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7 passos para profissionais da saúde se comunicarem melhor com a familia de pacientes terminais, Manuais, Projetos, Pesquisas de Psicologia da saúde

Cuidaodos paliativos - Orientações para melhorar a comunicação dos profissionais de saúde.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020

Compartilhado em 13/09/2020

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rodrigo-carrara-5 🇧🇷

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DR. LUIS FERNANDO RODRIGUES
MÉDICO EM CUIDADOS PALIATIVOS
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Baixe 7 passos para profissionais da saúde se comunicarem melhor com a familia de pacientes terminais e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Psicologia da saúde, somente na Docsity!

DR. LUIS FERNANDO RODRIGUES MÉDICO EM CUIDADOS PALIATIVOS

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

COM QUEM ESTOU FALANDO?

QUEM PODE FALAR O QUE?

EM QUAL SITUAÇÃO ESTAMOS?

PASSO 1: FIQUE À PAR DA SITUAÇÃO

PASSO 2: ESTABELEÇA APROXIMAÇÃO

PASSO 3: OUÇA

PASSO 4: SONDE O QUE ELES SABEM DA DOENÇA

PASSO 5: EXPLORE A REAÇÃO

PASSO 6: RESPONDA O QUE LHE PERGUNTAREM

PASSO 7: COLOQUESE À DISPOSIÇÃO

CONCLUSÃO

Eu ficava me sentindo como se fosse o culpado por tudo aquilo e, depois de passada a informação, só queria sair para longe dali. Só que, de alguma forma, eu percebia também que ficava um clima meio ruim, um medo de estremecer a relação com a família e com o próprio paciente, além do medo de que tivesse feito algo errado. E o pior, não via como poder melhorar essa situação e, assim, acabava fazendo como a maioria dos profissionais fazia: dava respostas curtas, frias e me mantinha afastado o máximo que eu podia, para não ter que vivenciar aquelas situações novamente.

Você também já passou por isso, ao longo de sua carreira na área da saúde?

Porém, depois de um tempo me sentindo incomodado com casos assim, resolvi pro- curar uma ciência que me ajudasse a lidar com pacientes terminais. Foi quando, em 1999, conheci os Cuidados Paliativos. E, depois de fazer o curso, me especializar e conhecer os temas e técnicas de abordagem para estas situações difíceis, entendi que poderia lidar com tais casos de uma maneira mais prática, serena, com bem menos ansiedade e sem ter aquela vontade de fugir; tudo para dar o melhor bem estar e conforto ao paciente terminal e sua família. E, hoje, depois de quase 20 anos como médico especialista em Cuidados Pa- liativos, percebo que muitos profissionais da saúde, médicos e não médicos, vivem situa- ções parecidas com as que eu vivi anos atrás.

Para ajudar estes profissionais e tantos outros que passam por casos semelhantes foi que decidi escrever este e-book. Nele, eu conto um pouco das melhores técnicas que já testei e comprovei que dão certo para lidar e se comunicar com a família de um paciente terminal e que, sem dúvida, poderão lhe ajudar a ter mais segurança, humanidade e profis- sionalismo em seu dia a dia de trabalho. Desejo-lhe uma ótima leitura!

COM QUEM ESTOU FALANDO?

Antes de lhe descrever os 7 passos que te ajudarão a se comunicar melhor com as famílias de pacientes terminais, eu quero ainda te proporcionar um pouco mais do que aprendi ao longo destes anos na Medicina Paliativa.

Por isso, eu te oriento que, ao invés de pular direto para o detalhe destes 7 passos que te prometi, você se atente ao que estarei te ensinando antes deles. Pois tudo o que te falarei é a base que te garantirá o êxito ao colocar estes 7 passos em prática.

Tá certo? Então, para começar, o que quero te dizer é que, para ter uma comunicação mais assertiva com a família de um paciente terminal, uma das primeiras coisas que você precisa se dar conta é dos nomes das pessoas com quem irá falar e, além disso, se esforçar ao máximo para memorizar os nomes dos familiares e, consequente- mente, do próprio paciente.

Afinal, ninguém gosta de ser chamado por um nome que não é o seu, não é ver- dade? Ainda mais quando estamos em uma situação de tamanha vulnerabilidade, como é o caso de uma doença grave e incurável. Além do fato de que, quando cha- mamos uma pessoa pelo seu nome, acabamos criando também um vínculo de con- fiança que ajudará a estabelecer uma comunicação mais assertiva.

