A conexão entre o mito da caverna de Platão com o filme “Matrix” é evidente. Ambos
discutem a natureza do que é real e o processo para o conhecimento.
O filme “Matrix” enreda-se em um futuro distante onde as máquinas tomaram o poder do
planeta e controlam os seres humanos – que são sua fonte de energia – em uma espécie de
cultivo. Enquanto a maior parte nossa espécie fica aprisionada em uma realidade virtual
denominada Matrix, alguns foram libertados e uma parcela muito pequena nasceu sem
qualquer conexão ou dependência das máquinas, na última cidade da Terra.
Assim conhecemos Neo, um programador que questiona-se, procura o conhecimento e quer
saber mais sobre a Matrix, mesmo dentro dela. É por esse motivo que Neo é retirado da
realidade virtual e trazido ao mundo real. Aqui é visível a referência ao mito da caverna: uma
vez que Neo (o homem), ao sair da Matrix (a caverna), não aceita essa nova realidade a que
é apresentado e por certo tempo procura retornar à ignorância que vivia anteriormente. Em
uma das primeiras cenas depois que Neo é retirado da Matrix, observamos que ele precisa
passar por sofrimentos intensos: seus músculos estão atrofiados e seu corpo dói. Ele reclama
que seus olhos o machucam: então seu mentor, Morfeu, explica que isso ocorre porque eles
nunca tinham sido usados verdadeiramente. É importante lembrar que o mesmo ocorre no
mito da caverna, uma vez que se alguém saísse da caverna, precisaria atravessar etapas de
agonia física e mental antes de poder ver, entender e aceitar a realidade.
Com a ajuda de Morfeu e os demais tripulantes da nave Nabucodonosor, Neo conhece melhor
a Matrix, reaprende e desenvolve-se. No mito, o homem que sai da caverna também aprende
novas coisas e tem ideias: descobre a verdade saindo de um mundo onde apenas existia a
capacidade de sentir e entra num mundo racional. Tanto Neo quanto o homem precisam
desenvolver novos meios de pensar: tornam-se filósofos e passam a buscar a verdade.
Portanto, o filme Matrix e o mito da caverna explicitam que a ignorância escraviza, limita o
homem e o aprisiona. E, ao nos libertarmos, buscaremos sempre mais o conhecimento pois o
maior saber é descobrirmos quem somos.
