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A Doença dos Trabalhadores - Ramazzini, Trabalhos de Medicina

Doenças Profissionais

Tipologia: Trabalhos

2017

Compartilhado em 29/03/2017

fernando-t-villas-boas-10
fernando-t-villas-boas-10 🇧🇷

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As doenças dos trabalhadores

Bernardino Ramazzini

As doenças

dos trabalhadores

Tradução para o português do Dr. Raimundo Estrêla 4 edição São Paulo 2016

De

MORBIS ARTIFICUM

Diatriba

Bernardini Ramazzini

In patavino archi – Iyceo

Practicae Medicinae Ordinariae

Publici Profefforis,

et naturae curiosorum collagae.

Illuftrifs & Excellenfis. DD.

Ejufdem

ARCHI – LYCEJ MODERATORIBUS D.

Mutinae M. DCC.

Typis Antonii Capponi, Imprefforis

Epifcopalis

Supriorem Confenfn.

Frontispício da 1a^ edição do livro (1700)

A propósito desta edição comemorativa^1

cado para a Medicina, especialmente para a Medicina do Traba- lho. Foi justamente essa simples pergunta que mais contribuiu para

corporou ao interrogatório dos trabalhadores doentes, na linguagem da época, a indagação: Igualmente original foi Ramazzini quando, ao iniciar o li- vro que o tornou famoso, dirigiu-se ao próprio livro para dese- jar-lhe boa sorte com seus futuros leitores. Passados trezen- autor foi plenamente atendido: o livro continua a ser lido, desper- tando interesse e ajudando a criar caminhos para o exame das re- percussões do trabalho sobre a Medicina do Trabalho e a saúde dos trabalhadores. Felizmente, um outro prognóstico de Ramazzini não se realizou: seu livro seria utilizado como papel para embrulhar salsichas, sal e outras especiarias em plebeias quitandas... Prova de interesse, neste início de novo milênio, são os eventos que na Itália e noutros países, inclusive no Brasil, comemoram o tri- centenário da primeira edição de “As Doenças dos Trabalhadores”. A cada momento, surgem novos fatos a respeito do livro e de seu autor, que, além de professor de Medicina, foi poeta e músico. A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) criou um grupo especial que planejou um programa comemorativo com apresentações em várias capitais ao longo do ano 2000 e formulou

buições acerca da atualidade da vida e da obra de Ramazzini, a serem oportunamente selecionadas e publicadas. (^1) Nota da revisão: Este prefácio é da edição publicada pela Fundacentro em 2000, quando da comemoração ao tricentenário da edição original de , datada de 1700.

Uma das ideias para caracterizar o assim denominado “Ano de Ramazzini” foi a reedição da tradução de seu livro para a língua portu- guesa, a qual concretizou-se por meio da Fundacentro, que planejou e executou a obra ora apresentada ao público. Como os leitores poderão constatar, esta edição comemorativa foi precedida por um cuidadoso trabalho de revisão e editoração, com a inserção de artigos redigidos por vários colaboradores especialmente convidados. Deste novo segmento do livro, fazem parte as seguintes contribuições: uma entrevista recente do professor Raimundo Estrêla (que foi o brilhante tradutor das versões editadas pela Fundacentro); uma coletânea de observações pitorescas extraídas de diversos ca- aspectos curiosos e menos conhecidos da vida de Ramazzini e uma análise de suas atividades como clínico. especial à Fundacentro, que soube captar muito bem a importância desta publicação, com a certeza de que, além de seu valor histórico, ela contribui para ampliar o conhecimento das relações entre saúde e tra- balho e, portanto, para a melhor qualidade de vida dos trabalhadores. Bernardo Bedrikow Jorge da Rocha Gomes

O autor a seu livro Estás ardendo de desejo, livro querido, ansioso para seguires teu caminho. Escuta, entretanto, meus conselhos paternais. Vou te dizer, em poucas palavras, qual a sorte que te reserva o destino. Como proclamas que vais ensinar uma matéria nova, os sábios acorrerão a ti ávidos e curiosos. Porém, mal terão eles lido pobres páginas, te enviarão para plebeias quitandas, onde se expõem à plebe salsichas, sal ou outras especiarias. verem-se até imponentes Pandectas transformar-se em cartuchos de embalagens de peixe, pimenta ou cheiroso cumim. Não te esqueças de que foste elaborado em escuras cortes brilhantes onde sábios médicos, sempre pressurosos, estendem a mão aos cozinheiros. Pensando assim, creio eu, serás menos iludido como não o seriam livros de títulos pretensiosos se aqueles que te lerem te devolverem

A propósito deste livro e de suas traduções ernardino Ramazzini não foi autor de um só livro. Teve várias obras publicadas, que foram organizadas, depois de sua morte, pelo seu sobrinho, Bartolomeu Ramazzini, suas “obras completas”, , em 1714, com várias edições e traduções. Incontestavelmente, o livro que o imortalizou foi o De Morbis Ar- , que lhe valeu o epíteto de “Pai da Medicina do Traba- lho”, como é mundialmente reverenciado. A 1a^ edição do veio ao lume em Módena (Mutinae), Itália, no ano de 1700 (e não 1701 como muitos registram), com 360 páginas numeradas em algarismos ará- bicos, precedidas de 8 outras, em números romanos, contendo uma carta do autor aos Procuradores da Universidade de Pádua, datada de novembro de 1700, seguindo-se um Prefácio (página 1-7), um poe- ma do autor ao livro (página 8) e o texto de 43 capítulos, mas de fato 42, porque falta o capítulo 8o, naturalmente por um descuido do im- pressor. Os dez primeiros capítulos são grafados por extenso: ; do 11o^ ao 42o, a numeração está em algarismos romanos. Quanto ao 43o^ capítulo, na verdade 42o^ por causa do erro, é assinalado como capítulo último ( ) e corresponde à dissertação das doenças dos literatos. A 2a^ edição, impressa em Ultrecht (Ultrajecti), Holanda, em 1703, traz 12 páginas não numeradas, contendo o frontispício do livro, o prefácio, o poema, uma carta do tipógrafo ao leitor e o índice, seguidos de páginas numeradas com toda a matéria da 1a^ edição e mais uma paráfrase do , de Hipócrates, e uma - , ambas de autoria de Luca Antonio Porzio. Suplemento de 12 novos capítulos, impressa em Pádua (Patavii), Itá- lia, em 1713, compreendendo 52 capítulos, 2 dissertações e 2 prefá-