Da mesma maneira, um portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), terá uma evolução igualmente lenta, progressiva e com muitas complicações, principal- mente infecciosas e de descompensação do quadro pneumônico. Na insuficiência car- díaca congestiva, observamos um padrão semelhante de evolução, o que exige do pro- fissional de saúde uma monitoração constante e próxima, no sentido de buscar sempre o melhor conforto possível como recomendado pelos melhores guidelines de Cuida- dos Paliativos.

Mesmo dentro da oncologia, o comportamento do câncer varia conforme a locali- zação inicial, o que costumamos chamar de sítio primário na prática clínica. Assim é que observamos que pacientes com câncer de próstata metastático ou mulheres com câncer de mama, conseguem sobrevida de vários anos o que já não é possível perceber em pacientes portadores de câncer de pâncreas ou pulmão. Lembre-se de que você deve conhecer de qual doença o seu paciente é portador e busque estudá-la para co- nhecê-la melhor e ter informações adequadas para sentir-se mais seguro na hora de fazer a comunicação.

QUEM PODE FALAR O QUE?

Agora, para ser estabelecido um bom processo de comunicação, precisamos nos situar dentro desse cenário. As perguntas que os familiares fazem, geralmente, são as mesmas e estão muito relacionadas com o prognóstico, ou seja, com o tempo de so- brevida do paciente.

Junto com essas perguntas, costumam surgir, ainda, questões relacionadas ao cuidado em si da patologia - intervalo de doses dos remédios, doses, efeitos colate- rais dos remédios, curativos, alimentação, higiene, quedas, etc. Às vezes, essas per- guntas surgem todas de uma vez, outras vezes vêm de forma fracionada, de acordo com a evolução da doença.

Sendo assim, cabe a cada profissional de saúde que lida com pacientes termi- nais, saber reconhecer seu papel e entender se deve ou não entrar em determinados assuntos. Por exemplo: questões relacionadas ao diagnóstico, tratamentos que estão disponíveis ou que devem ser suspensos, prognóstico, escolhas de remédios, etc., são da esfera de atuação do médico, apenas e assim por diante.

EM QUAL SITUAÇÃO ESTAMOS?

O ambiente escolhido para este tipo de conversa costuma interferir em como a comunicação vai acontecer. Caso o local escolhido seja a enfermaria, por exemplo, aonde geralmente o paciente está acamado em um leito com seus familiares ao redor, não há nada que impeça que a comunicação ocorra ali mesmo. No entanto, o profissional deve estar alerta para detectar se tanto o paciente como seus familiares sentem-se à vontade para que o diálogo aconteça nesse contexto.

Não é raro que após cada profissional fazer sua intervenção, eles sejam chama- dos para fora do quarto pela família que acaba fazendo as perguntas que mencionei anteriormente. Por isso, o ideal, mas que nem sempre é real, seria que cada hospital oferecesse em cada andar de enfermaria ou em cada corredor, uma sala apropriada para os diálogos e conversas reservadas com familiares e/ou pacientes. Outro local muito comum em que podemos ter este tipo de conversa, são os ambulatórios de saúde.

E, às vezes pode acontecer de você passar pela situação em que perceberá uma gesticulação frenética por parte dos acompanhantes, balançando o dedo indicador por detrás da cabeça do paciente da maneira mais disfarçada possível, querendo dar

a entender que o paciente não sabe de nada ou que não é para dizermos nada para ele(a).

Ao fim da consulta (isso acontece muito com os médicos), após dispensar o pa- ciente com as devidas receitas e recomendações, com muita frequência retorna o fa- miliar ao consultório inventando uma desculpa qualquer para obter a "verdade verda- deira" do médico.

No atendimento domiciliar, não encontramos grandes diferenças nos comporta- mentos da família, com a peculiaridade que estamos dentro da casa deles, no espaço deles, o que exige dos profissionais que tenham uma postura ainda mais cautelosa no sentido de perceber qual abertura dispomos para avançar na comunicação. As salas de urgência e emergência e unidades de terapia intensiva seriam os locais mais ade- quados para estabelecer este tipo de comunicação. Pois, neles o paciente se encontra em um quadro clínico mais oscilante, tanto para a melhor quanto para a piora. E são lugares em que acaba exigindo-se uma comunicação com intervalos de tempo muito curtos.

Independente do lugar escolhido, é importante que a comunicação exista, seja clara e efetiva, levando-se em conta as peculiaridades de cada ambiente. A seguir, vou te dar 7 passos de como abordar as famílias dos pacientes em estágio terminal, independente da doença em que ele foi diagnosticado. VAMOS LÁ!

