

n

Q Q

CV

Onde Q 3 é o terceiro quartil, Q 1 é o primeiro quartil e n o número de eventos

Após esta etapa utilizou-se o estudo de caso para análise dos indicadores levantados em uma

empresa concessionária da ferrovia. Segundo Yin (2001 apud Hourneaux, 2005) o método de

desenvolvimento de estudo de caso envolve três etapas: (1) definição e planejamento, que

inclui o desenvolvimento da teoria e a coleta de dados; (2) análise de dados e preparação de

relatórios; (3) análise e conclusão, que consiste na utilização de casos cruzados com a teoria e

outros casos, desenvolvimento de implicações e relatórios.

Assim o estudo de caso, revelou-se uma estratégia adequada para coleta e análise de dados

sobre os indicadores ferroviários, visto que o investigador não tem interferência sobre as

variáveis e se enfoca eventos contemporâneos.

4. DESENVOLVIMENTO

Para definir quais os indicadores relevantes a serem aplicados na pesquisa delphi , foi

realizado levantamento nos relatórios operacionais anuais divulgados na bolsa de valores ou

nos de relacionamento com o acionista e clientes das companhias ferroviárias. As ferrovias

estudadas foram: MRS Logística S/A, Ferrovia Centro Atlântica – FCA, Ferrovia Tereza

Cristina – FCT, Estrada de Ferro Vitória – Minas – EFVM, América Latina Logística – ALL,

todas originárias do processo de concessão da RFFSA e a norte americana Union Pacific que

é reconhecida mundialmente como exemplo de eficiência em operação ferroviária (Pillar e

Souza, 2008). A tabela 1 os indicadores utilizados em cada ferrovia pesquisada.

Os especialistas selecionados no quadro funcional da MRS Logística, que responderam a

pesquisa, possuíam tempo médio de experiência de 15,5 anos sendo a amplitude de 18 anos.

Da amostra, 50% se concentram na área operacional enquanto planejamento, manutenção e

financeiro têm respectivamente cada um 17% da amostra. Pode-se verificar ainda que 67%

possuíam cargo de analista, e os gerentes e coordenadores respectivamente constituíram 17 %

da amostra.

Tabela 1: Indicadores dos relatórios operacionais por empresa pesquisada

Indicadores Sigla* MRS FCA EFVM FCT ALL Union Pacific Acidentes por milhões de Trem.Km AMTK X X X X X Carregamento Médio de Vagões CMV X Ciclo Médio de Vagões CMA X X Densidade média de Trafego DMT X Eficiência Energética EFE X X X X X (^) X Índice de Cobertura Operacional ICO X X Índice de Cobertura Total ICT X (^) X Lucro Líquido LLL X X X X (^) X Milhões de R$ transportados M$T X Produtividade de Vagões PPV X (^) X Quantidade de Acidentes QAA (^) X Receita Mil R$/Empregado R$E X X X Receita RRR X X X X X (^) X Receita Bruta Operacional por carregamentos RBOC X X Receita Operacional por TKB ROB X X X X Receita Operacional por TKU ROU X Tonelada Quilômetro Útil por TKU RTQU X X Tonelada Quilômetro Útil Produzido TKP X X X X X X Tonelada Quilômetro Bruta TQB X TU produzida TUP X X X X X (^) X Velocidade Média Comercial VMC X X X (^) X Velocidade Média de Percurso VMP X X Fonte: Elaborado a partir de: MRS (2008); FCA (2008); EFVM (2008); ALL (2008), UNION PACIFIC (2008)

  • As siglas foram arbitradas para facilitar a construção de futuras demonstrações gráficas

Considerando a limitação deste trabalho e foco na MRS logística a parametrização dos

cenários de estudo foi feito baseado nos relatórios de planejamento estratégico elaborados por

Pillar e Souza (2008). Os especialistas responderam aos questionários avaliando os dois

cenários conforme tabela 2.

Tabela 2: Descrição dos cenários para escolha dos indicadores

Cenário atual Cenário futuro Acesso precário às regiões metropolitanas; Investimento na vedação de acesso aos portos, e construção do ferro anel em São Paulo; Falta de investimentos dos clientes em seus terminais representam gargalos ao crescimento, a capacidade e a tecnologia de descarga e carga;

Alta dependência de grandes projetos siderúrgicos e de mineração, o futuro está ligado ao crescimento dos clientes e não a absorção da demanda de transporte existente; Principais investimentos até o momento atual foram em vagões e locomotivas;

Investimentos em projetos especiais Correia Transportadora de longa distância (TCLD) na Serra de Santos liberando os trilhos para transportes de maior valor agregado; Aumento da capacidade instalada, mas não aumentando a eficiência do sistema;

Sistema Integrado de Automação e Controle da Operação (SIACO) para garantir o atendimento à demanda, alterando a forma de operação instalada em 1928; Alta dependência da indústria siderúrgica; A alta dependência da indústria siderúrgica continua; Baixo índice de produtividade das frotas; Adequação das frotas para aumentar o índice de produtividade; Transporte previsto para 2009: 136 milhões de toneladas úteis.