observação. Nela, Ramazzini compendiou toda a Higiene e Nedicina A edição paduana, surgida um ano antes da morte de Rama- zzini, apresenta no início 12 páginas não numeradas contendo uma carta do autor dirigida aos reitores da Universidade de Pádua, datada de setembro de 1713, e um prefácio. Seguem-se 453 páginas numera- das, assim divididas: 41 capítulos, da página 1 a 336 (com efeito 40, porque manteve-se o erro), e uma dissertação sobre as doenças dos parte é composta de um suplemento escrito para atender a insistentes pedidos de um tipógrafo, com uma carta do autor ao leitor (página 371 a 372), 12 capítulos e uma outra “dissertação” sobre “proteção da saúde das virgens vestais” (página 435 a 453). Depois vêm outras 27 páginas não numeradas, nas quais se encontram as cópias das licenças do “Studio” de Pádua para permitir a publicação do - (março, 1713) e do “Suplemento” (agosto, 1713), um e um

. Mantiveram-se as características da 1a^ edição no que se refere ao modo de numerar os capítulos e à omissão do capítulo oitavo, mas, nessa edição de 1713, inexplicavelmente, não aparecem o poema e

las doenças dos lapidários. Há, portanto, diferenças entre as duas edições anteriores e a primeira parte da edição de Pádua, embora esta Numerosas são as edições e traduções do , e espalhadas em todo o mundo civilizado. O prof. Adalberto Pazzini, do Instituto de História da Medicina de Roma, em 1953 pu- blicou uma nova edição, por ele batizada de , reim- pressão da edição de 1713 contendo em apêndice toda a matéria não incluída nessa edição de Pádua. Está completa, artística e luxuosa- mente impressa. relacionando 21 edições, inclusive traduções, do De Morbis isola- damente, e compreendida na. Mas a relação não está completa, porque não inclui a tradução norte-americana de 1933, uma francesa também de 1933 e outra em castelhano, publicada na Argentina em 1949. À numerosa lista acrescente-se agora a primeira versão em língua portuguesa. A repercussão da obra de Bernardino Ramazzini no Brasil, se- gundo pude apurar em pesquisa, fez-se, mais remotamente, mediante

A Liga Brasileira Contra os Acidentes do Trabalho, criada e or- ganizada pelo obstinado idealismo de Nobre de Lacerda Filho, tomou a si a sedutora e útil iniciativa de editar a imortal obra de Ramazzini,

dução. Já tinha em meu poder traduções em castelhano, francês e in- glês. A Embaixada da Itália gentilmente ofereceu a edição organizada pelo Prof. Adalberto Pazzini e uma tradução italiana do Dr. O. Rossi, editada por , de Turim (1933), tendo ao lado o original em latim. Com esses elementos em mãos, lancei-me ao trabalhoso en- cargo, e aí está o que as minhas débeis forças conseguiram realizar... Servi-me principalmente das línguas mais acessíveis, como é

mazzini. Procurei, tanto quanto possível, fazer uma tradução literal, sem modernizar o texto, para não tirar o sabor da originalidade, na Uma observação: a melhor tradução do vocábulo “fullo” é “piso-

, foi traduzido por doenças dos pisoeiros, pois os nossos difícil de ser encontrada naquele tempo. As traduções do não são unifor- mes. Há diferenças ou pela falta do poema, ou por alteração dos ca- pítulos, ou, ainda, pela omissão de uma das dissertações. A presente é uma das mais completas, em parte embasada na italiana do Dr. O. Rossi, porque não traz a dissertação sobre “proteção da saúde das virgens vestais”, sem interesse para os objetivos de nossa edição. Co- loquei, porém, a dissertação “das doenças dos literatos” na primeira Se é verdade que a edição brasileira é a primeira em língua portuguesa, com prazer e por espírito de justiça esclareço que não é, porém, a primeira obra de Ramazzini a ser traduzida em português. Já em 1753, apenas 39 anos após a morte de Ramazzini, um escritor lusitano, Luiz Paulino da Silva e Azevedo, que não era médico, publi- cou um volume contendo traduções de três trabalhos de Ramazzini: a “Arte de Conservar a Saúde dos Príncipes”, “das Pessoas de Primeira Qualidade” (homens de letras) e “das Religiosas”, e mais uma obra de

Luiz Cornar “Elogios da Vida Sóbria ou Conselhos para Viver Largo Tempo”, trazendo longas anotações de Ramazzini, a quem Luiz Pauli- no da Silva chamou de “famoso”. A exemplo de Bernardino Ramazzini, em relação a seu notá- vel livro, também peço benevolência aos leitores para esta modesta tradução. Raimundo Estrêla