FIQUE A PAR DA SITUAÇÃO:

Obtenha um histórico sobre o diagnóstico atual do paciente que você está cuidando. Como quais exames já foram feitos, se houve confirmação diagnóstica de fato. Se houver dúvi- das e você não é profissional da área médica, procure tirar as dúvidas com um médico conhe- cido. É melhor você dizer que não sabe ou que não se lembra do que inventar algo para parecer seguro na hora e depois ter que desmentir.

ESTABELEÇA APROXIMAÇÃO:

OK. Agora que você já sabe de qual doença ou patologia vai lidar. Então, o próximo passo é se aproximar da família e do paciente. Escolha um ambiente que seja apropriado e onde você saiba que não haverá interrupções. Desligue o celular. Aproxime-se cordialmente, estenda a mão e diga bom dia/boa tarde/boa noite. Apresente-se:

"Meu nome é….. sou…(médico, enfermeira, psicólogo, etc.) e sou da equipe que está cuidando do Sr/Sra…..”

Pergunte os nomes dos familiares presentes, identifique quem é o principal cuidador. Se não for possível identificar, pergunte quem está próximo do paciente com maior frequência. Tente memorizar o nome dessas pessoas. Se na próxima visita você não se lembrar, não se descabele por isso. Seja educado e diga: "Desculpe, não guardei seu nome! Como é mesmo?".

E uma dica fundamental: não tenha pressa! Esteja presente no momento de corpo e alma.

SONDE SOBRE O QUE SABEM DA DOENÇA:

Caso surjam perguntas relacionadas à doença, ao tratamento ou à sobrevida, devolva a pergunta: "O que o seu médico/os médico da equipe que estão cuidando de você já lhe disse/- disseram sobre sua doença?" e em seguida "O que você está entendendo sobre o que lhe disse- ram?". Nesse momento, não é necessário passar nenhuma informação, mesmo que o paciente pergunte ou dê uma deixa do tipo "…não estou entendendo direito o que está acontecendo comigo…". Tente antes se certificar sobre o que o paciente sabe ou almeja saber. Agora também é o momento de perceber a reação dos acompanhantes, se eles se portam com tranquilidade ou se mostram sinais de inquietude e ansiedade quando o assunto da doença vem à tona.

Explore como a pessoa reage quando recebe más notícias. Tente resgatar no passado dela uma situação onde recebeu uma má notícia e pergunte como foi a reação.

EXPLORE A REAÇÃO:

COLOQUESE A DISPOSIÇÃO:

Como o propósito de quem oferece ajuda é de fato ajudar, ao encerrar a conversa e tirar todas as dú- vidas que os familiares tiverem exposto, deixe um gancho para a próxima visita ou o próximo encontro.

Estar disponível é um requisito essencial para quem quer cuidar bem, e esse compromisso deve estar implícito no processo de comunicação. Antes de se despedir, coloque-se à disposição e afirme que no dia seguinte, dentro de minutos ou horas (dependendo de cada situação) você estará de volta.

IMORTANTE! Cumpra a promessa, pois do contrário, você estará enfraquecendo o vínculo de confiança que está apenas começando. Lembre-se que essas pessoas, tanto o paciente quanto sua família estão vulneráveis, o que os torna extremamente sensíveis. Em caso de compromissos ines- perados, pois sabemos que na área da saúde isso acontece com muita frequência, avise com ante- cedência sobre sua ausência naquele dia ou naquele momento e reagende a conversa, se possível no mesmo dia ou no dia seguinte.

Uma situação muito recorrente a profissionais que lidam com pacientes terminais acabam passando uma vez ou outra, é quando o doente já não aceita mais se tratar ; ou como muitas pessoas dizem popularmente: entram em estado de negação. E, de fato, quando o pa- ciente entra neste estágio, requer dos profissionais da saúde muita energia, inteligência emo- cional e estratégia para lidar não apenas com a pessoa em negação, como com sua família que quer a todo custo salvar a vida de seu ente querido.

Para que você saiba: o porquê os pacientes entram neste estado; o que você, como profis- sional da saúde, pode fazer para ajuda-lo; o que dizer; como proceder; É que eu criei o Curso Online: Como lidar com pacientes terminais em negação. Para saber como ter acesso a ele eo que você aprenderá em detalhes, clique no link em destaque.

DOUTOR, MAS E QUANDO O

PACIENTE NÃO ACEITA MAIS

SE TRATAR? O QUE FAZER?