Transporte previsto para 2015: 260 milhões de toneladas úteis.

O lucro líquido (LLL), a puração do capital resultante das receitas após todas as despesas e

impostos inclusive o de renda, apresentou resultados negativos no período pré-concessão,

mesmo com recuperação entre 1993 e 1996, alcançada nos esforços do programa nacional de

desestatização através de programas de demissão e corte abrupto nos investimentos e

postergação de manutenção. Após a concessão em 1996, em destaque o resultado cai

novamente em função dos grandes investimentos necessários a recuperação e atendimento as

manutenções postergadas. A receita (RRR), valor recebido pelo frete em um ano, mostra uma

evolução em todo o período analisado, sendo que a taxa de variação aumenta em 2001 e vem

mantendo-se até o final do período analisado. Este indicador pode ser analisado em conjunto

com os dados totais de toneladas úteis produzidas.

A tonelada útil produzida (TUP), quantidade total de toneladas transportadas em um ano,

considerando somente a carga do cliente, passou acelerar a partir de 1999, quando foi

concluída a reabilitação operacional de vários trechos e a compra de vagões. Em 2000 a MRS

atingiu o volume que RFFSA somente previa para 2010 (Marques, 1996).

A quantidade de acidentes anuais (QAA) inclui os acidentes operacionais ou não

independentes da causa. Pode-se notar um decréscimo acentuado no número de acidentes o

que advém da queda abrupta de descarrilamentos em função dos investimentos em via

permanente e material rodante. O indicador acidentes por milhão de trem quilômetro (AMTK)

é a razão entre a quantidade de acidentes em um ano pelo produto de trens quilômetro em

milhões no mesmo período. Na empresa estudada, os investimentos em sinalização ativa e

passiva e vedamento de faixas de domínio levaram a queda dos índices de atropelamentos e

abalroamentos. Assim, pode-se constatar uma queda no número absoluto de acidentes de

82,06% entre 1997 e 2008. Esta informação mostra que além da redução no número também

caiu a probabilidade da ocorrência.

Pode-se notar que para o cenário atual foram privilegiados os indicadores diretamente

relacionados à rentabilidade da empresa, como o lucro líquido e a receita operacional, pois

são necessários para retirar a empresa da grave situação econômica que se encontrava, e o

foco em acidentes é indispensável devido aos altos valores envolvidos, devido à subtração

imediata nos resultados financeiros, lucro cessante e aumento nos custos de seguros.

Com base nas preocupações iniciais com o aspecto eficiência relacionados à produtividade

observa-se que os principais investimentos da MRS na sua primeira década de existência

foram para atingir este objetivo, como aumentar a quantidade de vagões e locomotivas

disponíveis para o transporte e melhorar a confiabilidade dos ativos rodantes e das vias

permanente. A tabela 5 mostra os investimentos feitos em aquisição, reforma e melhoria. Os

valores estão expressos em milhões de reais e atualizados pelo IPCA até dezembro de 2008.

Tabela 5: Investimentos de aquisição, reforma e melhoria

Investimentos 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Vagões R$ (milhões)^ --^ 16,4^ 32,2^ 123,6^ 17,7^ 14,5^ 16,0^ 65,0^ 99,9^ 40,6^ 111,8^ 277, Quantidade -- 450 720 320 890 1452 608 1747

Locomotiva R$ (milhões)^ --^ 28,0^ 32,2^ 19,0^ 14,3^ 16,4^ 70,3^ 161,3^ 183,3^ 14,7^ 269,2^ 628, Quantidade -- 32 38 63 20 110 Via R$ (milhões) 220,7 120,2 51,8 32,3 59,1 52,6 57,9 85,6 139,5 41,0 48,8 38, Total 220,7 164,6 116,2 174,9 91,1 83,4 144,3 311,9 422,7 96,3 429,7 943, Fonte: Elaborado a partir de MRS (2008) e IBGE (2009)

Nestes 10 anos de investimentos foram adquiridos 6.187 vagões e 263 locomotivas que

aumentaram a capacidade de transporte e contribuíram de forma significativa para a eficiência

do transporte. Já a redução expressiva dos acidentes foi conseqüência dos intensos

investimentos de via que inclui vedação de faixa de domínio e no material rodante (vagões e

locomotivas) proporcionando queda expressiva tanto no número de acidentes como na

gravidade.

4.2 O cenário futuro

A grande diferença apontada pelos especialistas para este cenário foi o foco na eficiência do

processo, daí surgem mais quatro indicadores que não foram apontados para a leitura do

cenário atual, a saber: CMV – Carregamento médio de vagões, EFE – Eficiência energética,

CMA – Ciclo médio dos vagões e PPV – Produtividade dos vagões.

Repetem-se os indicadores relacionados ao custo, com a entrada do TKP – tonelada por

quilômetro produzido, definido como a quantidade de toneladas úteis transportadas

multiplicadas pela quilometragem percorrida (MRS 2008). Este indicador é fundamental para

as operações de manutenção e conservação tanto de via como do material rodante, pois indica

o quanto o material está suscetível ao desgaste. O lucro líquido e a receita são fundamentais

sejam como objetivos finais do cenário futuro ou como viabilizadores deste projeto, já que a

primeira década de concessão se assentou sobre o aumento da produtividade da ferrovia e não

na sua eficiência operacional.

Quantos aos indicadores de eficiência apontados na pesquisa três estão voltados diretamente

para a questão do transporte e um para energia, a EFE – relação entre o consumo total de óleo

diesel (ou outra fonte energética) e a quantidade total de milhares de toneladas por quilômetro

útil (MRS 2008), demonstrado na tabela 6.

Tabela 6: Evolução dos indicadores do cenário futuro

Indicador (unidade) Ano (^) EFE (l/ milhares de toneladas brutas) CMV (TU/ vagão)^ CMA (dias)^ PPV (tonela por km/ vagão) 1996 6,9 55,1 4,2 2000, 1997 6,7 62,2 3,7 2228, 1998 6,7 66,5 3,6 2327, 1999 6,6 68,1 3,5 2610, 2000 6,2 82,2 3,1 2156, 2001 6,1 86,0 2,9 2190, 2002 6,0 88,7 2,8 2500, 2003 5,8 91,2 2,8 2756, 2004 5,7 92,4 2,6 2896, 2005 5,6 92,6 2,8 3217, 2006 5,5 96,7 3,2 2498, 2007 5,4 98,1 3,0 3589, 2008 5,3 99,8 2,9 3625, Fonte: Elaborado a partir de MRS (2008)

Deve-se observar que no período apresentado a eficiência energética avançou 23,2% mas em

termos absolutos o avanço foi de 1,6 L/tku x (10³) em 12 anos, puxados essencialmente pela

renovação dos ativos e pelo torneio diesel, competição entre os maquinistas que premia

baseados no consumo de combustível individual e em equipe. O consumo de combustível é

fundamental para ferrovia que no caso da MRS correspondeu a 23% dos custos operacionais

em 2008 sendo que em 1997 chegou a 36% (MRS, 2008).

Tabela 7: Densidades de produção

Variáveis MRS (2008) MRS (2015) Union Pacific (2008) Transporte (em toneladas)

Malha (em km) 1634 1634 81. Transporte/ km 80.783,3 159.118,7 115.192, Fonte: Elaborado a partir de Pillar e Souza (2008); MRS (2008) e UNION PACIFIC (2008)

A partir desta constatação apresenta-se a tabela 8 que demonstra a posição atual dos

indicadores de eficiência apontados para o cenário futuro entres as duas empresas. Para a

EFE e CMV nota-se de forma evidente que os avanços a serem alcançados são grandes. Para

o CMA e PPV há aparentemente uma proximidade, que é descartada quando se observa que o

foco da Union Pacific é a carga geral, enquanto na MRS tem este dois indicadores puxados

pelas commodities minerais. Para o cenário futuro cresce, expressivamente, a participação da

carga geral.

Tabela 8: Comparativo dos indicadores de eficiência

Indicador Unidade MRS (2008) Union Pacific (2008) Diferença (%) Melhor CMV Dias 2,9 1,2 89,5% Menor EFE Litros/ tku x (10³) 5,3 2,1 61,5% Menor CMA TU por vagão 98,2 104,6 6,5% Maior PPV TKU X (10³)/ Vagão 3.668,9 3988,7 9,0% Maior Fonte: Elaborado a partir de MRS (2008) e UNION PACIFIC (2008)

Baseando-se nestas seqüências de fatos foi elaborada a tabela 9, a partir das conclusões dos

ciclos de planejamento estratégico da MRS logística S/A 2008 –2015, onde é possível

observar os indicadores, os problemas para sua evolução satisfatória e as possíveis soluções.

Tabela 9: Indicadores versus problemas versus soluções

Indicadores Problemas Soluções

EFE

  • Dinâmica de tráfego
  • Atraso tecnológico do parque de tração - Alterar a lógica de tráfego - Investimento em pontecialização e distribuição de tração CMV PPV
  • Não reaproveitamento de carga de retorno
  • Aumentar as cargas de retorno, investindo na adaptação de vagões e terminais

CMA • Redução do tempo de circulação •^ Alteração da lógica de dinâmica detração (operação da circulação)

Fonte: Elaborado a partir de Pillar e Souza (2008)

Tendo conhecimento do cenário traçado para o transporte da MRS Logística em 2015,

alinhamento com os indicadores levantados e os principais problemas levantados e soluções

apontadas em seu planejamento estratégico, pode-se considerar pertinentes os principais

investimentos apontados pela MRS até 2012, que somam a quantia de 3,9 bilhões de reais,

conforme Pillar e Souza (2008), Fontana (2008) e MRS (2008): compra de 110 locomotivas

(70 para substituição), reforma estrutural com adaptações para múltiplas cargas em 3.

vagões destinados a carga geral e o Projeto de Sistema Integrado de Automação e Controle da

Operação – SIACO – que substitui toda a lógica de funcionamento da ferrovia.

Para analisar as estratégias e investimentos operacionais da MRS no período abordado pelo

cenário futuro e para facilitar averiguação da eficiência das ações que estão ou entrarão em

curso é proposta a tabela 10.

Tabela 10: Indicadores apropriados para as ações a serem tomadas

Fonte: Elaboração própria (2009)

5. CONCLUSÃO

Após a análise das perspectivas futuras para a MRS Logística S/A, conforme traçado em seu

plano estratégico, e sua evolução desde sua fundação em 1996 pode-se concluir que os

indicadores apontados na pesquisa permitiram uma correta leitura dos cenários atuais e

previstos para 2015, tendo em vista que refletem os investimentos efetuados, em andamento e

o futuro da companhia. Embora a pesquisa demonstre que os investimentos estejam seguindo

a direção do aumento da eficiência e não mais do simples aumento de capacidade de

carregamento, não há perspectiva de avanço nos pátios intermediários de manobra, que se não

acompanharem a evolução do tráfego se tornarão o próximo gargalo, podendo inclusive

limitar o aumento da eficiência esperada. Desta forma a MRS deve avaliar e implementar

projetos que aumentem a capacidade de manobra, como sinalização e automação de chaves

em pátios.

Para aumentar sua participação de mercado a MRS deve diminuir sua dependência do minério

de ferro tornando mais sólidos seus objetivos de crescimento, além de aumentar a

adaptabilidade dos vagões que atenderá os clientes do ponto de vista de segurança e

economicidade. A empresa também deve implantar um sistema eficiente de trens expressos e

intermodalidade, o que não é apontado nos seus planos futuros.

A principal contribuição deste projeto é dar instrumento adequado a futuros trabalhos que

analisem as estratégias e investimentos operacionais da MRS no período abordados pelos

cenários. Outra importante contribuição é a proposição de um número reduzido de indicadores

que refletem melhor a situação da ferrovia pesquisada para o cenário futuro.

Uma limitação deste trabalho é o enquadramento temporal proposto, que pode trazer

problemas em leituras anteriores a 1996 e posteriores a 2015. Este trabalho também aborda o

caso de uma empresa que compõe o sistema ferroviário brasileiro, deixando de fora questões

importantes como o direito de passagem e o tráfego mútuo e por isso não pode ser

considerado para outras situações e concessionárias.

Como recomendação indica-se a aplicação de técnicas de auxílio multi-critério, que permitam

a unificação de todos os indicadores em somente um, permitindo assim uma leitura rápida e

Cenário 2015 Indicadores Relacionad os Vedação de acesso ao s porto s e construção do ferro anel em São Paulo

CMV, CMA

Primarização da operação de terminais CMV, CMA

Co rreia Transportadora de lon ga distância (TCLD)

CMV, CMA

Sistema Integrado de Automação e Co ntrole da Operação (SIACO)

EFE, CMA, PPV

Integração de modos de transporte pode fortalecer a Carga Geral

EFE, CMV, CMA, PPV

Adequação das frotas para aumentar o índice de produtividade

EFE, CMV, CMA, PPV